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This document provides a review of morphology, focusing on the internal structure of words and the various units that compose them, such as morphemes and allomorphs. It explains their significance in language and different types, exemplifying with Portuguese.

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REVISÃO- Morfologia Estudo da estrutura interna das palavras que por sua vez são constituídas por unidades menores com significado. MORFEMAS Unidade mínima significativa da língua; um conceito abstrato, que não é diretamente ouvido ou pronunciado, ma...

REVISÃO- Morfologia Estudo da estrutura interna das palavras que por sua vez são constituídas por unidades menores com significado. MORFEMAS Unidade mínima significativa da língua; um conceito abstrato, que não é diretamente ouvido ou pronunciado, mas realiza-se em sons ou letras. ○ ( está intrinsecamente ligado ao significante — ou seja, à unidade dotada de forma fonética (realização sonora) que representa uma ideia ou conceito/ significado) PARA ENTENDER MELHOR : Os morfemas são unidades abstratas e não possuem uma forma concreta até se manifestarem como morfes. Eles representam conceitos ou categorias gramaticais, como pluralidade, gênero e tempo verbal, mas sua realização se adapta à palavra específica em que ocorrem, concretizando-se por meio dos morfes. Por exemplo, o morfema de plural pode se manifestar de diferentes maneiras, que se tornam reais através dos morfes — as formas que efetivamente pronunciamos. Os morfes, por sua vez, podem apresentar várias realizações para representar o mesmo conceito, embora com formas diferentes. MORFEMAS NÃO SÃO PRONUNCIADOS : O morfema é uma unidade abstrata e não possui uma forma sonora fixa até ser inserido em um contexto linguístico específico. Quando falamos, o que de fato produzimos são os morfes — as formas sonoras adaptadas do morfema para se encaixar na estrutura da palavra e na fluência da fala. Assim, o morfema em si não é diretamente ouvido ou pronunciado; ele só se manifesta de maneira audível quando adaptado em morfes, que podem ter variações conforme o contexto fonético. MORFES É a concretização de um morfema; o som ou sequência de letras que materializam o morfema. Em "descupinização", des é o morfe do morfema de negação. ○ Como cada morfe é a realização concreta de um morfema, ele pode variar dependendo do contexto. Essas variações, chamadas de alomorfes, ocorrem porque o mesmo morfema pode ser realizado de formas diferentes dependendo do ambiente fonético ou do padrão gramatical. Exemplos: Plural em português: O morfema de plural em português pode aparecer como "-s" em "livros" ou "-es" em "cidades". Ambos os morfes ("-s" e "-es") representam o mesmo morfema de pluralidade, mas sua realização fonética muda conforme o contexto. Prefixo "in-": Esse morfema que indica negação também apresenta alomorfes, como "in-" em "inativo" e "im-" em "impossível". A variação ocorre por uma necessidade de adaptação fonética. → As formas linguísticas e os tipos de morfemas estão intimamente ligados, pois os morfemas (unidades mínimas de significado ou função) se manifestam como formas linguísticas concretas, que podem ser classificadas com base em suas propriedades estruturais, funcionais e fonológicas. Formação de Palavras: As palavras são construídas combinando diferentes tipos de morfemas: Forma Livre + Forma Presa: ○ Exemplo: livro-s → Morfema lexical (livro) + Morfema gramatical (-s). Forma Livre + Dependente: ○ Exemplo: avisou-me → Morfema lexical (avisou) + Clítico (me). TIPOS DE MORFEMAS MORFEMAS LEXICAIS E GRAMATICAIS Os morfemas lexicais são aqueles que carregam o significado principal de uma palavra. Eles são frequentemente identificados como radicais ou raízes, que constituem o núcleo semântico da palavra. Significado Independente: Os morfemas lexicais têm um significado que pode ser compreendido por si só. Por exemplo, na palavra "correr", o morfema lexical é "corr-", que indica a ação de correr. Ou seja , geralmente são formas livres Palavras Simples: Algumas