Hipertensão Arterial: Causas, Riscos e Fisiopatologia

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Questions and Answers

Qual das seguintes características define a hipertensão arterial resistente?

  • Pressão arterial que se normaliza com a prática regular de exercícios físicos.
  • Pressão arterial controlada com o uso de um único anti-hipertensivo.
  • Pressão arterial que eleva-se apenas em momentos de estresse.
  • Pressão arterial que permanece elevada apesar do uso de três anti-hipertensivos de classes diferentes. (correct)

Qual a relação entre a etnia afrodescendente e a hipertensão arterial sistêmica (HAS)?

  • Não há relação entre etnia afrodescendente e HAS.
  • A etnia afrodescendente é um fator de risco não modificável para HAS. (correct)
  • A etnia afrodescendente diminui o risco do desenvolvimento da HAS.
  • A etnia afrodescendente é um fator protetor contra as complicações cardiovasculares.

Qual o efeito do aumento da ativação do sistema nervoso simpático na pressão arterial?

  • Redução do débito cardíaco.
  • Nenhuma alteração significativa na pressão arterial.
  • Diminuição da pressão arterial devido à bradicardia.
  • Aumento da pressão arterial devido à taquicardia e vasoconstrição. (correct)

Qual das seguintes ações NÃO faz parte do tratamento não medicamentoso para hipertensão?

<p>Suplementação de vitamina C em altas doses. (A)</p> Signup and view all the answers

Qual o principal mecanismo fisiopatológico da maioria dos casos de hipertensão arterial relacionado à ingestão de sódio?

<p>Sensibilidade ao sódio e sobrecarga volêmica. (C)</p> Signup and view all the answers

Qual dos seguintes alimentos é recomendado na dieta DASH devido ao seu efeito hipotensor?

<p>Vegetais e laticínios desnatados. (A)</p> Signup and view all the answers

Qual a recomendação para o consumo de café para indivíduos com pressão arterial elevada?

<p>O consumo não deve exceder quantidades baixas a moderadas (&lt; 200mg de cafeína). (B)</p> Signup and view all the answers

Qual lipoproteína é responsável por transportar exclusivamente os lipídeos da dieta?

<p>Quilomícron. (C)</p> Signup and view all the answers

Qual característica torna a lipoproteína LDL (lipoproteína de baixa densidade) aterogênica?

<p>Sua capacidade de ser facilmente afetada por radicais livres e acumular-se no endotélio. (C)</p> Signup and view all the answers

Qual a função da lipoproteína HDL (lipoproteína de alta densidade) no metabolismo lipídico?

<p>Carrear o colesterol do endotélio para o fígado. (D)</p> Signup and view all the answers

Quais são os valores de referência para diagnóstico de hipertrigliceridemia em exames sem jejum?

<p>Triglicerídeos &gt; 175mg/dL. (A)</p> Signup and view all the answers

Em quais situações um paciente com dislipidemia é classificado como de risco muito alto?

<p>Quando apresenta obstrução &gt; 50% em qualquer território arterial ou doença aterosclerótica significativa. (A)</p> Signup and view all the answers

Qual o efeito dos fitosteróis na absorção de colesterol?

<p>Reduzem a absorção de colesterol ao competirem pela solubilização intraluminal. (B)</p> Signup and view all the answers

Qual ácido graxo deve ser priorizado na substituição dos ácidos graxos saturados para o tratamento nutricional da hipertrigliceridemia?

<p>Ácidos graxos mono e poli-insaturados. (D)</p> Signup and view all the answers

Qual a relação entre à produção dos ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) e à atividade da enzima HMG-CoA redutase?

<p>Os AGCC regulam a atividade da enzima HMG-CoA redutase. (B)</p> Signup and view all the answers

Qual a principal característica do processo de aterosclerose?

<p>Formação de placas de ateroma nas artérias. (A)</p> Signup and view all the answers

Qual evento está diretamente relacionado ao Infarto Agudo do Miocárdio (IAM)?

