Apostila de Resgate PDF - Polícia Militar SP
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Escola Superior de Soldados 'Coronel PM Eduardo Assumpção'
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This document is an instructional guide, likely a training manual or textbook, about rescue techniques, focusing on first aid, body anatomy, and related procedures used by a specific police department in Brazil. Information about the required training for the police personnel is mentioned.
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1 POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO ESCOLA SUPERIOR DE SOLDADOS “CORONEL PM EDUARDO ASSUMPÇÃO” CURSO SUPERIOR DE TÉCNICO DE POLÍCIA OSTENSIVA E PRESERVAÇÃO DA ORDEM PÚBLICA APOSTILA DE RESGATE ...
1 POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO ESCOLA SUPERIOR DE SOLDADOS “CORONEL PM EDUARDO ASSUMPÇÃO” CURSO SUPERIOR DE TÉCNICO DE POLÍCIA OSTENSIVA E PRESERVAÇÃO DA ORDEM PÚBLICA APOSTILA DE RESGATE 2 APOSTILA DE RESGATE Sumário AULA 1 e 2: Viaturas e guarnições (UR, MOB e USA) conceito de primeiros socorros e obrigações do socorrista, (Prevaricação e Omissão de Socorro); Sinalização e Isolamento....................................3 AULA 3 E 4: Visão geral das partes do corpo humano, nomenclatura das posições, Anatomia básica............................................................................................................................................................9 AULA 5 e 6: Sistema cardiorrespiratório, sistema nervoso central e morte cerebral........................ 17 Pequena circulação............................................................................................................................... 18 Grande circulação................................................................................................................................ 18 AULA 7 e 8: ANÁLISE PRIMÁRIA...................................................................................................... 21 AULA 9 E 10: Obstrução respiratória e respiração artificial. (Engasgamento)................................. 29 AULA 11 e 12: Ressuscitação Cárdio Pulmonar (RCP)........................................................................ 35 AULA 15 e 16: Análise Secundária......................................................................................................... 41 AULA 17 e 18: Transporte de acidentados (uso do Ked, prancha longa e curta, colar cervical, rebatimento na prancha, etc)................................................................................................................... 47 AULA 19 e 20: Hemorragias (externa e interna), choques (hipovolêmico, cardiogênico, neurogênico, séptico e anafilático); Técnicas de Hemostasia...................................................................................... 54 Aula 21 E 22: Ferimentos (Imobilizações), Fratura e traumas de coluna e crânio............................ 60 Aula 23 E 24: Queimaduras e Choque elétrico: agentes causadores da lesão. Afogamento.............. 70 Aula 25 e 26: Envenenamento: agentes causadores; Animais peçonhentos, Reconhecimento e conduta...................................................................................................................................................... 84 AULA 29 e 30: Mecanismo e fases do parto (normal ou iminente), procedimento em todas as fases. Cuidados com o recém-nascido e procedimentos pós-parto e situações de emergência..................... 94 AULA 31 e 32: Suicidas: reconhecimento e condutas......................................................................... 103 3 AULA 1 e 2: Viaturas e guarnições (UR, MOB e USA) conceito de primeiros socorros e obrigações do socorrista, (Prevaricação e Omissão de Socorro); Sinalização e Isolamento. UNIDADE DE RESGATE: viatura do tipo ambulância, com acomodação para 3 tripulantes, equipada com material básico para atuação em ocorrências salvamento e material para atendimento pré-hospitalar e prestação local de suporte básico de vida às vítimas de acidentes. 4 UNIDADE DE SUPORTE AVANÇADO: Viatura do CBPMESP (tipo ambulância ou intervenção rápida), com acomodação para 3 tripulantes, sendo 01 bombeiro/motorista e equipe médica. MOTO OPERACIONAL DE BOMBEIRO: Viatura do tipo 2 rodas, destinada a proporcionar uma rápida resposta para a prestação de suporte básico de vida em locais de trânsito intenso ou de difícil acesso. Em geral este veículo requer suporte de outras unidades de serviço. CONCEITO DE PRIMEIROS SOCORROS Atendimento pré-hospitalar imediato e provisório, ministrado a uma vítima de acidente ou enfermidade imprevista, geralmente prestado no próprio local do evento, até que seja possível seu atendimento por pessoal qualificado, e pode ser acionado por um dos sistemas públicos e privados, tais como o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgências) acionado pelo número 192; Serviço de Resgate do Corpo de Bombeiros, acionado pelo número 193; serviços de atendimento a acidentes em rodovias privatizadas (concessionárias), serviços de atendimento médico-domiciliar para conveniados, etc. Neste roll encontra-se o Policial Militar. 5 OBRIGAÇÕES DO SOCORRISTA: PERFIL DO SOCORRISTA: 1. É fundamental que um policial militar sempre se mantenha atualizado; 2. É imprescindível que ele saiba lidar com o público; 3. A honestidade e autenticidade durante o trato com a vítima são pontos importantes, considerando o próprio “stress” da emergência (SEM MENTIRAS OU FALSAS PROMESSAS; A comunicação, entretanto, deverá ser norteada pelo discernimento do policial militar sobre o que pode ou não ser transmitido à vítima. 4. O controle dos próprios sentimentos e a estabilidade emocional são características que o policial militar tem que desenvolver; 5. É necessário que o policial militar seja altamente disciplinado e demonstre isso durante o atendimento, agindo de forma discreta, observando a linguagem diante das vítimas e do público, sem fazer comentários sobre a gravidade do acidente; 6. Para completar o perfil de um bom policial militar, há que se considerar sua condição física e de saúde. O policial militar é um indivíduo especial e muito importante para sua comunidade, portanto deverá estar preparado para cumprir sua missão. OMISSÃO DE SOCORRO: Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. PREVARICAÇÃO: Art. 319 – Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá- lo contra disposição expressa em lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa. 6 DEVERES DO SOCORRISTA: 1. Cuidar antes de tudo de sua própria segurança: utilizar medidas de proteção individual, como luvas, máscara ou barreira facial para ventilação, óculos protetores, etc. Observar a segurança do local antes de abordar a vítima e estabelecer o acesso a ela de forma segura; 2. Proporcionar atendimento pré-hospitalar imediato aplicando imediatamente: procedimentos de primeiros socorros, dentro de seu nível de capacitação; manusear a vítima sem causar-lhe danos adicionais; solicitar ajuda e apoio necessário e acionar os serviços de atendimento especializados, sempre que possível; obter ajuda de parentes ou curiosos de forma organizada e considerar as informações que o local pode apresentar. 3. Cuidar para a manutenção do atendimento e estabilização da vítima: mantendo os cuidados com a vítima durante o transporte ou até a entrega a profissionais especializados e transmitir todas as informações pertinentes ao atendimento. SEGURANÇA DO LOCAL E PROTEÇÃO PESSOAL Aplicar regras gerais de biossegurança no atendimento pré-hospitalar; Identificar os potenciais riscos em locais de ocorrência; Adotar procedimentos de sinalização e isolamento de local. REGRAS GERAIS DE BIOSSEGURANÇA: No atendimento a vítimas de acidentes ou enfermidades imprevistas, o policial militar deve estar ciente dos riscos biológicos a que poderão estar expostos. Por isso, deve sempre ter em mente que os equipamentos de proteção individual são imprescindíveis para a diminuição dos riscos de contágio. São regras gerais: 1. Evitar contato direto com sangue e ou secreções da vítima; 2. Sempre utilizar luvas de proteção e métodos de barreira, no contato com a vítima; 3. Sempre lavar as mãos após qualquer atendimento; 4. Descartar os materiais utilizados em local apropriado. 7 IDENTIFICAÇÃO DE RISCOS: Em locais de acidente, geralmente poderão surgir fatores que colocarão em risco o atendimento às vítimas; por essa razão, o policial militar deve obter informações ao aproximar-se do local da emergência, verificar as condições de segurança de local para si e para a vítima. Situações como vazamento de combustível, queda de fios elétricos ou presença de gases tóxicos podem comprometer seriamente o atendimento. SINALIZAÇÃO E ISOLAMENTO: Sinalização: Em um acidente ou local de sinistro, uma das primeiras providências que devem ser adotadas é a sinalização. O policial militar deverá ter em mente que locais de acidente, geralmente, são cenários propícios para a ocorrência de novos acidentes. Para sinalizar um local de ocorrência, poderão ser utilizados recursos diversos, como a própria viatura policial, com seus dispositivos luminosos, triângulo de segurança, cones ou meios de fortuna. Todo acidente pode gerar um local de crime: razão pela qual é dever de todo policial militar preservá-lo para a devida apuração de responsabilidade penal, pela autoridade policial. Só se justifica a alteração de local de crime nas seguintes situações: Necessidade de socorro imediato às vítimas; Risco de vida para as vítimas e para quem for prestar socorro ou outras pessoas; Risco de novos acidentes; Impossibilidade de outra forma de salvamento ou de acesso às vítimas. CURVAS: sinalização começa antes. 8 ISOLAMENTO Após a sinalização, deverá será providenciado o isolamento da área onde se encontra a vítima, levando-se em conta. Restrição de acesso ao local onde se encontra a vítima; Proteção da equipe de trabalho; Evitar a obstrução do fluxo de trânsito, em vias públicas, sempre que possível; Garantir rápido acesso e saída de veículos de socorro. 9 AULA 3 E 4: Visão geral das partes do corpo humano, nomenclatura das posições, Anatomia básica. ANATOMIA BÁSICA: ANATOMIA: É a ciência que trata da forma e da estrutura do corpo humano. FISIOLOGIA: É a parte da ciência que trata das funções orgânicas, processos ou atividades vitais, como crescimento, nutrição, respiração, etc. Um desses conhecimentos é que o corpo, ou melhor, o organismo humano, se compõe de CÉLULAS e que estas se combinam para formar TECIDOS, os quais se associam de vários modos para constituir os distintos ÓRGÃOS. Estes órgãos, em conjunto, desempenham tarefas específicas para todo o corpo, compondo APARELHOS e SISTEMAS orgânicos. CÉLULAS → TECIDOS → ÓRGÃOS → APARELHOS/SISTEMAS → ORGANISMO → → → → DIVISÃO DA ANATOMIA HUMANA: ANATOMIA SISTÊMICA: estuda o corpo em uma série de sistemas de órgãos, tais como: digestório, ósseo, articular, circulatório, entre outros. 