palavras não podem ser divididas em partes menores com significado, como "sol", "ar" e "lua". Essas palavras são formadas apenas pelo morfema lexical. Podem ser combinados com morfemas gramaticais (como afixos) para formar palavras complexas: feliz-mente. → Os morfemas gramaticais, por outro lado, são responsáveis por indicar relações gramaticais e modificar o significado dos morfemas lexicais. Eles não têm significado independente e precisam estar associados a um morfema lexical. Esses morfemas ajudam a definir a classe gramatical da palavra (substantivo, verbo, adjetivo, etc.) e suas variações (número, gênero, tempo). Podem ser formas presas, ou seja, precisam estar ligadas a uma forma lexical para se realizar. Exemplo: o plural "-s" em "livros". Também podem ser formas dependentes, como clíticos, que não têm acento próprio e se ligam fonologicamente a uma palavra tônica. Exemplo: "me" em "me contou". VOGAIS TEMÁTICAS São morfemas que atuam como conectores entre o radical de uma palavra e suas desinências. Elas são fundamentais na formação de verbos e substantivos, ajudando a definir a conjugação ou a declinação da palavra. As vogais temáticas não têm significado próprio, mas sua presença é essencial para a estrutura gramatical. Elas são fundamentais tanto em verbos quanto em substantivos e podem ser classificadas em duas categorias principais: vogais temáticas verbais e vogais temáticas nominais. Nos verbos, ela indica a conjugação: A: 1ª conjugação (estudar). E: 2ª conjugação (comer). I: 3ª conjugação (partir). Nos substantivos e adjetivos, ela pode indicar a classe temática: Rosa (a vogal temática -a classifica o substantivo como feminino e da 1ª classe temática). Lobo (a vogal temática -o indica masculino e da 2ª classe temática). MORFEMA 0 O morfema zero é uma unidade de significado que indica uma característica gramatical, mas não se manifesta de forma visível. Em outras palavras, ele representa uma informação que está implícita na palavra, mesmo sem um elemento fonético ou gráfico correspondente. 1. Pluralidade: Em português, o substantivo "caráter" no singular não possui uma marca explícita de plural. No entanto, ao se referir a "caracteres", a ausência de um morfema que indique pluralidade no singular é um exemplo de morfema zero. Singular: "caráter" (sem marca de plural) Plural: "caracteres" (com marca de plural) 2. Gênero: A palavra "aluno" pode ser usada para se referir a um grupo misto de alunos e alunas. Aqui, o gênero feminino não é explicitamente indicado quando se fala em um grupo misto. Singular masculino: "aluno" Singular feminino: "aluna" Plural misto: "alunos" (o morfema zero indica que o grupo pode incluir ambos os gêneros). 3. Verbos: No caso dos verbos, a forma do verbo no presente do indicativo pode não apresentar uma desinência específica para algumas pessoas. Exemplo: "Eu canto" (a forma "canto" não tem um morfema visível indicando a primeira pessoa do singular). LEXEMAS E PARADIGMAS → Um lexema é a unidade básica de significado de uma palavra em uma língua. Ele representa a forma canônica de uma palavra, sem considerar suas variações morfológicas. Em outras palavras, o lexema é a parte da palavra que carrega o significado lexical, independentemente das flexões que possa sofrer. Características: Significado: O lexema é responsável pelo significado central da palavra. Por exemplo, em "correr", "correr" é o lexema que expressa a ação de correr. Flexões: Os lexemas podem ter diferentes formas (flexões) que indicam variações como tempo verbal, número, gênero, etc. Por exemplo: O lexema "gato" pode aparecer como "gatos" (plural) ou "gata" (feminino). Classes Gramaticais: Os lexemas pertencem a classes gramaticais, como substantivos, verbos e adjetivos. Cada classe tem suas próprias regras de formação e flexão. → Um paradigma é um conjunto de formas que um lexema pode assumir em diferentes contextos gramaticais. Ele representa as variações que um lexema pode ter conforme suas flexões e conjugações. Os paradigmas ajudam a organizar as formas de um lexema dentro da gramática da língua. Características