<p>Bloqueio do fluxo sanguíneo para o músculo cardíaco. (B)</p> Signup and view all the answers

Qual a diferença entre IAMCSST e IAMSSST?

<p>IAMCSST indica oclusão total e IAMSSST indica bloqueio parcial do fluxo sanguíneo. (C)</p> Signup and view all the answers

Qual o papel das troponinas cardíacas no diagnóstico do Infarto Agudo do Miocárdio (IAM)?

<p>São liberadas na corrente sanguínea quando ocorre lesão/necrose do músculo cardíaco. (B)</p> Signup and view all the answers

Qual a primeira medida terapêutica em casos de IAM?

<p>Remover a oclusão trombótica e restaurar o fluxo sanguíneo. (B)</p> Signup and view all the answers

Qual o efeito da caquexia na Insuficiência Cardíaca (IC)?

<p>Agrava a IC ao causar perda do músculo cardíaco. (D)</p> Signup and view all the answers

Qual a principal característica da Insuficiência Cardíaca (IC)?

<p>Incapacidade do coração em bombear sangue de forma eficaz. (A)</p> Signup and view all the answers

Qual a importância da dosagem de peptídeos natriuréticos no diagnóstico da IC?

<p>A dosagem de peptídeos natriuréticos pode ser realizada quando há dúvida no diagnóstico da IC. (D)</p> Signup and view all the answers

Qual característica define um Acidente Vascular Cerebral (AVC) isquêmico?

<p>Interrupção do fluxo sanguíneo devido a um trombo ou êmbolo. (A)</p> Signup and view all the answers

Qual complicação pós-AVC pode ser prevenida através do aumento da viscosidade do líquido?

<p>Pneumonia aspirativa. (A)</p> Signup and view all the answers

Flashcards

Hipertensão Arterial

Elevação persistente da pressão arterial.

Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona

Ativação anormal que leva à vasoconstrição e aumento da reabsorção renal de sódio.

Sistema Nervoso Simpático

Taquicardia e vasoconstrição mediadas pela adrenalina.

Resistência à Insulina

Aumento da reabsorção de sódio nos rins, elevando o volume sanguíneo.

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Dieta DASH

Rica em potássio, magnésio, cálcio e fibras, com baixo teor de gordura saturada, sódio e açúcar.

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Dislipidemias

Qualquer alteração nas frações lipídicas no sangue.

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Quilomícrons

Transportam lipídeos da dieta após a digestão.

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VLDL

Maior conteúdo de triglicerídeos e menor quantidade de colesterol.

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LDL

Formada principalmente de colesterol; maior potencial aterogênico.

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HDL

Carrega o colesterol do endotélio para o fígado para ser metabolizado e excretado.

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Aterosclerose

Processo de formação de placas de ateroma nos vasos sanguíneos.

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Doença Arterial Coronariana

Obstrução das artérias coronárias.

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Infarto Agudo do Miocárdio

Necrose do miocárdio devido ao bloqueio do fluxo sanguíneo.

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IAMCSST

Oclusão total da artéria coronária.

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IAMSSST

Bloqueio parcial do fluxo sanguíneo.

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Insuficiência Cardíaca

Incapacidade do coração de bombear sangue de forma efetiva.

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IC Aguda

Quando acontece de forma rápida.

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IC Crônica

Quando acontece de forma progressiva e persistente.

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Hipertrofia do Miocárdio

Processo de remodelamento para tentar restabelecer o fluxo sanguíneo.

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Hipoperfusão

O fluxo sanguíneo é diminuído resultando em oferta insuficiente de oxigênio e nutrientes.

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Caquexia

Redução involuntária do peso corporal de 6% da massa muscular ou 20% do peso em seis meses

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Acidente Vascular Cerebral

Entende-se por acidente vascular encefálico ou derrame cerebral.