10 ANATOMIA REGIONAL: Estuda as regiões do corpo como tórax, abdômen, coxa e braço. ANATOMIA CLÍNICA: desenvolve a aplicação dos conhecimentos como fundamento científico da realização do exame físico do doente, utiliza o conhecimento anatômico básico na interpretação dos sintomas e das alterações de órgãos e sistemas, interpretar e descrever documentos imagiológicos (RX, tomografia, etc) e estabelecer a sua correlação com doenças e traumas. DA DIVISÃO DO CORPO HUMANO: O corpo humano divide-se em cabeça, pescoço, tronco e membros. A cabeça corresponde à extremidade superior do corpo estando unido ao tronco por uma porção estreitada, o pescoço. O tronco compreende o tórax e o abdômen com as respectivas cavidades torácica e abdominal; a cavidade abdominal prolonga-se 11 inferiormente na cavidade pélvica. Dos membros, dois são superiores ou torácicos e dois inferiores ou pélvicos. Cada membro apresenta uma raiz, pela qual está ligada ao tronco, e uma parte livre. POSIÇÃO ANATÔMICA: A “Posição Anatômica” é a referência padrão do corpo usada para descrever a localização de estruturas do corpo humano padronizando e facilitando o seu entendimento. Sempre que tivermos que definir posições (esquerda, direita, anterior, posterior, ventral, dorsal, etc.) estaremos visualizando o corpo humano na “Posição Anatômica”. A posição anatômica é adotada internacionalmente, em descrições anatômicas e médicas; e com ela pode-se relacionar as diferentes partes do corpo. DESCRIÇÃO: Está em pé (posição ereta ou ortostática); Com a cabeça voltada anteriormente e o olhar na linha do horizonte; Temos membros superiores pendentes ao longo do tronco, com as palmas das mãos voltadas anteriormente; Tem os membros inferiores justapostos, com os dedos dos pés direcionados anteriormente. Todas as representações anatômicas são descritas em relação à posição anatômica para assegurar que as descrições não sejam ambíguas (MOORE, DALLEY, 1999). 12 PLANOS DE DELIMITAÇÃO E SECÇÃO DO CORPO HUMANO: Na posição anatômica o corpo humano pode ser delimitado por planos tangentes a sua superfície. Para facilitar a compreensão da relação entre as estruturas, uma em relação à outra, planos de referência imaginários passam através do corpo e o dividem. Plano Sagital ou Mediano: divide o corpo em metades simétricas direita e esquerda. 13 Plano Frontal ou Coronal: planos verticais que atravessam o corpo formando ângulos retos com o plano mediano, dividindo-o em partes anterior (frontal) e posterior (dorsal). Plano transversal: planos horizontais que dividem o corpo em partes superior e inferior. SUBDIVISÕES ANATÔMICAS DO CORPO HUMANO: 14 CAVIDADES CORPORAIS: Dentro do corpo humano existem espaços que fazem mais do que separar os órgãos. Esses espaços também tem a função de proteger e promover sustentação. A estes espaços chamamos de cavidades do corpo. A cavidade craniana consiste principalmente de cérebro, meninges e líquido cefalorraquidiano. O fluido cerebrospinal é um fluido transparente e incolor que está presente no cérebro e espinal medula; meninges são membranas que rodeiam o nosso sistema nervoso central. O volume da nossa cavidade craniana é entre 1,200-1,700 (l) (dcm³). Cavidade craniana também é chamado o espaço intracraniano. CAVIDADE TORÁCICA: Na cavidade torácica encontramos outra subdivisão: a cavidade do pericárdio (onde está o coração) e duas cavidades onde se localizam os pulmões (chamadas pleurais). Há ainda uma cavidade central chamada de mediastino; nela estão às vísceras torácicas, menos os pulmões. 15 CAVIDADE ABDOMINAL: QUADRANTES ABDOMINAIS: A localização dos principais órgãos abdominais pode ser facilitada pela divisão do abdômen em quadrantes traçando uma linha imaginária que passa pelo umbigo e pela linha mediana do corpo. Cavidade abdominal: A pelve é subdividida em pelves maior e menor. A pelve maior, superior à abertura superior da pelve, protege as vísceras abdominais inferiores (íleo e colo sigmoide). A pelve menor oferece a estrutura óssea para os compartimentos da cavidade pélvica e do períneo, separados pelo diafragma da pelve. O períneo refere-se à região que inclui o ânus e os órgãos genitais externos, se estendendo do cóccix até o púbis e abaixo do diafragma pélvico. O quadril une a coluna vertebral aos dois fêmures. Contém funções primárias e secundárias. Cavidade abdominal: Funções primárias: sustenta o peso do corpo nas posições sentadas e de pé; oferece fixação para os fortes músculos da locomoção e postura. Funções secundárias: conter e proteger as vísceras pélvicas e as vísceras abdominais inferiores; proporcionar sustentação para as vísceras 16 abdominopélvicas e para o útero grávido; proporcionar fixação para uma série de estruturas como corpos eréteis (corpos cavernosos e o corpo esponjoso), músculos e membranas entre outros. 17 AULA 5 e 6: Sistema cardiorrespiratório, sistema nervoso central e morte cerebral. SISTEMAS DO CORPO HUMANO: O corpo humano é formado pelos sistemas: cardiovascular, respiratório, digestório, nervoso, sensorial, endócrino, excretor, urinário, reprodutor, esquelético, muscular, imunológico, linfático, tegumentar. Cada um deles envolve órgãos que atuam para a realização das funções vitais do organismo. SISTEMA CARDIOVASCULAR (CIRCULATÓRIO): Formado pelos vasos sanguíneos (artérias, veias e vasos capilares) e o coração, o sistema cardiovascular ou sistema circulatório é responsável pela movimentação sanguínea no corpo humano uma vez que sua função é transportar oxigênio e nutrientes para todas as partes do corpo. 18 Pequena circulação A pequena circulação ou circulação pulmonar consiste no caminho que o sangue percorre do coração aos pulmões, e dos pulmões ao coração. Grande circulação A grande circulação ou circulação sistêmica é o caminho do sangue, que sai do coração até as demais células do corpo e vice-versa. SISTEMA RESPIRATÓRIO: Formado pelas vias respiratórias (cavidades nasais, faringe, laringe, traqueia e brônquios) e pelos pulmões, o sistema respiratório é responsável pela absorção do oxigênio do ar e da eliminação do gás carbônico retirado das células. 19 SISTEMA NERVOSO: Formado pelo sistema nervoso central (encéfalo e medula espinhal) e sistema nervoso periférico (nervos cranianos e raquidianos), o sistema nervoso é responsável pela captação, interpretação e respostas às mensagens recebidas. Funções Voluntárias As funções voluntárias são aquelas que controlamos conscientemente. Elas são mediadas pelo sistema nervoso somático. Exemplos incluem: Movimento dos músculos esqueléticos: Como caminhar, correr, levantar objetos. Ações motoras finas: Como escrever, tocar um instrumento musical, desenhar. 20 Funções Involuntárias As funções involuntárias ocorrem sem a necessidade de controle consciente e são reguladas pelo sistema nervoso autônomo. Exemplos incluem: Batimento cardíaco: O coração bate automaticamente para bombear sangue pelo corpo. Respiração: Embora possamos controlar a respiração até certo ponto, ela ocorre automaticamente. Digestão: Movimentos peristálticos do trato gastrointestinal que ajudam na digestão dos alimentos. Reflexos: Como o reflexo patelar (batida no joelho) e a resposta de retirada ao tocar algo quente. MORTE CEREBRAL: A morte cerebral, também chamada de morte encefálica, ocorre quando não há mais nenhum tipo de atividade cerebral, seja elétrica (dos micro impulsos entre os neurônios), circulatória ou metabólica (referente a utilização de oxigênio, glicose e outros nutrientes pelas células cerebrais). No entanto, é preciso que este fim das atividades seja irreversível. No ponto de vista legal, esta é a principal definição de morte, pois classifica o fim da vida mesmo que o coração ou pulmões consigam ser mantidos funcionando por aparelhos ou medicamentos. 21 AULA 7 e 8: ANÁLISE PRIMÁRIA É o processo ordenado pelo qual obteremos informações sobre os problemas de natureza clínica ou traumática da vítima, por meio de entrevista e exames físicos, procurando identificar as alterações que a coloquem em risco de morte e oferecendo-lhe os cuidados de Atendimento Pré-hospitalar de modo a mantê-la estabilizada buscando sempre melhorar seu estado geral. AVALIAÇÃO DE SEGURANÇA E DA CENA: 1. Utilização do EPI adequado; 2. Aproximar-se da cena atento à segurança; 3. Avaliar a cena de emergência conforme protocolo específico de chegada ao local da ocorrência; 4. Analisar, nas cenas com múltiplas vítimas: a. a capacidade de atendimento regional; b. triagem/priorização de atendimento de múltiplas vítimas; 5. Analisar a biomecânica do trauma e as possibilidades de lesões; 6. Obter uma impressão geral da vítima ates de abordá-la efetivamente: a. parece estar ventilando efetivamente? b. está acordado ou sem resposta? c. apresenta movimentação corporal espontânea? 7. Condições da vítima: a. se permite aguardar SAV/SIV ou providenciar transporte imediato. ANÁLISE PRIMÁRIA: Proceda a avaliação primária a fim de determinar o nível de criticidade da vítima, adotando, se necessário, o acionamento de Suporte Avançado ou decidindo pelo Transporte Imediato. Empregar o mnemônico XABCDE como método de avaliação e tratamento das condições e lesões que geram risco imediato à vida. (X) Hemorragias Exsanguinantes; (A) Via aérea e controle da coluna cervical; (B) Ventilação; (C) Circulação e hemorragias; (D) Disfunção neurológica; (E) Exposição / Ambiente. 22 (X) HEMORRAGIAS EXSANGUINANTES: O controle rápido de hemorragias volumosas e ativas (exsanguinantes) é um dos objetivos mais importantes no cuidado de uma vítima traumatizada. A avaliação primária não pode progredir a menos que a hemorragia externa exsanguinante seja verificada e tratada rapidamente. COMO CONTROLAR HEMORRAGIAS? compressão no local, curativo compressivo e torniquete; Tipo de Homorragias (A) VIA AÉREA E CONTROLE DA COLUNA CERVICAL: Vítima consciente: Estabelecer controle cervical manual logo na abordagem da vítima; Apresentar-se para a vítima consciente como integrante da Equipe de Resgate do Corpo de Bombeiros; Questionar sobre o ocorrido e avalie as respostas: 1. Se a resposta for coerente por meio de frases completas, concluir que as vias aéreas estão pérvias, que a vítima apresenta função ventilatória suficiente que permite a fala, a perfusão cerebral está adequada e funcionamento neurológico razoável que será medido com a Escala de Coma de Glasgow posteriormente. 2. Se a vítima for incapaz de dar uma resposta ou ela for incoerente antecipe algumas ações em busca de colapso ventilatório, circulatório ou neurológico. 23 Obs: Verifique alterações de vias aéreas como rouquidão, desvio de traqueia, respiração ruidosa e dificuldades de produzir sons. Proceda a avaliação com base na sequência para determinar situações que indiquem que a vítima é crítica e que necessita de Suporte Avançado ou Transporte Imediato. Vítima inconsciente: Estabelecer controle cervical manual logo na abordagem da vítima; Estimular a vítima inconsciente com pelo menos 3 (três) toques nos seus ombros enquanto a chama pelo nome ou utiliza expressões do tipo “Sr./Sra. está me ouvindo? Consegue falar?”