Macroeconomia 2024/25 PDF

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This document is a lecture or presentation on macroeconomics, specifically focusing on fiscal and monetary policies for the 2024/25 academic year.

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Macroeconomia 2024/25 5. Política orçamental e política monetária (The Economy 2.0 – Macroeconomics: Cap.5) Estabilização da atividade económica O Estado tem um papel determinante para a estabilização da atividade económica, enquanto agente responsável pela adoção de políticas macroeconómicas...

Macroeconomia 2024/25 5. Política orçamental e política monetária (The Economy 2.0 – Macroeconomics: Cap.5) Estabilização da atividade económica O Estado tem um papel determinante para a estabilização da atividade económica, enquanto agente responsável pela adoção de políticas macroeconómicas. Dados da economia dos EUA (1870-2022) mostram que a menor volatilidade dos ciclos económicos coincidiu com o maior peso do Estado na economia, após a 2.ª guerra mundial (Fig. 5.2.). Uma elevada inflação poderá afetar as famílias e as empresas, com impacto sobre os seus orçamentos e perspetivas futuras ⟶ dados dos EUA (1912-2020) mostram uma relação negativa entre os resultados eleitorais do incumbente e a taxa de inflação (Fig. 5.1.). Sem a adoção de políticas macroeconómicas que mitiguem o impacto dos choques económicos, a economia poderá ficar sujeita a altos níveis de desemprego e/ou inflação. Macroeconomia -5. Política orçamental e política monetária. 2 Políticas macroeconómicas Política orçamental: Alteração nos gastos do Estado (despesa pública, transferências e investimento público) e nos impostos, para influenciar a procura agregada. Saldo Orçamental = Gastos do Estado – Impostos Política monetária: Alteração nas taxas de juro de mercado (com efeito sobre o investimento) para influenciar a procura agregada e controlar a inflação. Para tal, os Bancos Centrais manipulam a taxa de juro diretora, com consequências sobre as taxas de juro de mercado. Macroeconomia -5. Política orçamental e política monetária. 3 Nota: Taxa de juro real vs nominal Taxa de juro nominal – taxa praticada nas operações de crédito e nos depósitos. Taxa de juro real – taxa de juro ajustada pela inflação esperada. É esta a taxa de juro relevante para decisões de despesa e poupança. Equação de Fisher: 𝑟 = 𝑖 − 𝜋 𝑒 𝑟 – taxa de juro real; 𝑖 – taxa de juro nominal; 𝜋 𝑒 - inflação esperada Exemplo: Se emprestar dinheiro a uma taxa de juro de 4% e a inflação esperada for de 4%, então não receberei qualquer compensação real pelo empréstimo. Macroeconomia -5. Política orçamental e política monetária. 4 Resposta política a choques na procura Consideremos que a economia tem como ponto de partida uma situação de equilíbrio Fig. 5.3. no lado da oferta – um “ponto ideal” para o decisor político (Fig. 5.3.): O emprego corresponderá ao ponto de igualdade entre as curvas WS e PS (ponto A); O nível de emprego garante que a taxa de inflação se encontra no valor alvo do Banco Central (assumiremos 2%). A procura agregada (AD) será consistente com o nível de produção da economia, que corresponde ao equilíbrio no mercado de trabalho (𝑌𝑆𝑆𝐸 ). Macroeconomia -5. Política orçamental e política monetária. 5 Resposta política a choques na procura (cont.) Suponhamos que, partindo do ponto de equilíbrio inicial, existe um choque negativo na procura agregada (ex. quebra no investimento privado). Deslocará o equilíbrio do ponto A para o ponto B, com um nível de produto inferior (𝑌𝐿𝑜𝑤 ), e um gap negocial (-1%). 6 Macroeconomia -5. Política orçamental e política monetária. Resposta política a choques na procura (cont.) Como poderão responder os decisores políticos? Banco Central: Uma vez que a inflação está agora num valor inferior ao alvo, poderá reduzir a taxa de juro diretora para estimular a procura agregada; Governo: Poderá recorrer à política orçamental para estimular a procura agregada, levando a produção e o emprego de volta ao equilíbrio inicial. Nota: Se a resposta política tardar e o cenário de baixa inflação persistir, as expectativas de inflação poderão ser ajustadas (risco de deflação) ⟶ deslocação da curva de Phillips para baixo. Macroeconomia -5. Política orçamental e política monetária. 7 Resposta política a choques na procura (cont.) Nesta situação, os objetivos de política orçamental e monetária são compatíveis, pelo que o estimulo da procura agregada pode ser atingido através da flexibilização da política monetária, da política orçamental, ou pela combinação das duas. Macroeconomia -5. Política orçamental e política monetária. 