Estrutura Gramatical: Os paradigmas mostram como um lexema se comporta em diferentes tempos verbais, modos e gêneros. Por exemplo: Para o verbo "cantar", o paradigma inclui: Presente do indicativo: canto Pretérito perfeito: cantei Futuro do presente: cantarei Classes de Palavras: Cada classe gramatical tem seus próprios paradigmas. Por exemplo: Substantivos têm paradigmas para gênero (masculino/feminino) e número (singular/plural). Verbos têm paradigmas para tempo (presente, passado, futuro) e modo (indicativo, subjuntivo). EX: 1. Verbo "falar": Presente do indicativo: eu falo Pretérito perfeito: eu falei Relação entre Lexemas e Paradigmas Lexemas como Base: O lexema fornece a base semântica (o significado) da palavra. Paradigmas como Estrutura: O paradigma organiza as diferentes formas que o lexema pode assumir em contextos gramaticais variados. TIPOS DE FORMAS LINGUÍSTICAS De acordo com Bloomfield e Mattoso Câmara Jr., as formas são classificadas em: FORMAS LIVRES As formas livres são aquelas que podem ser utilizadas de forma autônoma, ou seja, elas têm um significado completo por si mesmas. Essas formas não precisam de outras palavras para que seu sentido seja compreendido. Um exemplo claro é o pronome possessivo "nosso". "casa": Em "A casa é bonita", a palavra "casa" é uma forma livre, pois transmite uma ideia completa. "feliz": “Ele está feliz.” A palavra pode ser utilizada sozinha, passando uma ideia clara. FORMAS PRESAS As formas presas são morfemas que não podem existir de forma isolada, ou seja, precisam estar ligadas a outras palavras para que seu significado seja compreendido. Morfemas Dependentes: As formas presas são consideradas morfemas dependentes, pois sua presença é condicionada por outras formas. Elas não têm significado completo sozinhas e, portanto, não podem ser usadas em respostas a perguntas sem o suporte de outras palavras Afixos e Desinências: A maioria das formas presas se refere a afixos (prefixos e sufixos) e desinências. Por exemplo: Prefixos: "in-" em "infeliz", que altera o significado do adjetivo. Sufixos: "-mente" em "felizmente", que transforma um adjetivo em advérbio. Desinências: Morfemas que indicam flexões gramaticais, como o "-s" que marca o plural em substantivos (ex: "gatos") ou as desinências verbais que indicam tempo e modo FORMAS DEPENDENTES As formas dependentes são aquelas que têm mobilidade dentro da frase, mas não podem ser usadas isoladamente. Elas são diferentes das formas livres, que têm significado completo por si mesmas, e das formas presas, que também não podem existir sozinhas, mas são fixas em sua ligação a outras palavras. Não Autônomas: As formas dependentes não constituem um enunciado completo por si mesmas. Elas precisam estar acompanhadas de outras palavras para que seu significado seja claro. Por exemplo, a preposição "para" em "Para se soltar" não faz sentido sem o complemento que a acompanha. Intercalação: Uma característica distintiva das formas dependentes é que elas permitem a intercalação de outras formas entre elas e as palavras com as quais se relacionam. Isso significa que você pode inserir outras palavras ou morfemas entre uma forma dependente e uma forma. Por exemplo, na frase "Um livro interessante", "um" é uma forma dependente que pode ser intercalada com adjetivos como "bom" ou "excelente" (ex: "um bom livro"). Os morfemas dependentes são unidades que não têm significado por si sós e, portanto, precisam se unir a um lexema (que é a parte da palavra que carrega o significado principal) ou a outro morfema para formar palavras que fazem sentido. TIPOS: ○ Morfemas derivacionais (afixos) ○ Morfemas flexionais ( variações gramaticais : gênero, número) ○ Morfema 0 : ausência de um morfema que normalmente indicaria uma flexão. ○ Morfemas gramaticais : elementos que não têm significado lexical por si só, mas são essenciais para a estrutura gramatical da frase. Exemplos incluem pronomes, preposições e conjunções, que atuam como conectores entre os morfemas ○ Vogais ou consoantes de ligação Exemplos de Formas Dependentes 1. Artigos: Palavras como "o", "a", "um", "uma" são formas dependentes porque precisam de um substantivo para fazer sentido. Exemplo: "O carro é novo." Aqui, "o" depende do substantivo "carro". 