. Na ausência de respostas ao estímulo, checar pulso e respiração simultaneamente; Inspecionar visualmente a cavidade oral e remover secreções ou corpos estranhos antes de efetuar a manobra de liberação de vias aéreas. Manobra de liberação de vias aéreas: a. Se necessário utilize uma lanterna como as de pupilas para melhor visualização. b. Aspirar secreções (vômitos, sangue, entre outros) ou remover corpos estranhos visíveis, c. Remover objetos cravados ou transfixados somente se estes estiverem na bochecha comprometendo a permeabilidade das vias aéreas; d. Efetuar a manobra de liberação de vias aéreas adequada para o caso, considerando se tratar de trauma (Elevação da mandíbula) ou caso clínico (extensão da cabeça); e. Introduzir a cânula orofaríngea em vítimas que não apresentem reflexo de vômito (para SAMU e CBPMESP). Manobras de Desobstrução de vias aéreas: Elevação da mandíbula (trauma) e extensão da cabeça (clínico), respectivamente: Elevação da mandíbula (trauma): 24 e extensão da cabeça (clínico): Controle cervical com dispositivo de imobilização: O controle cervical deve ser sempre realizado em vítimas de trauma, devendo ser realizada inicialmente a estabilização manual e, em momento oportuno da avaliação primária, ser utilizado o colar cervical e os protetores laterais de cabeça; A aplicação do colar cervical poderá acontecer a qualquer momento da avaliação primária, desde que não atrapalhe o processo de avaliação e tratamento de lesões que comprometam a vida; Antes de aplicar o colar cervical faça inspeção física e visual da região do pescoço e a devida mensuração; Se houver ferimentos na cabeça e pescoço trate-os antes da aplicação do colar cervical; Se houver necessidade de ventilação com reanimador manual postergue a utilização do colar cervical, pois este dispositivo limita em pelo menos 25% 25 a abertura da boca, interferindo na adaptação da máscara junto a face, consequentemente, impedindo que haja uma efetiva ventilação; Importante: Em vítimas de Traumatismo Crânio Encefálico Grave, com sinais evidentes de Hipertensão Intracraniana (alteração no nível de consciência; vômitos em jatos, alterações das pupilas (anisocoria), otorragia, rinorreia, escala de coma de Glasgow abaixo de 9, hematoma periorbital, bradipneia, bradicardia e hipertensão), deve-se: Considerar deixar o colar cervical levemente afrouxado, mantendo o emprego do protetor lateral de cabeça e, para o transporte, elevar a cabeceira da prancha na maca a 30º (graus). Obs: Somente adote esta conduta na identificação de TCE grave com sinais de aumento da Pressão Intracraniana, em todos os demais casos, mantenha o emprego associado da estabilização manual, colar cervical e estabilizador lateral de cabeça. Em casos de traumas leves, evidentemente localizados em extremidades (torções, luxações e fraturas em dígitos, pés e mãos), sem qualquer outro trauma associado (queda ou impacto em outras partes do corpo), podem ser tratados isoladamente, sem necessidade de controle cervical. A estabilização manual e os protetores laterais de cabeça devem ser adotados independentes do emprego de colar cervical para vítimas de trauma; Obs: Caso o trauma pontual esteja associado a qualquer outro impacto corporal ou lesão, deverá ser aplicado o controle cervical. (B) VENTILAÇÃO Inspecionar visualmente o tórax e avaliar a qualidade da ventilação (regular, irregular, rápida, lenta, superficial, ruidosa, ofegante, agônica); Observe a expansão torácica bilateral; A ventilação ocorre sem esforço ou com uso de musculatura acessória? Existem ferimentos abertos ou fechados visíveis? Apalpe o tórax em toda a sua extensão anterior e posterior; Existem sinais e sintomas de traumatismos torácicos abertos ou fechados? Existe a presença de pneumotórax e tórax instável? 26 Iniciar assistência ventilatória com reanimador manual se a vítima apresentar insuficiência respiratória enquanto outro bombeiro prossegue na avaliação. A frequência respiratória normal (movimentos respiratórios por minuto), para simples referência, é a descrita no quadro a seguir: Na presença de sinais e sintomas de insuficiência respiratória realizar assistência ventilatória e decidir pelo transporte imediato. (C) CIRCULAÇÃO: Avaliar presença de sinais de hemorragia interna em tórax, abdome, pelve e ossos longos e de imediato tratá-las; Identificar sinais de choque; Palpar bilateralmente o pulso radial e determinar se está presente ou ausente, rítmico ou arrítmico, forte ou fraco; Verificar a perfusão capilar periférica bilateral classificando-a em normal, lenta ou nula. Aperte a extremidade do dedo até parar o fluxo de sangue. Solte rapidamente a avalie o tempo de reenchimento; 2s 27 Verificar a Temperatura, Umidade e Coloração da pele (TUC); Identificar e tratar hemorragias que NÃO ameaçam a vida para ser executado na análise secundária e assim dar prosseguimento na primária, verificando letra D; Na presença de sinais e sintomas sugestivos de estado de choque, solicitar o apoio do SAV/SIV ou autorização para o Transporte Imediato; Obs: O estado de choque é quando a circulação sanguínea não é suficiente para levar oxigênio a todas as partes do corpo, podendo causar sintomas como pele fria, coração acelerado, respiração rápida, pressão baixa, sonolência ou confusão mental. (D) DISFUNÇÃO NEUROLÓGICA: Escala de Coma de Glasgow (ECG) Observar alterações do nível de consciência, estado de alerta e orientação da vítima; Avalie a escala de como da Glasgow, através da melhor resposta ocular, verbal e motora; Se a pontuação da Escala de Coma de Glasgow for igual ou menor que 12 pontos, informe a Central de Operações e aguarde a decisão de envio de SAV ou autorização para Transporte Imediato. 28 Pupila Inspecionar as pupilas com o uso de lanterna pupilar; Avaliar a reatividade, o diâmetro e a igualdade das pupilas, observar: a. Reatividade: reativa, não reativa; b. Tamanho: midríase (pupila dilatada); miose (pupila contraída); c. Simetria: isocóricas (pupilas simétricas); anisocóricas (pupilas assimétricas) e desvio conjugado. 29 (E) EXPOSIÇÃO E AMBIENTE: Exponha todas as partes do corpo que necessitem ser examinadas; Toda vestimenta cortada deve ser entregue posteriormente a vítima ou familiares; Evite deixar que a vítima permaneça descoberta por muito tempo, em vista do risco de hipotermia. Cubra-a assim que possível com manta aluminizada ou outro recurso disponível e/ou a remova para local protegido e aquecido. AULA 9 E 10: Obstrução respiratória e respiração artificial. (Engasgamento). A principal causa de obstrução em adultos inconscientes é o relaxamento da língua, que dificulta a passagem do ar na faringe. É fundamental entender que as manobras de desobstrução podem salvar a vida por meio de procedimentos elementares. Por exemplo, as manobras manuais de tração do queixo liberam as vias aéreas ao deslocarem anteriormente a língua. Porém, em situações em que o engasgamento total não pode ser resolvido com a manobra de Heimlich, é altamente recomendável iniciar compressões torácicas contínuas. Principais causas de obstrução das vias aéreas superiores Obstrução causada pela língua: principal causa em vítimas inconscientes devido ao relaxamento da língua; Obstrução em glote: edema local por inalação de gases aquecidos, anafilaxia sistêmica, trauma causado por tentativas de intubação traqueal sem sucesso; Obstrução causada por hemorragia: epistaxe, ferimentos em cavidade oral, traumas cervical e de face, hemorragia digestiva alta; Obstrução causada por meio fluido: água, secreções, líquido de estase proveniente do estômago; Obstrução por corpos estranhos (OVACE): engasgamento por restos alimentares, corpos externos introduzidos pela boca e/ou nariz, próteses quebradas, etc. Obstrução por trauma: trauma cervical ou de face; 30 Obstrução por enfermidades: doenças da tireoide, neoplasias (câncer), epiglotite aguda infecciosa na criança. Quais tipos de obstrução podemos encontrar? OBSTRUÇÃO PARCIAL OU LEVE: Ainda há passagem de ar pela epiglote; Vítima apresenta tosse com pequeno desconforto respiratório; Consegue falar e pedir ajuda. OBSTRUÇÃO TOTAL OU GRAVE: Paciente não consegue mais tossir nem falar; Aumento na dificuldade respiratória, podendo evoluir para uma PCR rapidamente; Presença do sinal universal do engasgo (levar as mãos no pescoço). Vítimas com obstrução parcial: Observar se a vítima pode respirar, tossir, falar ou chorar. Se caso positivo: em bebê, deixar que continuem chorando e em adultos e crianças, encorajá-los para continuar tossindo para ajudar a expelir o corpo estranho, deixando que encontrem uma posição de conforto ou mantendo-os em decúbito elevado (semissentado); Em caso de trauma mantê-la em decúbito dorsal horizontal; 31 Ficar atento caso algum corpo estranho seja eliminado pela tosse; Ministrar oxigênio por máscara facial; Manter observação constante da vítima, incluindo sinais vitais; Transportá-la para o centro médico indicado pela central de operações. Se caso negativo: tratá-la como portadora de obstrução total. PRIMEIROS SOCORROS NA OVACE/ ENGASGO ENGASGO PARCIAL: Tente acalmar a pessoa que está engasgando; Incentive e peça para ela tossir cada vez mais forte; Avalie se ela expeliu o objeto/alimento; Caso não, ela irá evoluir para um engasgo total, nessa hora você deverá intervir. ENGASGO TOTAL: (Em adultos e crianças maiores de 2 anos): Realizar a manobra de desengasgo (Compressão Abdominal): 32 Vítimas com obstrução total Realizar repetidas compressões abdominais, até a desobstrução das vias aéreas ou a mesma se tornar inconsciente. Técnica de compressão abdominal para vítima consciente – manobra de Heimlich Posicionar-se atrás da vítima; Posicionar sua mão fechada com a face do polegar encostada na parede abdominal, entre o apêndice xifoide e a cicatriz umbilical; Com a outra mão espalmada sobre a primeira, como se fosse movimento em forma de “J”, comprima o abdome de vítima num movimento rápido direcionado para si e para cima; Repetir a compressão até a desobstrução ou a vítima tornar-se inconsciente, quando então será executada a manobra correspondente. 33 Técnica de compressão abdominal para vítima consciente – manobra de Heimlich Observar que nos casos de vítimas obesas ou gestantes no último trimestre, a compressão deverá ser realizada no esterno na mesma posição em que se realiza a compressão torácica da RCP. Em casos de Bebês e crianças menores de 2 anos Com o bebê apoiado em seu antebraço inclinado levemente para baixo, dê 5 tapas no meio das costas do bebê (por entre as escápulas), em seguida, vire o bebê para sua frente e realize 5 compressões torácicas no centro do tórax com auxílio de seus dois dedos. Vítimas com obstrução total, inconsciente Se a vítima se tornou inconsciente e a obstrução for total adote os procedimentos a seguir: 34 Posicionar a vítima em decúbito dorsal horizontal (DDH); Fazer a abertura das vias aéreas com a manobra mais adequada para caso clínico ou trauma; Checar se a pessoa responde a algum estímulo; Checar a respiração (ausente ou presente); Se respiração ausente, considerar Parada Cardiorrespiratória (PCR) e iniciar RCP (ressuscitação cardiopulmonar). Tentar visualizar o objeto e, em caso positivo, removê-lo; Não sendo possível remover e caso a obstrução total persista, inicie as manobras de ressuscitação cardiopulmonar pelas compressões torácicas (sem a necessidade de checar pulso); Execute ciclos de compressões torácicas e tentativas de ventilações adequadas para cada faixa etária; Antes de tentar ventilar inspecione a cavidade oral em busca do objeto; caso seja visível, remova- o; Não execute busca às cegas. 