As Origens da Enfermagem Moderna

Origens da Enfermagem

• A história da enfermagem profissional começa com Florence Nightingale, embora suas origens sejam anteriores a meados do século XIX.
• Nightingale, filha de pais britânicos ricos, desafiou as convenções sociais ao decidir se tornar enfermeira.
• Cuidar de estranhos em hospitais ou em casa não era visto como uma carreira respeitável para mulheres bem-educadas.
• Mulheres bem-educadas poderiam melhorar drasticamente o atendimento a pacientes doentes usando princípios científicos e educação sobre estilos de vida saudáveis.
• Nightingale acreditava que a enfermagem proporcionava uma vocação independente ideal para mulheres, com liberdade intelectual e social, oferecendo uma das poucas opções de carreira da época.

Guerra da Crimeia

• Em 1854, Nightingale teve a oportunidade de testar suas crenças durante a Guerra da Crimeia.
• Histórias em jornais relataram que soldados russos doentes e feridos, que eram atendidos por ordens religiosas, se recuperavam melhor do que os soldados britânicos.
• O governo britânico solicitou que Nightingale liderasse um grupo de enfermeiras para o hospital militar de Scutari (atual Üsküdar, Turquia).
• Nightingale e suas enfermeiras reorganizaram o hospital de acordo com a ciência do século XIX, esfregando paredes, abrindo janelas para ventilação, preparando alimentos nutritivos e administrando medicamentos com eficiência.
• Em poucas semanas, as taxas de mortalidade caíram drasticamente e os soldados não adoeceram mais por doenças infecciosas devido às más condições sanitárias.
• Nos meses seguintes, o público passou a conhecer o trabalho da "Dama da Lâmpada" que fazia rondas noturnas.
• No final do século XIX, o reconhecimento de Nightingale no valor das enfermeiras educadas era compartilhado em todo o mundo ocidental.
• As conquistas de Nightingale ofuscaram outras formas de cuidar dos doentes que ocorriam em casa e eram de responsabilidade de famílias, amigos e membros respeitados da comunidade.
• Durante epidemias como cólera, tifo e varíola, os homens desempenharam papéis ativos na enfermagem.
• Um exemplo foi Stephen Girard, banqueiro que auxiliou as vítimas da epidemia de febre amarela de 1793.

Mudanças na história da enfermagem

• Com a expansão da urbanização e industrialização, aqueles sem famílias para cuidar deles recorriam a hospitais com qualidade de atendimento variável.
• As mulheres de ordens religiosas eram conhecidas pela qualidade dos cuidados de enfermagem que prestavam nos hospitais.
• Outros hospitais dependiam de pacientes em recuperação ou contratavam homens e mulheres para os cuidados de enfermagem aos pacientes.
• A falta de confiabilidade dos cuidados de enfermagem hospitalares tornou-se um problema no final do século XIX.
• Mudanças nas práticas e tratamentos médicos exigiam enfermeiros competentes.
• A convergência das necessidades dos hospitais, desejos dos médicos e o desejo das mulheres por um trabalho significativo levou a um novo profissional de saúde: o enfermeiro formado.
• Os hospitais estabeleceram suas próprias escolas de treinamento para enfermeiros.
• Os alunos ofereciam dois a três anos de cuidados de enfermagem especializados e gratuitos em troca de palestras e instruções clínicas.
• Essa base hospitalar vinculou a educação dos enfermeiros aos hospitais e não às faculdades.
• O modelo de formação hospitalar reforçou a segregação na sociedade, excluindo estudantes de enfermagem afro-americanos da maioria dos hospitais e escolas de treinamento.
• Fortaleceu também a estereotipagem cultural da enfermagem como trabalho feminino, com poucos hospitais fornecendo treinamento para homens.

Impacto das enfermeiras

• As enfermeiras transformaram os hospitais, estabelecendo ambientes organizados, rotineiros e sistematizados, além do cuidado especializado.
• Elas administraram tratamentos complexos e protocolos assépticos, possibilitando cirurgias invasivas e experimentando modelos de intervenção de enfermagem.