2. Preposições: Palavras como "de", "em", "para", que precisam ser acompanhadas de outros termos para formar expressões significativas. Exemplo: "Ele veio de São Paulo." A preposição "de" não pode ser usada sozinha sem o complemento. 3. Conjunções: Palavras que conectam orações ou partes de uma frase, como "e", "mas", "porque". Exemplo: "Ela gosta de música e dança." A conjunção "e" não tem significado isolado. MOBILIDADE E ORDEM FIXA Formas Presas (como prefixos e sufixos) têm uma ordem fixa e não podem ser movidas na estrutura da palavra. ○ Exemplo: Não é possível dizer "livros-s" ou "mente-feliz". Formas Dependentes (como clíticos) possuem mobilidade limitada e podem aparecer antes, depois ou intercaladas, dependendo da estrutura gramatical: ○ Exemplo: Me avisou / Avisou-me. CLÍTICOS E AMÁLGAMAS Um clítico é um morfema que possui características sintáticas de uma palavra, mas depende fonologicamente de outra palavra ou sintagma. Isso significa que, embora clíticos possam atuar como elementos funcionais em uma frase, eles não podem ser pronunciados sozinhos e sempre se ligam a um "hospedeiro". Os clíticos são frequentemente pronomes, determinantes ou preposições. Tipos de Clíticos Os clíticos podem ser classificados com base em sua posição em relação ao verbo ou à palavra a que estão ligados: 1. Proclíticos: Aparecem antes do seu hospedeiro. Exemplo: "Não me digas isso." Aqui, "me" é um clítico que precede o verbo. 2. Ênclíticos: Aparecem após o verbo. Exemplo: "Ele deu-me um presente." Neste caso, "me" segue o verbo. 3. Mesoclíticos: Aparecem no meio do verbo. Exemplo: "Amanhã, comprar-lhe-ei o brinquedo." Aqui, "lhe" está inserido entre partes do verbo. Características dos Clíticos Dependência Fonológica: Clíticos não têm acentuação própria e dependem do acento da palavra próxima. Função Sintática: Eles podem desempenhar funções de complemento direto ou indireto. Por exemplo, "Ele viu-te" (complemento direto) e "Ele deu-te uma flor" (complemento indireto). Não Selecionam Hospedeiros: Diferente dos afixos, os clíticos podem se ligar a qualquer palavra adequada na estrutura da frase 1 → Os amálgamas, por outro lado, são combinações de dois ou mais morfemas que se fundem para formar uma nova unidade. Essa fusão resulta em uma palavra que não pode ser separada em seus componentes originais sem perda de significado. Os amálgamas são frequentemente observados em línguas que apresentam processos de aglutinação ou fusão morfológica. Exemplos e Características Um exemplo comum de amalgamação é a formação de palavras compostas onde os elementos perdem sua autonomia. Por exemplo, na palavra "guarda-chuva", não se pode separar "guarda" e "chuva" sem alterar o significado. Fusão Morfológica: Em algumas línguas, como o espanhol ou o italiano, é possível observar amalgamas formadas por verbos e pronomes que se unem em uma única forma. Por exemplo, na expressão espanhola "dímelo", onde "di" (dizer) se funde com "me" (a mim) e "lo" (isso) Diferenças em Relação aos Clíticos Enquanto os clíticos mantêm sua identidade como morfemas separados que dependem fonologicamente de um hospedeiro, os amalgamas resultam em uma nova unidade lexical que não pode ser separada sem perda de sentido. Os clíticos podem aparecer em diferentes posições relativas ao verbo (proclítico, enclítico e mesoclítico), enquanto os amalgamas geralmente têm uma forma fixa. PRONOMES Os pronomes podem ser classificados tanto como formas livres quanto como formas dependentes, dependendo de sua função sintática, posição na frase e propriedades fonológicas. Pronomes como Formas Livres Definição: Pronomes que podem ocorrer de forma autônoma em um enunciado, ou seja, possuem acento próprio e não precisam de outra palavra para serem pronunciados ou interpretados. Exemplos: ○ Pronomes Pessoais do Caso Reto: eu, tu, ele, nós, vós, eles. Exemplo: "Eu vou ao mercado." Esses pronomes têm autonomia sintática e fonológica. ○ Pronomes