GT2 Resolução Inconsciência PDF
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José Eduardo Palacio Soares
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This document discusses afferent pathways in the nervous system, including receptors, peripheral and central pathways, and cortical areas. It details different types of sensory pathways, including pain and temperature, pressure and touch, and proprioception. It also details the anatomical structures involved in these pathways.
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José Eduardo Palacio Soares – Bloco Inconsciência – GT2 VIAS AFERENTES São vias que levam aos centros nervosos suprassegmentares (cérebro e cerebelo) os impulsos nervosos originados n...
José Eduardo Palacio Soares – Bloco Inconsciência – GT2 VIAS AFERENTES São vias que levam aos centros nervosos suprassegmentares (cérebro e cerebelo) os impulsos nervosos originados nos receptores periféricos. Em cada uma das vias aferentes deverão ser estudados os seguintes elementos: o receptor, o trajeto periférico, o trajeto central e a área de projeção cortical. Receptor: é sempre uma terminação nervosa sensível ao estímulo que caracteriza a via. Existem receptores especializados para cada uma das modalidades de sensibilidade. A conexão deste receptor, por meio de fibras específicas, com uma área específica do córtex, permite o reconhecimento das diferentes formas de sensibilidade (discriminação sensorial); Trajeto periférico: compreende um nervo espinhal ou craniano e um gânglio sensitivo anexo a estes nervos. De modo geral, nos nervos que possuem fibras com funções diferentes, elas se agrupam aparentemente ao acaso. Trajeto central: em seu trajeto pelo sistema nervoso central, as fibras que constituem as vias aferentes se agrupam em feixes (tratos, fascículos, lemniscos), de acordo com suas funções. O trajeto central das vias aferentes compreende ainda núcleos relés, onde se localizam os neurônios (II, III e IV) da via considerada; Área de projeção cortical: está no córtex cerebral ou no córtex cerebelar; no primeiro caso, a via nos permite distinguir os diversos tipos de sensibilidade, e é consciente; no segundo caso, ou seja, quando a via termina no córtex cerebelar, o impulso não determina qualquer manifestação sensorial e é utilizado pelo cerebelo para realização de sua função primordial de integração motora; a via é inconsciente. As grandes vias aferentes podem ser consideradas como cadeias neuronais unindo os receptores ao córtex. No caso das vias inconscientes (cerebelares), esta cadeia é constituída apenas por dois neurônios (I, II). Já nas vias conscientes (cerebrais), estes neurônios são geralmente três, sobre os quais podem ser estabelecidos os seguintes princípios gerais: Neurônio I: localiza-se geralmente fora do sistema nervoso central, em um gânglio sensitivo (ou na retina e mucosa olfatória, no caso das vias óptica e olfatória). É um neurônio sensitivo, em geral pseudounipolar, possuindo um prolongamento periférico e outro central. Em alguns casos o neurônio pode ser bipolar. O prolongamento periférico liga-se ao receptor, enquanto o prolongamento central penetra no sistema nervoso central pela raiz dorsal dos nervos espinhais ou por um nervo craniano; Neurônio II: localiza-se na coluna posterior da medula ou em núcleos de nervos cranianos do tronco encefálico (fazem exceção as vias óptica e olfatória). Origina axônios que geralmente cruzam o plano mediano logo após sua origem e entram na formação de um trato ou lemnisco; Neurônio III- localiza-se no tálamo e origina um axônio que chega ao córtex por uma radiação talâmica (faz exceção a via olfatória). José Eduardo Palacio Soares – Bloco Inconsciência – GT2 VIAS AFERENTES QUE PENETRAM NO SISTEMA NERVOSOS CENTRAL POR NERVOS ESPINHAIS VIAS DE DOR E TEMPERATURA Os receptores de dor são terminações nervosas livres. Existem duas vias principais através das quais os impulsos de dor e temperatura chegam ao cérebro: uma via filogeneticamente mais recente, neoespinotalâmica, constituída pelo trato espinotalâmico lateral, que vai diretamente ao tálamo; E outra, mais antiga, paleoespinotalâmica, constituída pelo trato espino-reticular, e pelas fibras retículo-talâmicas (via espino-retículo-talâmica). Essas duas vias veiculam formas diferentes de dor e serão estudadas a seguir: VIA NEOESPINOTALÂMICA: Trata-se da via “clássica” de dor e