35 AULA 11 e 12: Ressuscitação Cárdio Pulmonar (RCP) PARADA CARDÍACA: Cessação súbita e inesperada da atividade mecânica do coração caracterizada pelos seguintes sinais: Inconsciência; Ausência de boa respiração ou somente gasping (respirações agônicas); Ausência de pulso central (carotídeo, braquial, femural), por até 10 segundos de verificação. Até pouco tempo, parada cardíaca era sinônimo de morte. Não mais do que 2% das pessoas sobreviviam. Hoje, números mundiais mostram que se alcançam acima de 70% de sobrevida se quem estiver por perto souber prestar os primeiros socorros. Existem técnicas simples e eficazes de avaliação e atendimento e equipamentos idealizados para que os leigos possam manuseá-los sem maiores dificuldades. Acima de 85% das vezes, a parada súbita do coração é provocada por uma lesão aguda chamada ataque cardíaco, geralmente, um infarto agudo do miocárdio. Quando um acidente desses acontece, um dos mecanismos do coração para preservar a si mesmo é desencadear arritmias que podem progredir para uma das modalidades mais frequentes de parada cardíaca: a fibrilação ventricular. 36 Tomar as medidas corretas nos primeiros minutos pode salvar a vida de muitos pacientes. As vítimas de PCR podem apresentar atividade semelhante a convulsão ou gasping agônico, podendo confundir os possíveis socorristas. Os atendentes/operadores devem ser especificamente treinados para identificar manifestações de PCR, para melhorar o reconhecimento da PCR e a aplicação imediata da RCP. O profissional de saúde deve ser instruído a iniciar a RCP se a vítima "não estiver respirando ou apresentar respiração anormal (isto é, gasping)". Portanto, respiração deve ser rapidamente verificada como parte da verificação da PCR antes de o profissional de saúde acionar o serviço de emergência/urgência e buscar o DEA (ou encarregar alguém disso) para, então, verificar rapidamente o pulso e iniciar a RCP e usar o DEA. REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR CONSTATAÇÃO DA PARADA CARDÍACA: Constatar a parada cardíaca e iniciar os procedimentos de ressuscitação cardiopulmonar com base na seguinte avaliação: A vítima está inconsciente? A vítima não respira ou apresenta somente gasping? A vítima não apresenta pulso central palpável, após checar o pulso pelo tempo, não menos do que 5 segundos e no máximo de 10 segundos? Informe a Central de Operações, inicie os procedimentos de reanimação e aguarde a decisão de envio de SAV ou autorização para Transporte Imediato. 37 Marcar a hora do reconhecimento de PCR e início de atendimento; Iniciar as compressões torácicas de alta qualidade, contínuas na frequência entre 100 e 120 compressões por minuto, aprofundando o tórax conforme a tabela a seguir, permitindo o retorno do tórax, resultando assim na elevação da qualidade da massagem, até que o segundo socorrista tenha condições de efetuar as ventilações de resgate; Inspecionar a cavidade oral e remover secreções, aspirando se necessário; Abrir as vias aéreas superiores com a manobra adequada, de acordo com a possível causa da PCR; Inserir a cânula orofaríngea; Acoplar o sistema de oxigenoterapia ao reanimador respiratório manual, aplicando a técnica correta de vedação da máscara e fluxo correto. Após adotar as ações de liberação de vias aéreas e adaptação do reanimador respiratório manual, interromper as compressões assim que o socorrista informar “Pronto para Ventilar”; Efetuar 2 (duas) ventilações de resgate: na PCR devemos realizar uma sequencia de compressões e ventilações, de acordo com a idade e número de socorristas conforme a tabela a seguir; Não utilizar colar cervical durante a ventilação com reanimador manual, pois este dispositivo interfere na liberação da via aérea. Executar ciclos de compressões e ventilações, conforme tabela Resumo de RCP deste protocolo para as respectivas faixas etárias: Substituir o “Socorrista Compressor” a cada 2 minutos, obrigatoriamente; Manter os ciclos de compressões e ventilações, conforme tabela Resumo de RCP deste protocolo. OBS: padrão de compressões para vida adulta: profundidade das compressões de 4 a 6 cm; frequência de 100 a 120 movimentos por minuto; necessidade de retorno completo do tórax para o próximo movimento. 38 TABELA DE REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR ERROS COMUNS NA EXECUÇÃO DA RCP: Não utilizar superfície rígida para executar o movimento; Não liberar as vias aéreas; vias aéreas obstruídas; Equipamento de ventilação inadequado; Falta de habilidade/manejo; Posicionamento incorreto das mãos; Profundidade e frequência inadequados; Interrupção maior que 10 segundos. 39 RCP EM CRIANÇAS E BEBÊS Considerando que a causa primária de parada cardíaca em CRIANÇAS são PROBLEMAS RESPIRATÓRIOS que podem ser resolvidos com a RCP PRECOCE, o planejamento da assistência deve seguir a sequencia de ações descritas na Cadeia da Sobrevivência da AHA para CRIANÇAS. RCP EM BEBÊS – SOCORRISTA SOZINHO Posicionar a vítima em DDH numa superfície rígida; Posicionar-se lateralmente a vítima; Comprimir o esterno cerca de 4 cm usando as polpas digitais dos dedos médio e anelar; Traçar uma linha imaginária entre os mamilos e colocar o dedo indicador; Posicionar os dedos médios e anular imediatamente abaixo do dedo indicador; Retirar o dedo indicador, mas mantê-lo apontado para a linha imaginária. 40 RCP EM BEBÊS – 2 SOCORRISTAS – TÉCNICA DOS POLEGARES RCP EM BEBÊS LIBERAÇÃO DE VIAS AÉREAS Mantenha a cabeça e pescoço do bebê alinhados para permitir a abertura plena das vias aéreas. Inclinar para trás pode diminuir a passagem de ar por flexionar a traqueia pelos tecidos moles do pescoço. Importância da RCP Aumento da Taxa de Sobrevivência: A RCP aumenta significativamente as chances de sobrevivência em casos de parada cardíaca; Proteção Cerebral: o fornecimento de oxigênio para o cérebro através da RCP pode prevenir danos cerebrais permanents; Assistência Inicial Essencial: A RCP é um primeiro passo crucial até a chegada do atendimento médico especializado. AULA 13 e 14: Prática de Análise Primária; Prática de RCP/ Engasgamento. 41 AULA 15 e 16: Análise Secundária. Conceito: processo ordenado que visa descobrir lesões ou problemas clínicos que, se não tratados, poderão ameaçar a vida, através da interpretação dos achados na verificação dos sinais vitais, exame físico e na entrevista. Através da avaliação dos sinais e sintomas apresentados pela vítima o socorrista poderá determinar o tipo de emergência e os procedimentos operacionais específicos. Uma parte da análise é objetiva, através do exame dos sinais vitais e do corpo da vítima (exame físico) e a outra é subjetiva, através de dados colhidos em entrevista. SINAIS: são detalhes que você poderá descobrir fazendo o uso dos sentidos – visão, tato, audição e olfato – durante a avaliação da vítima. Sinais comuns de lesão incluem sangramento, inchaço (edema), aumento de sensibilidade ou deformação; já os sinais mais comuns de doenças são pele pálida ou avermelhada, suor, temperatura elevada e pulso rápido. SINTOMAS: são sensações que a vítima experimenta e é capaz de descrever. Pode ser necessário que o socorrista faça perguntas para definir a presença ou ausência de sintomas. Pergunte à vítima consciente se sente dor e exatamente onde. Examine a região indicada procurando descobrir possíveis lesões por trauma, mas lembre-se de que a dor intensa numa região pode mascarar outra enfermidade mais séria, embora menos dolorosa. Além da dor, os outros sinais que podem ajudá-lo no diagnóstico incluem náuseas, vertigem, calor, frio, fraqueza e sensação de mal-estar. PMESP. Exame executado em vítimas estáveis, ainda na cena de emergência ou em vítimas instáveis, a caminho do hospital se estas condutas não interferirem em procedimentos de manutenção da vida. Composto de avaliação e interpretação dos sinais vitais (FR,FC,PA), exame subjetivo (SAMPLA) e exame físico objetivo da cabeça aos pés. 42 SINAIS VITAIS Avaliar: a frequência ventilatória/respiratória; 1. O Socorrista não fala para a vítima que irá avaliar a frequência respiratória, pois fazendo isso a vítima pode controlar a sua respiração. Desta forma os dados obtidos não serão fidedignos com a situação real da vítima naquele momento. 2. Observar a qualidade da respiração, avaliando se: Normal; Superficial; Profunda; Rápida; Lenta. 3. Verificar tipo de respiração se: Regular; Simétrico; Ruídos anormais. ATENÇÃO: Quando a respiração for irregular deve-se contar por 1 minuto para se obter a FR correta. a frequência cardíaca: Conte durante 30 segundos e multiplique por 2 e obtenha a frequência cardíaca (FC) que representa a quantidade de batimentos por minuto (BPM); ATENÇÃO: Quando os batimentos cardíacos forem irregulares deve-se contar por 1 minuto para se obter a FC correta. a pressão arterial. 43 REAVALIAÇÃO NEUROLÓGICA Reavaliar a Escala de Coma de Glasgow; Reavaliar as pupilas. ANÁLISE SUBJETIVA – história resumida sobre a vítima através do método SAMPLE ou SAMPLA: Colete dados com a própria vítima, familiares e testemunhas, que possam ajudar no atendimento. Além do nome e idade procure investigar problemas relacionados à: (S) Sintomas: Do que a vítima se queixa? Dor? Dificuldade Respiratória? Torpor? Dormência? (A) Alergias: possui alergias a alimentos, animais, medicamentos prescritos ou comprados sem prescrição médica, contato com alguma substância que possa estar relacionada com a emergência atual? (M) Medicamentos: faz uso de medicamentos ou alguma substância (remédio) para tratar alguma doença prévia? Fez uso de algum medicamento para aliviar os sinais e sintomas atuais? (P) Passado Médico e Cirúrgico Anterior: Possui alguma doença prévia constatada por exames médicos? Esteve internado recentemente por algum motivo? Fez alguma cirurgia recente? Se mulher, pode haver a possibilidade de uma gestação em curso? (L) Líquidos ou Alimentos Ingeridos (última refeição): A emergência médica está relacionada com a ingestão de alimentos ou bebidas? Qual a hora da última refeição e o que foi ingerido? (E/A) Eventos/Ambiente: observar na cena de emergência indícios que possam sugerir a causa ou o agravamento do problema ora existente. A avaliação da cena sugere ter influência com a emergência com indicações de uso de drogas, inalação de substâncias tóxicas, entre outros? Existe a possibilidade de ter sido uma tentativa de suicídio? EXAME FÍSICO DETALHADO CABEÇA: aplicar os procedimentos operacionais específicos para os traumas encontrados por meio de inspeção visual e palpação com base nos seguintes sinais e sintomas: Ferimentos abertos no couro cabeludo; Deformidades ósseas (afundamento, abaulamento); 44 Crepitação óssea; Hematomas periorbitais ou na região do mastóide; Epistaxe (sangramento nasal de origem clínica); Rinorragia (sangramento através do nariz); Otorragia (sangramento através da orelha) Distúrbios oculares: protusão ocular (exoftalmia), estrabismo, inflamações, irritações ou infecções; Paralisia de músculos da face com desvio de rima facial; Dificuldade em articular palavras; Edema de face ou língua; Alterações pupilares; Alterações sensoriais: visão, audição, olfato ou paladar; Alterações no hálito (cetônico, alcoólico, produtos químicos, etc.); Fraturas ou avulsões dentárias; Ulcerações, feridas, cortes nos lábios, gengivas ou mucosa oral; Alterações na coloração da pele e mucosas: cianose, palidez, eritema e icterícia. PESCOÇO: aplicar os procedimentos operacionais específicos para os traumas encontrados por meio de inspeção visual e palpação com base nos seguintes sinais e sintomas: Ferimentos abertos no pescoço; Edema localizado ou generalizado; Equimose ou hematoma; Desvio de traquéia; Enfisema subcutâneo; Rouquidão na fala; Desalinhamento de vértebras cervicais (luxações ou fraturas); Estase sanguínea na veia jugular; Resistência ou dor ao movimento. 