Demonstrativos: este, esse, aquele. Exemplo: "Este é meu livro." São autossuficientes na frase, funcionando como formas livres. ○ Pronomes Indefinidos: alguém, ninguém, todos. Exemplo: "Alguém chegou mais cedo." Possuem autonomia fonológica e sintática. Podem ocupar diferentes posições na frase sem depender de outra palavra. PRONOMES COMO FORMAS DEPENDENTES Definição: Pronomes que, apesar de separados graficamente ou escritos como palavras distintas, dependem fonologicamente e sintaticamente de outra palavra. Geralmente são pronomes oblíquos átonos ou clíticos. Exemplos: ○ Pronomes Oblíquos Átonos: me, te, se, lhe, nos, vos. Exemplo: "Ele me deu um presente." Esses pronomes não têm acento próprio e precisam estar ligados a um verbo para serem pronunciados corretamente. ○ Pronomes Reflexivos: se (quando átono). Exemplo: "Ela se machucou." Funciona como uma extensão do verbo e não possui autonomia fonológica. Não possuem acento próprio, unindo-se fonologicamente a outra palavra. Não podem ser deslocados livremente na frase sem alterar a gramática. PALAVRAS Palavra: Elemento mínimo que pode ocorrer livremente no enunciado De acordo com Bloomfield (1933), a palavra é definida como a forma mínima que pode ocorrer de maneira autônoma em um enunciado. Isso significa que ela é a menor unidade linguística capaz de constituir um enunciado completo, seja para expressar uma ideia, responder uma pergunta, ou fazer sentido isoladamente. Forma livre mínima: ○ Uma palavra é considerada uma forma livre mínima quando não pode ser decomposta em unidades menores que também sejam livres. ○ Exemplo: Flor é uma forma livre mínima. Florista não é, porque contém o radical flor- e o sufixo derivacional -ista. Limitações: Nem todas as palavras atendem a essa definição quando consideramos contextos mais amplos: ○ Palavras compostas: Exemplo, pé-de-moleque usa duas formas livres (pé e moleque), mas juntas constituem um único lexema. ○ Palavras dependentes: Algumas palavras, como pronomes clíticos (me, te), não têm total autonomia, pois dependem de outras para se manifestarem fonologicamente. CRITÉRIOS PARA DEFINIR A PALAVRA A definição de palavra é um tema complexo e multifacetado, que pode ser abordado sob diferentes critérios. Cada critério possui suas vantagens e limitações, o que pode levar a problemáticas na análise. A seguir, detalho os três critérios mencionados: gráfico, semântico e fonológico. Critério Gráfico (ou Ortográfico) Uma palavra é uma sequência de caracteres (letras) separada por espaços ou sinais de pontuação. Esse critério se aplica tanto na escrita quanto na leitura, ajudando a delimitar palavras. Na fala, a separação gráfica reflete uma sequência de sons que formam uma palavra na língua. ○ Exemplo gráfico: Frase escrita: "João viajou ontem." Sons correspondentes: "Jo vaju one" (representação aproximada dos sons falados, sem a clareza das divisões escritas). Observação: Esse critério funciona bem para distinguir palavras na escrita, mas na fala, a sequência de sons nem sempre reflete claramente a separação gráfica. Muitas vezes, as palavras se unem foneticamente, tornando difícil identificá-las. Por exemplo, "a gente" (pronome pessoal) pode ser confundido com "agente" (substantivo) quando pronunciados. Palavras Compostas:Expressões compostas, como "pé-de-moleque", combinam várias palavras em uma só unidade de significado. Esses compostos apresentam uma combinação de critérios gráficos e semânticos. Critério Semântico Definição: A palavra é uma unidade de significado. Ou seja, ela carrega uma ideia, conceito ou sentido que pode ser compreendido isoladamente. Cada palavra é interpretada como um todo, com um único significado principal. ○ Exemplo: "Sol" = um astro que ilumina a Terra. "Correr" = a ação de se mover rapidamente. Observação: Embora esse critério seja útil, há casos em que palavras podem ter múltiplos significados (polissêmicas), dependendo do contexto em que são usadas. Por exemplo, "banco" pode se referir a uma instituição financeira ou a um assento. Critério Fonológico Na fonologia, uma palavra é definida pela sílaba tônica, ou