temperatura, constituída basicamente pelo trato espinotalâmico lateral, envolvendo uma cadeia de três neurônios: Neurônios I: localizam-se nos gânglios espinhais situados nas raízes dorsais. O prolongamento periférico de cada um destes neurônios liga-se aos receptores através dos nervos espinhais. O prolongamento central penetra na medula e termina na coluna posterior, onde faz sinapse com os neurônios II. Neurônios II: os axônios do neurônio II cruzam o plano mediano pela comissura branca, ganham o funículo lateral do lado oposto, inflectem-se cranialmente para constituir o trato espinotalâmico lateral. Ao nível da ponte, as fibras desse trato se unem com as do espinotalâmico anterior para constituir o lemnisco espinhal, que termina no tálamo fazendo sinapse com os neurônios III. Neurônios III: localizam-se no tálamo, no núcleo ventral posterolateral. Seus axônios formam radiações talâmicas que, pela cápsula interna e coroa radiada chegam à área somestésica do córtex cerebral situada no giro pós-central (áreas 3, 2 e 1 de Brodmann). Através dessa via, chegam ao córtex cerebral impulsos originados em receptores térmicos e dolorosos situados no tronco e nos membros do lado oposto. Há evidência de que a via neoespinotalâmica é responsável apenas pela sensação de dor aguda e bem localizada na superfície do corpo, correspondendo à chamada dor em pontada. VIA PALEOESPINOTALÂMICA: É constituída de uma cadeia de neurônios em número maior que os da via neoespinotalâmica. Neurônios I: localizam-se nos gânglios espinhais, e seus axônios penetram na medula do mesmo modo que os das vias de dor e temperatura, estudadas anteriormente. Neurônios II- situam-se na coluna posterior. Seus axônios dirigem-se ao funículo lateral do mesmo lado e do lado oposto, inflectem-se cranialmente para constituir o trato espino-reticular. Este sobe na medula junto ao trato espinotalâmico lateral e termina fazendo sinapse com os neurônios III em vários níveis da formação reticular. Muitas dessas fibras não são cruzadas. Neurônios III- localizam-se na formação reticular e dão origem às fibras retículotalâmicas que terminam nos núcleos do grupo medial do tálamo, em especial nos núcleos intralaminares (neurônios IV). Os núcleos intralaminares projetam-se para territórios muito amplos do córtex cerebral. É provável, entretanto, que essas projeções estejam mais relacionadas com a ativação cortical do que com a sensação de dor, uma vez que esta se toma consciente já em nível talâmico. José Eduardo Palacio Soares – Bloco Inconsciência – GT2 José Eduardo Palacio Soares – Bloco Inconsciência – GT2 VIAS DE PRESSÃO E TATO PROTOPÁTICO Os receptores de pressão e tato são tanto os corpúsculos de Meissner como os de Ruffini. Também são receptores táteis as ramificações dos axônios em torno dos folículos pilosos. Neurônios I: localizam-se nos gânglios espinhais cujo prolongamento periférico liga-se ao receptor, enquanto o central divide-se em um ramo ascendente, muito longo, e um ramo descendente, curto, terminando ambos na coluna posterior, em sinapse com os neurônios II. Neurônios II: localizam-se na coluna posterior da medula. Seus axônios cruzam o plano mediano na comissura branca, atingem o funículo anterior do lado oposto, onde se inflectam cranialmente para constituir o trato espinotalâmico anterior. Este, no nível da ponte, une-se ao espinotalâmico lateral para formar o lemnisco espinhal, cujas fibras terminam no tálamo, fazendo sinapse com os neurônios III. Neurônios III: localizam-se no núcleo ventral posterolateral do tálamo. Originam axônios que formam radiações talâmicas que, passando pela cápsula interna e coroa radiada, atingem a área somestésica do córtex cerebral. Obs: Por este caminho chegam ao córtex os impulsos originados nos receptores de pressão e de tato situados no tronco e nos membros. Entretanto, como no caso anterior, estes impulsos tomam-se conscientes já em nível talâmico. José Eduardo Palacio Soares – Bloco Inconsciência – GT2 VIA DE PROPRIOCEPÇÃO CONSCIENTE, TATO EPICRÍTICO E SENSIBILIDADE VIBRATÓRIA Os receptores de tato são os corpúsculos de Ruffini e de Meissner e as ramificações dos axônios em torno dos folículos pilosos. Os receptores responsáveis pela propriocepção consciente são os fusos neuromusculares e órgãos neurotendinosos. Já os receptores para a sensibilidade vibratória são os corpúsculos de Vater Paccini. Neurônios I- localizam-se nos gânglios