Teoria Ambientalista de Florence Nightingale

• O cuidado pode ser dividido em pré e pós Teoria Ambientalista, escrita por Florence Nightingale, que trabalhou nos campos de batalha da Guerra da Crimeia.
• A falta de saneamento básico e ambiental resultou em altas taxas de mortalidade, exigindo atenção imediata.
• A Teoria Ambientalista conceitua que o ambiente influencia a recuperação do paciente e preconiza os fatores ideais para a organização do ambiente, como ventilação, iluminação, limpeza, ruídos, odores e alimentação.
• Nightingale afirmou que "deve-se conservar o ar que o paciente respira tão puro quanto o ar exterior, sem deixá-lo sentir frio".
• A ventilação deve ser realizada arejando o quarto do paciente, permitindo que o ar puro venha da área externa através das janelas.
• Corredores e pátios devem ter circulação de ar.
• A iluminação deve ser observada, para que o paciente não perca calor vital.
• A limpeza deve oferecer alívio e conforto removendo materiais nocivos, com a enfermeira focando-se na lavagem das mãos e na limpeza do quarto.
• A limpeza exerce influência sobre o processo saúde/doença.
• O silêncio deve prevalecer no quarto para uma boa recuperação do paciente.
• Odores devem ser retirados do ambiente.
• Qualquer fator que incomode o paciente deve ser eliminado, e a alimentação deve ser observada quanto à aceitação e qualidade, com foco na nutrição.
• Nightingale preocupava-se com o emocional do paciente.
• Nightingale descreveu dois tipos de enfermagem: a da saúde, que visa prevenir doenças e pode ser praticada por mulheres, e a da doença, que requer treinamento, organização e conhecimento científico.
• A enfermagem possuía duas funções: preventiva e curativa.
• Nightingale valorizava a observação, experiência e registro como fundamentais para desenvolver um trabalho que possibilite a recuperação do paciente.

Escolas de Enfermagem no Brasil

• A primeira escola de enfermagem no Brasil foi criada em 27 de setembro de 1890, pelo então presidente Marechal Deodoro da Fonseca.
• A Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras (EPEE) estava localizada no Rio de Janeiro, então capital da república.
• A escola era vinculada ao ministério da justiça.
• A escola era domiciliada no Hospício Nacional dos Alienados.
• Houve dificuldades iniciais para a implantação devido à superlotação e baixa frequência das aulas.
• Durante alguns anos, a escola ficou sob o Serviço Nacional de Doenças Mentais.
• Os profissionais formados pela escola eram equivocadamente considerados enfermeiros especializados em psiquiatria, até o decreto nº 791/1980.
• A criação da escola marcou o início da busca científica no saber, fazer e ser enfermeiro.
• Ernani Lopes destacou que a escola formava enfermeiros para hospícios e hospitais civis e militares, com regime rotatório para evitar a unilateralização do serviço.
• O curso incluía conteúdos de propedêutica clinica, anatomia, fisiologia, higiene hospitalar, curativos, cuidados especiais, banhos terapêuticos, administração interna e serviços sanitários e econômicos.
• Os cursos teóricos eram realizados três vezes por semana, seguidos de visitas às enfermarias e práticas supervisionadas pelo médico e direção geral.
• As disciplinas ofertadas priorizavam a formação de profissionais com visão hospitalar devido à carência de qualificação.
• O curso teórico e prático seguia um método positivista, com aplicação da teoria na prática, à imagem do modelo francês.
• A teoria era lecionada por médicos e as aulas práticas eram ministradas por enfermeiras francesas contratadas pela escola.
• Para ser admitido, era necessário ter até dezoito anos, saber ler, escrever e aritmética, e apresentar atestados de bons costumes.
• Dezoito estudantes internos e externos recebiam acomodação, alimentação e salário mensal de 20$ no primeiro ano
• Alunos do segundo ano recebiam $25, mas deveriam trabalhar como funcionarios do local no serviço designado.
• A preocupação do Estado em remunerar o trabalhador incluía considerar as futuras pensões por incapacidade no trabalho.
• Os alunos com melhores notas recebiam prêmios de até 50$.
• Enfermeiros e alunos que não exercessem a profissão em hospitais do Estado perdiam o salário proporcional.
• Ao final do curso, com duração de dois anos, era conferido ao aluno um diploma assinada pelo diretor da assistência médico-legal do Alienados.
• O curto tempo de curso evidênciava a carência de profissionais
• O diploma dava preferência de empregos em hospitais do Estado, com 25 anos de exercício dando direito a aposentadoria.
• Os alunos estavam sujeitos a penalidades disciplinares