seja, a sílaba que recebe o acento principal. Cada palavra é uma unidade rítmica com um grau de acento definido, sendo essa tonicidade a base para distinguir as palavras na fala. Observação:A tonicidade é fundamental para distinguir palavras na fala, pois diferentes acentos podem alterar o significado ou até mesmo identificar palavras diferentes. Por exemplo:As palavras "pato" (com acento na primeira sílaba) e "pató" (com acento na segunda sílaba) podem ter significados distintos dependendo da entonação. ○ No entanto, esse critério também enfrenta desafios. Em algumas línguas ou dialetos, a tonicidade pode variar entre falantes, levando a diferentes interpretações da mesma palavra. Além disso, palavras homônimas (que soam iguais mas têm significados diferentes) podem ser confundidas se baseadas apenas na fonologia. Acentuação e Classificação: Tônica Principal (3): Símbolo com o maior grau de acento em uma palavra. Tônica Secundária (2): Acento intermediário, geralmente em palavras mais longas. Pretônica (1): Sílaba antes da tônica. Postônica (0): Sílaba após a tônica, sem acento próprio. Exemplo Fonológico: Palavra: "mala" "ma" (3) [tônica principal] "la" (0) [postônica] Expressão: "a mala" "a" (1) [pretônica] "ma" (3) [tônica principal] "la" (0) [postônica] Átonos vs. Tônicos: Átonos: Não possuem acento próprio, como pronomes e preposições. Exemplo: "a" em "a mala". Tônicos: Possuem um acento forte, destacando-se no enunciado. Clíticos: Palavras átonas que se unem a palavras tônicas para pronúncia, como "se" em "feriu-se". PALAVRA COMO UNIDADE COM SIGNIFICADO A definição de palavra como uma unidade de significado é fundamental na linguística e na análise da linguagem. Essa definição abrange várias características que ajudam a entender como as palavras funcionam dentro de um sistema linguístico. Vamos explorar cada uma dessas características: inseparabilidade, integridade e ordem fixa. Inseparabilidade A inseparabilidade refere-se à ideia de que uma palavra não pode ser dividida em partes menores sem que haja uma perda significativa de sentido. Isso significa que os morfemas que compõem a palavra estão interligados de tal forma que a separação deles compromete o significado original. Exemplos Palavra Simples: A palavra "cachorro" não pode ser dividida em "ca" + "chorro" sem que se perca o significado do animal. Palavra Derivada: Na palavra "desconhecido", a separação em "des-" (prefixo) + "conhecido" (radical) ainda mantém um sentido, mas a compreensão total da palavra é perdida se apenas um dos morfemas for considerado isoladamente. Integridade A integridade refere-se ao fato de que uma palavra é a unidade mínima que mantém significado por si só. Isso implica que, mesmo quando isolada, a palavra possui um sentido claro e compreensível. Exemplos Palavras Isoladas: Palavras como "árvore", "feliz" ou "correr" são exemplos de palavras que têm integridade, pois cada uma delas transmite um conceito completo e pode ser entendida independentemente do contexto. Palavras Compostas: Mesmo palavras compostas, como "guarda-chuva", mantêm sua integridade como unidade significativa, apesar de serem formadas por mais de um morfema. Ordem Fixa A ordem fixa refere-se à necessidade de os segmentos sonoros (ou morfemas) seguirem uma sequência específica para manter o sentido da palavra. A alteração dessa ordem pode resultar em mudanças no significado ou até mesmo na formação de palavras diferentes. Exemplos Mudança de Significado: Na palavra "amor", a troca das letras para formar "ramo" altera completamente o significado. Formação de Palavras: Em palavras derivadas, como "incrível", a ordem dos morfemas "in-" (prefixo) + "crível" (radical) é fixa; inverter essa ordem não resultaria em uma nova palavra válida. DIFERENÇAS ENTRE PALAVRAS E VOCÁBULOS Palavras: possuem significado lexical e referem-se a substantivos, verbos, adjetivos. Vocábulos: podem ser unidades gramaticais (como pronomes ou preposições) e não necessariamente possuem autonomia. Tipos de Vocábulos 1. Vocábulo Fonológico: é a sequência de sílabas pronunciadas com um único acento. Exemplo: "amá-la". 