espinhais. O prolongamento periférico destes neurônios liga-se ao receptor, o prolongamento central, penetra na medula pela divisão medial da raiz posterior e divide-se em um ramo descendente, curto, e um ramo ascendente, longo, ambos situados nos fascículos grácil e cuneiforme; os ramos ascendentes longos terminam no bulbo, fazendo sinapse com os neurônios II. Neurônios II: localizam-se nos núcleos grácil e cuneiforme do bulbo. Os axônios destes neurônios mergulham ventralmente, constituindo as fibras arqueadas internas, cruzam o plano mediano e a seguir inflectem-se cranialmente para formar o lemnisco medial. Este termina no tálamo, fazendo sinapse com os neurônios III. Neurônios III: estão situados no núcleo ventral posterolateral do tálamo, originando axônios que constituem radiações talâmicas que chegam à área somestésica passando pela cápsula interna e coroa radiada. Por esta via, chegam ao córtex impulsos nervosos responsáveis pelo tato epicrítico, a propriocepção consciente (ou cinestesia) e a sensibilidade vibratória. O tato epicrítico e a propriocepção consciente permitem ao indivíduo a discriminação de dois pontos e o reconhecimento da forma e tamanho dos objetos colocados na mão (estereognosia). Os impulsos que seguem por esta via se tornam conscientes exclusivamente em nível cortical, ao contrário das duas vias estudadas anteriormente. José Eduardo Palacio Soares – Bloco Inconsciência – GT2 VIA DE PROPRIOCEPÇÃO INCONSCIENTE Os receptores são os fusos neuromusculares e órgãos neurotendinosos situados nos músculos e tendões. Neurônios I: localizam-se nos gânglios espinhais. O prolongamento periférico destes neurônios liga-se aos receptores. O prolongamento central penetra na medula, divide-se em um ramo ascendente longo e um ramo descendente curto, que terminam fazendo sinapse com os neurônios II da coluna posterior. Neurônios II: podem estar em duas posições, originando duas vias diferentes até o cerebelo: 1) neurônios II, situados no núcleo torácico (localizado na coluna posterior) - originam axônios que se dirigem para o funículo lateral do mesmo lado, inflectem-se cranialmente para formar o trato espinocerebelar posterior, que termina no cerebelo, onde penetra pelo pedúnculo cerebelar inferior. 2) neurônios II, situados na base da coluna posterior e substância cinzenta intermédia - originam axônios que, em sua maioria, cruzam para o funículo lateral do lado oposto, inflectem-se cranialmente constituindo o trato espinocerebelar anterior. Este penetra no cerebelo pelo pedúnculo cerebelar superior. Admite-se que as fibras que cruzam na medula cruzam novamente antes de penetrar no cerebelo, pois a via é homolateral. Através dessas vias, os impulsos proprioceptivos originados na musculatura estriada esquelética chegam até o cerebelo. José Eduardo Palacio Soares – Bloco Inconsciência – GT2 VIAS DA SENSIBILIDADE VISCERAL O receptor visceral geralmente é uma terminação nervosa livre, embora existam também corpúsculos de Vater Paccini na cápsula de algumas vísceras. O trajeto periférico dos impulsos viscerais se faz geralmente através de fibras viscerais aferentes que percorrem nervos simpáticos ou parassimpáticos. No que se refere aos impulsos relacionados com a dor visceral, há evidência que eles seguem, principalmente, por nervos simpáticos, fazendo exceção as vísceras pélvicas inervadas pela parte sacral do parassimpático. SISTEMATIZAÇÃO DAS VIAS ASCENDENTES DA MEDULA VIAS ASCENDENTES DO FUNÍCULO POSTERIOR No funículo posterior existem dois fascículos, grácil, situado medialmente, e cuneiforme, situado lateralmente. Estes fascículos são formados pelos ramos ascendentes longos das fibras do grupo medial da raiz dorsal, que sobem no funículo para terminar no bulbo. Fascículo grácil: Conduz impulsos provenientes dos membros inferiores e da metade inferior do tronco e pode ser identificado em toda a extensão da medula. Fascículo cuneiforme: evidente apenas a partir da medula torácica alta. Conduz, portanto, impulsos originados nos membros superiores e na metade superior do tronco. Do ponto de vista funcional, não há diferença entre os fascículos grácil e cuneiforme; sendo assim, o funículo posterior da medula é funcionalmente homogéneo, conduzindo impulsos nervosos relacionados com: 1) Propriocepção consciente ou sentido de posição e de movimento (cinestesia): permite, sem o auxílio da visão, situar uma parte do corpo ou perceber o seu movimento. 