45 TÓRAX: aplicar os procedimentos operacionais específicos para os traumas encontrados por meio de inspeção visual e palpação com base nos seguintes sinais e sintomas: Feridas soprantes na parede torácica ou no dorso; Edema localizado ou generalizado; Equimose ou hematoma; Alteração de expansibilidade torácica bilateral; Ruídos ventilatórios (adventícios): sopros, sibilos e roncos; Fraturas de costela ou esterno; Enfisema subcutâneo; Dificuldade ventilatória com uso de músculos acessórios da ventilação. ABDÔMEN: aplicar os procedimentos operacionais específicos para os traumas encontrados por meio de inspeção visual e palpação com base nos seguintes sinais e sintomas: Ferimentos abertos no abdome; Eviscerações abdominais; Alterações de forma ou volume; Abaulamentos ou retrações da parede abdominal; Alterações de movimentos abdominais: pulsação em parede abdominal por aneurisma, rigidez abdominal; Edema localizado ou generalizado; Equimose ou hematoma; Dor localizada ou generalizada. PELVE E NÁDEGAS: aplicar os procedimentos operacionais específicos para os traumas encontrados por meio de inspeção visual e com base nos seguintes sinais e sintomas: Ferimentos abertos na pelve ou nádegas; 46 Deformidades ou instabilidade da parede pélvica; Dor; Alterações de movimentação e sensibilidade de extremidades inferiores concomitantes como trauma pélvico. EXTREMIDADES: aplicar os procedimentos operacionais específicos para os traumas encontrados por meio de inspeção visual e palpação com base nos seguintes sinais e sintomas: Ferimentos abertos nas extremidades inferiores ou superiores; Fraturas ou deformidades ósseas; Alteração de motricidade: incapacidade total ou parcial de movimentar a extremidade afetada; Alterações vasculares: ausência de pulso distal, comprometimento da perfusão capilar; Alterações de sensibilidade: dor acentuada, anestesias (ausência de sensibilidade), parestesias (formigamentos); Alterações da coloração da pele: cianose, palidez, entre outros; Alteração de temperatura da pele: pele fria ou quente; Alteração da umidade da pele: úmida ou seca. ATENÇÃO Em quaisquer das etapas da Análise Primária ou Secundária avaliar se as condições da vítima se enquadram no acionamento de SAV ou de Transporte Imediato, adotandose, nestes casos, as providências respectivas. Toda vítima encontrada inconsciente deve ser tratada como portadora de lesão de coluna, exceto se houver informações testemunhais contrárias. Nas vítimas de trauma, manter a coluna cervical protegida, em posição neutra, manualmente ou por colar cervical e imobilizador lateral de cabeça. Não mover a vítima da posição em que se encontra antes de imobilizá-la, exceto quando: Estiver num local de risco iminente (fazer retirada imediata); Sua posição estiver obstruindo as vias aéreas; Sua posição impedir procedimentos essenciais da Análise Primária; Seja necessário para tratar problemas que ameaçam a vida da vítima; Se for absolutamente necessário para garantir acesso à vítima mais grave. 47 AULA 17 e 18: Transporte de acidentados (uso do Ked, prancha longa e curta, colar cervical, rebatimento na prancha, etc). MOVIMENTAÇÃO DA VÍTIMA: Movimentação de uma vítima traumatizada é a troca justificada de sua posição em um local de ocorrência. É a execução de movimento necessário para seu atendimento pré-hospitalar ou seu translado provisório do local da ocorrência para um local mais seguro. Obs: Não se deve movimentar uma vítima, a menos que seja absolutamente necessário para seu atendimento ou haja um perigo real e iminente no local: como incêndio, risco de explosão, vazamento de gás, necessidade de RCP, outras vítimas embaixo, acesso à vítima mais grave ou a vítima insiste em mover-se, etc. REGRAS GERAIS PARA ABORDAGEM E MOVIMENTAÇÃO DE POLITRAUMATIZADOS Não mover a vítima da posição que se encontra antes de imobilizá-la, exceto quando: Estiver num local de risco iminente; Sua posição estiver obstruindo suas vias aéreas; Sua posição impede a realização da análise primária; Para garantir acesso a uma vítima mais grave. CONSIDERAÇÕES: Sempre que possível, solicitar ajuda de outras pessoas para auxiliar na movimentação de uma vítima; O policial militar sozinho deve evitar movimentar uma vítima de fratura ou lesões graves; Em caso de movimentar uma vítima, o policial militar deve fazê-lo com cuidado, evitando causar lesões adicionais. 48 TÉCNICAS PARA MOVIMENTAÇÃO DE UMA VÍTIMA Quando possível, sempre deverá ser solicitado o auxílio de outras pessoas. Estas técnicas poderão ser necessárias para retirar uma vítima de local de risco. Sendo assim, o policial militar somente deve aplicá-la se houver absoluta necessidade. Obs: partir de uma técnica e de materiais que possam melhor preservar a integridade física da vítima, para uma técnica e materiais mais rudimentar. KED 1. Verificar se a vítima está sentada e se o X A B C D estão estáveis. 2. Socorrista 1: realiza estabilização da coluna cervical, liberando as vias aéreas. 3. Socorrista 2: realiza a colocação do colar cervical e prepara o colete imobilizador. 4. Socorrista 3: estabiliza o tronco da vítima colocando as duas mãos espalmadas no tórax da vítima, uma na parte posterior e outra na anterior. 5. Socorristas 1 e 3: em movimento monobloco, posicionam o corpo da vítima à frente para permitir a colocação do colete imobilizador. 6. Socorrista 2: passa a mão nas costas da vítima até a região lombar para procurar ferimentos, fragmentos de vidro, pedaços de lataria ou possível armamento, em seguida, coloca o colete imobilizador entre a vítima e o encosto, centralizando-o. 7. Socorristas 2 e 3: 7.1 ajustam as abas laterais sob as axilas; 7.2 passam os tirantes do colete, na seguinte ordem: 7.2.1 tirante abdominal (do meio); 7.2.2 tirante pélvico (inferior); 7.2.3 tirante torácico (superior), sem ajustá-lo demasiadamente; 7.2.4 tirantes dos membros inferiores, dão a volta na coxa da vítima (próximo a virilha) e são fixados sem ajustá-los demasiadamente; 7.2.5 em seguida, se necessário, coloca a almofada entre a cabeça e o colete corrigindo a distância existente entre eles; 7.2.6 fixa a cabeça com os tirantes do queixo e da testa. 7.3 coloque duas talas flexíveis para ocupar o espaço anatômico entre os membros inferiores, fixando-as com bandagens; 49 7.4 restringir os punhos da vítima com bandagem triangular, antes de removê-la; 7.5 revisar os tirantes; 7.6 ajustar o tirante torácico. 8. Efetuar a movimentação da vítima com cautela 1. 2. 3. 4. Obs: tirante foto 3 está no pescoço* 5. 6. 50 7. PRANCHA LONGA ROLAMENTO EM MONOBLOCO COM TRÊS SOCORRISTAS 1. Socorrista 1: segura a cabeça da vítima. 2. Socorrista 2: posiciona-se na lateral da vítima, na altura do tronco, colocando uma das mãos no ombro e a outra mão na coxa da vítima. 3. Socorrista 3: posiciona-se na mesma lateral que o Socorrista 2, na altura dos membros inferiores da vítima; coloca uma das mãos na cintura da vítima e outra na perna da vítima. 4. Socorrista 1: após certificar-se que todos estão na posição correta, faz a contagem combinada pela equipe em voz alta e todos ao mesmo tempo, efetuam o rolamento em monobloco da vítima. 5. Socorrista 2: retira a mão da coxa da vítima e traz a prancha para próximo da vítima e em seguida retorna a mão para a mesma posição. 6. Socorrista 1: comanda o rolamento em monobloco da vítima para colocá-la sobre a prancha longa. 7. Socorrista 1: mantém a estabilização da coluna cervical, durante todo o procedimento. 8. Socorristas 2 e 3: ajustam se necessário, a posição da vítima na prancha, em movimentos longitudinais, apoiando a região dos quadris e ombros. 9. Socorrista 1: realiza imobilização lateral da cabeça. 10. Socorristas 2 e 3: prendem os tirantes nas altura do tórax, das cristas ilíacas e acima dos joelhos. 51 LEVANTAMENTO EM MONOBLOCO COM QUATRO SOCORRISTAS 1. Socorrista 1: posiciona-se acima da cabeça da vítima e de frente para o corpo e segura a cabeça dela. 2. Socorrista 2: em pé, posiciona-se sobre a vítima colocando uma perna de cada lado da vítima e segura-a pelos ombros. 3. Socorrista 3: em pé, posiciona-se sobre a vítima colocando uma perna de cada lado da vítima na altura das coxas e segura a vítima pela região pélvica. 4. Socorrista 4: posiciona-se de frente para o Socorrista 1 e segura os membros inferiores da vítima na altura dos tornozelos. 5. Socorrista 1: após certificar-se que todos os socorristas estão na posição correta, faz a contagem conhecida pela equipe em voz alta e todos, ao mesmo tempo, levantam a vítima em monobloco. Ao segundo comando do Socorrista 1 deslocam- se lateralmente para colocar a vítima sobre a prancha longa. 6. Socorrista 1: realiza imobilização lateral da cabeça. 7. Socorristas 2 e 3: prendem os tirantes na altura do tórax, das cristas ilíacas e acima dos joelhos. 52 TÉCNICA DE IMOBILIZAÇÃO DA VÍTIMA TRAUMATIZADA EM PÉ 1. Socorrista 1: aborda a vítima pela frente e estabiliza a coluna cervical explicando o procedimento que será efetuado; 2. Socorrista 2: aborda a vítima por trás e assume a estabilização da coluna cervical; 3. Socorrista 1: aplica o colar cervical; 4. Socorrista 3: ao término da aplicação do colar cervical, posiciona a prancha atrás da vítima apoiando-a no tornozelo, no glúteo e nas escápulas; 5. Socorristas 1 e 3: 5.1 posicionam-se lateralmente à prancha longa, de frente para a vítima; introduzem seu antebraço sob as axilas da vítima apoiando e segurando a prancha pelo vão imediatamente superior ao ombro da vítima; 5.2 com as mãos que ficaram livres, seguram a vítima pelo braço; 5.3 mantém-se com um pé paralelo à parte inferior da prancha longa e o outro pé a um passo atrás; 5.4 sob contagem de um dos socorristas, deslocam-se lentamente dois passos à frente, flexionando no segundo passo o joelho mais próximo à prancha longa, segurando-a até que esta apoie no solo; 6. Socorrista 2: mantém a estabilização da coluna cervical durante a descida da prancha longa; 7. Socorristas 1, 2 e 3: ajustam se necessário, a vítima à prancha longa. 