2. Vocábulo Formal: são unidades com significado semântico, registradas em dicionários. Exemplo: "ama" e "la" em "amá-la". Exemplos Importantes: "Amá-la" é um vocábulo fonológico (um som contínuo) enquanto "a mala" é um vocábulo formal (uma combinação de significados distintos). Clíticos, como "me", "te", "se", são vocábulos que se unem a outras palavras sem acento próprio, formando novas expressões. Construções Ambíguas e Isomorfismo O conceito de não isomorfismo entre vocábulo formal e fonológico aparece em expressões que, dependendo do contexto, mudam de significado. Exemplo: "pé de cana" (literal) vs. "pé-de-cana" (metafórico, pessoa que bebe muito). CLASSES DE PALAVRAS Classes de Palavras (ou Partes do Discurso)Segundo a Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB, 1959), a língua portuguesa tem 10 classes de palavras, subdivididas em classes abertas (ou lexicais) e fechadas (ou gramaticais). Léxico Conjunto total de palavras de uma língua, divididas em subgrupos conforme suas especificações gramaticais. Palavras podem se agrupar em classes de palavras ou partes do discurso. CLASSES ABERTAS são palavras que representam conceitos e objetos e têm alta possibilidade de criação substantivos : Palavras que nomeiam pessoas, lugares, coisas ou ideias. adjetivos: Palavras que qualificam ou caracterizam os substantivos. verbos: Palavras que expressam ações, estados ou fenômenos. advérbios: Palavras que modificam verbos, adjetivos ou outros advérbios. → Numericamente Ilimitadas: Essas classes podem crescer através de processos como derivação (ex.: "feliz" → "felicidade") e empréstimos de outras línguas. Flexibilidade: Novas palavras podem ser criadas conforme a necessidade da comunicação. CLASSES FECHADAS desempenham funções gramaticais, são limitadas em número e não aceitam novas adições facilmente. Artigos:Palavras que determinam o substantivo (o , a ,um , uma). preposições : Palavras que estabelecem relações entre termos da oração. conjunções : Palavras que conectam orações ou termos dentro de uma oração. (e , mais , porque) pronomes : Palavras que substituem ou acompanham os substantivos. numerais: Palavras que expressam quantidade ou ordem → Limitadas em Número: Essas classes não se expandem facilmente com a adição de novas palavras. Funções Específicas: Cada classe desempenha um papel gramatical importante na estrutura da frase. Critérios de Classificação das Classes de Palavras 1. Semântico: baseado no significado geral da palavra. 2. Morfossintático: baseado na estrutura e na forma como a palavra se comporta na frase. 3. Sintático: baseado na função que a palavra exerce na sentença. Gramaticalização Um fenômeno interessante relacionado às classes de palavras é a gramaticalização, que é o processo pelo qual uma palavra de classe aberta se transforma em uma palavra gramatical ao longo do tempo. Por exemplo: O verbo “vai” pode ser usado como um verbo de movimento, mas também pode funcionar como uma partícula de futuro em construções populares ("ele vai fazer"). PALAVRAS LEXICAIS E SINTÁTICAS As palavras podem ser classificadas em duas categorias principais: palavras de conteúdo (ou léxicas) e palavras de função (ou sintáticas) Palavras de Conteúdo (Léxicas): São aquelas que possuem significado lexical próprio e são essenciais para a transmissão de informações concretas. Elas representam conceitos, ações, qualidades e estados. Variabilidade: Essas palavras podem ser modificadas por processos morfológicos, como derivação e flexão (ex.: "feliz" → "felicidade"). Criação: As palavras de conteúdo têm alta possibilidade de criação, permitindo a formação de novas palavras através de combinações e empréstimos. EX: Substantivos, verbos e adjetivos têm significado lexical próprio. Palavras de Função (Sintáticas): São aquelas que desempenham papéis estruturais na frase. Elas não têm um significado lexical próprio, mas são cruciais para a organização gramatical e a coesão do discurso. Invariabilidade: Muitas palavras de função não variam em gênero ou número (ex.: preposições). Limitação Numérica: O número de palavras de função é relativamente fixo em comparação com as palavras de conteúdo, que podem ser constantemente criadas. EX: : Artigos, preposições e conjunções desempenham papéis estruturais na frase. SEGMENTAÇÃO A segmentação das palavras e dos verbos envolve o processo de dividir uma palavra em morfemas, identificando os elementos básicos que compõem sua estrutura. Ordem de Segmentação A ordem de segmentação respeita a sequência em que os morfemas aparecem na palavra: 1. Prefixo (se houver). 