Histologia_1freq_resumo1 PDF

Summary

This document is an overview of histology, focusing on the structure and classification of organs. It details the different tissues that make up organs, including organs ocos/tubulares and organs solid. It also discusses the preparation of tissues for microscopic observation.

Full Transcript

Histologia Estrutura e classificação dos órgãos Todos os órgãos são formados por diferentes combinações dos tecidos básicos. Células especificas, constituintes diferentes dos tecidos e padrões geométricos únicos são características dos órgãos. Órgãos ocos/tubulares Os órgãos ocos/tubulares têm 4 ca...

Histologia Estrutura e classificação dos órgãos Todos os órgãos são formados por diferentes combinações dos tecidos básicos. Células especificas, constituintes diferentes dos tecidos e padrões geométricos únicos são características dos órgãos. Órgãos ocos/tubulares Os órgãos ocos/tubulares têm 4 camadas, da mais interna, em contacto com o lúmen, até à mais externa, em contacto com outros órgãos. → Mucosa: Esta camada subdivide-se numa camada epitelial, a lâmina epitelial e a sua lâmina basal, numa camada de tecido conjuntivo, a lâmina própria, e uma fina camada de tecido muscular liso, a lâmina muscularis muscosae. A lâmina própria é constituída tipicamente por tecido conjuntivo laxo com muitos vasos sanguíneos, nervos e terminações nervosas. É nesta lâmina que tem origem o sistema de capilares de cada órgão. Pode apresentar ainda glândulas exócrinas, chamadas glândulas mucosas. → Submucosa: Pode ser constituída por uma camada relativamente espessa de tecido conjuntivo laxo a moderadamente denso. Apresenta vasos sanguíneos, linfáticos e fibras nervosas grandes e nalguns locais células neuronais (vasos linfáticos maiores do que os vistos na lâmina própria). Em certos órgãos a submucosa pode apresentar glândulas exócrinas, chamadas glândulas submucosas, e pode apresentar também aglomerados de linfócitos / tecido linfoide difuso. → Muscular externa: Embora possa apresentar algumas variações consideráveis na sua organização, o padrão mais comum é a presença de uma camada interna circular e uma camada externa longitudinal de fibras musculares lisas (nalguns casos pode apresentar tecido muscular esquelético). A muscular externa nos intestinos delgado e grosso apresenta células neuronais (como células individuais ou pequenos gânglios) no seu comprimento, entre as camadas circular e longitudinal. → Adventícia: Encontra-se nos locais onde o órgão está em contacto com a parede do corpo ou outros órgãos (camada mais externa). Constituída por uma camada irregular de tecido conjuntivo moderadamente denso. Quando um órgão oco/tubular está em contacto com uma cavidade corporal é revestido pela serosa, uma fina camada de tecido epitelial simples escamoso. Fig. 1 – Esquema de um órgão oco/tubular. Órgãos sólidos Os órgãos sólidos são descritos em termos dum plano estrutural geral. Os tipos celulares que distinguem um órgão constituem o seu parênquima e são estas células que levam a cabo as funções características desse órgão. As células do parênquima são geralmente epiteliais. Estas são suportadas por uma estrutura de tecido conjuntivo, genericamente designado de estroma. Outras estruturas/designações dos órgãos sólidos são: → Cápsula: Pelicula de tecido conjuntivo que reveste o órgão. → Septos/Trabéculas: Prolongamentos da cápsula para as partes mais profundas/interiores do órgão, subdividindo este em lobos e lóbulos. Trabéculas são estruturas mais finas do que os septos, mas são constituídas pelo mesmo e desempenham o mesmo tipo de função. → Hilo: Parte mais côncava do órgão, que tem tipicamente a forma de uma feijão, onde podem ser observados uma artéria e uma veia. Os órgãos sólidos são enervados nesta zona, onde também é possível observar um vaso linfático eferente, que transporta a linfa produzida pelo órgão. A maior parte das glândulas exócrinas são órgãos sólidos, apresentando grandes ductos secretores, saindo da glândula na zona do hilo. O ducto secretor é a parte mais larga da confluência duma série de ductos mais pequenos que têm origem no parênquima do órgão. Alguns desses órgãos (por exemplo, o fígado e as glândulas salivares) não têm a forma em feijão, mas apresentam a mesma organização na sua estrutura geral. Outra característica de alguns órgãos é o facto de terem uma região externa evidente chamada córtex e outra interna chamada medula. O córtex fica abaixo da cápsula e a medula ocupa o espaço entre o córtex e o hilo. Fig. 2 – Estrutura de um órgão sólido. Preparação de tecidos para observação em microscopia ótica As técnicas histológicas utilizadas para a observação de tecidos e órgãos de animais fixados têm sido baseadas nos métodos de rotina de patologia humana. As etapas deste procedimento são fixação, desidratação, diafanização ou clareamento, infiltração ou inclusão, corte, coloração e montagem. → Fixação: A fixação não só deve preservar os tecidos detendo a autólise e a proliferação bacteriana como também deve permitir que os tecidos permaneçam sem alterações quando são submetidos a subsequentes tratamentos. Os tecidos devem endurecer ligeiramente, evitando a perda de pequenas moléculas, para que as estruturas teciduais estejam muito próximas do estado vivo. A fixação pode efetuar-se por imersão ou por perfusão. Os fixadores são substâncias que mobilizam as moléculas constituintes das células, quer por coagulação quer por floculação. Este deve ser escolhido tendo em conta as características do tecido, os exames pretendidos e as colorações a aplicar. A sua composição química, pH, tonicidade e a presença de iões bivalentes e açúcares deve permitir que os diferentes tecidos e órgãos mantenham o seu aspeto estrutural o mais próximo da realidade. A formalina a 10% tamponada é o melhor compromisso nas diversas condições. A fixação pode efetuar-se à temperatura ambiente ou no caso de peças muito grandes a 4ºC. O tecido nunca deve ser congelado já que pode haver risco de rotura celular, e de cristalização intra e extracelular da qual resulta a distorção dos tecidos. O