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AVC Isquêmico

Interrupção do fluxo sanguíneo devido a um trombo ou êmbolo.

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AVC Hemorrágico

Causado pelo rompimento do vaso cerebral.

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Study Notes

Doenças Cardiovasculares

Hipertensão Arterial

  • Doença crônica não transmissível definida por uma elevação persistente da pressão arterial.
  • A pressão arterial (PA) sistólica é maior ou igual a 140mmHg e/ou a PA diastólica é maior ou igual a 90mmHg.
  • Hipertensão arterial resistente ocorre quando a PA permanece acima do recomendado, mesmo com o uso de três anti-hipertensivos de classes diferentes.
  • A hipertensão arterial causa alterações estruturais e funcionais em órgãos como cérebro, rins e vasos sanguíneos.
  • A HAS aumenta o risco de doença arterial coronariana, insuficiência cardíaca e acidente vascular encefálico.
  • Aumenta os riscos isquêmicos e hemorrágicos, demência, doença renal crônica e doença arterial obstrutiva periférica.
  • A etnia afrodescendente é um fator de risco não modificável para HAS.

Fisiopatologia da Hipertensão

  • A ativação anormal do sistema renina-angiotensina-aldosterona leva à vasoconstrição.
  • A resistência vascular causa maior reabsorção renal de sódio, aumentando o volume sanguíneo e o débito cardíaco.
  • A ativação do sistema nervoso simpático, mediada pela adrenalina, aumenta a pressão arterial.
  • A taquicardia eleva o débito cardíaco e causa vasoconstrição.
  • A resistência à insulina aumenta a reabsorção de sódio nos rins, aumentando o débito cardíaco.
  • A insulina é um hormônio natriurético que estimula a eliminação de sódio na urina.
  • A menor produção de óxido nítrico reduz a vasodilatação e aumenta a resistência vascular.

Tratamento Não Medicamentoso da Hipertensão

  • Controle de peso e circunferência da cintura (< 90cm para homens; < 80cm para mulheres).
  • Dieta saudável, como a DASH, rica em potássio, magnésio, cálcio, fibras e baixa em gordura saturada, sódio e açúcar.
  • O consumo de sódio deve ser inferior a 2g/dia.
  • A ingestão de potássio deve estar entre 3,5 e 5g/dia.
  • Controle do estresse é importante.
  • Obesos têm 50% mais chances de apresentar PA não controlada; recomenda-se a perda de peso ponderal.

Dieta DASH

  • Baseia-se principalmente em vegetais (grãos, frutas, verduras e legumes) e laticínios desnatados.
  • Reduz o consumo de gordura, sal e açúcares.
  • Controla a PA devido ao seu alto teor de cálcio, potássio e magnésio, que são eletrólitos com características hipotensoras.
  • A dieta mediterrânea também é eficiente para tratar doenças cardiovasculares, mas tem efeitos modestos sobre a PA.
  • A sensibilidade ao sódio e a sobrecarga volêmica são os principais mecanismos da HAS; a ingestão diária de sódio deve ser inferior a 2g (< 5g de sal).
  • Uma dieta rica em potássio ajuda a reduzir a PA.
  • A ingestão deve estar entre 3,5 e 5g/dia (encontrado em vegetais e laticínios desnatados).

Efeitos de Alimentos na Pressão Arterial

  • Laticínios desnatados, ricos em cálcio, magnésio, vitamina K e proteína do soro do leite (whey protein), têm efeito hipotensor.
  • Chocolates e produtos derivados do cacau contêm polifenóis, reduzindo a PA sistólica e diastólica em hipertensos.
  • Café e produtos com cafeína, fontes de polifenóis, magnésio e potássio, podem apresentar efeito hipertensor agudo, mas o consumo regular leva à tolerância.
  • Recomenda-se não exceder quantidades baixas a moderadas de cafeína (< 200mg).
  • Vitamina D, vitamina C, alho, soja, ômega 3, suplementação de magnésio, vitaminas combinadas, chás e coenzima Q10 não possuem evidências de eficácia.