2. Radical. 3. Vogal Temática (em verbos ou substantivos derivados de verbos). 4. Sufixo (se houver). 5. Desinência (nominal ou verbal). Exemplos de Segmentação Palavra Simples Meninas: ○ Segmente: menin (radical) + a (vogal temática) + s (desinência de plural). Palavra Derivada Reescrever: ○ Segmente: re (prefixo) + escrev (radical) + er (vogal temática). Palavra Composta Guarda-roupa: ○ Segmente: guarda (radical 1) + roupa (radical 2). Segmentação de Verbos Os verbos são segmentados de acordo com a sua estrutura morfológica, que pode ser mais complexa devido às várias informações gramaticais que eles carregam. Ordem de Segmentação dos Verbos 1. Prefixo (se houver). 2. Radical. 3. Vogal Temática. 4. Desinência de Tempo e Modo. 5. Desinência de Número e Pessoa. Segmentação na Prática Exemplo 1: Verbo no Presente do Indicativo Cantamos: ○ Segmente: Radical: cant. Vogal Temática: a. Desinência de Número e Pessoa: mos. Exemplo 2: Verbo no Futuro do Pretérito Cantariam: ○ Segmente: Radical: cant. Vogal Temática: a. Desinência de Tempo e Modo: ria. Desinência de Número e Pessoa: m. Exemplo 3: Verbo com Prefixo Reescreveremos: ○ Segmente: Prefixo: re. Radical: escrev. Vogal Temática: e. Desinência de Tempo e Modo: re. Desinência de Número e Pessoa: mos. RADICAL/ RAIZ Radical Radical é a base fixa da palavra que contém o significado lexical essencial. Exclusões do radical: ○ Desinências (marcações flexionais como gênero, número, pessoa, etc.). ○ Vogais Temáticas (que caracterizam os temas verbais e nominais). Exemplo: Na palavra centro, o radical é centr-. No verbo estudar, o radical é estud-. Raiz (do ponto de vista diacrônico) Diferencia-se do radical por seu enfoque histórico. A raiz é o elemento significativo mais antigo que originou a palavra atual. Exemplo: ○ A raiz do radical centr- está no termo latino centrum. ○ A raiz pode ter sofrido alterações ao longo do tempo, mas mantém a base significativa. Razão para equivaler os termos "radical" e "raiz": Em estudos sincrônicos (da língua atual), raiz e radical frequentemente se sobrepõem em significado, porque ambos se referem à base significativa de uma palavra. Classificação dos Radicais Radical Simples (ou Primário) É o morfema lexical básico (MLB) que transmite o significado essencial da palavra. Exemplo: ○ centr-o (radical: centr-). Radical Complexo (ou Secundário) Combinação do radical simples com um morfema derivacional. Exemplo: ○ centr-al (radical complexo: centr- + -al). TEMA E VOGAIS Tema Composto pelo radical + vogal temática (VT). O tema prepara o radical para receber afixos flexionais (desinências) ou derivacionais. Exemplo: ○ Verbo estudar: Radical: estud- VT: -a- Tema: estuda- Vogais Temáticas (VT) São vogais que conectam o radical aos afixos e podem ser externas ou internas: ○ Externas: Quando participam da conjugação verbal ou formação do tema nominal. ○ Internas: Ligadas a processos derivacionais (não ocorrem em verbos). VT nos Verbos: Indicativos das três conjugações do português: ○ A: 1ª conjugação (ex.: estudar). ○ E: 2ª conjugação (ex.: comer). ○ I: 3ª conjugação (ex.: partir). VT nos Substantivos: Exemplo de substantivos com vogais temáticas: ○ A: rosa. ○ E: ponte. ○ O: lobo. Substantivos e Adjetivos Atêmaticos Substantivos e adjetivos que não apresentam vogais temáticas no radical. Exemplos: ○ Terminados em -s, -r, -l, -n: Ex.: mar, nariz, azul, abdômen. ○ Terminados em vogal nasal ou oral acentuada: Ex.: lã, café, pé, peru, rubí. ○ Terminados em ditongos nasais/orais ou acentuados: Ex.: leão, chapéu, mau, judeu.

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