tempo de penetração do fixador pode ser encurtado se se utilizar um forno de micro-ondas comercial, devendo controlar-se a temperatura entre 63- 65ºC. As amostras são então dissecadas e seccionadas escolhendo-se as áreas mais representativas. → Processamentos dos tecidos - desidratação, diafanização e infiltração: Estes três passos são passos sequenciais designados para remover toda a água que se pode extrair dos tecidos e substituí-la com um meio que solidifique, para assim permitir o corte dos tecidos. Na desidratação utilizam-se preferencialmente os álcoois – isopropílico ou etílico. A utilização de álcoois de graduação crescente é a normal. O xilol, um dos principais agentes diafanizadores, é o que geralmente se utiliza na inclusão de rotina em parafina. A infiltração ou inclusão é o processo de rodear um tecido com uma substância firme como por exemplo a cera para assim obter cortes bem finos. A parafina é o meio de inclusão mais frequentemente utilizado e consiste numa mistura de hidrocarbonetos sólidos derivados do petróleo, é branca ou incolor, mais ou menos translúcida, inodora. Existem vários tipos, cada um com um ponto de fusão diferente. A inclusão é realizada a uma temperatura superior ao ponto de fusão da parafina escolhida (45ºC a 60ºC, não devendo ultrapassar os 60ºC para não haver alteração das proteínas). Esta operação consiste na colocação da peça na posição desejada dentro de um molde cheio de parafina líquida, a qual deve arrefecer rapidamente retirando-se o tecido de dentro do molde. → Corte: O bloco de parafina solidificado contém a peça que é necessário orientar para proceder ao corte. O bloco é colocado diretamente no micrótomo e os cortes são efetuados à espessura de 3 a 4 m. Os cortes obtidos devem ser primeiro estendidos em álcool a 30% e em seguida passados para um banho-maria a uma temperatura de 40-42ºC. Devem permanecer aí até todas as rugas e pregas terem desaparecido, a seguir são colocados numa lâmina e vão secar numa estufa a cerca de 42-45ºC. → Coloração: Os cortes de tecidos devem ser corados para que assim se possam distinguir as diferentes estruturas celulares. Os corantes classificam-se, quanto à natureza química, em ácidos, básicos ou neutros. Quando a propriedade tintorial do corante está nos radicais básicos diz-se que o corante é básico e as estruturas por ele coradas dizem-se basófilas. As substâncias basófilas são ácidas, como por exemplo os ácidos nucleicos do núcleo e os componentes ácidos do citoplasma, como ácido ribonucleico (RNA). De modo semelhante, quando a propriedade tintorial está nos radicais ácidos falamos de um corante ácido. As estruturas ou componentes da célula que coram com os corantes ácidos, como o caso do citoplasma, dizem-se acidófilas. O corante básico de uso mais frequente é a hematoxilina. Quando se aplica este corante os núcleos aparecem corados de azul. Outros corantes básicos muito utilizados são os corantes básicos de anilina, e incluem o azul de toluidina e o azul de metileno. Os corantes ácidos, usados habitualmente para corar o citoplasma incluem a eosina, o ácido pícrino, corantes ácidos azóicos, como o ácido cromotrópico, e corantes ácidos diazóicos como o azul de trípano e o vermelho de trípano. Quando se aplica a eosina, as estruturas citoplasmáticas e as substâncias intercelulares aparecem com uma coloração rosa. A maior parte dos cortes histológicos são corados pela combinação de um corante básico com um corante ácido. A combinação mais frequente é a hematoxilina e eosina (H&E). Tecidos epiteliais Os tecidos epiteliais, ou epitélios, são tecidos que cobrem superfícies do corpo, revestem cavidades ou canais, separando o meio interno do meio externo, e formam as unidades funcionais das glândulas. É constituído por células mais ou menos poliédricas que se encontram adjacentes, as suas membranas estão em contacto íntimo, através de junções celulares. Quase todas as células epiteliais estão situadas sobre uma membrana basal, rica em glicoproteínas e que serve de ancora às células epiteliais ao tecido subjacente. Tecido epitelial de revestimento Origem Embrionária e Distribuição As células epiteliais provêm dos três folhetos germinativos: → Ectoderme: a maior parte das células epiteliais que cobrem a pele, boca, fossas nasais, etc. → Mesoderme: endotélio (revestimento dos vasos sanguíneos e linfáticos), mesotélio (revestimento das cavidades e órgãos externamente). → Endoderme: os epitélios que revestem quase todo o tubo digestivo, a árvore respiratória e as glândulas do aparelho digestivo (pâncreas, fígado). Tabela 1 – Origem dos diferentes tipos de epitélios. Funções Gerais Os epitélios funcionam como interfaces entre compartimentos biológicos e estão envolvidos numa ampla variedade de atividades, tais como absorção, secreção e proteção. Todas as funções podem ser observadas em uma única superfície epitelial. Por exemplo, o revestimento epitelial do intestino delgado está envolvido principalmente na absorção (enterócitos, epitélio colunar simples) de produtos da digestão, mas o epitélio também se protege dos conteúdos nocivos pela secreção de uma película de muco superficial (células caliciformes, epitélio glandular). Fig. 3 – Vias de transporte celular. → Via transcelular: iões e diferentes moléculas, atravessam as membranas apical e basolateral da célula antes de entrarem no sangue. → Via paracelular: movimentam-se extracelularmente através das junções intercelulares (tight junctions = junções de oclusão; adherens junctions = junções de adesão) Características gerais As células epiteliais têm muitas modificações das suas superfícies, estas que auxiliam as células e os órgãos onde elas se localizam a exercer variadas funções e possuem mecanismos de adesão celular, os quais ancoram: → O citoesqueleto de cada célula epitelial ao das suas vizinhas (junções celulares). → O epitélio aos materiais extracelulares subjacentes ou matriz extracelular (membrana basal) As especializações da superfície ocorrem na superfície apical, basal e lateral das células epiteliais (Fig. 3) → Especializações da superfície lateral: interdigitações das membranas de células vizinhas e junções intercelulares. Junções impermeáveis – zonas de oclusão/junções oclusivas: formam uma barreira protetora que impede a passagem de moléculas por entre as células epiteliais, não permitem passagem extracelular de materiais. Junções de adesão: 1. Zona de adesão – circundam toda a célula e contribuem para a adesão desta com as células vizinhas; 2. Desmossomas – estruturas de adesão descontínuas que servem como ponto de fixação dos filamentos intermediários citoplasmáticos e adesão entre o citoesqueleto das células vizinhas; 3. Hemidesmossoma – semelhante aos desmossomas propiciando união entre a célula e o tecido conjuntivo subjacente através da lâmina basal; 4. Interdigitações – imbricamento de projeções laterais das membranas de células epiteliais vizinhas, aumentando a adesão e o contacto entre elas. Junções de comunicação/junções gap: permitem a passagem de iões e de moléculas, como as hormonas, podendo propagar informações entre as células vizinhas, integrando as funções epiteliais. As junções de oclusão, de adesão e os desmossomas formam o chamado complexo de junção. Fig. 4 – Adesão celular/junções celulares e o complexo de junção. → Especializações da superfície basal: dobras da membrana e hemidesmossomas (Fig. 3 e 4). Estas interdigitações basais aumentam a superfície da região basal da célula para otimizar o transporte de iões e são áreas ricas em mitocôndrias para o fornecimento de energia para o transporte ativo de iões. A adesão das células epiteliais ao tecido conjuntivo subjacente é mediada por uma camada especializada de materiais da matriz extracelular produzida pelas células epiteliais – membrana basal – formada principalmente por colagénio tipo IV, glicoproteínas e proteoglicanos. Tem como função adesão, filtração, compartimentação, papel na migração, proliferação e diferenciação celular. → Especializações da superfície apical: Cílios: projeções alongadas e móveis que têm por função movimentar o muco na superfície epitelial; Microvilosidades: projeções em forma de dedos que aumentam a área da absorção celular; Estereocílios: projeções longas e imoveis na superfície de determinados epitélios que aumentam a área de troca de moléculas entre as células e o meio (podem ter função sensorial no ouvido); Flagelos: movimentam os gâmetas masculinos para facilitar a fecundação do gâmeta feminino. *Polaridade Celular: Certos organelos predominam num pólo da célula – no pólo basal ou apical. Tal diferença está relacionada com diferentes funções dos diferentes tipos celulares. * Classificação, Morfologia e Localização Quanto à forma, as células epiteliais classificam-se em 3 grupos principais: escamosas (achatadas, em forma de escama), cuboidais (quando a altura e a largura são similares) e colunares (quando a altura é maior que a largura). As células epiteliais podem formar apenas uma camada, em que todas elas contactam a membrana basal que lhe está subjacente (epitélios simples), ou podem formar várias camadas, das quais apenas as células da camada mais basal/interna estão em contacto com a membrana basal (epitélio estratificado). Tabela 2 – Critérios de classificação dos diferentes tipos de tecido epitelial. A nomenclatura tradicional e a classificação dos diferentes tipos de epitélios baseia-se, assim, na forma bidimensional das células em observação no microscópio fotónico (nos estratificados é a forma das células da camada mais externa), e no números de camadas, podendo ainda considerar-se algum tipo de especialização, como a presença de cílios. Podemos classificar o tecido epitelial do seguinte modo (Tabela 3). Tabela 3 – Classificação dos diferentes tipos de tecido epitelial e sua localização. Fig. 5 – Forma das células superficiais e número de camadas do tecido epitelial. Fig. 6 – Tipos de epitélios. Tecido epitelial glandular Os epitélios glandulares, os quais formam as glândulas, contêm células especializadas na produção e secreção de produtos que geralmente ficam armazenados em grânulos citoplasmáticos. Classificação e Localização Existem diversas formas de classificação dos epitélios secretores como por exemplo, a quantidade e a morfologia das células, o modo como os produtos de secreção são elaborados e eliminados e a sua composição. Quando a célula secretora aparece isolada, a glândula diz-se unicelular (célula caliciforme e células enteroendocrinas). No entanto, a maioria das glândulas é pluricelular (pâncreas, fígado, parótida, suprarrenal, etc.). As glândulas pluricelulares são órgãos envolvidos por uma cápsula de tecido conjuntivo que se projeta em septos, dividindo-as em lobos e lóbulos. Vasos sanguíneos e nervos penetram na glândula através dos septos de tecido conjuntivo, fornecendo nutrientes e suprimento nervoso. Tabela 4 – Classificação dos tecidos epiteliais glandulares e a sua localização. De acordo com a presença, ou não, de ductos excretores, os epitélios glandulares podem ser classificados em: → Glândulas exócrinas: possuem ductos que conduzem a secreção para uma superfície epitelial livre. → Glândulas endócrinas: o produto de secreção é lançado no meio extracelular e transportado pelo sangue. → Glândulas anfícrinas: produzem tanto secreção endócrina, quanto exócrina. Ex: pâncreas (anfícrinas heterotípica, pois possui células parenquimatosas de secreção exócrina (amílase, lípase) e células de secreção endócrina (insulina, glucagina)) e fígado (anfícrina homotópica, pois as mesmas células parenquimatosas elaboram produtos de secreção exócrina e de secreção endócrina). Glândulas exócrinas As glândulas exócrinas possuem uma porção secretora e os ductos condutores, e podem ser classificadas com base em várias critérios. Fig. 7 – Esquema de glândula exócrina. → Quanto ao número de células da porção secretora: Quando a célula secretora aparece isolada, mas, normalmente, inserida entre as outras células epiteliais do epitélio de revestimento, a glândula diz-se unicelular (célula caliciforme). No entanto, a maioria das glândulas é pluricelular (pâncreas, fígado, parótida, suprarrenal, etc.). → Quanto à forma