Dislipidemias

  • Qualquer alteração das frações lipídicas séricas.
  • Após a digestão das gorduras, os produtos da digestão são absorvidos e resintetizados em triglicerídeos, fosfolipídeos e colesterol no enterócito.
  • São integrados às apoproteínas, formando o quilomícron, que transporta os lipídeos da dieta.
  • Os quilomícrons são lançados na corrente linfática e alcançam a corrente sanguínea.
  • A lipase lipoproteica leva ácidos graxos livres para os tecidos adiposo e muscular.
  • Os quilomícrons remanescentes são metabolizados pelo fígado, que também produz colesterol e triglicerídeos endogenamente.

Lipoproteínas

  • Lipoproteína de muito baixa densidade (VLDL): maior conteúdo de triglicerídeos e menor quantidade de colesterol e fosfolipídeos.
  • Lipoproteína de baixa densidade (LDL): formada principalmente de colesterol, tem maior potencial aterogênico, afetada facilmente pelos radicais livres e acumula-se no endotélio, formando placas de ateroma.
  • Lipoproteína de alta densidade (HDL): contém apoproteína A e carreia o colesterol do endotélio para o fígado (transporte reverso do colesterol).
  • A HDL protege o sistema cardiovascular.
  • Níveis reduzidos de HDL aumentam o risco de eventos cardiovasculares.

Classificação das Dislipidemias

  • Hiperlipidemia Isolada: aumento isolado de LDL > 160mg/dL.
  • Hipertrigliceridemia Isolada: aumento isolado de TG > 150mg/dL ou > 175mg/dL sem jejum.
  • Hiperlipidemia Mista: aumento do LDL e TG (valores acima dos limites).
  • Considerar Hiperlipidemia Mista se TG > 400mg/dL e não HDL > 190mg/dL.
  • Hipoalfalipoproteinemia: redução do HDL isolada ou em associação ao aumento do TG ou LDL.
  • Homens: < 40mg/dL; Mulheres: < 50mg/dL.

Etiologia e Metas Terapêuticas

  • Causas primárias: origem genética.
  • Causas secundárias: estilo de vida inadequado, certas condições mórbidas e/ou medicamentos.

Metas Terapêuticas (mg/dL)

  • Jejum: Colesterol total < 190; Triglicerídeos < 150; HDL > 40; LDL < 130; Não HDL < 160.
  • Sem jejum: Colesterol total < 190; Triglicerídeos < 175; HDL > 40; LDL < 130; Não HDL < 160.
  • LDL < 70 e não HDL < 100: risco para hemorragia intracerebral.

Atenção Especial e Tratamento Nutricional

  • Alto risco: aterosclerose subclínica, aneurisma de aorta abdominal, DRC (TFG < 60ml/min), pacientes com LDL > 190, DM (tipos I ou 2) com LDL entre 70 e 189 e fatores de risco.
  • Muito alto risco: doença aterosclerótica significativa ou obstrução > 50% em qualquer território arterial.
  • Objetivo no aumento isolado de LDL é mantê-lo dentro das recomendações ou, se acima da meta ou com presença de comorbidades, ajustar a dieta.
  • Recomenda-se perda de peso de 5-10%.
  • Carboidratos: 50-60%; Proteínas: 15%; Lipídeos: 25-35%.
  • Gordura trans: exclusão total; Gordura saturada: < 10% ou < 7%; Fibras: 25g (6g solúveis).
  • A Sociedade Brasileira de Cardiologia recomenda evitar ácidos graxos saturados (láurico, mirístico e palmítico): carne vermelha/processada, leite/derivados integrais, coco/óleo de coco, óleo de palma, bacon e panificação rica em gordura.
  • A fermentação de fibras solúveis forma AGCC (acetato, butirato e propionato) que, ao serem absorvidos, regulam a enzima HMG-CoA redutase (síntese de colesterol no fígado).
  • As fibras solúveis formam um gel no intestino delgado, retardando a absorção das gorduras e o psyllium/farelo de aveia são exemplos.
  • Fitosteróis diminuem a absorção de colesterol (2g reduzem o colesterol total e o LDL).
  • Não há evidências para suplementação de betacaroteno/vitamina K/D/C/complexo B.
  • Substituir ácidos graxos saturados por mono e poli-insaturados (óleo de canola).
  • Os padrões alimentares Mediterrâneo e DASH atendem às recomendações nutricionais.