Profissionais e Escolas

• Os cinco primeiros formandos foram: José Joaquim Dias Paredes, Aureliano Francisco de Carvalho, Albertina Gomes Barreto, Conceição da Silva Carvalho e Henriqueta Rosas.
• O interesse da escola a serviço do estado era encaminhar os formados para os serviços públicos, garantido o retorno profissional por reservas.
• A escola foi esquecida, embora em funcionamento relatado na revista Brasil - Médico em abril de 1897 sob a direção do Dr. Marcio Wery
• Relatava a necessidade de fisiologia, propedêutica e anatomia descritiva; contudo, não havia informações se essa aula seria a de início do ano da escola
• A escola buscava ensinar funcionários que atuavam no hospício e para mulheres orfãs que não tinham meios de vida após os dezoito anos
• Após a criação do Departamento Nacional da Saúde em 1901, a enfermagem moderna (através de enfermeiras norte americanas) foi implantada.
• Mesmo após 30 anos com a EPEE, não foi aproveitada (por haver epidemias) e dessa forma, conquistaram com ajuda da Fundação Rockfeller e médicos para atuar durante epidemias.
• A escola profissional de enfermeiros e enfermeiras foi ignorada em relação ao ensino moderno
• A escola ficou inativa até 1904, até a reorganização do hospital por Dr. Juliano Moreira, voltando à ativa e formando elevado número de enfermeiros.

Enfermagem no Brasil

• Na revista "O Brasil – Medico", elogiou o hospital do alienados, relatando que o preparo teria um padrão superior comparado com ensino francês
• A enfermagem foi regulamentada em 31 de dezembro de 1923
• A Lei nº 16300/23 regulamentou o Departamento Nacional de Saúde Pública
• Adicionalmente, o ato regulamentou o ensino da escola (criada em 10 de novembro de 1922).
• A Lei nº 15799/22 anexou a escola ao Hospital Geral de Assistência com objetivo de ensinar e diplomar.
• Em janeiro de 1923, no Rio de Janeiro, foi fundada a Escola Anna Nery à comando das enfermeiras americanas via o convite do governo (além da supervisão da Fundação Rockfeller)
• Em abril de 1941, a escola profissional de enfermeiros passou a se chamar Escola de Enfermagem Alfredo Pinto
• Atualmente, a escola é vinculada à UNIRIO, sob gestão de Maria de Castro
• Os cursos qualificam enfermeiros formados em psiquiatria, e possui programa de 18 meses para auxiliares e seis meses para enfermeiros diplomados
• Alunos com 17 anos completos (2 grau), exames de sanidade mental (efetuados pela escola), e verificações de aptidão são admitidos
• O sistema de ensino é baseado em trabalhos de laboratórios, exercícios no hospital, estágios e arguição.
• Os professores e monitores eram enviados pelo ministério do Estado, e possuíam auxílio mensal, alimentação, vestuario e acomodação.
• A escola era localizada na Praia Vermelha e mantida pelo Serviço Nacional de doenças mentais
• A História da enfermagem é vista como um importante tema que precisa ser disseminado para todos, incluindo nível técnico
• A escola é vista como legado de Florense Nightingale