53 8. Conforme a necessidade está técnica poderá ser adaptada para 2 socorristas. ROLAMENTO EM MONOBLOCO COM VÍTIMA EM DECÚBITO VENTRAL 1. Socorrista 1: posiciona-se de joelhos acima da cabeça da vítima, estabilizando sua coluna cervical, segurando-a pela mandíbula. 2. Socorrista 2: examina o membro superior do lado ao qual será efetuado o rolamento e o posiciona ao longo do corpo ou acima da cabeça da vítima, realizando a menor movimentação possível. 3. Socorrista 3: posiciona a prancha longa ao lado da vítima mantendo a distância adequada para o rolamento. 4. Socorrista 2: posiciona-se de joelhos na altura do tórax da vítima segurando-a pelo ombro e coxa opostos. 5. Socorrista 3: posiciona-se de joelhos na altura da perna da vítima, segurando-a pela região pélvica e na altura da panturrilha. 6. Socorristas 1, 2 e 3: sob comando de um dos socorristas, efetuam o rolamento em monobloco até que esteja posicionada lateralmente (90 graus); 7. Socorristas 2 e 3: ajustam sua posição e completam a manobra de rolamento posicionando a vítima em decúbito dorsal sobre a prancha. 8. Socorrista 3: reposiciona o membro superior da vítima ao longo do corpo, se necessário. ATENÇÃO Deverá ser empregada a técnica mais adequada ao estado da vítima. Ao realizar o rolamento em monobloco, deve-se tomar cuidado de escolher o lado correto para efetuar o giro, deixando o lado com traumas ou fraturas livre para cima. A vítima deve estar sempre bem fixa à prancha para evitar acidentes e também, se houver necessidade, movimenta-la rapidamente sem perder a imobilização da coluna. Cuidado com a imobilização torácica para não restringir o movimento respiratório. 54 AULA 19 e 20: Hemorragias (externa e interna), choques (hipovolêmico, cardiogênico, neurogênico, séptico e anafilático); Técnicas de Hemostasia. HEMORRAGIA Pode ser definida como uma perda súbita de sangue que ocorre em decorrência do rompimento de vasos sanguíneos. A. Hemorragias internas: Sangramentos que não extravasam para o meio externo e ficam contidos em regiões corporais, principalmente em cavidades como tórax, abdome e pelve, podendo ser identificadas através do exame físico, sinais e sintomas. B. Hemorragias externas: Sangramento caracterizado pela exteriorização do sangue. Em geral, esse tipo de sangramento é facilmente reconhecido, porém a avaliação pode ser dificultada quando o sangue fica escondido sob a vítima, em roupas escuras e volumosas ou em um solo de maior permeabilidade. HEMORRAGIAS IDENTIFICAÇÃO E TRATAMENTO Uma das principais etapas na avaliação do paciente consiste em fazer uma observação inicial (impressão geral) da condição da vítima o mais rápido possível. Atualmente a avaliação primária de uma vítima com trauma enfatiza o controle do sangramento externo, potencialmente fatal, como primeira etapa na sequência. Embora as etapas da avaliação primária sejam ensinadas e mostradas de maneira sequencial, muitas das etapas podem e devem ser realizadas de forma simultânea entre a equipe. As etapas podem ser realizadas usando didaticamente o mnemônico XABCDE. A hemorragia exsanguinante (volumosa, maciça) pode matar em poucos minutos uma vítima e por sinal é uma das lesões que mais matam as vítimas de trauma, pois é possível sangrar até a morte por uma lesão arterial significativa não controlada. Portanto, esse tipo de sangramento deve ser controlado imediatamente. Esse tratamento deve ser realizado quando uma hemorragia externa grave for encontrada na letra “X” na análise primária. 55 Focos de hemorragias internas que devem ser pesquisados na Análise Primária na etapa de avaliação da letra C do mnemônico XABCDE. O controle da hemorragia externa significativa e evidente precede imediatamente a obtenção da via aérea e o início da oxigenioterapia, podendo ser realizado simultaneamente com essas etapas se houver assistência suficiente. Mesmo um pequeno gotejamento de sangue pode levar a substancial perda sanguínea se for ignorado por tempo suficiente. Assim, na vítima com traumas multissistêmicos (termo atualizado para politraumatizado), nenhum sangramento pode ser ignorado e cada hemácia conta para garantir a perfusão adequada dos tecidos corporais. 56 SEQUÊNCIA DE AÇÕES A. Identificar e classificar a presença de hemorragias externas; B. Expor o local da hemorragia cortando e/ou removendo as vestes com tesoura de “ponta romba”, observando os procedimentos de “Exposição de Vítimas”; C. Se identificada como hemorragia externa, preencher o local da hemorragia com atadura contínua com ou sem agente hemostático. D. Realizar a compressão manual direta sobre a hemorragia. Colocação de um curativo (gaze ou zobec) sobre o local do sangramento (se ele puder ser identificado), e aplicação de pressão, utilizando as mãos, diretamente na hemorragia, de maneira contínua por período de 3 a 10 minutos, a depender da utilização do agente hemostático ou não. E. Caso o sangramento tenha sido interrompido, realizar curativo compressivo; F. Caso o sangramento seja exsanguinantes em extremidades e não tenha sido interrompido pelas técnicas anteriores, aplicar o torniquete dedicado: 57 Identificado a lesão coloque o torniquete 5 a 8 cm acima da lesão, evitando articulações; Apertar o torniquete até que a hemorragia pare; Anote o horário de aplicação do torniquete; Deixar o torniquete descoberto de modo que o local possa ser visto e monitorado; Aplicado o torniquete não deve ser retirado ou afrouxado; G. Caso o sangramento seja em extremidades e não tenha sido interrompido, aplicar outro torniquete próximo ao primeiro. H. O torniquete pode ser aplicado em situações que não seja possível identificar de onde está vindo exatamente o sangramento ou casos com dificuldades de acesso à vítima como por exemplo desabamentos, soterramentos, encarceramentos e entre outros. I. Caso o sangramento seja juncional e não tenha sido interrompido, aplicar o torniquete juncional, figura à esquerda, ou preenchimento do ferimento, figura à direita. (curativo realizado com gaze, zobec ou agentes hemostáticos, onde deve-se preencher o ferimento em toda sua extensão e profundidade, com o objetivo de bloquear os vasos sanguíneos profundos que foram lesionados); J. Solicitar ao COBOM o apoio do Suporte Avançado de Vida (SAV) ou transporte imediato. ATENÇÃO Grandes cavidades corporais (tórax, abdome e pelve), não devem ser preenchidos com gaze. O Torniquete somente deverá ser retirado pelo médico no ambiente intra-hospitalar. O PHTLS 9ª Edição apresenta estudos mostrando que o torniquete pode permanecer apertado no membro por aproximadamente 150 minutos, sem necessidade de afrouxa-lo. Prevenir hipotermia o quanto antes. Vítimas que perdem grande volume de sangue podem apresentar queda gradativa de temperatura corporal. Torniquetes dedicados (para extremidades e áreas juncionais) devem ser prioritariamente utilizados em sangramentos maciços nestas regiões, todavia, caso não seja possível o seu uso, adote as técnicas de preenchimento de feridas, compressão direta manual e empacotamento. Evite perder tempo com torniquetes improvisados. 58 ESTADO DE CHOQUE Conjunto de alterações orgânicas devido a uma inadequada perfusão e consequentes faltam de oxigenação dos órgãos e tecidos, denominado choque hemodinâmico. CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO DE CHOQUE O choque hemodinâmico classifica-se de acordo com o mecanismo predominante em: Neurogênico; Cardiogênico; Anafilático; Séptico; Hipovolêmico. CHOQUE NEUROGÊNICO: Esse tipo de choque é decorrente de uma lesão na medula espinhal. Esta lesão leva à paralisia da parede das artérias devido a interrupção da comunicação com o sistema nervoso central causando uma imensa vasodilatação na periferia do corpo da vítima. Há diminuição do retorno do sangue venoso ao coração e consequente queda do volume de sangue bombeado pelo coração. Os sinais marcantes são: diminuição da pressão arterial e dos batimentos cardíacos (hipotensão com bradicardia), pele rosada devido a vasodilatação dos vasos sanguíneos na superfície da pele. CHOQUE CARDIOGÊNICO: Trata-se de diminuição da circulação e oxigenação inadequadas dos órgãos e tecidos, graças à falência do coração como bomba cardíaca. No choque cardiogênico o volume de sangue no corpo está mantido. No entanto, a quantidade de sangue bombeada pelo coração está diminuída, devido à falha do coração enquanto "bomba cardíaca". Comum nos casos de insuficiência cardíaca congestiva e infarto agudo do miocárdio. CHOQUE ANAFILÁTICO: O choque anafilático é uma reação alérgica aguda a medicamentos (principalmente a penicilina), picadas de insetos, comidas, pós e outros agentes. Instala-se rapidamente, logo após o contato com a substância a qual 59 a vítima é alérgica. Promove a liberação, nos tecidos, de uma substância chamada histamina que promove vasodilatação geral e edema de glote causando insuficiência respiratória. CHOQUE SÉPTICO: É um choque causado por toxinas liberadas por bactérias no organismo humano. Decorrente principalmente de estados infecciosos bacterianos graves onde há liberação de toxinas que lesam as paredes dos vasos sanguíneos provocando vasodilatação e aumento da permeabilidade dos vasos sanguíneos, permitindo a saída de plasma do interior dos vasos sanguíneos para o interior dos tecidos, diminuindo o volume de sangue circulante. Além disso, deve-se considerar como mais um agravante a possibilidade da existência de infecção generalizada em órgãos vitais. Normalmente não encontrado no pré-hospitalar. CHOQUE HIPOVOLÊMICO: No choque hipovolêmico há redução do volume circulante com a perda de sangue e com isso, a volemia torna-se instável. Comuns nos casos de grandes hemorragias (externas ou internas), queimaduras extensas, desidratação SINAIS E SINTOMAS DO ESTADO DE CHOQUE HIPOVOLÊMICO Taquipneia: respiração rápida e superficial; Taquicardia: pulso rápido e filiforme (fraco); Pele fria, pálida e úmida; Face pálida e posteriormente cianótica; Sede intensa; Hipotensão: queda da pressão arterial; Sudorese; Ansiedade, confusão mental; Fraqueza muscular, distúrbios visuais (visão escura). TRATAMENTO 1) Informar a Central de Regulação e solicitar SAV ou autorização para transporte imediato; 2) Manter a permeabilidade das VAS e alinhamento da coluna cervical. 3) Checar respiração. 60 4) Ministrar oxigênio - 10 l/min; 5) Checar circulação e controlar hemorragias. 6) Checar estado neurológico. 7) Expor a vítima e prevenir hipotermia. 