Tratamento Nutricional na Hipertrigliceridemia

  • Perda de peso e redução de triglicerídeos (TG).
  • Carboidratos: ajustar a ingestão dependendo dos níveis de TG (50-60% para TG limítrofe, 50-55% para TG elevado, 45-50% para TG muito elevado).
  • Proteínas: 15% para TG limítrofe, 15-20% para TG elevado, 20% para TG muito elevado.
  • Lipídeos: 25-35% para TG limítrofe e elevado.
  • Gordura trans: exclusão da dieta. Gordura saturada: < 7% para TG limítrofe, < 5% para TG elevado.
  • Fibras: 25g, preferindo as solúveis (ação probiótica).

Suplementação de EPA-DHA

  • Dosagem para TG limítrofe(0,5-1,0 g/dia)

  • Dosagem para TG elevado (1-2 g/dia)

  • Dosagem para TG muito elevado (> 2 g/dia)

  • Evitar o consumo excessivo de frutose (> 50g/dia) e reduzir a ingestão de gordura saturada (aumenta a lipogênese hepática e a secreção de VLDL).

  • A suplementação de ômega-3 é tratamento coadjuvante.

Aterosclerose e Doença Arterial Coronariana

  • Aterosclerose: formação de placas de ateroma que obstruem os vasos sanguíneos.
  • Doença Arterial Coronariana (DAC): consequência da aterosclerose, obstruindo as artérias coronárias e impedindo a chegada de oxigênio e nutrientes ao músculo cardíaco.
  • A isquemia do músculo cardíaco causa dor no peito (angina pectoris) e pode levar ao infarto agudo do miocárdio.

Fisiopatologia da Aterosclerose

  • Processo inflamatório, trombótico e progressivo.
  1. Formação da estria de gordura: LDL acumula na camada íntima das artérias.
  2. Oxidação da LDL: partículas acumuladas sofrem oxidação, originando LDL oxidada (pró-aterogênica).
  3. Formação de células espumosas: monócitos se diferenciam em macrófagos, fagocitam as LDL oxidadas e transformam-se em células espumosas.
  4. Processo inflamatório: células espumosas sofrem apoptose, causando a formação da placa e liberando citocinas pró-inflamatórias.
  5. Células musculares lisas proliferam e migram, formando uma capa de proteção da placa; há deposição de colágeno/elastina, formando uma casca fibrosa; as células musculares depositam cálcio na placa, aumentando a rigidez.
  6. Capilares da camada adventícia vascularizam a placa de ateroma (podem sofrer microlesões, havendo vazamento) – há atração de plaquetas e formação de tampão, reduzindo ou ocluindo a luz da artéria.
  • O tratamento nutricional para pacientes com aterosclerose e DAC segue as recomendações para pacientes com dislipidemias.

Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e Classificações

  • Necrose do miocárdio devido ao bloqueio do fluxo sanguíneo para o músculo cardíaco.

Classificações do IAM

  • IAMCSST (com supradesnivelamento do segmento ST): oclusão total da artéria coronária.
  • IAMSSST (sem supradesnivelamento do segmento ST): bloqueio parcial do fluxo sanguíneo.

