Sebenta de Auditoria Financeira Actualisada 2022-23 PDF
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Universidade Mandume Ya Ndemufayo Faculdade de Economia Lubango
2018
Edson Manuel de Sousa Bandeira, MSc
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Summary
This document is a study guide for a financial auditing course at a university. It covers essential financial auditing concepts, procedures, and internal control measures, offering practical exercises to help students develop their analytical skills in this area. Complied by Professor Edson Manuel de Sousa Bandeira, MSc. The text was compiled in March 2018.
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UNIVERSIDADE MANDUME YA NDEMUFAYO FACULDADE DE ECONOMIA LUBANGO Departamento de Contabilidade e Gestão MATERIAL DE APOIO À DISCIPLINA DE Lubango, Março de 2018 O Docente ______________________________________ Edson Manuel de Sousa...
UNIVERSIDADE MANDUME YA NDEMUFAYO FACULDADE DE ECONOMIA LUBANGO Departamento de Contabilidade e Gestão MATERIAL DE APOIO À DISCIPLINA DE Lubango, Março de 2018 O Docente ______________________________________ Edson Manuel de Sousa Bandeira, MSc. Auditoria Financeira ÍNDICE CAPÍTULO I. CONCEITOS GERAIS........................................................... 4 1.1. Introdução............................................................................... 4 1.2. Conceito de Auditoria................................................................... 5 1.3. Propósitos da Auditoria................................................................. 7 1.4. Fins da Auditoria........................................................................ 8 1.5. Outros Tipos de Auditoria.............................................................. 9 1.5.1. Auditoria interna................................................................... 9 1.5.2. Auditoria operacional............................................................ 12 1.5.3. Auditoria de Gestão.............................................................. 13 1.5.4. Auditoria Previsional ou Prospectiva............................................ 14 1.5.5. Auditoria Informática............................................................ 16 1.5.6. Auditoria Social.................................................................. 17 1.6. Princípios Contabilísticos Geralmente Aceites (PCGA)............................. 17 1.6.1. Importância dos PCGA para o Auditor.......................................... 20 CAPÍTULO II. A PROFISSÃO DO AUDITOR................................................ 21 CAPÍTULO III. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO DE AUDITORIA...................... 22 3.1. As Fases da Auditoria.................................................................... 22 3.2. Procedimentos Gerais de Auditoria...................................................... 24 2.2.1. Entrevistas............................................................................ 24 3.2.2. Observação........................................................................... 25 3.2.3. Inspecção............................................................................. 25 3.2.4. Confronto............................................................................ 26 3.2.5. Análise............................................................................... 27 3.2.6. Confirmação......................................................................... 28 3.2.7. Conferência.......................................................................... 28 3.3. Risco em Auditoria....................................................................... 29 3.3.1. Risco Profissional.................................................................... 29 3.3.2. Risco de Serviço ao Cliente.......................................................... 29 3.3.3. Risco de Auditoria................................................................... 29 3.4. Determinação da Materialidade em Auditoria........................................... 30 CAPÍTULO IV. CONTROLO INTERNO................................................... 33 4.1. Objectivos do Controlo Interno.......................................................... 33 Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 2 Auditoria Financeira 4.2. Componentes do Controlo Interno....................................................... 35 4.3. Limitações do Controlo Interno.......................................................... 38 4.4. Formas de Recolher e de Registar os Sistemas Contabilísticos e de Controlo Interno.. 38 4.5. Fraudes e Erros........................................................................... 40 CAPÍTULO V. A PROVA DE AUDITORIA................................................... 43 5.1. Importância e Conceito de Prova......................................................... 43 5.2. A Credibilidade da Prova................................................................. 44 5.3. Procedimentos Para a Obtenção da Prova de Auditoria................................. 45 5.4. A Selecção de Amostras Para a Obtenção da Prova de Auditoria....................... 47 5.4.1, Técnicas de selecção de Amostra de Auditoria baseadas na amostragem de apreciação................................................................................... 50 5.4.2. Técnicas de selecção de Amostra de Auditoria baseadas na Amostragem Estatística................................................................................... 53 5.4.3. Risco de Amostragem............................................................ 56 5.4.4. Exercícios........................................................................ 56 5.5. A Documentação da Prova............................................................ 56 5.5.1. Introdução........................................................................ 56 5.5.2. Dossiers Permanentes............................................................ 57 5.5.3. Dossiers Correntes............................................................... 58 BIBLIOGRAFIA................................................................................. 60 Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 3 Auditoria Financeira CAPÍTULO I. CONCEITOS GERAIS 1.1. Introdução Toda e qualquer informação deve ser credível para que as pessoas a que a mesma se destina possam retirar conclusões idóneas. De facto, hoje em dia não são apenas os sócios ou accionistas e os administradores ou gestores os principais interessados na informação financeira que as suas empresas regularmente apresentam. Os fornecedores, os clientes, os Bancos, os trabalhadores (incluindo os sindicatos), o Estado, as associações empresariais, etc., são também partes muito interessadas na informação financeira das empresas, da mesma forma que também o é o público em geral pela possibilidade que tem de investir as suas poupanças em títulos de créditos (acções e obrigações) apresentados à subscrição pública. Mas, para que todos estes utentes possam retirar conclusões idóneas da informação financeira que lhe é facultada é fundamental que a mesma seja fidedigna. A auditoria surge então como forma de dar credibilidade à informação financeira, expressão esta que engloba as chamadas demonstrações financeiras. Procuramos com este texto, fazer uma síntese dos principais conceitos e teorias associadas a disciplina de Auditoria Financeira e, simultaneamente apresentar um leque variado de exercícios práticos com o objectivo não só de ajudar os estudantes a sedimentarem conhecimentos, mas também a desenvolverem a sua capacidade de análise de diferentes temas nesta área. Salientamos ainda que este texto de apoio ao estudante não substitui nenhuma outra obra desta área. Portanto, no decorrer do estudo desta disciplina o estudante deverá consultar outras obras, principalmente as constantes na bibliografia. Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 4 Auditoria Financeira 1.2. Conceito de Auditoria Etimologicamente a palavra auditoria tem a sua origem no verbo latino audire o qual, significando “ouvir”, conduziu à criação da palavra do auditor (do latim auditore) como sendo aquele que ouve, ou seja, o ouvinte. Isto pelo facto de nos primórdios da auditoria os auditores tirarem as suas conclusões fundamentalmente com base nas informações que verbalmente lhes eram transmitidas. Actualmente atribui-se à auditoria um conjunto mais alargado de importantes funções, abrangendo todo o organismo da empresa e dos seus órgãos de gestão, com a finalidade de efectuar críticas e emitir opiniões sobre as situações patrimoniais e sobre os resultados de ambos. Neste sentido, existem varias definições de auditoria, pelo apresentamos aqui algumas: “A auditoria é o exame de demonstrações e registos administrativos em que o auditor observa a exactidão, integridade e autenticidade de tais demonstrações, registos e documentos”. Holmes “A auditoria é o exame dos livros contabilísticos, comprovativos e demais registos de um organismo (...) com o objectivo de averiguar a correcção ou incorrecção dos registos e expressar opinião sobre os documentos analisados, comummente em forma de certificação”. Arthur Hanson Em Portugal, Joaquim Raúl e Jorge Seoane definem auditoria como a “revisão sistemática dos registos contabilísticos de uma empresa ou organismo económico de qualquer tipo, envolvendo: Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 5 Auditoria Financeira ✓ A verificação da exactidão das operações; ✓ O exame dos comprovativos para estabelecer a sua autenticidade e devida autorização; ✓ A exactidão do diário e da classificação de contas; ✓ A manutenção de princípios sãos e científicos.” Assim, a Auditoria é um exame das contas, relatórios, projectos, obras, ou qualquer outra situação auditável, bem como de toda a documentação de suporte; realizado em conformidade com determinadas normas, métodos, procedimentos e princípios geralmente reconhecidos e aceites; por um profissional qualificado e independente, com qualificação técnica e profissional, independência física, hierárquica e mental; com o objectivo de expressar a sua opinião sobre a correcção, a clareza e a suficiência das situações e documentos objecto de análise. Originalmente a auditoria visava a descoberta de erros e fraudes nas contas das empresas. Actualmente a sua finalidade primordial é dar uma opinião sobre se as demonstrações financeiras das empresas "apresentam de forma verdadeira e apropriada" a sua posição financeira e os resultados das operações. Adicionalmente: Contribuir para a eficiência operacional da empresa e detectar erros e fraudes Novos desafios da actualidade: a ênfase no risco e na detecção de erros e fraudes. Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 6 Auditoria Financeira 1.3. Propósitos da Auditoria Da definição da auditoria conclui-se que o seu objecto é o exame ante a realidade dos factos expressos pelos registos e a sua interpretação, para orientação do governo de um património. Dividindo-se o objecto da auditoria em vários itens, podemos verificar que a auditoria tem os seguintes propósitos: 1. Comprovação da exactidão dos registos dos factos patrimoniais; 2. Comprovação da propriedade na identificação desses mesmos factos; 3. Protecção contra a fraude; 4. Comprovação do valor dos factos; 5. Apresentação de opiniões sobre a matéria consultada; 6. Informação ao cliente ou interessados sobre os resultados, para uma melhor gestão e direcção da unidade auditada; 7. Verificar os procedimentos contabilísticos e as medidas de controlo interno existentes na empresa e estabelecidas pela direcção. Modernamente está ultrapassada a ideia de que o objectivo fundamental da auditoria é detectar erros e/ou fraudes. Embora ao realizar o seu trabalho o auditor possa na realidade encontrar-se na presença de tais situações, a sua detecção fica normalmente a dever-se como que a uma fase acessória no seu trabalho. Não obstante, embora seja pouco usual, o auditor poderá preparar programas de trabalho específicos que visem a detecção de tais anomalias. Particularizando, a auditoria financeira tem por objectivo a analise das demonstrações financeiras (balanço, demonstração de resultados, demonstração de fluxos de caixa e notas ás contas). Cada um destes documentos tem as suas características próprias e revela, o balanço, os aspectos patrimoniais e financeiros, a demonstração de resultados, os aspectos de natureza económica e de desempenho, a demonstração de fluxos de caixa informações acerca das alterações na posição financeira e as notas às contas, a Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 7 Auditoria Financeira informação de natureza complementar, designadamente de natureza extrapatrimonial, social e fiscal. 1.4. Fins da Auditoria Os fins da auditoria são os aspectos sobre os quais o seu objecto é considerado. Podemos considerar como finalidades fundamentais da auditoria as seguintes: - Apresentar a verdadeira situação económica e financeira de um organismo, empresa ou unidade de produção; - Análise do cumprimento dos planos financeiros; - Informar sobre a operacionalidade dos sistemas contabilísticos implantados; - Evitar e descobrir erros; - Realizar estudos e investigar as actividades económicas e financeiras; Em consequência da definição, objecto e fins da auditoria podemos constatar que a mesma pode ter quatro funções: a) Função comprovativa, b) Função detectiva, c) Função preventiva, d) Função reconstrutiva. Na primeira destas funções, a auditoria tem por fins verificar os factos sucedidos; na segunda, descobrir erros e fraude, na terceira, preveni-los e evitá- los e na quarta, descobrir e remediar defeitos da organização. Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 8 Auditoria Financeira 1.5. Outros Tipos de Auditoria Não existe ainda uma total uniformidade nas denominações utilizadas entre os diferentes autores, situação que se atribui ao aparecimento recente de diferentes tipos de auditoria, das quais vamos referir algumas. 1.5.1. Auditoria interna O conceito de auditoria interna tem vindo a evoluir ao longo dos anos. De facto, inicialmente, cometia-se a auditoria interna, sobretudo, as funções de salvaguarda dos activos das empresas, a verificação do cumprimento dos procedimentos estabelecidos pela administração e a constatação a cerca da credibilidade da informação financeira. Dava-se também uma ênfase bastante grande a detecção de fraudes. Por aqui se pode ver que o trabalho efectuado pelos auditores internos era relativamente limitado, cingindo-se fundamentalmente a área contabilística-financeira. Por outro lado, muitas vezes o trabalho do auditor interno era visto como uma extensão do trabalho do auditor externo sobretudo no sentido de proporcionar a este diversos tipos de análises, conferencias e verificações de forma a que se os respectivos honorários finais pudessem sofrer uma redução. Neste sentido, de entre as várias funções cometidas à Administração de uma Empresa assume particular importância à que se refere à implementação de um sistema de controlo interno cujos principais objectivos devem visar assegurar: 1. A confiança e a integridade da informação; 2. O cumprimento das políticas, planos, procedimentos, leis e regulamentos aplicáveis; 3. A salvaguarda dos activos; 4. A utilização económica e eficiente dos recursos; 5. A realização dos objectivos e metas fixadas para as operações ou programas. Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 9 Auditoria Financeira Para que estes objectivos possam ser atingidos, os auditores internos devem exercer as suas funções de forma independente em relação aos serviços da organização que são objecto da sua atenção. Assim sendo, tal independência permitirá que os auditores internos realizem as suas tarefas de forma livre e objectiva. Por essa razão, entende-se que os auditores internos devem depender directamente do órgão de gestão ou, de preferência, da comissão de auditoria e não de qualquer direcção. Os auditores internos deveram ser pois considerados como elementos do “staff” dos referidos órgãos sendo portanto aceitável que esta lhe dêem uma orientação geral quanto ao âmbito do trabalho a desenvolver e quanto às actividades a auditar. Os auditores internos devem actuar no contexto de cada um dos cinco objectivos do controlo interno atrás mencionados: 1. Confiança e integridade da informação: Quando se implementam sistemas de informação para a gestão os mesmos devem ter como principal objectivo fornecer dados para tomada de decisão, controlo e conformidade com exigências externas. Assim sendo, os autores internos devem examinar tais sistemas de informação e, quando necessário, assegurar de que: a) Os registos e relatórios financeiros e operacionais contêm informação adequada, segura, oportuna e útil; b) Os controlos sobre os registos e relatórios são adequados e eficazes. 2. Cumprimento das políticas, planos, procedimentos, leis e regulamentos aplicáveis. A implementação dos sistemas adequados que assegurarem o cumprimento das políticas, planos, procedimentos e legislação aplicáveis que possam ter um impacto significativo nas operações e relatórios é da responsabilidade da administração. Aos auditores internos cabe a responsabilidade de avaliar a adequação e eficiência de tais Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 10 Auditoria Financeira sistemas e de verificarem se as actividades auditadas estão ou não a cumprir com os requisitos apropriados. 3. Salvaguarda dos Activos Os auditores internos devem rever os meios utilizados para salvaguardar os activos dos vários tipos de prejuízos que podem ocorrer tais como os que resultam de roubos, fogo, inundações, utilizações indevidas ou ilegais, deficiente arrumação e conservação, etc. assim sendo, e quando seja considerado necessário, os auditores internos devem efectuar de entre outros procedimentos de auditoria inspecções físicas dos activos. 4. Utilização económica e eficiente dos recursos Cada vez mais são limitados os recursos postos a disposição da administração de qualquer empresa. Por esta razão, cada administração deve ser responsável pela definição de padrões operacionais que permitam medir a economicidade e a utilização eficiente dos recursos (os três E da auditoria interna: Economia, Eficácia e Eficiência). Por seu lado, os auditores internos devem ter a responsabilidade de verificar se: a) Foram estabelecidos padrões operacionais que permitam medir a economicidade e eficiência; b) Os padrões operacionais fixados são compreensíveis e estão a ser cumpridos; c) Os desvios em relação aos padrões operacionais estão identificados, analisados e comunicados àqueles que têm a responsabilidade de tomar acções correctivas. d) Foram tomadas acções correctivas. 5. Realização dos objectivos e metas fixados para as operações ou programas Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 11 Auditoria Financeira A administração de qualquer empresa tem a responsabilidade de definir objectivos e metas operacionais ou programática, desenvolver e implementar procedimentos de controlo e concretizar os desejáveis resultados operacionais ou programáticos. Em consequência, os auditores internos devem assegurar-se se tais objectivos e metas estão de acordo com os da empresa e se os mesmos estão a ser atingidos. Por outro lado, podem auxiliar os gestores encarregados de desenvolver tais objectivo, metas e sistemas verificando-se: Os pressupostos que lhes servem de base são ou não apropriados; Está a ser utilizada informação relevante, oportuna e precisa; Foram incorporados nas operações ou programas controlo adequados. 1.5.2. Auditoria operacional Com o progressivo desenvolvimento da actividade empresarial, em termos de volume, dispersão geográfica e complexidade, as funções cometidas aos auditores internos começaram a expandirem-se cada vez mais no sentido de as mesmas passarem a abranger aspectos relacionados com as diversas áreas operacionais, como sejam: Compras e transportes; Recepção, inventários e sucata; Produção; Controlo de qualidade, engenharia e pesquisa; Activos fixos tangíveis; Marketing; Pessoal; Controlo financeiro básico; Gestão financeira; Informática; Operações internacionais; etc. Desta situação resultou a designação de auditoria das operações empresariais ou, mais simplesmente, auditoria operacional a qual é, afinal, um aprofundamento do âmbito da auditoria interna. Este tipo de auditoria, que se socorre do conjunto das técnicas de julgamento e de apreciação das operações da empresa utilizadas na auditoria financeira, tem como objectivo: Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 12 Auditoria Financeira Auditar os controlos operacionais; Auditar a gestão; Auditar a estratégia. O campo de investigação da auditoria operacional é o conjunto do controlo interno pelo que a mesma se preocupa sobretudo com a eficácia das operações e o cumprimento das políticas e, se for o caso, com a adequação das mesmas. 1.5.3. Auditoria de Gestão A auditoria de gestão é uma técnica relativamente recente podendo ser entendida como um dos segmentos ou extensões da auditoria operacional. O grande objectivo da auditoria de gestão é o de verificar em que medida é que os recursos postos à disposição dos gestores estão a ser aplicados com maior economicidade, eficiência e eficácia. Neste sentido, a auditoria de gestão pretende medir e dar opinião sobre o desempenho dos gestores e sobre a rendibilidade da empresa, ou seja, concluir sobre se os rendimentos por eles apresentados não poderiam ou deveriam ser diferentes. Por esta razão, há muitos pontos de contacto entre a auditoria de gestão e o sistema de controlo interno. Em termos gerais podemos então referir que as funções da gestão são primordialmente: a) Fixar políticas e objectivos; b) Estabelecer planos, normas e procedimentos para que se possam atingir as políticas e os objectivos fixados; c) Organizar a empresa ou entidade a fim de que os planos, normas e procedimentos possam de facto operar; d) Controlar a forma como os referidos planos, normas e procedimentos estão a atingir os seus fins. Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 13 Auditoria Financeira Assim sendo, o programa modelo que o auditor deve seguir para avaliar os gestores, quer no que respeita a eficácia e à eficiência da gestão da empresa em geral quer quanto às suas áreas funcionais em particular, terá que forçosamente cobrir os seguintes aspectos; a) Verificar se foram fixados objectivos e políticas; b) Avaliar todo o processo de planeamento, o qual necessariamente inclui as normas, procedimentos, mapas e prioridades; c) Avaliar todo o processo organizativo, ou seja, avaliar se a estrutura organizativa é consistente com as políticas e objectivos globais; d) Analisar o processo de controlo, ou seja, as medidas de desempenho. Para tal, o auditor de gestão tem necessariamente que: a) Verificar se o órgão de gestão identificou as áreas-chave que devem ser controladas; b) Avaliar e julgar as bases usadas para desenvolver os padrões de medida; c) Rever os parâmetros para identificar a performance e os resultados. Nas entidades sem fins lucrativos a auditoria de gestão tem como objectivo principal avaliar se tais entidades estão a funcionar de forma eficiente e se os seus gestores estão a dar o devido valor ao dinheiro que gastam. 1.5.4. Auditoria Previsional ou Prospectiva Como sabemos, a divulgação da informação financeira histórica, por parte da empresa, não é suficiente para que os diversos utilizadores externos dessa mesma informação possam tirar conclusões válidas sobre a viabilidade futura das empresas. Neste sentido, àquelas informações é necessário acrescer outras que sejam previsionais, mais ou menos detalhadas. Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 14 Auditoria Financeira Assim, podem surgir outras situações, relacionadas com empresa (cotadas ou não cotadas na bolsa), em que a informação previsional que é facultada é de relevante importância para terceiros. Referimo-nos sobretudo às seguintes situações: ⎯ Análise de projectos de investimentos; ⎯ Estudos de tipo económico-financeiro destinado a viabilizar economicamente as empresas e a saneá-las de um ponto de vista financeiro; ⎯ Avaliação do futuro das empresas após os estudos referidos no ponto anterior. Os auditores externos se podem também confrontar com a necessidade de se debruçarem sobre o futuro das empresas. De facto, sendo a continuidade um dos pressupostos subjacentes à preparação das demonstrações financeiras históricas, o auditor externo poderá ser confrontado com a necessidade de avaliar se tal pressuposto foi ou não tido em consideração pelo órgão de gestão aquando da elaboração das demonstrações financeiras históricas anuais. A responsabilidade pela preparação da informação financeira prospectiva (onde se incluem as contas previsionais) cabe ao órgão de gestão da empresa o qual delegará a execução de tal tarefa em pessoal técnico qualificado. Quando, o auditor for chamado a dar a sua opinião profissional e independente sobre a informação financeira prospectiva ele deve estar consciente dos objectivos que devem ser atingidos após a realização do seu exame. Assim, os principais objectivos que o auditor deve atingir consistem em verificar se: a) Os pressupostos do órgão de gestão em que se baseia a informação financeira prospectiva não são irrazoáveis e, no caso de pressupostos hipotéticos, os mesmos são consistentes com a finalidade da informação; b) A informação financeira prospectiva está devidamente preparada Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 15 Auditoria Financeira na base dos pressupostos; c) A informação financeira prospectiva está devidamente apresentada e todos os pressupostos materiais estão adequadamente divulgados, incluindo a indicação clara quanto a se são pressupostos mais prováveis ou pressupostos hipotéticos; d) A informação financeira prospectiva foi preparada numa base consistente com as demonstrações financeiras históricas, usando políticas contabilísticas apropriadas. Contudo, os auditores devem ter muitos cuidados na redacção dos relatórios relacionados com a informação financeira. 1.5.5. Auditoria Informática A cada vez maior utilização dos computadores no processamento das diversas operações das empresas levou ao desenvolvimento da auditoria informática praticada por técnicos da própria empresa (independentes, ou não, em relação aos auditores internos) ou por técnicos externos (consultores pertencendo ou não aos quadros técnicos das firmas de auditores externos). A auditoria informática tem fundamentalmente como objectivo verificar se existem controlos apropriados, certificar que os mesmos estão implementados e proceder à avaliação da sua eficácia de forma a poder tirar-se conclusões sobre a performance de todo o sistema informático. A auditoria informática assim entendida não tem nada a ver com as técnicas de auditoria assistidas por computador, as quais são “aplicações de procedimentos de auditoria utilizando o computador como uma ferramenta de auditoria. Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 16 Auditoria Financeira 1.5.6. Auditoria Social A crescente importação dos aspectos sociais no seio das empresas tem levado a que em alguns países industrializados, sobretudo nos Estados Unidos da América, Inglaterra e França se tenham começado a desenvolver, desde o início da década de 70, estudos relacionados com a responsabilidade social das empresas, a qual se pode reflectir, por exemplo, na deterioração que a mesma produz na qualidade de vida (poluição), na qualidade dos seus produtos, na confiança que inspira aos consumidores e os seus accionistas minoritários, etc. A designação da palavra auditoria, neste contexto, não é pacífica. Enquanto que os dois primeiros países referenciados se utilizam, respectivamente, as expressões auditoria social e auditoria de responsabilidade social, no último também se usa a expressão balanço social. De qualquer forma, a utilização da palavra auditoria aqui referida não deve ser encarada como uma medida quantitativa, como acontece com a auditoria financeira. Há também quem defenda que os aspectos antes mencionados devem estar englobados na auditoria operacional, entendida como uma fase mais avançada em relação à auditoria interna. 1.6. Princípios Contabilísticos Geralmente Aceites (PCGA) Sendo o objectivo primordial de uma auditoria a verificação da fiabilidade e relevância da informação patrimonial constante nas demonstrações financeiras, e que seja normalizada com as demais empresas, estão definidas regras basilares que permitem a obtenção de uma imagem verdadeira e apropriada da situação financeira da empresa - os Princípios Contabilísticos Geralmente Aceites. Os Princípios Contabilísticos Geralmente Aceites (PCGA) são um conjunto de normas que balizam a preparação das demonstrações financeiras por parte dos Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 17 Auditoria Financeira contabilistas. Constituem portanto, um elenco de elementos disciplinadores do registo e mensuração dos factos contabilísticos, bem como um conjunto de regras respeitantes à forma de apresentação das demonstrações financeiras. Um dos aspectos mais importantes na implementação dos Princípios Contabilísticos Geralmente Aceites na actividade contabilística reside na harmonização da informação financeira produzida pelas empresas. Esta harmonização permite uma uniformização dos critérios a adoptar a elaboração das demonstrações financeiras, e por conseguinte, uma comparação estatística entre as diversas empresas do mesmo sector, região, dimensão, forma jurídica, etc. A harmonização contabilística é uma preocupação de todos os organismos tutelares de mecanismos e métodos de controlo fiscalização da actividade económica. Neste contexto, apresentamos em seguida os PCGA: 1. Da continuidade A empresa é uma entidade que desenvolve a sua actividade de modo contínuo, tendo uma duração ilimitada. Não tem como objectivos a respectiva liquidação ou a redução significativa do volume das suas operações. 2. Da consistência Considera-se que a empresa não altera as suas políticas contabilísticas de um exercício para o outro. Se o fizer, e a alteração tiver efeitos materialmente relevantes, deve ser referida de acordo com o anexo (notas as contas). 3. Da especialização (ou do acréscimo) Reconhecimento dos proveitos e os custos quando obtidos ou incorridos, independentemente do seu recebimento ou pagamento. Devem ser incluídos nas demonstrações financeiras dos períodos a que respeitam. Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 18 Auditoria Financeira 4. Do custo histórico Os registos contabilísticos devem basear-se em custos de aquisição ou de produção, em valores nominais ou constantes. 5. Da prudência Possibilidade de integração nas contas um grau de precaução mediante a realização de estimativas exigidas em condições de incerteza sem, no entanto, permitir a criação de reservas ocultas ou provisões excessivas ou a deliberada quantificação de activos e proveitos por defeito ou de passivos e custos por excesso. 6. Da substância sobre a forma Contabilização das operações de acordo com a substância e a realidade financeira, não as subjugando à sua forma legal. 7. Da materialidade As demonstrações financeiras devem evidenciar todos os elementos que sejam relevantes e que possam afectar as avaliações ou as decisões de seus utentes. A materialidade, depende do tamanho e da natureza de cada item, avaliado nas circunstâncias particulares da sua omissão. 8. Da não compensação Separação dos elementos das rubricas do activo e do passivo (balanço), dos custos e perdas e de proveitos e ganhos (demonstração de resultados), não havendo lugar a encontro de saldos. Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 19 Auditoria Financeira 9. Da correspondência de Balanços Sucessivos O balanço de abertura de exercício tem de apresentar os mesmos saldos que o balanço de encerramento do exercício anterior. 10. Da Recuperação do Custo das Existências As existências finais não devem apresentar-se no Balanço por um valor que não possa ser recuperado com a sua alienação. (Deriva do Princípio da Prudência). 