8) Manter e transportar a vítima em decúbito dorsal horizontal (DDH); 9) Monitorar os sinais vitais constantemente. Aula 21 E 22: Ferimentos (Imobilizações), Fratura e traumas de coluna e crânio. TRAUMATISMO DE CRÂNIO E FACE AVALIAÇÃO DA VÍTIMA A. Presumir, através da avaliação prevista nos procedimentos de Cinemática do Acidente e Biomecânica do Trauma, que a vítima pode ter sofrido um traumatismo cranioencefálico; B. Avaliar a vítima e reconhecer como sinais e sintomas sugestivos de traumatismo crânio encefálico os seguintes: Confusão mental ou Inconsciência; Convulsões; Anisocoria ou desvio conjugado; Bradicardia e bradipneia; Respirações lentas e superficiais que evoluem para rápidas e profundas e voltam a ser lentas e superficiais, podendo ocorrer breves períodos de apneia entre os ciclos (Ventilação de Cheyne-Stokes); Ombros envergados, braços mantidos próximos ao tórax e os punhos cerrados. Os artelhos apontam para baixo, e as pernas estão estendidas (Postura de decorticação); Braços e pernas da vítima estão estendidos, os artelhos apontam para baixo e cabeça e pescoço estão arqueados (Postura de descerebração); Náuseas ou vômitos; Tonturas; Cefaleia; Deformidade do crânio: afundamento ou abaulamento. 61 PROCEDIMENTOS GERAIS: A. Realizar as intervenções necessárias após a avaliação primária; B. Adotar o procedimento de Transporte Imediato, quando indicado; C. Manter permeabilidade de vias aéreas com manobras adequadas, aspiração de secreções, utilização de cânula orofaríngea, se necessário; D. Corrigir disfunções respiratórias com oxigenoterapia ou assistência ventilatória; E. Efetuar a estabilização da cabeça e pescoço por haver a possibilidade de lesão raquimedular associada produzida pelo mesmo mecanismo de trauma. F. Considerar deixar o colar cervical levemente afrouxado, mantendo o emprego do protetor lateral de cabeça e, para o transporte, elevar a cabeceira da prancha na maca a 30º (graus) em casos de TCE grave com sinais de aumento da Pressão Intracraniana. G. Utilizar curativo oclusivo ou curativo compressivo com pressão suficiente apenas para controlar as hemorragias em couro cabeludo ou outros tecidos; H. Não efetuar oclusão de hemorragia pelo canal auditivo decorrente de lesão cranioencefálica. I. Transportar imobilizada em posição neutra em decúbito dorsal horizontal (DDH) sobre prancha longa e nos casos de aumento da Pressão Intracraniana elevar a cabeceira da prancha na maca a 30º (graus) J. Monitorar constantemente a vítima. FERIMENTO NO CRÂNIO A. Verificar a permeabilidade das vias aéreas, mantendo a coluna cervical alinhada na posição neutra. B. Não retirar objetos encravados ou transfixantes, exceto, aqueles na bochecha que comprometam a permeabilidade das vias aéreas; C. Nos ferimentos com fratura de mandíbula utilizar a cânula orofaríngea nas vítimas inconscientes para manter as vias aéreas permeáveis; D. Não utilize a cânula orofaríngea se houver reflexo de vômitos, convulsões ou a vítima apresentar trismo (contratura mandibular); E. Evitar pressão excessiva nos curativos de crânio. 62 F. Aplicar curativo com pressão moderada e suficiente para controlar a hemorragia em ferimentos no couro cabeludo; G. Aplique curativo oclusivo nas perfurações de crânio; H. Não ocluir sangramentos ou saída de líquor nas narinas, orelhas, decorrente de traumatismo craniano; I. Utilizar compressa de gaze para o curativo e fixá-la com bandagem triangular ou atadura de crepe; J. Estabilizar o objeto encravado com auxílio de compressa de gaze, atadura de crepe e bandagem triangular. K. Atentar para os sinais de aumento de PIC (Pressão Intracraniana) e procedimento quanto ao uso afrouxado de colar cervical e elevação da cabeceira a 30º (graus). FERIMENTO NA FACE A. Priorizar o tratamento para liberação de vias aéreas superiores: B. Aspirar secreções da cavidade oral; C. Controlar hemorragias externas; D. Utilizar cânula orofaríngea nas vítimas inconscientes sem reflexo de vômitos. E. Aplicar curativo compressivo ou oclusivo de acordo com o tipo de ferimento. 63 FERIMENTO NOS OLHOS A. Não retirar nenhum corpo estranho do globo ocular; B. Aplicar curativo oclusivo em ambos os olhos, mesmo que somente um olho tenha sido lesionado, para limitar os movimentos; C. Não fazer pressão sobre o globo ocular; D. Não tentar recolocar o globo ocular com protrusão no lugar; E. Umedecer a compressa de gaze estéril em soro fisiológico para fazer curativo oclusivo. F. Aplicar o procedimento previsto para queimaduras químicas nos olhos. HEMORRAGIA NASAL TRAUMÁTICA A. Controlar hemorragias externas com curativo compressivo local; B. Não obstruir a saída de sangue e/ou líquor na evidência de traumatismo cranioencefálico: C. Verificar a necessidade de transportar a vítima em decúbito lateral com imobilização na prancha longa na impossibilidade de controlar a hemorragia; D. Considere a possibilidade de lateralizar somente a prancha longa com a vítima imobilizada em decúbito dorsal horizontal; E. Executar a lateralização da vítima ou da prancha longa se houver risco de aspiração de secreções ou obstrução das vias aéreas por formação de coágulos sanguíneos. HEMORRAGIA NASAL NÃO TRAUMÁTICA (EPISTAXE) A. Manter a vítima calma e sentada com a cabeça em posição neutra; B. Orientá-la para que respire pela boca, não forçando a passagem de ar pelas narinas e para não engolir sangue; C. Solicitar a vítima que comprima com os dedos a(s) narina(s) na sua parte cartilaginosa durante 5 minutos: D. Caso a vítima não consiga comprimir, que o Socorrista o faça; E. Se persistir o sangramento, iniciar o transporte imediato mantendo a compressão durante o transporte; F. Aplicar compressa fria sobre a(s) narina(s) para auxiliar na vasoconstrição local e diminuição da hemorragia. G. Considere manter a vítima em decúbito lateral (Posição de Recuperação) durante o transporte. 64 H. Todas as vítimas inconscientes com sangramento nasal de origem não traumática devem ser transportadas na Posição de Recuperação. LESÃO DE COLUNA CERVICAL A. Observar a presença de sinais neurológicos de lesão medular tais como: incapacidade total ou parcial de movimentar as extremidades abaixo da lesão; parestesias (formigamento) em extremidades, dormência nas extremidades, dor relacionada a qualquer região da coluna vertebral, traumatismos diretos ou que pela cinemática do trauma possa ter afetado a cabeça ou pescoço. B. Manter a permeabilidade das vias aéreas e estabilização da cabeça e pescoço. C. Transportar a vítima em decúbito dorsal horizontal (DDH) na prancha longa adotando os princípios de imobilização para a vítima de trauma. SINTOMAS Avaliar a biomecânica do trauma; Sinais de contusões ou ferimentos abertos relacionados a coluna vertebral; Pontos dolorosos a palpação; Perda ou diminuição de movimentos ou sensibilidade abaixo da lesão; Priapismo; Perda de controle urinário e intestinal; Sinais de choque neurogênico: pele vermelha e quente abaixo da lesão. TRATAMENTO Abordagem de forma a prevenir movimentação da coluna cervical; Estabilização manual da cabeça da vítima durante todo o atendimento; Utilização de colar cervical, quando indicado; 65 Restrição adequada em prancha rígida de forma a limitar movimentos do tronco, cabeça e pescoço; Condução segura da ambulância para evitar movimentações bruscas; Atendimento em hospital de referência para traumas. ATENÇÃO Informar a Central de Operações e aguardar decisão de envio de SAV ou autorização para Transporte Imediato, nos casos de: lesão na laringe e traqueia por traumatismo fechado, alteração de voz, dos ruídos respiratórios, aumento de hematomas, enfisema subcutâneo e desvio de traqueia que possam comprometer a permeabilidade das vias aéreas. TRAUMA DE EXTREMIDADES PROCEDIMENTOS GERAIS A. Avaliar a biomecânica do trauma; B. Tratar as lesões possivelmente fatais identificadas na análise primária; C. Expor o local do ferimento, retirando o excesso de sujidades e remover adornos; D. Cobrir ferimentos com gaze estéril seca, atadura de crepe ou bandagem triangular; E. Avaliar o pulso distal, perfusão capilar, cor, temperatura, sensibilidade e motricidade; caso seja possível, reposicionar para a posição anatômica e avaliar se houve retorno das funções fisiológicas. Manter a angulação de extremidades fraturadas, caso haja resistência ao se manejar para a posição anatômica; F. Atender aos seguintes princípios básicos de imobilização: G. Fraturas em ossos: imobilizar a articulação abaixo e acima do local de fratura. H. Fraturas em articulações: imobilizar ossos localizados abaixo e acima do local de fratura. PROCEDIMENTOS PARA FRATURA OU LUXAÇÃO NA CLAVÍCULA, ESCÁPULA E OMBRO A. Avaliar os pulsos distais à lesão (braquial e radial). 66 B. Imobilizar na posição encontrada, proporcionando sustentação para o braço, com confecção de tipoia. C. Priorizar o uso de bandagem triangular para este procedimento; D. Proporcionar apoio para o braço com uso de cobertor, toalhas, travesseiro ou material similar mantendo o distanciamento em relação ao tórax provocado pela deformidade ou dor local. PROCEDIMENTOS PARA FRATURA OU LUXAÇÃO NA MÃO E DEDO A. Imobilizar a mão mantendo os dedos semiflexionados na posição funcional, deixando-os apoiados sobre um rolo de atadura de crepe ou chumaço de gaze; B. Imobilizar os dedos com talas moldáveis específicas mantendo a angulação. PROCEDIMENTOS PARA FRATURA OU LUXAÇÃO NO COTOVELO OU JOELHO A. Avaliar os pulsos distais à lesão, respectivamente, cotovelo (radial e ulnar) e joelho (tibial anterior e posterior). B. Suspeitar de lesão de artéria poplítea nos traumas de joelho com consequente comprometimento circulatório distal. C. Imobilizar na posição em que se encontra a extremidade fraturada. D. Utilizar tala rígida ou moldável para imobilizar o fêmur, a tíbia e a fíbula. PROCEDIMENTOS PARA TRAUMA PÉLVICO (USO DE CINTA PÉLVICA) A. Exposição da região pélvica: cortar ou retirar qualquer tipo de vestimenta que possa impedir boa visualização da região pélvica, a fim de localizar lesões externas aparentes nesta região (ferimentos, sangramentos externos ou por orifícios naturais, edema, equimose, hematomas de região genital e períneo). B. Constatação de fratura de pelve: indicativos de uma possível fratura de pelve são deformidades da região pélvica, discrepância de comprimento dos membros inferiores ou atitude de abdução exagerada dos membros (afastamento exagerado dos membros inferiores). C. Estabilizar manualmente: estabilização com as mãos espalmadas nas estruturas laterais do quadril, de forma a evitar qualquer tipo de movimentação. 