8 Divisão entre a política orçamental e monetária Ambas as políticas conseguem aumentar a produção, reduzir o desemprego ou controlar a inflação. Porém, os seus objetivos nem sempre são compatíveis, pelo que a sua atuação deverá limitar-se a objetivos restritos: Política Monetária: Manter a taxa de inflação próxima do valor alvo; Política Orçamental: Manter a economia próxima do equilíbrio no lado da oferta. Nota: Existem outros regimes, onde não existe controlo sobre a política monetária (e.g. UEM), onde o controlo é limitado (e.g. regime Bretton Woods) ou onde o decisor de política monetária é o próprio Governo (e.g. China). Macroeconomia -5. Política orçamental e política monetária. 9 Resposta política a choques na oferta Suponhamos agora que ocorreu um choque negativo na oferta agregada (ex. aumento dos Fig. 5.7. preços reais do petróleo). Em consequência (Fig. 5.7.): No mercado de trabalho, o aumento dos preços implicará uma diminuição nos salários reais (deslocação da curva PS para baixo), criando um “gap negocial”; A curva de Phillips elevar-se-á, aumentando a taxa de inflação. Para evitar que o aumento da inflação seja incorporado nas expectativas (elevando novamente a curva de Phillips) e a inflação se torne crescente, é necessário que exista uma diminuição na procura agregada que elimine o gap negocial (𝑌𝑆𝑆𝐸 ⟶ 𝑌′𝑆𝑆𝐸 ). Dilema: Se a economia não ajustar autonomamente, para trazer a inflação de volta ao valor alvo, o Banco Central terá de adotar uma política que diminua a produção e o emprego. Macroeconomia -5. Política orçamental e política monetária. 10 Resposta política a choques na oferta (cont.) Para controlar a inflação, o Banco Central irá aumentar a taxa de juro diretora. Em que valor? De acordo com a equação de Fisher, para elevar a taxa de juro real (r), a taxa de juro nominal (i) deverá aumentar mais que a inflação esperada (𝜋 𝑒 ). Neste caso, a taxa de juro real terá que aumentar o suficiente para diminuir a procura agregada. Macroeconomia -5. Política orçamental e política monetária. 11 Política orçamental e a estabilização económica O Governo, enquanto decisor de política orçamental, tem a capacidade de atenuar as flutuações do ciclo económico e estabilizar a economia perante choques: Uma vez que os gastos públicos são pouco voláteis (dependem de decisões políticas) quanto maior for a dimensão do Estado e o seu peso na procura agregada, menores serão as suas flutuações; Atuação dos estabilizadores automáticos (impostos e transferências); Adoção de políticas discricionárias (contra cíclicas), que compensem choques na procura agregada. Macroeconomia -5. Política orçamental e política monetária. 12 Dimensão do multiplicador Se aplicarmos os multiplicadores ao mundo real, percebemos que os valores variam ao longo do tempo (e.g. de acordo com a PMC) - existem momentos em que o multiplicador assume valores superiores a um, mas outros em que será inferior à unidade. Crowding-out Se a economia estiver a operar no limite da sua capacidade e o desemprego for muito baixo, a margem para aumentar a produção será pequena. Um aumento dos gastos do Estado poderá absorver os recursos disponíveis e levar a uma diminuição na despesa privada (crowding-out). Por outro lado, se a economia se deparar com um choque económico adverso, a confiança de que o Governo será capaz de estabilizar a economia poderá estimular a despesa privada (crowding-in). Macroeconomia -5. Política orçamental e política monetária. 13 Austeridade e o paradoxo da poupança Quando o choque negativo na procura ocorre num país com um elevado nível de endividamento (e.g. quebra no consumo autónomo), levantam-se questões sobe a necessidade de adotar políticas de austeridade, com cortes nos gastos públicos ou aumentos de impostos. Paradoxo da Poupança: se as famílias forem forçadas a “apertar o cinto”, existirá uma nova contração no consumo e, por sua vez, um novo choque negativo na procura (efeito multiplicador), que diminuirá o rendimento (Fig.5.11.). O que poderá ser feito? Seguindo a lógica Keynesiana, o Governo poderá permitir que os estabilizadores (transferências) mitiguem o choque. Além disso, poderá adotar uma estimulo orçamental temporário, que devolva a confiança às empresas e consumidores. Macroeconomia -5. Política orçamental e política monetária. 