da porção secretora: Glândulas tubulosas: a unidade secretora possui forma de túbulo alongado. Ex: glândulas intestinais, glândulas sudoríparas, glândulas esofágicas. Glândulas acionas ou alveolares: a unidade secretora possui aspeto mais arredondado (semelhante a bagos de uva). Os ácinos, de lúmen amplo, são muitas vezes chamados de alvéolos. Ex: ácinos do pâncreas, glândulas sebáceas. Glândulas tubuloacinosas ou tubuloalveolares: são glândulas que possuem os dois tipos de unidades secretoras: acinosas (ou alveolares) e tubulares. Ex: glândulas mamárias, glândula submandibular. Fig. 8 – Classificação das glândulas exócrinas quanto à forma. → Quanto ao modo como a secreção é libertada: Glândulas merócrinas: o produto de secreção é libertado através da membrana por intermédio de vacúolos, sem a perda de parte do citoplasma. Ex: ácinos serosos do pâncreas, glândulas salivares, células caliciformes (traqueia). Glândulas apócrinas: Pensava-se que o seu produto era eliminado juntamente com pequena parte do citoplasma apical. No entanto, veio-se a descobrir que estas glândulas são na verdade glândulas merócrinas. Ex: glândulas sudoríparas, glândulas mamárias. Glândulas holócrinas: a célula secretora amadurece e morre, destaca-se da glândula e trona-se o próprio produto de secreção. Fig. 9 – Esquema do modo de libertação das secreções exócrinas. → Quanto ao tipo de substância secretada: Glândulas mucosas: produzem uma secreção viscosa, rica em água e em glicoproteínas, que não cora pelos corantes hematoxilina-eosina. Ex: algumas glândulas salivares menores da boca. Glândulas serosas: produzem secreção aquosa e límpida, pouco viscosa, rica em água e em proteínas e parecida com o soro sanguíneo. A secreção cora de vermelho pela H&E. Ex: ácinos serosos do pâncreas, glândula parótida. Glândulas mistas: secretam os dois tipos de produtos acima ditados, porque possuem os dois tipos de células (mucosas e serosas), ou porque possuem um terceiro tipo celular, que secreta ambos os tipos de produtos. Ex: glândula submandibular (que é predominantemente serosa), glândula sublingual (que é predominantemente mucosa). → Quanto ao número de canais excretores e à ramificação do ducto: Glândulas simples: possuem apenas um ducto secretor, não ramificado. Ex.: glândulas intestinais (de Lieberkuhn), glândulas sudoríparas da pele. Glândulas compostas: possuem um sistema de ductos ramificados que permite a conexão de várias unidades secretoras com um ducto. Ex.; glândulas salivares (parótida, submandibular e sublingual), glândula mamária. Glândulas endócrinas As glândulas endócrinas, de acordo com o arranja das células do parênquima, são classificadas em dois tipos: → Glândulas cordonais: as células dispõem-se em cordões maciços anastomosados, separados por capilares sanguíneos dilatados, que recolhem os produtos (hormonas) elaborados pela glândula. Não há armazenamento de secreção. Ex.: ilhotas de Langerhans do pâncreas, suprarrenal, hipófise, paratiroide. → Glândulas vesiculares ou foliculares: as células agrupam-se formando vesículas ou folículos, onde armazenam as hormonas até o momento da libertação em direção à corrente sanguínea. As vesiculas são constituídas por uma única camada de células (epitélio cuboidal), limitando um espaço onde a secreção se acumula. Ex.: tiroide. Fig. 10 – Tipos de glândulas endócrinas, Tal como acontece com as glândulas exócrinas unicelulares, existem endócrinas unicelulares, as quais o seu conjunto constituem o denominado sistema endócrino difuso, com uma secreção predominantemente parácrina. Tecido conjuntivo A células que formam um tecido podem ser divididas em dois tipos de células: células do parênquima, as quais desempenham a principal função do tecido e as células do estroma, as quais providenciam a estrutura do tecido. A células de suporte compreendem um vasto conjunto de tipo celulares altamente especializados, igualmente com funções metabólicas, que produzem a matriz extracelular, a qual define as características físicas do tecido. Origem Embrionária e Distribuição A origem embrionária das células do tecido conjuntivo é o mesenquima de consistência gelatinosa que se forma em geral a partir da mesoderme. Fig. 11 – Localização dos diferentes tipos de tecido conjuntivo. Características Gerais Os tecidos conjuntivos são compostos por células e por elementos intercelulares. Estes, por sua vez, são constituídos por fibras (colagénicas e/ou elásticas) e pela substância intercelular amorfa. A matriz extracelular é o componente dominante de certos tipos de tecido de suporte e é ela que determina as propriedades físicas de cada tipo, consistindo de vários tipos de biomoléculas, organizadas em forma de gel (substância fundamental), no seio da qual estão embebidas as fibras. Este tecido é caracterizado pela sua matriz fibrosa e por células sobre a matriz, em pequena proporção relativa. Fig. 12 – Composição do tecido conjuntivo. Encontramo-lo como tecido de enchimento, sob a pele, entre os músculos e ao longo dos nervos e vasos sanguíneos. Funciona também como depósito de substâncias de reserva, no caso do tecido adiposo. Conforme a maior ou menos densidade de fibras (denso ou laxo), disposição (regular ou irregular), predominância, dos diferentes tipos de células, entre outros, podemos classificar o tecido conjuntivo em: Fig. 13 – Tipos de tecido conjuntivo. Tecido conjuntivo propriamente dito Características Gerais → População celular heterogénea. → Altamente vascularizado e inervado. → Estabelece continuidade com outros tecidos, sendo responsável pela integridade funcional do organismo. Funções → Suporte (Apoio físico) → Preenchimento → Meio de trocas (restos metabólicos e oxigénio) → Defesa e proteção (células de defesa tem acesso rápido a inúmeros locais do organismo. Classificação → Tecido conjuntivo laxo: Presença de fibras e matriz extracelular, com predomínio de células. → Tecido conjuntivo denso: Poucas células predomínio de fibras e matriz extracelular. Regular – Fibras organizadas no mesmo sentido. Irregular – Fibras sem padrão de organização específico. Componentes - Células → Fibroblastos: Célula jovem responsável pela síntese da matriz extracelular. Fibroblastos com maior número de actina e miosina (miofibroblastos) têm importante ação na cicatrização de feridas. Sintetiza as fibras e as moléculas da matriz extracelular. Possuem prolongamentos citoplasmáticos, formato fusiforme, núcleo alongado com cromatina clara (alta atividade). Características de célula secretora (R.E.R e C.G. bastantes desenvolvidos). → Fibrócito: Estado adulto do fibroblasto, responsável pela manutenção da matriz extracelular. Pode retornar ao estado jovem e sintetizar em grande quantidade em casos de extrema reparação celular. Célula fusiforme, núcleo alongado com cromatina mais densa (pouca síntese proteica). → Macrófago: Derivados de células precursoras da medula óssea (linfócitos – atuam na defesa do organismo). Contorno irregular devido a prolongamentos celulares de vários tamanhos. Fagócitos ativos e atuam na remoção de restos celulares, células danificadas ou mortas, células infetadas, células cancerosas e microrganismos. Também podem apresentar antigénios a outras células de defesa. Célula gigante de corpo estranho – Vários macrófagos fundidos para digerir um material muito grande. Pleomórfico, pois emite pseudópodos. Núcleo riniforme e coloração basófila. → Mastócito: Derivados de células precursoras da medula óssea. Concentram-se em torno dos vasos sanguíneos pequenos e no tecido conjuntivo subepitelial dos tratos respiratório e digestivo. Maiores células residentes. Grandes, ovóides e com núcleo esférico e central. Possuem numerosos grânulos no citoplasma que têm grande afinidade a corantes (podem ser corados metacromaticamente, ou seja, mudam a cor do corante: com azul de toluidina os grânulos aparecem vermelhos). Grânulos de maior importância: 1. Heparina - anticoagulante biológico. 2. Histamina – vasodilatador e aumenta a permeabilidade celular. 3. ECF-A – fator quimiotático para eosinófilos. 4. SRS-A – substância de ação lenta. A libertação do conteúdo dos grânulos dos mastócitos provoca uma reação inflamatória chamada reação de hirpersensibilidade imediata ou reação anafilática, que é o local e suave (exceto em indivíduos hiperalérgicos). Sinalizador químico em que acelera a resposta imunológica local. → Linfócito: Célula globosa e pequena, núcleo com cromatina densa. Relação núcleo/citoplasma muito grande. Linfócito B: 1. Diferenciação na Bursa de Fabricius (aves). 2. Áreas especificas da medula óssea vermelha (mamíferos). 3. Diferenciam-se me plasmócitos. Linfócito T: 1. Diferenciação celular no timo. 2. Responsável pela resposta de base celular (TCD4 e TCD8). → Plasmócito: Célula secretora de anticorpos. Características de célula secretora (R.E.R e C.G. bastante desenvolvidos). Células grandes, ovoides, com núcleo esférico excêntrico, cromatina densa e clara que se irradia a partir do centro, citoplasma intensamente basófilo. → Adipócitos: Derivados de células mesenquimatosas, participam na síntese e armazenamento de triglicerídeos, que representam uma forma eficiente de armazenamento de energia. Amortecimento de impactos, isolamento térmico, modelamento do corpo, preenchimento de espaços. São de dois tipos: 1. Uniloculares (tecido adiposo branco) – células grandes, esféricas, que acumulam continuamente gordura no citoplasma na forma de uma única gotícula. Cor a fresco varia de branco a amarelo escuro. 2. Multioculares (tecido adiposo castanho) – células menoras e mais poligonais, acumulam a gorduram em várias pequenas gotículas no citoplasma. Cor é acastanhada devido ao elevado conteúdo em mitocôndrias. Em roedores e humanos as células adiposas brancas transformam-se em células bege em resultado do aumento de mitocôndrias (situações de temperatura baixa). Fig. 14 – Diferentes tipos de adipócitos. -Matriz extracelular → Fibras colagénicas: Filamento proteico formado de colagénio, formada por 3 cadeias polipeptídicas em alfa-hélice. Presente na derme, ossos, tendões, ligamentos, entre outros. Tipos: I – Índice de agregação alto, formando fibras espessas. II – Índice de agregação baixo – fibrilar. Presente em cartilagem. III – Fibras finas (reticulares). Função de sustentação dos órgãos. Coloração especifica – impregnação argêntica. Presente no estroma hepático, esplênico, entre outros. IV – índice de agregação baixo – fibrilas finas. Presente em lâmina basal. → Fibras elásticas: Filamento proteico formado pela proteína elastina. Elastogénese – Formação da elastina. Fibroblastos sintetizam as fibras e microfilamentos. Quanto maior a quantidade de elastina, menor será a de fibrilina. 3 fases de formação da elastina: 1. Oxitalânica – microfilamentos fazem um molde para receber elastina. 2. Elaunínica – presença de microfilamentos e elastina. 3. Elástica propriamente dita – já não há presença de microfilamentos. -Substância fundamental Manter a hidratação contínua do tecido. → Glicoaminoglicanas (GAG’S) Polissacarídeo de cadeia longa ligado quimicamente à água. → Proteoglicanos Proteinas de ligação. Ligam várias cadeias laterais de GAG’S. → Glicoproteínas não-colagenosas Formam a lâmina basal. Fig. 15 – Diferentes tipos de células do tecido conjuntivo. Os tecidos conjuntivos apesar de serem constituídos pelo mesmo tipo de células apresentam algumas diferenças, tais como: → Tecido conjuntivo laxo difuso (areolar): este tecido contém fibras elásticas abundantes e bandas de colagénio (2 tipos de fibras) embebidas na substância fundamental. Fibroblastos são reconhecidos pelo seu núcleo oval. Mastócitos, macrófagos e capilares sanguíneos podem também estar presentes (não aparecem no microscópio). → Tecido conjuntivo reticular: Tecido onde predominam fibras reticulares e é característico de tecidos linfáticos. Fibras reticulares, sintetizadas pelos fibroblastos, são finas e ramificam-se. Estas fibras formam uma malha onde estão embebidas células linfoides. → Tecido conjuntivo denso irregular: Encontrado na derme, na submucosa do tubo digestivo, entre outros, contém fibras de colagénio grossas e entrelaçadas entre si dispostas de forma irregular. Fibroblastos, mastócitos e