1.6.1. Importância dos PCGA para o Auditor Padrão de Referência: os PCGA constituem o padrão de referência a que recorrem os auditores para fundamentar a sua opinião sobre se as demonstrações financeiras auditadas apresentam de forma verdadeira e apropriada a posição financeira, os resultados e os fluxos de caixa das entidades a que respeitam. Consequência na opinião da prova obtida PCGA foram respeitados As demonstrações financeiras auditadas apresentam de forma verdadeira e apropriada a posição financeira, os resultados e os fluxos de caixa da empresa PCGA não foram respeitados Excepto quanto aos efeitos de determinadas situações, as demonstrações financeiras auditadas apresentam de forma verdadeira e apropriada a posição financeira, os resultados e os fluxos de caixa da empresa. Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 20 Auditoria Financeira CAPÍTULO II. A PROFISSÃO DO AUDITOR Trabalho de Investigação Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 21 Auditoria Financeira CAPÍTULO III. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO DE AUDITORIA 3.1. As Fases da Auditoria Como sabemos, o objectivo de uma auditoria às demonstrações financeiras de uma entidade é o de permitir que o auditor expresse uma opinião sobre se tais demonstrações financeiras estão preparadas, ou não, em todos os aspectos materiais, de acordo com a estrutura conceptual de relato financeiro que lhe seja aplicável e esteja devidamente identificada (por exemplo, o Plano Geral de Contabilidade de Angola, as Normas Internacionais de Contabilidade / Relato Financeiro, etc.). Para a realização de uma auditoria há que seguir diversos “passos” a que alguns autores chamam as fases da auditoria e outros o processo de auditoria. Em cada uma das fases há que executar um conjunto ordenado, sequencial e sistémico de procedimentos podendo os mesmos variar em função da natureza do trabalho (auditoria, revisão /exame simplificado, etc.) e, consequentemente, do tipo de segurança ou garantia de fiabilidade proporcionado pelo auditor. A primeira fase do trabalho tem a ver com a aceitação ou a continuação, por parte do auditor, do cliente que necessita que as suas demonstrações financeiras sejam auditadas. De seguida, o auditor inicia a segunda fase, a qual consiste em planear a respectiva auditoria. Durante a terceira fase, o auditor terá de obter todas as provas de auditoria que entenda indispensáveis para o que terá de realizar os respectivos testes de auditoria. A quarta fase consiste na obtenção das conclusões resultantes do trabalho efectuado. Finalmente, a quinta e última fase tem a ver com a emissão de relatórios, sendo o mais importante o chamado relatório de auditoria/certificação legal das contas, no qual o auditor expressa a sua opinião sobre a forma como as demonstrações Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 22 Auditoria Financeira financeiras reflectem, numa determinada data e relativamente a um determinado período, a posição financeira, o resultado e os fluxos da caixa da entidade auditada. No quadro seguinte, apresentamos sinteticamente, os principais procedimentos a realizar pelo auditor em cada uma das cinco fases. Quadro. 1 As fases da auditoria N/O FASES DA PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS A AUDITORIA REALIZAR PELO AUDITOR 1ª Aceitação ou Avaliar os antecedentes do cliente e as razões que o Continuação do levaram a solicitar a auditoria. Determinar se o auditor cumpre com os requisitos Cliente éticos relativamente ao cliente. Contactar com o auditor anterior. Elaborar e obter o contrato de prestação de serviços de auditoria devidamente assinado. Seleccionar a equipa para realizar a auditoria. 2ª Planeamento da Obter conhecimento da actividade económica do Auditoria cliente, do seu meio envolvente e da legislação que lhe é aplicável. Avaliar o modelo de governação do cliente. Obter conhecimento dos sistemas de informação e de controlo interno do cliente. Identificar as asserções subjacentes às demonstrações financeiras. Efectuar procedimentos analíticos iniciais. Avaliar os riscos de distorções materiais nas demonstrações financeiras e determinar a materialidade. Elaborar o memorando de planeamento e o programa de auditoria, referindo a posição do auditor perante os riscos identificados. 3ª Obtenção de Prova Testes aos controlos. de Auditoria e Testes de detalhes de transacções e de saldos. Realização de Procedimentos analíticos substantivos. Testes de Auditoria Obter confirmações escritas dos advogados. Obter declarações do órgão de gestão. 4ª Conclusão e Identificar acontecimentos subsequentes. Avaliação Determinar quais os ajustamentos e as reclassificações que devem ser incluídos nas demonstrações financeiras. Apreciar a forma como estão apresentadas as demonstrações financeiras. Efectuar o controlo de qualidade da autoria. Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 23 Auditoria Financeira 5ª Relato De Elaborar o relatório de conclusões e recomendações de Auditoria auditoria. Elaborar relatório de auditoria/certificação legal das contas. Fonte: Carlos Baptista da Costa (2014) adaptado. 3.2. Procedimentos Gerais de Auditoria Consistem em métodos e técnicas utilizados pelo auditor para a realização do seu trabalho: 2.2.1. Entrevistas Quem entrevistar? Qual a pessoa que detém a informação pretendida? O que se deseja saber? – Esboço prévio dos aspectos essenciais a esclarecer; Qual o melhor local para realizar a entrevista? – Sugerir o local em função da localização da informação, do ambiente envolvente e de outras condicionantes; Quando realizar a entrevista? – Marcação com antecedência, indicação dos assuntos, previsão da duração; Captar a confiança do entrevistado – analisar a atitude do entrevistado (expectativa, receio, confiança, medo, hostilidade), “descongelar” atitudes negativas, fomentar atitudes de colaboração; Procurar que a entrevista não seja demasiado longa, dado que com o decurso do tempo, o auditor tende a dispersar a sua atenção e capacidade de percepção da informação, ao passo que o entrevistado pode aborrecer-se e fechar-se, limitando a informação que pode dar; Carácter objectivo e predominantemente técnico: Após a fase inicial, os assuntos têm de assumir um carácter técnico; Entrevistador não pode emitir opiniões de carácter pessoal; Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 24 Auditoria Financeira Nem opiniões valorativas sobre outros elementos da organização auditada. 3.2.2. Observação Consiste na capacidade do auditor estar atento a tudo o que o rodeia na empresa, com o objectivo de avaliar como são aplicadas na prática as funções atribuídas a cada pessoa e, em geral, como são cumpridos os normativos em vigor. Deve-se ter em atenção alguns aspectos: Seguir as diversas fases e circuitos de um documento ou de uma operação; Apreciar os procedimentos de controlo adoptados; Verificar as regras de segurança; Verificar a carga de trabalho dos empregados; Apreciar a forma de organização da documentação; Observar o nível de arrumação das instalações; Estar atento ao modo como se fazem as conferências. O sucesso deste procedimento depende essencialmente da experiência detida pelo auditor. Embora seja um procedimento que não permite tirar conclusões definitivas, constitui um bom instrumento para a formação da opinião do auditor, sendo portanto, de extrema importância para a eficiência do trabalho de auditoria. 3.2.3. Inspecção Consiste na verificação de bens ou documentos, no âmbito do trabalho de auditoria. Os diversos tipos de inspecções agrupam-se sob dois conjuntos principais: Inspecção física: Identificar os bens; Verificar a sua propriedade; Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 25 Auditoria Financeira Verificar a conformidade dos bens com os registos contabilísticos e documentais de suporte; Verificar o seu estado de uso e de depreciação; Apreciar a valorização que lhes está atribuída; Avaliar a sua utilidade e potencial de utilização face à actividade da empresa. Inspecção documental: Verificar a autenticidade do documento; Confirmar a regularidade processual, incluindo os antecedentes e os factos subsequentes; Verificar a existência de todos os elementos essenciais exigidos ao documento; Confirmar a adequação do registo contabilístico; Avaliar a suficiência da documentação face às operações e movimentos que lhe estão associados; Analisar o significado da operação face à actividade da empresa; Apreciar a razoabilidade dos valores envolvidos. 3.2.4. Confronto Consiste na comparação de toda e qualquer informação, dados ou registos, desejavelmente com origem em fontes diferenciadas, com o objectivo de analisar a sua razoabilidade. A comparação pode ser feita em valores relativos, valores absolutos, relativamente a informações ou a factos. Quando se comparam valores, este procedimento permite indiciar evoluções anómalas ou que carecem de justificação adicional, identificando-se, assim, procedimentos subsequentes a efectuar. Exemplos: ⎯ Valores reais Vs valores orçamentados; ⎯ Valores do ano N Vs valores do ano N-1; Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 26 Auditoria Financeira ⎯ Valores da empresa Vs valores médios do sector; ⎯ Valores agregados Vs valores analíticos. Quando se confrontam relatos diferentes do mesmo facto ou informações discordantes, pode estar em causa o conhecimento ou entendimento da situação, ou pode-se estar perante uma tentativa de iludir o auditor. Exemplos: ⎯ Afirmação diferente do responsável comercial e do responsável financeiro quanto ao prazo de recebimentos praticado; ⎯ Discordância entre o relato dos factos e o suporte documental que lhes está subjacente. 3.2.5. Análise Consiste na decomposição de movimentos, saldos e outros registos contabilísticos, partindo dos elementos mais agregados para as informações mais detalhadas. É fundamental que o auditor tenha em atenção: A identificação prévia dos objectivos; Evitar análises detalhadas sem perspectivas de resultados relevantes face aos objectivos definidos; Espírito crítico face a caminhos errados; Uma análise sistemática do “value for money” (relação custo/benefício) do trabalho realizado; A possibilidade de surgirem outros elementos ou informações que possam ser relevantes para outras áreas da auditoria; A importância de não se confiar no assunto que se está a analisar. Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 27 Auditoria Financeira 3.2.6. Confirmação É o processo de obtenção de elementos de prova na empresa ou directamente de terceiros, como forma de validar determinado saldo, facto ou informação. Confirmação interna: Documentação emitida pela empresa. Exemplo: nota de encomenda para um fornecedor; Documentação enviada por terceiros à empresa. Exemplo: factura de um fornecedor. Confirmação externa: Circularizações, obtidas através de cartas ou circulares. Exemplo: resposta de um fornecedor a um pedido de confirmação dos valores em dívida; Certidões obtidas através de requerimento. Exemplo: confirmação da propriedade de um imóvel obtido junto da conservatória do registo predial. A obtenção de evidência através de confirmação externa constitui, normalmente, um meio de prova merecedor de um grau de credibilidade superior ao da confirmação interna. 