Fatores de Risco e Diagnóstico do IAM

  • Fatores de risco: tabagismo, hipertensão arterial, dislipidemia, diabetes, obesidade abdominal, histórico familiar, sexo masculino, sedentarismo e estresse.
  • Diagnóstico: dor torácica aguda de forte intensidade, fadiga e dispneia (falta de ar).
  • Pode ocorrer também tontura, náuseas e vômito.
  • O diagnóstico é confirmado pelo eletrocardiograma (ECG) e avaliação de marcadores sorológicos de lesão do miocárdio (enzimas cardíacas e conteúdos celulares).
  • As troponinas cardíacas são biomarcadores específicos para o diagnóstico de IAM.

Fisiopatologia e Complicações do IAM

  • Os fatores de risco para DAC favorecem o surgimento da placa de ateroma na artéria coronária.
  • Essa placa pode romper e liberar substâncias pró-inflamatórias, ativando uma cascata de coagulação e formando trombos que estreitam ou ocluem o lúmen da artéria, ocasionando isquemia e necrose do miocárdio.
  • A primeira medida é remover a oclusão trombótica e restaurar o fluxo sanguíneo.
  • A segunda medida é controlar os fatores de risco para DAC, para evitar novos episódios de IAM.
  • As principais complicações associadas ao IAM incluem angina pós-infarto, arritmia, insuficiência cardíaca, parada cardiorrespiratória e aneurisma do ventrículo esquerdo.

Dietoterapia para IAM

  • Utilizar Harris e Benedict adicionada a fatores de injúria e estresse ou fórmula de bolso (20 – 30kcal/kg/dia).
  • Carboidratos: 50-55%, priorizando os integrais com baixa carga glicêmica.
  • Lipídeos: 25-25%, priorizando ac graxos poli e mono insaturados.
  • Sódio: 2g/dia.
  • Fibras: 20-30g/dia (solúveis e insolúveis).
  • Fracionamento: 4-6 refeições/dia.
  • Consistência adaptada às necessidades.
  • Recomendação hídrica: 30ml/kg.

Insuficiência Cardíaca (IC)

  • Caracteriza-se pela incapacidade do coração de bombear sangue de forma eficaz.
  • IC aguda: acontece rapidamente.
  • IC crônica: progressiva e persistente, necessitando de acompanhamento e tratamento contínuos.

Classificação da Insuficiência Cardíaca

  • Classe I: ausência de sintomas (assintomático).

  • Classe II: atividades físicas habituais causam sintomas (limitação leve).

  • Classe III: atividades físicas menos intensas causam sintomas (limitação moderada, confortável no repouso).

  • Classe IV: incapacidade de realizar qualquer atividade sem desconforto (sintomas no repouso).

  • Fatores de risco: IAM, HAS, diabetes, valvulopatias, envelhecimento, DAC, DPOC, obesidade, aterosclerose e dislipidemia.

  • Diagnóstico: baixo débito cardíaco e/ou congestão pulmonar, confirmado por ecocardiografia e raio-x de tórax.

  • A dosagem de peptídeos natriuréticos pode auxiliar no diagnóstico.

Fisiopatologia e Complicações da Insuficiência Cardíaca

  • Lesões persistentes no músculo cardíaco comprometem a funcionalidade, diminuindo o débito cardíaco.
  • Ocorre hipertrofia do miocárdio (remodelamento cardíaco).
  • Ativação de mecanismos adaptativos hemodinâmicos e neuro-hormonais.
  • Aumento de citocinas inflamatórias, peptídeo natriurético B, norepinefrina, angiotensina II, aldosterona, endotelina e vasopressina.
  • A concentração elevada de TNF-alfa está associada a baixo IMC, medidas menores das dobras cutâneas e diminuição das proteínas totais plasmáticas.
  • O coração aumenta a frequência de bombeamento, a força de contração e estimula os rins a conservar sódio e água.
  • Quanto mais o organismo utiliza esses mecanismos, mais o músculo cardíaco é lesionado (hipoperfusão).