macrófagos também estão presentes. Plasmócitos e linfócitos → Tecido conjuntivo denso regular: Encontrado em tendões e ligamentos. Fibras de colagénio orientadas regular e paralelamente separadas por fibrócitos lineares. → Tecido conjuntivo elástico: Predominam fibras elásticas. Caracterizado pelas paredes de largos vasos sanguíneos e ligamentos. Tecido conjuntivo cartilaginoso A cartilagem é um tecido conjuntivo especializado de consistência rígida, mas que mantem certo grau de flexibilidade. Não possui vasos sanguíneos, linfáticos e nervos, sendo nutrido e inervado pelos vasos e nervos do tecido conjuntivo envolvente. A cartilagem é constituída por células, fibras e substância intersticial sendo classificado como tecido conjuntivo de suporte, embora apresente muitas outras funções. Funções → Suporte de tecidos moles. → Revestimento de superfícies articulares onde absorve choques e facilita o deslizamento. → Forma o molde inicial de muitos ossos no período embrionário. → Auxilia na formação e crescimento dos ossos longos na placa de crescimento epifisária. Estrutura/constituição → Células: condrócitos → Material intercelular: fibras (colagénicas ou colagénicas e elásticas), substância fundamental amorfa (glicosaminoglicanos, proteoglicanos e glicoproteínas) e fluido intersticial. *A consistência firme deve-se às ligações eletrostáticas entre os glicosaminoglicanos sulfatados (GAGs) e o colagénio e à quantidade de moléculas de água presas aos GAGs. As cartilagens (exceto as articulares e fibrosas) são envolvidas por uma bainha de tecido conjuntivo denominada de pericôndrio. * Pericôndrio Bainha de tecido conjuntivo denso (na sua maior parte), que envolve as cartilagens (exceto as articulares e fibrosas), formada por duas camadas: uma externa, fibrosa (fibroblastos, fibras de colagénio tipo I e vasos sanguíneos) e outra interna, celular (células condrogénicas). Tem como funções a fonte de novos condrócitos para o crescimento da cartilagem e nutrição da cartilagem. Histogénese As cartilagens são inicialmente formadas no embrião, a partir do mesenquima. → Células mesenquimatosas retraem os seus prolongamentos citoplasmáticos e tornam-se arredondadas. → Estas células multiplicam-se e formam aglomerados de células com citoplasma basófilo, os condroblastos. → Os condroblastos iniciam a síntese de matriz, afastando-se uns dos outros ficando aprisionados em lacunas na matriz. → As células aprisionadas, os condrócitos, ainda se dividem, formando grupos de duas ou mais células, os chamados grupos isogénicos. Crescimento da cartilagem Pode ser: → Intersticial: à medida que os condrócitos de um grupo isogénico produzem matriz, são empurrados para longe uns dos outros, ocupando lacunas separadas (crescimento a partir do interior da cartilagem). Ocorre somente na fase inicial da formação da cartilagem. As cartilagens que não tem pericôndrio e da placa epifisária crescem dessa forma. → Aposicional: as células condrogénicas sofrem divisão e diferenciam-se me condroblastos, que começam a elaborar a matriz (crescimento por adição na periferia). Tipos de cartilagem Conforme as características que apresenta a substância intersticial, e de acordo com a função desempenhada, podemos considerar os seguintes tipos de cartilagem: → Hialina Localização – nariz e laringe, extremidades ventrais das costelas (onde se articulam com o externo), nos aneis da traqueia e brônquios, nas superfícies articulares das articulações moveis, placas epifisárias dos ossos longos em crescimento. Além das fibras de colagénio II (que não forma grandes feixes), existem outros colagénios secundários (IX, X, XI). O elevado conteúdo em água de solvatação dos GAGs atua como sistema de absorção de choques mecânicos. O material extracelular em torno dos condrócitos, a chamada matriz territorial, é pobre em colagénio e rico em sulfato de condroitina, que contribui para a sua basofilia, metacromasia e reação PAS (+). Imediatamente em redor das lacunas existe uma fina rede de fibras colagénicas embebidas num material semelhante à lamina basal, que parece servir para proteção contra a pressão mecânica. O material extracelular é rico em agrecanos (grandes moléculas de proteoglicanos) que tem carga negativa e atraem catiões. Estes, por sua vez, atraem moléculas de água, tornando a matriz muito hidratada e resistente à pressão. Condrócitos - os periféricos são mais achatados e os centrais mais arredondados. In vivo ocupam toda a lacuna e nos preparados histológicos aparecem retraídos. Têm núcleo grande, nucléolo proeminente, citoplasma pouco corado com muitas mitocôndrias, RER e CG bem desenvolvidos. Vivem sob baixas tensões de oxigénio, degradando a glicose por mecanismo anaeróbico. Os nutrientes do sangue chegam por difusão, através da água de solvatação das macromoléculas e pelo bombeamento promovido pelas forças de compressão. Contorno irregular para aumentar a adesão e captação de nutrientes da matriz extracelular. → Elástica: Localização – pavilhão da orelha, tubos auditivos, epiglote e cartilagem cuneiforme da laringe. Pode aparecer sozinha ou associada à cartilagem hialina. Além das fibrilhas colagénicas, apresenta uma rede de fibras elásticas finas, contínuas com as do pericôndrio. Os condrócitos são mais numerosos e maiores e a matriz é menos abundante que na cartilagem hialina. Os feixes de fibras elásticas da matriz territorial são mais abundantes e espessas que no resto da matriz. → Fibrocartilagem: Localização – discos intervertebrais, sínfise púbica, discos articulares e nos pontos de inserção óssea de ligamentos e tendões. Nos discos intervertebrais: núcleo pulposo (centro gelatinoso com muito ácido hialurónico; resiste à compressão) e anel fibroso (circunda o núcleo pulposo e é constituído de fibrocartilagem; resiste à tração). A rutura do anel fibroso resulta na expulsão do núcleo pulposo e achatamento do disco. Quando isto ocorre em direção à espinal medula, pode comprimir os nervos, produzindo dores e distúrbios neurológicos. Intermediaria entre cartilagem hialina e tecido conjuntivo denso. Não possui pericôndrio. Quantidade reduzida