3.2.7. Conferência Consiste em verificar a exactidão e correcção dos saldos e das operações. Deve-se ter em atenção que: ⎯ A existência de prova de conferência efectuada pela empresa não constitui prova da exactidão das operações ou dos saldos; ⎯ A exactidão da soma não garante a veracidade do conteúdo das parcelas; ⎯ A fita de máquina do cliente junto de um conjunto de documentos não constitui prova credível para o auditor quanto à sua veracidade e exactidão; ⎯ A existência de procedimentos informatizados não garante a veracidade do processamento; Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 28 Auditoria Financeira ⎯ A correcção de um processamento não constitui qualquer garante quanto à fiabilidade dos inputs; ⎯ É necessário apreciar os elementos e documentação de suporte. 3.3. Risco em Auditoria 3.3.1. Risco Profissional A credibilidade e a competência são características fundamentais do auditor. Qualquer erro evidenciado no relatório de auditoria potencia uma imagem negativa em relação ao trabalho desenvolvido e ao próprio auditor. 3.3.2. Risco de Serviço ao Cliente O cliente cria expectativas muito fortes quanto à qualidade e rigor do trabalho desenvolvido. Existe uma carga de compromisso muito forte por parte do auditor em relação ao cliente. 3.3.3. Risco de Auditoria Possibilidade de ocorrência de erros ou irregularidades significativas ao nível das demonstrações financeiras, ou de qualquer outra situação objecto de auditoria, que não sejam detectadas no decurso do trabalho desenvolvido. Engloba três níveis de risco: Risco inerente – consiste na susceptibilidade de as demonstrações financeiras conterem erros ou irregularidades significativas, assumindo que não existe estrutura, políticas e procedimentos de controlo interno instituídos; Risco de controlo – consiste na possibilidade de os sistemas e procedimentos de controlo interno falharem na prevenção ou detecção, em tempo útil, de erros ou irregularidades significativos; Risco de detecção – consiste na eventualidade de os procedimentos de auditoria falharem na identificação de eventuais erros ou irregularidades relevantes patentes nas demonstrações financeiras. Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 29 Auditoria Financeira 3.4. Determinação da Materialidade em Auditoria Como se sabe, as DFs devem evidenciar todos os elementos que sejam relevantes e que possam afectar avaliações ou decisões pelos utilizadores interessados. De acordo com a estrutura conceptual do IASB a informação é material se a sua omissão ou distorção influenciarem as decisões económicas dos utilizadores tomadas na base das DFs. A ISA 320 refere que, na realização do seu trabalho, o auditor deve tomar em consideração a materialidade e a sua relação com o risco de auditoria, sendo que a determinação da materialidade é matéria do seu julgamento profissional e é afectada pela percepção que ele tem das necessidades de informação financeira dos utilizadores das Dfs. A materialidade pode ser entendida quer em termos quantitativos quer em termos qualitativos. Em termos quantitativos, a materialidade associada às distorções reflecte-se geralmente no balanço e na demonstração de Resultados. É o caso, por exemplo, de activos/proveitos sobreavaliados e/ou passivos/custos subavaliados. Em termos qualitativos, a materialidade reflecte-se, geralmente, no anexo por via de inadequadas divulgações de informações que devam desenvolver, comentar e complementar as quantias constantes nos documentos atrás referidos. São os casos, por exemplo, da deficiente divulgação das políticas contabilísticas adoptadas na preparação das Dfs ou da não divulgação dos honorários dos auditores e das remunerações de cada um dos membros dos órgãos sociais. Um problema importante que se coloca ao auditor tem a ver com efeito cumulativo de pequenas quantias as quais, no seu conjunto, podem afectar significativamente as DFs. O auditor necessita pois de considerar se o efeito líquido agregado das distorções específicas é material e se é adequado estimar outras distorções que não tenham sido influenciadas mas que se relacionem com as primeiras. Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 30 Auditoria Financeira A materialidade deve ser tida em consideração pelo auditor não só quando determina a natureza, tempestividade e extensão dos procedimentos de auditoria mas também quando avalia o efeito das distorções. Por outro lado, existe uma relação inversa entre a materialidade e o nível do risco de auditoria, pelo que quanto maior for o nível de materialidade menor será o risco de auditoria. E vice versa. Assim, enquanto que a materialidade tem a ver com uma medida de precisão, o risco de auditoria está relacionado com uma medida de credibilidade. A materialidade deve ser tida em consideração aquando da fase de planeamento da auditoria em relação com: — O seu nível global; — Os itens tomados individuais ou agregadamente; — Considerações de natureza legal e reguladora. Estas situações podem obviamente resultar em diferentes níveis de materialidade, os quais são, como já vimos, uma questão de julgamento profissional do auditor. Há autores que entendem que uma distorção, considerada individual ou agregadamente, pode ter um impacto material nas DFs quando o seu efeito quantitativo for considerado importante se comparado, em termos, percentuais, com determinados indicadores, como segue: Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 31 Auditoria Financeira Tabela 2. Determinação da materialidade em Auditoria. Indicador Fonte Fonte Fonte Resultado Bruto - 2 - RAI 5 a 10 » 10 5 a 10 Total da Vendas e das PS 0,5 a 2 0,5 0,5 a 1 Total do Activo 0,5 a 2 0,5 0,5 a 1 Total do Activo Corrente 5 a 10 - - Total do Passivo Corrente 5 a 10 - - Total do Capital Próprio 1a5 1 1 Fonte: Carlos Baptista da Costa (2014) adaptado. De notar que em termos qualitativos, uma distorção deve ser sempre considerada material se, entre outras situações, tiver por base uma fraude ou irregularidade ou quando resultar do incumprimento das Leis ou dos regulamentos aplicáveis. Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 32 Auditoria Financeira CAPÍTULO IV. CONTROLO INTERNO 4.1. Objectivos do Controlo Interno O sistema de controlo interno é essencial para o exercício da actividade operacional de qualquer empresa, por mais pequena que seja. Por este motivo, a implementação de um adequado sistema de controlo interno constitui uma responsabilidade dos órgãos de gestão das empresas. Ao estabelecer um sistema de controlo interno, há que ter em linha de conta a definição de autoridade e delegação de poder, a segregação, separação e/ou divisão de funções, o controlo das operações, a numeração dos documentos e a adopção de provas e conferências independentes. Dentro de uma empresa a definição de autoridade e delegação de poder visa definir claramente as funções e as relações hierárquicas de todo o pessoal. Nas grandes empresas e nalgumas médias empresas, tal definição é esquematizada num organograma e estabelecida num manual de descrição de funções, num manual de políticas e procedimentos contabilísticos e num manual de medidas de controlo interno; nas pequenas empresas, pelo contrário, deve ser bastante variável e flexível. A separação de funções refere-se à conveniência de a função contabilística estar separada da função operacional, de modo a que não seja possível a uma mesma pessoa ter a seu cargo simultaneamente o controlo físico de um activo e os registos que lhe são adstritos. Aplica-se não só a pessoas de secções diferentes mas também a pessoas da mesma secção e refere-se também à conveniência de ninguém ser responsável por uma operação desde o seu início até ao seu termo. Uma forma de atingir este objectivo é promover uma rotação periódica dos empregados de cada secção entre si. Por controlo de operações entende-se essencialmente a sequência com que decorrem, isto é, o ciclo autorização – aprovação – execução – registo – custódia, de acordo com os critérios estabelecidos. A numeração dos documentos (facturas, recibos, ordens de compra, guias de entrada em armazém, listas ou talões de contagem, entre outros) deve ser sequencial, pois que tal Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 33 Auditoria Financeira constitui um factor de controlo bastante importante, dado que possibilita detectar quaisquer utilizações inapropriadas dos mesmos. Além disso deve existir um controlo numérico de todos os documentos recebidos da tipografia de modo a que a sua entrada ao serviço ocorra de forma sequencial. A adopção de provas e conferências independentes visa, por um lado actuar sobre o sistema implementado e, por outro, sobre o trabalho que cada pessoa executa, de modo a obter-se o menor número de erros possível. De uma forma sintética poder-se-á dizer que um sistema de controlo interno consiste, fundamentalmente, num plano de organização destinado a cumprir, entre outros, com os seguintes objectivos: ― Obter informação financeira atempada e fidedigna; ― Proporcionar uma garantia razoável de que as transacções são autorizadas e executadas de acordo com a delegação de competências e segregação de funções existente dentro da ― Organização; ― Proporcionar o cumprimento de normas internamente estabelecidas e das diversas disposições legais; ― Permitir a realização dos objectivos previamente definidos, utilizando da forma mais eficiente os recursos disponíveis; ― Proporcionar a salvaguarda dos activos da empresa; ― Prevenir e detectar eventuais erros e fraudes; ― Permitir a responsabilização dos diversos intervenientes no processo de organização e gestão da empresa. American Institute of Certified Public Accountants (AICPA), caracteriza o controlo interno em dois grandes tipos de controlo: O Controlo Interno Administrativo, que contém o plano de organização e os procedimentos e registos que se relacionam com os processos de decisão. É sobretudo um controlo sobre a eficiência e eficácia das áreas operacionais, tendo apenas uma influência indirecta nas demonstrações financeiras. Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 34 Auditoria Financeira O Controlo Interno Contabilístico, que tem grande influência nas demonstrações financeiras, podendo afectar significativamente os registos contabilísticos (e consequentemente as demonstrações financeiras finais), razão pela qual deve merecer uma atenção muito especial quer por parte do auditor interno, quer, sobretudo, por parte do auditor externo. Especificamente, compreende o plano da organização e os registos e procedimentos que se relacionam com a salvaguarda dos activos e com a confiança que inspiram os registos contabilísticos. Os sistemas de controlo interno divergem, naturalmente, de empresa para empresa e muito significativamente entre uma grande e uma pequena empresa. Empresas há em que a dimensão não permite uma adequada segregação de funções, nem a relação custo benefício justifica a implementação dos sistemas considerados adequados. 4.2. Componentes do Controlo Interno O Controlo Interno Compreende os seguintes componentes: 1. O ambiente de controlo; 2. O processo de determinação/avaliação do risco da entidade; 3. O sistema de informação, incluindo os processos de negócios relacionados, relevantes para o relato financeiro e comunicação; 4. As actividades de controlo, e 5. A monitorização dos controlos. O primeiro componente do controlo interno (o ambiente de controlo) inclui as funções de governação e de gestão e as atitudes, a consciência e as acções dos responsáveis pelas referidas funções em relação ao controlo interno da entidade e à sua importância para a mesma. Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 35 Auditoria Financeira O ambiente de controlo compreende os seguintes elementos: a) Comunicação e fazer cumprir valores éticos e de integridade; b) Compromisso com a competência; c) Participação dos responsáveis pela governação; d) Filosofia de gestão e estilo operacional; e) Estrutura organizacional; f) Atribuição de autoridade e de responsabilidade; g) Políticas e práticas de recursos humanos. O segundo componente do controlo interno (o processo de determinação/avaliação do risco da entidade) tem a ver com o processo para identificar e responder aos riscos do negócio e os respectivos resultados. Os riscos podem surgir ou alterar-se devido a diversas circunstâncias tais como: a) Alterações no meio envolvente operacional; b) Novos trabalhadores; c) Novos ou reformulados sistemas de informação; d) Crescimento rápido; e) Nova tecnologia; f) Novos modelos de negócio, produtos ou actividades; g) Restruturações da empresa; h) Expansão de operações para o estrangeiro; i) Novos pronunciamentos contabilísticos. Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 36 Auditoria Financeira O terceiro componente do controlo Interno (o sistema de informação, incluindo os processos de negócio relacionados, relevante para o relato financeiro e comunicação), tem a ver com o facto de que um sistema de informação compõe-se de infra-estruturas (componentes físicos e de hardware), software, pessoas, procedimentos e dados. Neste sentido, qualquer sistema de informação que seja relevante para os objectivos do relato financeiro, consiste em procedimentos e registos estabelecidos não só para iniciar, registar, processar e relatar as transacções, acontecimentos e condições da entidade como também para manter responsabilidade sobre os activos, passivos e capital próprio relacionado. Relativamente ao quarto componente do Controlo Interno (as actividades de Controlo), define-se como sendo as políticas e os procedimentos que ajudam a assegurar que as directivas da gestão são cumpridas, como por exemplo, que são tomadas as acções necessárias para enfocar riscos que ameaçam que sejam atingidos os objectivos da entidade. As actividades de controlo, seja em sistemas manuais seja em sistemas de tecnologias de informação, que podem ser relevantes para a auditoria podem ser classificadas como políticas e procedimentos, como sejam: autorização; revisão da execução; processamento da informação; controlos físicos e segregação de funções. No que se refere ao quinto componente do controlo Interno (monitorização do controlo), importa referir que esta é uma importante responsabilidade da gestão a qual inclui verificar se os controlos estão a operar como se previa e se os mesmos são modificados apropriadamente face às alterações das codificações. Como exemplos de monitorização de controlos a efectuar pela gestão temos os seguintes: a) Verificar se as reconciliações bancárias estão a ser feitas tempestivamente; b) Verificar se as vendas estão a ser feitas de acordo com as políticas aprovadas; Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 37 Auditoria Financeira c) Verificar se o departamento jurídico supervisiona o cumprimento das políticas relativas a práticas éticas ou negociais. 4.3. Limitações do Controlo Interno O estabelecimento e a manutenção de um sistema de controlo interno é uma das mais importantes responsabilidades do órgão de gestão de qualquer empresa. No entanto é óbvio poder afirmar-se que o facto de existir um sistema implementado não significa que o mesmo esteja operativo. E mesmo que esteja operativo podem não ser atingidos os objectivos. Na realidade existem diversos factores que limitam o controlo interno, como por exemplo: a) Não interesse por parte do órgão de gestão na manutenção de um bom sistema de controlo; b) A dimensão da empresa; c) A relação custo/benefício; d) A existência de erros humanos, conluio e fraudes; e) As transacções poucos usuais; f) A utilização da informática. 4.4. Formas de Recolher e de Registar os Sistemas Contabilísticos e de Controlo Interno Como sabemos, cabe ao órgão de gestão de qualquer empresa a implementação de adequados sistemas contabilísticos e de controlo interno; Na realização de uma auditoria, o objectivo principal é a emissão de um relatório sobre as Demonstrações Financeiras. Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 38 Auditoria Financeira O auditor deve obter uma suficiente compreensão da entidade e do seu meio envolvente, incluindo o seu controlo interno, para avaliar o risco de distorções materiais das demonstrações financeiras, seja devido a erro ou a fraude, e a conceber a natureza, tempestividade e extensão de procedimentos adicionais de auditoria. Neste sentido, os auditores externos devem proceder ao levantamento ou recolha dos sistemas contabilísticos e de controlo interno. Assim deverão começar por analisar: − Os organigramas; − O manual de descrição de funções; − Os manuais de políticas e procedimentos contabilísticos e das medidas de controlo interno; − Quaisquer outras informações (ordens de serviço, instruções de serviço, comunicações internas, etc.) que de algum modo se relacionem com os aspectos do controlo administrativo e de controlo contabilístico. O auditor externo terá que completar as leituras que fez com: − Entrevistas com os responsáveis das diversas secções e, quando julgado necessário, com os próprios executantes das tarefas; − Observação da forma como as tarefas são executadas e como a documentação é tratada. Como se sabe, em auditoria é fundamental ficar com prova do trabalho realizado. Neste sentido, existem quatro formas de registar os sistemas contabilístico e de controlo interno, as quais podem ser através de questionários padronizados, narrativas, fluxogramas e de tipo misto. Um questionário padronizado, consta de um conjunto mais ou menos extenso de procedimentos contabilísticos e de medidas de controlo interno que se deseja estejam implementar numa empresa minimamente organizada; Uma narrativa consta de uma descrição relativamente detalhada dos procedimentos contabilísticos e das medidas de controlo interno existentes em cada uma das diversas Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 39 Auditoria Financeira áreas operacionais da empresa; Um fluxograma é uma forma de representação gráfica que se socorre de vários símbolos para apresentar os diversos procedimentos contabilísticos e medidas de controlo interno existentes em cada uma das diferentes áreas operacionais da empresa. 4.5. Fraudes e Erros As distorções nas DFs. podem resultar de fraudes ou erros. O termo “erro” refere-se a uma distorção não intencional nas DFs, incluindo a omissão de uma quantia ou de uma divulgação, tais como: − Um engano na reunião ou no processamento de dados com base nos quais são preparadas as DFs.; − Uma estimativa contabilística incorrecta resultante de um descuido ou de uma má interpretação de factos; − Um engano na aplicação de políticas contabilísticas relacionadas com o reconhecimento, mensuração, apresentação ou divulgação. Fraude refere-se a um acto intencional praticado por uma ou mais pessoas de entre os responsáveis pela governação, os gestores, os empregados ou terceiros, envolvendo o uso de enganos com o fim de obter vantagens ilícitas ou ilegais. As distorções nas DFs. resultantes de actos intencionais podem ser devidas a: − Relato financeiro fraudulento; − Apropriação indevida (desvio) de activos. O relato financeiro fraudulento envolve distorções intencionais incluindo omissão de quantias ou omissão de divulgações nas DFs. com o objectivo de enganar os seus utilizadores. Muitas vezes o relato financeiro fraudulento envolve o facto de os gestores ignorarem deliberadamente controlos que de outra forma podiam parecer que estavam a funcionar eficazmente. Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 40 Auditoria Financeira A fraude pode ser cometida pelos gestores ignorando controlos e utilizando técnicas como: − Registando lançamentos fictícios, sobretudo perto do final de um período contabilístico, a fim de manipularem os resultados operacionais ou para atingirem outros objectivos; − Ajustando inapropriadamente pressupostos e alterando julgamentos utilizados para estimar saldos de contas; − Omitindo, antecipando ou diferindo o reconhecimento nas DFs de acontecimentos e transacções que tenham ocorrido durante o período de relato; − Envolvendo-se em transacções complexas que sejam estruturadas para apresentar indevidamente a posição financeira ou o desempenho financeiro da entidade, e − Alterando registos e condições relativos a transacções significativas e pouco usuais. Por seu lado, a apropriação indevida (desvio) de activos envolve o roubo dos activos de uma entidade, o qual é muitas vezes perpetrado por empregados em quantias relativamente pequenas ou imateriais. Contudo, pode também envolver os gestores que são geralmente mais capazes de disfarçar ou ocultar apropriações indevidas de forma a dificultar a sua detecção. A aplicação indevida de políticas contabilísticas pode ser considerada uma fraude ou um erro, dependendo a sua classificação da intenção com que se pratica o acto. O auditor é responsável por obter uma segurança razoável de que as DFs consideradas como um todo estão isentas de distorções materiais, causadas quer por fraude ou por erro. Contudo, um auditor não pode obter segurança absoluta de que distorções materiais nas DFs serão detectadas devido a factores como a utilização de julgamento, a utilização de testes, as limitações inerentes do controlo interno e o facto de que muita da prova de auditoria disponível para o auditor é persuasiva em vez de conclusiva em natureza. Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 41 Auditoria Financeira O risco de os auditores não detectarem distorções materiais resultantes de fraudes é maior do que o risco de não detectarem distorções materiais resultantes de erros. Neste sentido, sempre que os auditores se encontram perante uma situação que indicia a existência de fraudes ou erros que, na sua óptica, podem distorcer de forma material as DFs, devem executar procedimentos adicionais ou modificar os que tinham sido previstos. Os auditores devem comunicar ao órgão de gestão, tão rapidamente quanto seja possível, se suspeitam da existência de fraudes, mesmo que os seus potenciais efeitos nas DFs não sejam materiais. Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 42 Auditoria Financeira CAPÍTULO V. A PROVA DE AUDITORIA 5.1. Importância e Conceito de Prova Prova é o elemento material para demonstração de uma verdade. Neste sentido, a prova de auditoria pode ser entendida como todas as informações utilizadas pelo auditor que lhe possibilitam chegar às conclusões sobre as quais se baseia a sua opinião. A prova de auditoria obtém-se através da realização de 1. Procedimentos de avaliação do risco; e 2. Procedimentos de auditoria adicionais, os quais compreendem: a) Testes aos controlos, quando exigidos pelas normas e/ou regulamentos ou quando o auditor entender efectuá-los; e b) Procedimentos substantivos, incluindo testes de detalhe (de classes de transacções, de saldos de contas e de divulgações) e procedimentos analíticos substantivos. Os procedimentos de avaliação do risco são de acordo coma a ISA 315, os procedimentos de auditoria efectuados com o fim de se obter uma compreensão da entidade e do seu meio envolvente, incluindo o controlo da mesma, a fim de identificar e avaliar os riscos de distorção material, quer devido a fraude ou erro, a nível das demonstrações financeiras e das asserções. Os testes aos controlos são os procedimentos de auditoria concebidos para avaliarem a eficácia operacional dos controlos em prevenirem, ou detectarem e corrigirem, distorções materiais a nível das asserções; Os procedimentos substantivos são os procedimentos de auditoria concebidos para detectarem distorções materiais a nível das asserções. Os testes de detalhe têm a ver, sobretudo, com a análise dos movimentos e dos saldos das contas e de outros registos contabilísticos com o fim de se constatar a credibilidade que merece a informação divulgada nas DFs. Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 43 Auditoria Financeira Os procedimentos analíticos substantivos são as avaliações da informação financeira feitas através da análise de razões plausíveis entre dados financeiros e não financeiros. Estes procedimentos também compreendem investigações, conforme for necessário, de flutuações ou de relações identificadas que sejam inconsistentes com outras informações relevantes ou que divirjam significativamente de valores esperados. O auditor deve obter prova de auditoria suficiente e apropriada, termos estes que estão interligados (ISA 500), e ao longo do seu trabalho, deve manter uma atitude de cepticismo profissional, a qual, tem a ver com uma atitude que inclua não só uma mente interrogativa e que esteja alerta para condições que possam indicar possíveis distorções, quer devido a erro quer a fraude, como também uma avaliação crítica das provas de auditoria que vai obtendo (ISA 200). 5.2. A Credibilidade da Prova Quanto a forma como o auditor obtém a prova, ela pode ser: Interna (Quando é obtida na empresa auditada) ou Externa (Quando é obtida fora da empresa auditada); Quanto à origem ou fonte da prova, ela também pode ser classifica em interna (documento elaborado pela empresa. Por exemplo, cópia de uma factura emitida para um cliente) ou em externa (documento produzido por uma terceira entidade. Por exemplo factura de um fornecedor) Quanto à natureza da prova a mesma pode ser visual (verificar como um empregado da empresa auditada executa uma determinada tarefa), oral (resultante de uma conversa com um gestor, empregado, etc.) ou documental (baseada em documento). A credibilidade da prova depende das várias circunstâncias em que a mesma é obtida. Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 44 Auditoria Financeira Tabela 3. A Credibilidade da Prova Prova de Auditoria Exemplos Mais Credível Prova gerada fora da empresa e Respostas aos pedidos de directamente recebida pelo auditor confirmação externa... Prova gerada fora da empresa e em seu Extractos bancários; facturas puder e recibos dos fornecedores... Menos Credível Prova gerada dentro da empresa com Cópias das facturas e guias de circulação externa remessa para os clientes... Prova gerada dentro da empresa sem Guias de recepção e de circulação externa entrada em armazém Fonte: Carlos Baptista da Costa (2014) adaptado. 5.3. Procedimentos Para a Obtenção da Prova de Auditoria Para obter prova de auditoria, é indispensável efectuar um ou vários procedimentos de auditoria. Os procedimentos de auditoria referem-se, especificamente aos métodos ou técnicas usados pelos auditores na realização do seu exame. Os procedimentos de auditoria podem variar de trabalho para trabalho de forma a se ajustarem às circunstâncias específicas de cada caso. Os procedimentos estabelecem-se, portanto, de acordo com o julgamento que o auditor faz do trabalho a desenvolver, dependendo a extensão da sua aplicação não só da forma como estão implementado os sistemas contabilísticos e de controlo interno existentes na empresa objecto de auditoria como também da sua eficácia. Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 45 Auditoria Financeira Os procedimentos de auditoria dividem-se em gerais e específicos. Os primeiros têm aplicação em várias fases da execução do exame enquanto que os segundos são usados em situações muito concretas no decorrer das várias áreas da auditoria. Existem vários procedimentos de auditoria, entre os quais destacamos os seguintes (ISA 500): Inspecção, observação, confirmação externa, recálculo, reexecução, procedimentos analíticos e indagação. a) Inspecção. A inspecção de registos ou de documentos consiste no exame daqueles que suportam as diversas transacções ou operações. Por seu lado, a inspecção de activos tangíveis consiste na verificação física dos respectivos bens (numerário, inventários, activos fixos, etc.). b) Observação Trata-se de observar como são desenvolvidas na prética as funções cometidas às várias pessoas. c) Confirmação Externa Este é um dos mais importantes procedimentos que o auditor realiza para a obtenção das provas necessárias à emissão do seu relatório. As confirmações podem ser obtidas através de certidões ou de circularização). A confirmação pode ser efectuada de forma positiva ou de forma negativa, sendo que a positiva proporciona muito mais garantias do que a confirmação negativa. d) Recálculo Trata-se da verificação da exactidão dos cálculos aritméticos de documentos ou de registos efectuados pela empresa assim como da adequação das bases em que os mesmos foram efectuados. Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 46 Auditoria Financeira e) Reexecussão Consiste na execução, por parte do auditor, de procedimentos ou controlos originalmente realizados como parte do controlo interno da entidade. A reexecussão pode ser efectuada manualmente ou através de técnicas de auditoria assistidas por computados, como por exemplo, reexecutar o balancete de clientes por antiguidade de saldos. f) Procedimentos Analíticos Consistem nas avaliações da informação financeira feitas através da análise de relações plausíveis entre dados financeiros e não financeiros. Referem-se a todo o tipo de comparações, quer em termos absolutos quer em termos relativos, que possam ser realizadas com base nas informações contabilístico-financeiras e de gestão. g) Indagação É indispensável o auditor fazer todas as perguntas (indagações) que entender necessárias a fim de obter os esclarecimentos inerentes à processos do seu exame. E as mesmas podem ser dirigidas a qualquer trabalhador da empresa, conforme a área que esteja a ser examinada. 5.4. A Selecção de Amostras Para a Obtenção da Prova de Auditoria A prova de auditoria obtém-se através da realização de testes aos controlos e de procedimentos substantivos. Quanto ao pormenor com que são executados, as auditorias não abarcam, em princípio, todas as transacções realizadas durante o exercício. De acordo o nº 16 das Normas Técnicas de revisão/Auditoria da OROC refer, a complexidade e o volume das operações levam, em regra, o revisor/ auditor a fazer incidir os seus procedimentos de revisão/auditoria sobre amostras, as quais devem ser criteriosamente seleccionadas. Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 47 Auditoria Financeira Por seu lado, a ISA 539 refere que a amostragem em auditoria consiste na aplicação de procedimentos de auditoria a menos de 100% dos itens de uma população de relevância para a auditoria, de tal forma que todas as unidades de amostragens tenham a possibilidade de ser seleccionadas a fim de proporcionar ao auditor uma base razoável sobre a qual ele retire conclusões acerca de toda a população. É importante que o auditor assegure de que a população é apropriada e completa. Quando não é possível realizar o censo utiliza-se em auditoria a chamada prova selectiva que “é um método através do qual se obtêm conclusões sobre as características de um conjunto numeroso de partidas (universo) mediante o exame de um grupo parcial delas (amostra). De acordo com as circunstâncias específicas de cada auditoria, a amostragem pode apoiar-se em métodos estatísticos ou em métodos não estatísticos podendo qualquer deles proporcionar prova suficiente para o auditor. Neste sentido, o auditor pode decidir seleccionar itens específicos de uma população baseado em diversos factores como a sua compreensão da entidade, o risco avaliado de distorção material e as características da população a ser testada. Os itens específicos a ser seleccionados podem incluir: Valores elevados ou itens chave; Todos os itens a partir de uma determinada quantia; Itens para obtenção de informações; Itens para testar as actividades de controlo. A amostragem não estatística, também de apreciação, é aquela em que o auditor, apoiado num critério subjectivo, determina o tamanho da amostra, a selecção das partidas que a integram e a avaliação dos resultados. Este critério baseia-se na apreciação, juízo e critério próprios do auditor assim como na sua capacidade e experiência profissional. Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 48 Auditoria Financeira A amostragem estatística é aquela em que a determinação do tamanho da amostra, a selecção das partidas que a integram e a avaliação dos resultados se fazem por métodos matemáticos baseados no cálculo das probabilidades. A utilização da amostragem estatística apresenta as seguintes vantagens: 1. Facilita a determinação de uma amostra eficiente; 2. Mede a suficiência da matéria de prova; 3. Facilita a avaliação dos resultados da amostra; 4. Permite a quantificação dos riscos da amostragem. A amostragem de apreciação é de fácil aplicação. Por este motivo é mais aplicada do que a estatística. O auditor deve sempre efectuar as seguintes fazes: 1. Determinar o tamanho apropriado da amostra; 2. Seleccionar ou identificar a amostra; 3. Aplicar procedimentos de auditoria apropriados aos itens seleccionados; 4. Avaliar os resultados da amostra. Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 49 Auditoria Financeira 5.4.1, Técnicas de selecção de Amostra de Auditoria baseadas na amostragem de apreciação As técnicas de selecção de amostra de auditoria baseadas na amostragem de apreciação são as seguintes: 1. Amostragem por intervalo; 2. Amostragem por blocos; 3. Amostragem por números aleatórios; e 4. Amostragem sobre valores estratificados. 5.4.1.1. Amostragem por intervalo Também chamada sistemática ou sequencial, aplica-se nas populações onde as partidas que integram estejam ordenadas de forma consecutiva. Para aplicação desta técnica deverão ser seguidas as seguintes fases: 1. Determinar a população (N); 2. Determinar o tamanho da amostra (n); 3. Calcular o intervalo (i), dividindo N por n; 4. Seleccionar o item de começo, a partir, por exemplo, de uma tabela de números aleatórios; 5. Determinar os itens da amostra adicionando o intervalo ao item de começo e assim sucessivamente. Esta técnica é aplicada por exemplo, na realização dos testes de controlo. Suponhamos que o número de facturas emitidos durante um determinado período foi de 1000 (N), numeradas de 1 a 1000, e que se pretende seleccionar 200 (n) para a realização do teste, de onde resulta que o intervalo será 5 (1000/200). Se a factura de começo tiver o número 4 (calculado aleatoriamente) a segunda factura a testar será a Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 50 Auditoria Financeira que tiver o número 9 (4+5) e assim sucessivamente até serem seleccionadas todas as duzentas. 5.4.1.2. Amostragem por blocos Também é aplicada na realização dos testes de controlos. Consiste em seleccionar, numa base de apreciação, uma ou mais partes da população efectuando-se de seguida os testes de auditoria a todas as partes da população seleccionada. Cada parte da população (bloco) deve ser sequencial (contígua) e, tanto quanto possível, ser representativa do universo. Voltando ao exemplo anterior é lícito admitir que as facturas contabilizadas se referem a vendas de valor grande, médio e pequeno realizadas uniformemente ao longo do período. Por outras palavras, não será curial que, se o período em causa for o ano, no primeiro quadrimestre se façam as vendas de maior valor, no segundo quadrimestre as de valor médio e no último quadrimestre as de pequeno valor. Então cada bloco deverá incluir facturas de valor grande, médio e pequeno. Se, se pretender testar 200 facturas, poder-se-á seleccionar 4 blocos, cada um com 50 facturas, devendo cada bloco ser um conjunto sequencial de 50 facturas representativas do universo. Assim, os blocos poderiam ser, por exemplo, os seguintes: Número do Bloco Número das facturas 1º 25 á 74 2º 289 a 338 3º 660 a 709 4º 909 a 958 Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 51 Auditoria Financeira 5.4.1.3. Amostragem por números aleatórios Consiste em submeter a uma determinada população o concurso de selecção das partidas que hão-de representar através de números ao acaso obtidos de um computador ou de uma tabela de números aleatórios previamente elaborados. Nesta técnica cada unidade da amostra tem a hipótese de ser seleccionada da população e pode ser aplicada na realização do teste aos controlos dos gastos com o pessoal. 5.4.1.4. Amostragem sobre valores estratificados Consiste em seleccionar todas as partes de uma população a partir de um determinado valor mínimo. Segundo a ISA 530, a estratificação é o processo de dividir uma população em subpopulações, cada uma das quais é um grupo de unidades de amostragem com características similares (muitas vezes valores monetários) Por exemplo, se o âmbito da circularização dos clientes é de Kz 100.000,00 significa que todos os clientes com saldos iguais ou superiores àquele valor devem ser circularizados uma vez o total de tais saldos representará uma percentagem muito significativa do saldo global da conta. Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 52 Auditoria Financeira 5.4.2. Técnicas de selecção de Amostra de Auditoria baseadas na Amostragem Estatística As técnicas de selecção de amostra de auditoria baseadas na amostragem estatística são as seguintes: 1. Amostragem sobre valores acumulados; e 2. Amostragem numérica. 5.4.2.1. Amostragem sobre valores acumulados Faculta uma margem superior de segurança na sua aplicação uma vez que praticamente considera todos os elementos de tipo prático e estatístico que intervêm na selecção, a qual se efectua sistematicamente sobre valores e não sobre o número dos documentos. Na realização desta técnica intervém dos elementos: 1. O Limite de Precisão Monetária (LPM); e 2. A Classificação Atribuída ao Controlo Interno (CI) Para chegar à determinação do LPM parte-se do princípio que, numa população dada, é aceitável uma margem de erro correspondente até 5% do resultado líquido antes do imposto ou de um substituto. Por classificação atribuída ao controlo interno entende-se a avaliação potencial (1: Bom; 2: Regular; 3: Deficiente) que o auditor atribui ao controlo interno depois de proceder ao seu levantamento. Se se dividir o LPM por CI obtém-se o Limite de Precisão Monetária Corrigido (LPMC) Quanto melhor for o CI, menor será o número de itens a testar Suponhamos que um auditor, ao pretender efectuar o teste aos controlos das vendas classificou como bom o controlo interno da Empresa ABC, SA a qual prevê obter o resultado líquido antes de impostos de Kz 160.000,00. Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 53 Auditoria Financeira Neste caso, o LPMC será de Kz 8.000,00 (160.000*5%/1). Se o referido auditar pretender seleccionar as facturas a serem objecto do teste deverá começar por listá-las arredondando o valor de cada uma para Kwanzas. De seguida socorrendo-se de uma tabela de números aleatórios, seleccionará ao acaso um número numa máquina de calcular, como valor negativo, e irá adicionando cada um dos valores das facturas, obtendo um subtotal após cada operação efectuada Se o subtotal obtido for positivo a factura que o originou será objecto de teste e de seguida ao subtotal deduzir-se-á o LPM. Se o subtotal for negativo adicionar-se-ão de seguida outras facturas até o subtotal passar a positivo altura em que a factura que originou tal facto será também objecto de teste. Ao subtotal deduzir-se-á outra vez o LPM. E assim sucessivamente. 5.4.2.2. Amostragem Estatística Numérica Pode considerar-se como uma combinação da amostragem da apreciação por intervalos e da amostragem estatística sobre valores acumulados. Esta técnica de amostragem consiste, basicamente, em determinar um intervalo, mas sobre bases estatísticas contando para o efeito com os elementos já trabalhados na amostragem estatística sobre valores acumulados. A fórmula para a determinação do intervalo é a seguinte: Em que. i= intervalo; n= população em quantidade (número de facturas, por exemplo) para o período x; m= população de vendas (valor total das facturas) para o período x Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 54 Auditoria Financeira Exemplo O nº de facturas que a Empresa ABC, SA emitiu durante o ano de 2015 foi de 10187 (numeradas sequencialmente a partir do número 1) a que correspondeu o valor total de Kz 34.851.088,00. Supondo que o auditor determinou o LPM com base numa margem bruta de Kz 14.000.000,00 e que entendeu ser bom o Controlo Interno existente, determinar os números das segunda e terceira facturas a serem objecto de teste aos controlos das vendas admitindo que o nº escolhido ao acaso (e que portanto corresponde ao número da primeira factura a testar) é 119. Solução: Determinação do LPM LPM= 14.000.000,00*5%= 700.000,00 Determinação do Intervalo: Determinação do nº da 2ª factura Nº2= 119+205= 324 Determinação do nº da 3ª factura Nº3= 324+205=529 Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 55 Auditoria Financeira 5.4.3. Risco de Amostragem O auditor deve ter em atenção ao risco da amostragem que segundo a ISA 530 é o risco de que a conclusão do auditor baseada numa amostra possa ser diferente se toda a população fosse sujeita ao mesmo procedimento de auditoria 5.4.4. Exercícios O nº de facturas que a Empresa ABC, SA emitiu durante o ano de 2015 foi de 10187 (numeradas sequencialmente a partir do número 1) a que correspondeu o valor total de Kz 34.851.088,00. Supondo que o auditor determinou o LPM com base numa margem bruta de Kz 14.000.000,00 e que entendeu ser bom o Controlo Interno existente, determinar os números das 35ª e 45ª facturas a serem objecto de teste aos controlos das vendas admitindo que o nº escolhido ao acaso (e que portanto corresponde ao número da primeira factura a testar) é 119. 5.5. A Documentação da Prova 5.5.1. Introdução De acordo com a ISA 230, a existência de documentação de auditoria (também referida como papéis de trabalho), proporciona: a) Prova da base que levou à conclusão acerca de terem sido atingidos os objectivos globais do auditor; b) Prova de que a auditoria foi planeada e realizada de acordo com as normas internacionais de auditoria e os requisitos legais e regulamentos aplicáveis. A documentação de auditoria aumenta a qualidade da auditoria e facilita a revisão eficaz e a avaliação da prova de auditoria obtida e das conclusões que foram atingidas antes de se finalizar o relatório do auditor (certificação legal das contas). Compilado pelo Prof. Edson Manuel de Sousa Bandeira 56 Auditoria Financeira Além de atingir os dois objectivos referidos, a documentação de auditoria também: – Ajuda a equipa de auditoria a planear e a realizar a auditoria; – Ajuda os membros da equipa de auditoria que sejam responsáveis pela supervisão a dirigir e supervisionar o trabalho de auditoria e a cumprir as suas responsabilidades. – Permite que a equipa de auditoria seja responsável pelo seu trabalho; – Retém um registo de assuntos de interesse continuado para as auditorias futuras; – Permite que um auditor experiente efectue revisões e inspe