Sinais, Sintomas e Complicações da Insuficiência Cardíaca

  • Fadiga (associada à baixa perfusão muscular).
  • Dispneia (pode evoluir para ortopneia ou dispneia paroxística noturna).
  • Retenção de líquidos (manifesta-se como congestão pulmonar ou edema periférico).
  • Hipoperfusão (antebraços/pernas frios, sonolência, diminuição da concentração sérica de sódio e agravamento da função renal).
  • Hipoperfusão dos órgãos abdominais (anorexia, náusea, sensação de plenitude, constipação, dor abdominal, má absorção, edema intestinal, hepatomegalia).
  • Hipoperfusão cerebral (confusão mental, perda de memória, ansiedade, insônia, síncope e cefaleia).
  • Caquexia (perda involuntária de peso corporal), agravando a IC.

Dietoterapia para Insuficiência Cardíaca

  • Objetivo: fornecer energia e nutrientes adequados, minimizar a perda ponderal e recuperar o estado nutricional, além de evitar a sobrecarga cardíaca.
  • A dieta deve ser fracionada de 5 – 6 refeições/dia (consistência pastosa se houver fadiga ou disfagia).
  • Considerar o uso de suplementos nutricionais orais se houver perda ponderal significativa e inapetência.
  • Deve ser hipercalórica, hiperproteica, normolipídica e normoglicídica.

Principais Recomendações para IC

  • Calorias: 28kcal/kg (adequado) ou 32kcal/kg (desnutrido).

  • Carboidratos: 50-55% (integrais e com baixa carga glicêmica).

  • Lipídeos: 30-35% (priorizar mono e poli-insaturados).

  • Proteínas: 5-20% (até 2g/kg/dia para desnutridos, 0,8g/kg/dia para disfunção renal).

  • Micronutrientes importantes: sódio, potássio, cálcio e magnésio (suplementar apenas se necessário); Sódio: evitar a retenção hídrica e a formação de edema.

  • Evitar alimentos ultraprocessados, embutidos, conservas, molhos prontos e enlatados.

  • Utilizar ervas aromáticas e temperos naturais para melhorar o sabor das preparações.

  • Ácidos graxos poli-insaturados: 1g/dia reduz discretamente a mortalidade por causa cardiovascular.

  • Alguns medicamentos podem favorecer a depleção de potássio, magnésio e cálcio (hipocalemia pode causar náuseas, arritmia e vômitos).

  • Restringir a ingestão de líquidos (800 a 1500ml/dia) se o paciente estiver hiper-hidratado ao fazer a prescrição hídrica.

Acidente Vascular Cerebral (AVC)

  • Também conhecido como acidente vascular encefálico ou derrame: ruptura ou obstrução de um vaso sanguíneo no cérebro, impedindo a passagem do oxigênio.
  • AVC isquêmico: interrupção do fluxo sanguíneo por um trombo (trombose) ou êmbolo (embolia).
  • AVC hemorrágico: rompimento do vaso cerebral, com hemorragia intracraniana.

Fisiopatologia e Complicações

  • A maioria dos AVEs é tromboembólica (AVC isquêmico), agravada por HAS, DM, aterosclerose e gota.
  • AVC trombótico: o trombo se forma na própria artéria.
  • AVC embólico: o trombo vem de outra região e bloqueia o fluxo sanguíneo.
  • AVC hemorrágico: ruptura do vaso sanguíneo.
  • Dificuldade para falar, compreender, engolir, enxergar e caminhar.

Fatores de Risco e Diagnóstico

  • Fatores de risco: idade avançada, HAS, DM2, hipercolesterolemia, obesidade, tabagismo, etilismo e sedentarismo.
  • Diagnóstico: déficit neurológico súbito.

Sintomas comuns

  • Diminuição ou perda de consciência, confusão mental, distúrbios auditivos, alteração cognitiva, tontura, dor de cabeça intensa, perda de equilíbrio e/ou coordenação.