14 Política monetária e a meta para a inflação Qual deverá ser o valor alvo para a inflação? A escolha é algo arbitrária, devendo a taxa de inflação ser relativamente baixa e previsível (entre 2% e 3%). Limite Inferior Zero (ZLB) Perante uma recessão profunda, poderá ser necessária uma taxa de juro real negativa para estimular a procura e relançar a economia. Porém, a taxa de juro nominal nunca poderá ser inferior a zero. Se a taxa fosse negativa, as famílias teriam de pagar juros para depositar o seu dinheiro nos bancos. No caso da inflação esperada ser negativa (deflação), a redução na taxa de juro diretora será insuficiente para estimular a procura. Macroeconomia -5. Política orçamental e política monetária. 15 Expectativas de inflação ancoradas Consideremos novamente um choque inflacionista (e.g. aumento nos preços da energia), que eleve a curva de Phillips. Será necessário registar um nível de desemprego superior para estabilizar a inflação: 𝑁𝑆𝑆𝐸 ⟶ 𝑁´𝑆𝑆𝐸 (Ponto C da Fig.5.13). Fig.5.13 Porém, se os decisores políticos tardarem em agir, as expectativas de inflação futura aumentarão, deslocando novamente a curva de Phillips. Macroeconomia -5. Política orçamental e política monetária. 16 Expectativas de inflação ancoradas (cont.) Caso exista uma nova deslocação da curva de Phillips, a estabilização dos preços será um processo ainda mais oneroso (Ponto F da Fig. 5.14). Para o evitar, o Banco Central deverá ancorar a expectativa de inflação ao valor alvo. Por outras palavras, o Banco Central deverá evitar que as expectativas de inflação se alterem, conseguindo que os agentes acreditem que este trará a inflação de volta ao seu objetivo. Macroeconomia -5. Política orçamental e política monetária. 17 Investimento e valor presente Custo de oportunidade Se uma empresa realizar um investimento com recurso a fundos próprios, o seu retorno (X) terá de ser suficientemente elevado para compensar o custo do investimento (I) e o rendimento que estes fundos não geraram no mercado financeiro (r). Caso o investimento tiver sido realizado com recurso a um empréstimo, o retorno (X) terá de compensar o custo de investimento (I) e os juros pagos (r). Em ambos os casos, a empresa investirá se: Macroeconomia -5. Política orçamental e política monetária. 18 Investimento e valor presente (cont.) Segundo a expressão, se o valor presente líquido do investimento (valor presente do lucro subtraído do seu custo) for positivo, compensará à empresa investir. Até agora, assumimos o retorno como garantido e que a taxa de desconto corresponderia aos juros pagos nos mercados financeiros. Porém, os investimentos poderão não estar isentos de risco: o retorno será um valor esperado (𝑋 𝐸 ) e a taxa de desconto será acrescida de um prémio de risco (RP). A decisão de investimento dependerá das decisões do Banco Central, mas também de outros fatores exógenos (lucro esperado e risco nos mercados). Macroeconomia -5. Política orçamental e política monetária. 19 Canais de transmissão da política monetária Através da definição da taxa de juro diretora, o Banco Central controla (Fig. 5.18): A taxa de juro de mercado (spread reflete risco e lucro concorrencial); A procura agregada (através do investimento, preço dos ativos e expectativas); A taxa de câmbio (impacto na balança corrente); E, por fim, a inflação. Macroeconomia -5. Política orçamental e política monetária. 20 Política monetária e a taxa de câmbio A taxa de câmbio diz-nos quantas unidades de uma moeda local necessitamos para obter uma unidade de uma moeda estrangeira. Considere que tem dólares australianos (AUD) e pretende adquirir dólares americanos (USD). 𝑵ú𝒎𝒆𝒓𝒐 𝒅𝒆 𝑨𝑼𝑫 Taxa de câmbio nominal do dólar australiano: 𝒆 = 𝑼𝒎𝒂 𝒖𝒏𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆 𝑼𝑺𝑫 Se a taxa de câmbio (e) aumentar, necessitará de mais dólares australianos para adquirir uma dólar americano, ou seja, o dólar australiano terá depreciado. Em sentido oposto, o dólar americano terá apreciado face ao dólar australiano. Macroeconomia -5. Política orçamental e política monetária. 21 Política monetária e a taxa de câmbio (cont.) Para analisar as consequências da política monetária, deveremos pensar na taxa de câmbio real, que compara o preço dos bens e serviços estrangeiros com os nacionais. 𝒆 𝐱 𝑷∗ Taxa de câmbio real: 𝒄 = 𝑷 𝑒 – taxa de câmbio nominal; P – preços domésticos; P* - preços estrangeiros A taxa de câmbio real (c) reflete a competitividade da economia. Quando c aumenta, a economia torna-se mais competitiva, uma vez que os seus produtos nacionais ficaram mais baratos (depreciação real), i.e., haverá mais exportações e menos importações. Assim, se um Banco Central diminuir as taxas de juro diretoras, será esperado uma depreciação da moeda nacional e, consequentemente, um aumento no preço dos bens importados (inflação). Macroeconomia -5. Política orçamental e política monetária. 22

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