de SFA e abundantes feixes de colagénio I. Condrócitos organizados em fileiras paralelas, alternados com feixes grossos de fibras colagénicas. Fig. 16 – Tipos de cartilagem e principais características. Fig. 17 – Diferenças entre cartilagem hialina e fibrocartilagem. Tecido conjuntivo ósseo O tecido ósseo é uma forma especializada de tecido conjuntivo, com matriz mineralizada (calcificada). Possui vascularização e inervação. Apresenta plasticidade. Formação do esqueleto, sustentação, proteção de órgãos vitais (caixa craniana, torácica e canal medular). Locomoção, sistema de alavancas. Formação de células sanguíneas. Reservatório de minerais (cálcio, fosfato, magnésio). Componentes É constituída pela matriz óssea (osteoide) e por células. → Matriz óssea: Matriz mineralizada - componente orgânica: colagénio de tipo I (90-95%), proteoglicanos e proteínas de adesão; componente mineral: principalmente cálcio e fosforo, na forma de cristais de hidroxiapatite, e outros, designadamente, Mg, Na, K). O colagénio confere resistência e os cristais a dureza do tecido ósseo. Osteoide – matriz óssea recém formada, adjacente aos osteoblastos ativos e que não está ainda calcificada. → Células: Células osteogénicas ou osteoprogenitoras (mesenquimais) – diferenciam- se em osteoblastos. Osteoblastos – síntese da parte orgânica da matriz; localizadas na superfície do osso; apresentam-se cubicas ou cilíndricas, em monocamada; originam os osteócitos. Osteócitos – osteoblastos envoltos pela matriz, aprisionados em lacunas; baixa síntese, essenciais na manutenção; células alongadas; apresentam prolongamentos dentro dos canalículos (nutrição/comunicação); mecanorrecetores. Osteoclastos – células grandes, multinucleados; derivados de precursores mononucleados; reabsorção da matriz, Lacunas de Howship; secretam ácido (H+), colagenases, hidrólases, libertando cálcio. Estrutura do osso Variedades anatómicas: → Osso compacto – sem cavidades visíveis. Arranjo lamelar concêntrico. Encontrado nas diáfises dos ossos longos, na periferia dos ossos curos e nas tábuas dos ossos chatos. Possui 4 sistemas lamelares: Sistema lamelar circunferencial externo (fibras de Sharpey) Sistema lamelar circunferencial interno. Sistema de Havers (ósteon ou osteónio) – Canais de Havers e de Volkmann. Sistema intermediário ou intersticial. → Osso esponjoso – poroso. Trabéculas, arranjo paralelo das lamelas. Reveste a cavidade medular. Encontrado nos centros das epífises, dos ossos curtos e chatos. Não contem osteónios. As trabéculas estão envolvidas pelos espaços medulares. → Periósteo (bainha externa) – tecido conjuntivo denso. Contém fibroblastos, células osteogénicas e osteoblastos. Função: nutrição Fibras de Sharpey. e fornecimento → Endósteo (bainha interna) – tecido conjuntivo laxo. de osteoblastos. Contém uma camada de células osteogénicas e osteoblastos. Variedades histológicas: → Osso primário ou imaturo – primeiro osso a formar-se no feto e na reparação óssea. Ausência de lamelas, menos mineralizado que o tecido ósseo secundário. No adulto é pouco frequente, persistindo nas suturas dos ossos do crânio, alvéolos dentários e em alguns pontos de inserção dos tendões. Fibras colagénicas dispostas em várias direções sem organização definida, menor quantidade de minerais e maior quantidade de osteócitos. → Osso secundário, maduro ou lamelar – presença de lamelas paralelas ou concêntricas, matriz mais resistente. Fibras colagénicas organizadas paralelamente dentro de uma lamela. Mineralização – fusão dos ninhos de cristalização (sobre eles precipitam-se novas e sucessivas camadas de hidroxiapatite. Histogénese do osso A formação do osso pode ocorrer de duas formas: → Ossificação Intramembranosa: tecido mesenquimal osteogénica osteoblastos osteócitos Ossos chatos – Fontanelas – centros de ossificação não fundidos; Tábuas e díploe. Proliferação e condensação de células de mesenquima osteoprogenitoras. Osteoblastos depositam osteóide, e duas células ficam envolvidas por osso entrelaçado passando a chamar-se osteócitos. Adicionalmente a área de formação de osso entrelaçado fica vascularizado. Aumento do volume de espículas de osso entrelaçado antes do crescimento das espículas e trabéculas que se unem para formar placas de osso. O osso novo torna-se mais largo e é reabsorvido numa das suas superfícies pelos osteoclastos. Fig.18 – Ossificação Intramembranosa. → Ossificação Endocondral: ocorre a partir de um molde de cartilagem hialina. Cartilagem sofre modificações. Cavidades são invadidas por capilares e células osteogénicas vindas do conjuntivo. Ossos longos: → Diáfise: crescimento em espessura (Intramembranosa); crescimento em comprimento (endocondral). Centro primário. → Epífise: endocondral. Cartilagem epifisária: centros secundários. Crescimento longitudinal do osso. O processo de ossificação endocondral ocorre na chamada placa de crescimento epifisária, onde é possível distinguir várias zonas, as quais correspondem a diferentes fenótipos dos condrócitos e/ou a diferentes atividades metabólicas dos vários tipo celulares envolvidos no processo. → Zona de repouso: cartilagem hialina sem alterações morfólogas. → Zona de proliferação: formação de fileiras de condrócitos. → Zona de hipertrofia: condrócitos volumosos; acumulação de glicogénio e lípidos. → Zona de cartilagem calcificada: mineralização dos tabiques de matriz cartilaginosa e morte dos condrócitos. → Zona de ossificação: invasão de capilares sanguíneos trazendo células osteogénicas; as células diferenciam-se em osteoblastos, os quais depositam matriz óssea sobre a matriz cartilaginosa calcificada. Crescimento Aposicional Crescimento em diâmetro: ocorre remodelação pelos osteoclastos na cavidade medular e os osteoblastos vão adicionando osso para o exterior. Remodelação e reparação ósseas Remodelação: Formação de tecido ósseo (osteoblasto), associada à reabsorção parcial de tecido já formado (osteoclasto). Etapas da remodelação óssea: → A aplicação de forças mecânicas e/ou ação de mediadores químicos (estímulos hormonais p.ex. PTH) estimulam os osteoclastos dando início ao processo