Complicações Pós-AVC

  • Pneumonia aspirativa, trombose venosa profunda, fadiga, edema das extremidades, déficit do condicionamento cardiorrespiratório e úlceras de pressão.
  • Recomenda-se IMC < 25 em mulheres, Razão CQ < 0,92 em homens, evitar diabetes, hipertensão arterial e colesterol elevado
  • Recomenda-se consumo diário de frutas frescas, consumo de flavonoides, consumo de peixe / óleo de peixe e colesterol HDL alto

Alterações Comuns e Intervenções

  • Déficit de atenção ou concentração: direcionar verbalmente o paciente, deixar alimentos/líquidos visíveis e disponíveis.
  • Combatente, joga comida: identificar o agente provocador e remover, usar pratos inquebráveis, dar um alimento por vez.
  • Ingere coisas não comestíveis: remover objetos não comestíveis.
  • Ingere muito rápido: oferecer volumosos que exigem mastigação, usar colher/copo menor.
  • Ingere muito devagar: atender primeiro para permitir mais tempo, usar pratos térmicos.
  • Esquecido ou desorientado: seguir rotinas simples, fornecer um ambiente constante, minimizar as distrações, limitar as escolhas.
  • Esquece de deglutir: dizer ao paciente para engolir, golpear a laringe para cima.
  • A disfagia (dificuldade de deglutição) contribui para mau prognóstico, aumentando os riscos de desnutrição e internações.

Recomendações da ESPEN para Disfagia em Pacientes Pós-AVC

  • Aumentar a viscosidade do líquido.
  • Utilizar texturas modificadas e líquidos espessados para disfagia crônica.
  • Pacientes com disfagia apresentam risco aumentado de desnutrição, desidratação e pneumonia, devendo ser monitorados.
  • Em casos graves, introduzir via alternativa de alimentação.

Prevenção de Doenças Cardiovasculares

  • Não há evidências para suplementação de vitaminas/minerais para prevenção primária ou secundária.
  • Suplementação de ômega-3 marinho (2-3g/dia) pode ser recomendada para hipertrigliceridemia grave.
  • Pelo menos duas refeições à base de peixe por semana são recomendadas.

Alimentação Cardioprotetora

  • Recomendada para pessoas com sobrepeso, obesidade, HAS controlada, DM2 compensada, dislipidemias e doenças cardiovasculares.
  • Grupo verde: alimentos cardioprotetores (consumo diário), como verduras, frutas, legumes, leguminosas, leite/iogurte desnatados.
  • Grupo amarelo: alimentos in natura, minimamente processados (consumo moderado), como pães, cereais, tubérculos cozidos, castanhas e óleos vegetais.
  • Grupo azul: alimentos a serem consumidos em pequenas quantidades (consumir pouco), como carnes, laticínios, ovos e doces caseiros.
  • Grupo vermelho: alimentos a serem evitados, como congelados/desidratados prontos, embutidos, doces industrializados, biscoitos/salgadinhos de pacote e refrigerantes.
  • Açúcar e sal são temperos e utilizados nas preparações culinárias.
  • Café e chá contêm substâncias cardioprotetoras, mas não há consenso sobre seus mecanismos.

Orientações sobre Alimentação Cardioprotetora

(Manual de Orientações sobre Alimentação Cardioprotetora (2018))

  • Comer com regularidade e atenção.
  • Fazer, no mínimo, três refeições/dia, priorizando o café da manhã.
  • Evitar beliscar alimentos processados e ultraprocessados nos intervalos entre as refeições.
  • Priorizar alimentos frescos.

Distribuição de Nutrientes

  • Carboidratos: 50-60%,
  • Proteínas: 10-15%,
  • Lipídeos: 25-35%
  • Gordura saturada: até 7%,
  • Sal: até 5g/dia.

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