67 D. União dos membros inferiores: Utilizando bandagem triangular ou atadura realizar a união das extremidades inferiores na altura dos joelhos e/ou tornozelos. E. Cinta Pélvica: Imobilizador pélvico tipo SAM SLING ajustável para a cintura, possui fivela com pressão calibrada e auto ajustável, indicada para imobilização e estabilização pélvica. Moldável, rádio transparente e lavável; F. Imobilização pélvica: passar a cinta pélvica pela lordose lombar ou por trás dos joelhos com o lado interno voltado para cima e deslize em movimentos sutis em zigue-zague até a cinta ficar na altura dos trocânteres femorais. Segurar pela alça de apoio enquanto o segundo bombeiro puxa a tira de ajuste no sentido oposto até escutar o click no fecho e fixação do velcro; 68 G. Enfaixamento com Lençol: Com o emprego de lençol ou manta aluminizada realizar o enfaixamento, ao nível dos trocânteres femorais, que corresponde ao topo lateral mais proeminente do fêmur na região mais proximal do osso. Colocando-se antes os joelhos da vítima em adução (aproximar os MMII) e fixando com atadura ou bandagem, passando o lençol pelo espaço natural abaixo da lordose lombar e deslizado até o nível dos trocânteres femorais, através de manobra sincronizada de ziguezague, enquanto um terceiro bombeiro estabiliza manualmente a pelve, evitando movimentar a coluna lombar. No público pediátrico poderá ser adotado a bandagem triangular ao invés do lençol. H. Vítimas de acidentes automobilísticos, presas em ferragens, máquinas, escombros e que apresentem trauma pélvico poderão receber de imediato, ainda no local, a cinta pélvica desde que o cenário e as demais condições da ocorrência assim permitam. I. Movimentação: Para movimentar a vítima para uma prancha ou maca, prefira a técnica de movimentação à cavaleira, pois giros em monobloco podem provocar ou agravar lesões. PROCEDIMENTOS PARA FRATURA DE FÊMUR A. Avaliar perda sanguínea no compartimento da coxa, buscando de sinais e sintomas de hemorragia interna; B. Estabilizar manualmente o membro inferior afetado em duas articulações até o final do procedimento de imobilização; C. Passar as bandagens (ataduras de crepe ou triangular) pelos vãos naturais como tornozelos, joelhos e cintura antes da aplicação de talas; 69 D. Realizar a imobilização dos 2 membros inferiores mesmo que apenas um tenha sido afetado; E. Movimentar os membros inferiores para a posição anatômica quando possível; F. Utilizar uma tala sob o membro lesado para impedir a flexão do joelho e tornozelo; G. Utilizar talas de tamanho apropriado impedindo movimentos de rotação lateral; H. Estabilizar a respectiva parede pélvica com a aplicação de uma tala com dimensão correspondente à distância dos tornozelos até a região axilar; I. Preencher o espaço anatômico entre as pernas com talas flexíveis; J. Utilizar acessórios para fixação e acolchoamento de talas rígidas como, respectivamente, bandagens triangulares e cobertores; K. Amarrar firmemente as bandagens evitando movimentação do membro afetado; L. Reavaliar a região distal afetada depois da imobilização. AMPUTAÇÃO TRAUMÁTICA: A. Realizar a exposição da região afetada. B. Priorizar o controle de hemorragias por meio da aplicação do torniquete dedicado; C. Em caso de não possuir o torniquete dedicado, não improvisar, realizar a compressão manual direta. D. Realizar o curativo fixo compressivo na região que sofreu amputação se houver sucesso no controle da hemorragia e refazê-lo com mais volume e pressão; E. Localizar o segmento amputado, desde que não haja atraso no atendimento; F. Envolva o segmento amputado em zobec ou gaze umedecidas. G. Envolva o segmento amputado em plástico protetor esterilizado. H. Colocar o segmento amputado, dentro de um saco estéril, em um recipiente com gelo. Recipiente confeccionado em material que suporte baixa temperatura. O gelo deve ser moído e preferencialmente, se houver, usar gelo seco. Cuidado para não deixar congelar o segmento amputado, devendo colocar a parte amputada sobre o gelo (na superfície). I. Informar o COBOM e verificar a necessidade de acionamento do SAV ou transporte imediato. 70 J. Encaminhar o segmento amputado, junto com a vítima ao PS. O bombeiro não deve demorar demasiadamente a procura do segmento amputado, atrasando o socorro à vítima. Caso não seja localizada de imediato, policiais ou outros socorristas devem permanecer no local para realizar a procura, achando-a devem encaminhar a parte amputada para o PS onde a vítima foi socorrida. ATENÇÃO Não reintroduzir um osso exposto; Nunca tentar alinhar um osso fraturado. A técnica mais recente trata do posicionamento corporal o mais próximo da posição anatômica, todavia sem realizar reintrodução ou tentativa de realinhamento ósseo. Diante de situações de risco à vida da vítima, utilizar imobilizações menos elaboradas. Estimar a perda sanguínea aproximada associada às fraturas como segue, atentando para a prevenção do estado de choque e hipotermia; Avaliar o pulso distal, perfusão capilar, cor, temperatura, sensibilidade, mobilidade e motricidade antes e depois da imobilização. Aula 23 E 24: Queimaduras e Choque elétrico: agentes causadores da lesão. Afogamento QUEIMADURAS É uma lesão produzida nos tecidos de revestimento do organismo, causada geralmente por agentes térmicos, produtos químicos, eletricidade, radiação, etc. As queimaduras podem lesar a pele, os músculos, os vasos sanguíneos, os nervos e os ossos. 71 PRINCIPAIS CAUSAS A. Térmicas: por calor (fogo, vapores quentes, objetos quentes) e por frio (objetos congelados, gelo). B. Químicas: inclui vários cáusticos, tais como substâncias ácidas e álcalis. C. Elétricas: materiais energizados e descargas atmosféricas. D. Substâncias Radioativas: materiais radioativos (irídio-192, cobalto-60, césio- 137, promécio-147, criptônio-85, níquel-63, Amerício-231, polônio-210) e raios ultravioletas (incluindo a luz solar). E. Luz intensa: atinge principalmente os olhos. CLASSIFICAÇÃO, SINAIS E SINTOMAS A. DE ACORDO COM A PROFUNDIDADE DA ÁREA QUEIMADA As queimaduras classificam-se em graus, de primeiro a quarto: Queimadura de 1º Grau (superficial): Atinge somente a epiderme (camada mais superficial da pele). Caracteriza-se por dor local e vermelhidão da área atingida. Queimadura de 2º Grau (espessura parcial): Atinge a epiderme e a derme. Caracteriza-se por muita dor, vermelhidão e formação de bolhas. Queimadura de 3º Grau (espessura completa): indolor, edemas, feridas secas, brancas e rígidas (escaras); pode ter aspecto carbonizado; Queimadura de 4º Grau (subdérmicas): Atinge todas as camadas do tecido de revestimento do corpo, incluindo o tecido gorduroso, os músculos, vasos e nervos, podendo chegar até os ossos. É a mais grave quanto à profundidade da lesão. Caracteriza-se por pouca ou nenhuma dor, devido à destruição das terminações nervosas da sensibilidade, pele seca, dura e escurecida ou esbranquiçada, ladeada por áreas de eritema (vermelhidão). 72 CONDUTAS GERAIS PARA VÍTIMAS DE QUEIMADURAS A. Garantir a segurança da Guarnição de UR com uso de EPI e EPR adequados para a situação encontrada; B. Identificar o tipo de acidente, tipo de queimadura (térmica, química ou elétrica), através de indícios ou testemunhas; C. Interromper o contato da vítima com o agente lesivo (térmico ou químico); D. Informar a Central de Operações e aguardar a decisão de envio de SAV ou autorização para transporte imediato nos casos em que a vítima se enquadrar nas condições previstas no POP Acionamento de SAV ou Transporte Imediato; E. Considerar todas as vítimas de queimaduras e eletrocussão como vítimas de traumas. Avalie a cinemática do trauma e proceda com as imobilizações adequadas para cada caso, incluindo a necessidade de imobilização cervical. TRATAMENTO DAS QUEIMADURAS TÉRMICAS A. Extinguir o fogo das vestes da vítima; B. Resfriar áreas queimadas inferior a 10% da Superfície Corporal Total Queimada (SCTQ) com soro fisiológico ou água limpa na temperatura ambiente; C. Remover as vestes com delicadeza, sem arrancá-las, cortando-as com tesoura. Não arrancar o tecido aderido à queimadura, apenas resfriá-lo, deixando-o no local; D. Remover adornos das extremidades (anéis, pulseiras, relógios, etc.) antes que o edema local impeça a retirada e comprometa a circulação sanguínea; E. Estabelecer a profundidade da área afetada (graus das queimaduras) e avaliar a extensão da SCTQ (Superfície Corporal Total Queimada) por meio da “Regra dos Nove de Wallace”; F. Atentar para obstrução de vias aéreas se houver acometimento da face (queimadura de pele, cabelos ou pêlos do nariz e das pálpebras ou fuligem na região orofaríngea) ou possibilidade de que a vítima tenha inalado fumaça ou gases; G. Realizar curativo oclusivo com gaze estéril umedecida em soro fisiológico ou água limpa sobre os olhos ainda que somente um olho esteja ferido; H. Proteger as áreas queimadas com SCTQ igual ou maior que 10% utilizando plástico protetor estéril ou compressas de gaze estéreis secas; 73 I. Proteger as áreas queimadas com SCTQ inferior a 10% utilizando compressas de gaze estéreis umedecidas com soro fisiológico ou água limpa na temperatura ambiente; J. Compressas de hidrogel, se disponíveis, somente serão utilizadas sobre SCTQ inferior a 10%, para tratar queimaduras na região genital, na proteção de mãos e dedos ou sobre a face da vítima; K. Se a área afetada envolver mãos ou pés, separar os dedos com compressas de gaze umedecidas em soro fisiológico antes de cobri-los com gaze estéril seca ou o plástico estéril; L. Prevenir a hipotermia envolvendo a vítima com queimaduras com SCTQ igual ou superior a 10%; M. Aplicar plástico protetor estéril sobre as áreas queimadas e por cima deste colocar o cobertor térmico conhecido como manta aluminizada ou outro material apropriado; N. Envolver a vítima completamente com o cobertor térmico deixando somente a face exposta. Utilize quantos cobertores forem necessários; O. Tratar os traumas associados conforme POP específicos. TRATAMENTO DAS QUEIMADURAS QUÍMICAS A. Atender emergências com produtos perigosos, conforme Procedimentos Operacionais Padrão específicos do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo; B. Garantir a segurança pessoal e da equipe antes de manipular qualquer vítima que ainda esteja em contato com o agente agressor (no ambiente, nas vestes, ou na pele): C. Utilizar equipamento de proteção individual adequado (luvas, óculos, aventais, vestimentas especiais, etc.); D. Se não houver disponibilidade do EPI adequado, solicite e aguarde apoio de outras equipes no local; E. Guarde objetos pessoais em sacos plásticos para descarte ou posterior descontaminação. F. Remover as vestes da vítima que estiverem impregnadas pelo produto com o cuidado para não tocar nas áreas do corpo que ainda não estejam contaminadas; G. Retirar o máximo de produto químico seco (na forma granulado ou pó) que esteja sobre a pele com escovação ou espaná-lo com um pano seco; 74 H. Irrigar continuamente a área afetada com água corrente em abundância pelo menos 20 minutos antes de iniciar o embarque e transporte para o hospital de referência da região, exceto nas situações que exija o Transporte Imediato; I. Cobrir as áreas queimadas com plástico protetor estéril ou compressas de gazes algodoadas secas; J. Irrigar queimaduras químicas nos olhos com soro fisiológico ou água limpa continuamente durante o atendimento local e o transporte; K. A irrigação deve ser feita com o cuidado para não afetar o outro olho não afetado ou escorrer em outras áreas do corpo. Latera