de reabsorção óssea e à libertação de cálcio e fósforo. → Mais osteoclastos são atraídos para a área de reabsorção, enquanto alguns osteoblastos já chegam ao local para dar início ao processo de formação óssea. → Enquanto os osteoclastos prosseguem a sua tarefa, os osteoblastos começam a depositar matriz osteóide (colagénio, proteoglicanos, etc.) para preencher a lacuna que se formou. → Finda a reabsorção, os osteoclastos saem de cena, enquanto os osteoblastos continuam a depositar a matriz osteóide. Esses mesmos osteoblastos iniciam o processo de mineralização (deposição de cálcio e fosforo) da matriz recém- formada. → A formação da matriz, seguida de sua mineralização, prossegue, até preencher todo o vazio deixado pelos osteoclastos. → Osteoblastos retiram-se, deixando atrás de si o tecido ósseo renovado. Reparação: Reestruturação da matriz óssea apos fratura. Coagulo é removido por macrófagos; proliferação de endósteo e periósteo; formação de cartilagem; ossificações tanto endocondral quanto intramembranosa; formação do calo ósseo (imaturo), que é posteriormente substituído por osso lamelar. Estados de cicatrização: → Hemostase – coágulo, fibrina, plaquetas. → Inflamação – PMNs, macrófagos, linfócitos. → Proliferação – Reepitelialização, angiogénese, fibrogénese. → Resolução/Remodelação – Regressão dos vasos, remodelação do colagénio. Articulações Local de junções de dois ou mais ossos. Providenciam mobilidade. Locais do esqueleto mais vulneráveis. Classificação funcional -Sinoviais – movimentos extensos: → Neste tipo de articulações, há um extenso movimento dos ossos uns sobre os outros nas superfícies articulares. → As superfícies articulares são mantidas em aposição por uma cápsula fibrosa e por ligamentos e lubrificadas pelo líquido sinovial. → São conhecidas como diartroses. Em algumas diartroses, como as articulações temporomandibulares e dos joelhos, podem ocorrer placas de fibrocartilagem completa ou parcialmente interpostas, porém estas mantém-se desligadas das superfícies articulares. → Articulação sinovial típica: Cartilagem articular – as superfícies articulares ósseas são cobertas por uma camada de cartilagem hialina, a qual possui uma superfície lisa de baixa fricção e oferecendo um grau de resistência às forças compressivas, podendo atuar como uma estrutura que absorve os choques mecânicos nas articulações (Placa óssea terminal – sem canais de Havers e osteócitos em grandes lacunas). Cápsula articular – a articulação é envolvida por uma cápsula de tecido conjuntivo denso. Membrana sinovial – a cápsula é revestida internamente por uma camada de células secretoras especializadas, a membrana sinovial ou sinóvia, que secreta uma pequena quantidade de líquido lubrificante para dentro da cavidade sinovial, o que auxilia a articulação lisa das superfícies ósseas cobertas por cartilagem (sem epitélio). Sinóvia areolar, fibrosa ou adiposa. Macrófagos (células A) e fibroblastos (células B) – origem no mesenquima. Líquido sinovial – produzido pela membrana sinovial. Na articulação normal existe muito pouco líquido na cavidade. Ácido hialurónico, glicoproteínas e exsudato plasmático. → O movimento excessivo na articulação é limitado pela cápsula articular fibrosa e pelos ligamentos fibroelásticos externos, os quais impedem a flexão e a extensão exageradas. → Em algumas articulações, como as do joelho, há ligamentos internos (ou ligamento cruzados) que impedem o movimento articular acentuado, particularmente a rotação excessiva. → Os músculos ligam-se aos ossos por intermedio de tendões, e estes podem, também, desempenhar um papel importante na estabilização das articulações sinoviais. -Não sinoviais – movimentos limitados: → Estas articulações possuem movimento limitado. Os ossos articulados não apresentam superfícies articulares livres, sendo, em vez disso, ligados por variedades de tecido conjuntivo. Estas ligações podem ser de 3 tipos: Tecido conjuntivo fibroso denso – Ossos do crânio. As suturas são progressivamente substituídas por tecido ósseo com a idade e quando isto acontece passam a chamar-se sinostoses em vez de sindesmoses. Cartilagem hialina – Sincondrose ou articulação cartilaginosa primária, une a primeira costela com o esterno, e é a única deste tipo encontrada no humano adulto. Fibrocartilagem – Sínfise púbica e discos intervertebrais. As superfícies em oposição são cobertas por cartilagem hialina, porém, em vez de um espaço sinovial, estão diretamente conectadas umas com as outras por uma placa de fibrocartilagem. São chamadas de sínfises ou articulações cartilaginosas secundárias. Articulações intervertebrais As vertebras articulam-se através de 2 tipos diferentes de articulações. Os corpos vertebrais estão unidos pelas articulações do tipo sínfise, os discos intervertebrais, que permitem movimentos entre os corpos vertebrais enquanto matem uma união de grande força. Os arcos vertebrais articulam-se uns aos outros por pares de articulações sinoviais conhecidas por articulações facetadas ou zigoapofisárias. Fortes ligamentos elásticos, que conectam as apófises ósseas dos arcos vertebrais, contribuem para a estabilidade da coluna vertebral. Discos intervertebrais A fibrocartilagem de cada disco intervertebral está organizada em anéis concêntricos formando o anel fibroso. Dentro do disco existe uma cavidade central que contem uma substância viscosa, rica em ácido hialurónico, o núcleo pulposo, que atua como um absorvente contra choques mecânicos. O anel fibroso é reforçado perifericamente pelos ligamentos circunferenciais, um espesso ligamento que se estende para baixo pela face anterior da coluna vertebral une-se e reforça adicionalmente o anel fibroso. Um ligamento similar, mas mais fino, reforça a fase posterior. Histologia dos Tendões Tecido conjuntivo denso regular. → 30% colagénio. → 2% elastina. → 68% água. → 70% colagénio tipo I. Histologia dos Ligamentos Bandas densas de tecido fibroso muito similares aos tendões, mas as fibras colagénicas estão menos ordenadas. → Colagénio tipo I. → Elastina. → Glicosaminoglicanos. → Água.

Use Quizgecko on...
Browser
Browser