2) Tato discriminativo (ou epicrítico): permite localizar e descrever as características táteis de um objeto. 3) Sensibilidade vibratória: percepção de estímulos mecânicos repetitivos. A perda da sensibilidade vibratória é um dos sinais precoces da lesão do funículo posterior; 4) Estereognosia: capacidade de perceber, com as mãos, a forma e o tamanho de um objeto. A estereognosia depende de receptores tanto para tato como para propriocepção. VIAS ASCENDENTES DO FUNÍCULO ANTERIOR No funículo anterior localiza-se o trato espinotalâmico anterior, formado por axônios de neurônios cordonais de projeção situados na coluna posterior. Estes axônios cruzam o plano mediano e fletem-se cranialmente para formar o trato espinotalâmico anterior, cujas fibras nervosas terminam no tálamo e levam impulsos de pressão e tato leve (tato protopático). Esse tipo de tato, ao contrário daquele que segue pelo funículo posterior, é pouco discriminativo e permite, apenas de maneira grosseira, a localização da fonte do estímulo tátil. A sensibilidade tátil tem, pois, duas vias na medula, uma direta, no funículo posterior, e outra cruzada, no funículo anterior. Por isso, dificilmente se perde toda a sensibilidade tátil nas lesões medulares, exceto, é óbvio, naquelas em que há transecção do órgão. José Eduardo Palacio Soares – Bloco Inconsciência – GT2 VIAS ASCENDENTES DO FUNÍCULO LATERAL →Trato espinotalâmico lateral: neurônios cordonais de projeção, situados na coluna posterior, emitem axônios que cruzam o plano mediano na comissura branca, ganham o funículo lateral, onde se fletem cranialmente para constituir o trato espinotalâmico lateral, cujas fibras terminam no tálamo. O trato espinotalâmico lateral constitui a principal via através da qual os impulsos de temperatura e dor chegam ao cérebro. Junto dele seguem também as fibras espinorreticulares, que também conduzem impulsos dolorosos. Essas fibras fazem sinapse na chamada formação reticular do tronco encefálico, onde se originam as fibras retículotalâmicas, constituindo-se assim a via espino-retículo-talâmica. Essa via conduz impulsos relacionados com dores do tipo crônico e difuso (dor em queimação); Enquanto a via espinotalâmica se relaciona com as dores agudas e bem localizadas da superfície corporal. →Trato espinocerebelar posterior: neurônios cordonais de projeção, situados no núcleo torácico da coluna posterior, emitem axônios que ganham o funículo lateral do mesmo lado, fletindo-se cranialmente para formar o trato espinocerebelar posterior. As fibras deste trato penetram no cerebelo pelo pedúnculo cerebelar inferior, levando impulsos de propriocepção inconsciente originados em fusos neuromusculares e órgãos neurotendinosos. →Trato espinocerebelar anterior: neurônios cordonais de projeção, situados na coluna posterior e na substância cinzenta intermédia, emitem axônios que ganham o funículo lateral do mesmo lado ou do lado oposto, fletindo-se cranialmente para formar o trato espinocerebelar anterior. As fibras deste trato penetram no cerebelo, principalmente pelo pedúnculo cerebelar superior. Admite-se que as fibras cruzadas na medula tomam a se cruzar ao entrar no cerebelo, de tal modo que o impulso nervoso termina no hemisfério cerebelar situado do mesmo lado em que se originou. Ao contrário do trato espinocerebelar posterior, que veicula somente impulsos nervosos originados em receptores periféricos, as fibras do trato espinocerebelar anterior informam também eventos que ocorrem dentro da própria medula, relacionados com a atividade elétrica do trato corticoespinhal. Assim, através do trato espinocerebelar anterior, o cerebelo é informado de quando os impulsos motores chegam à medula e qual sua intensidade. Essa informação é usada pelo cerebelo para controle da motricidade somática. José Eduardo Palacio Soares – Bloco Inconsciência – GT2 TERMINAÇÕES NERVOSAS SENSITIVAS (RECEPTORES) O termo receptor sensorial refere-se à estrutura neuronal ou epitelial capaz de transformar estímulos físicos ou químicos em atividade bioelétrica (transdução de sinais) para ser interpretada no sistema nervoso central. Pode ser um terminal axônico ou células epiteliais modificadas conectadas aos neurônios, como as células ciliadas da cóclea. CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA DOS RECEPTORES RECEPTORES ESPECIAIS: são mais complexos, relacionando-se com um neuroepitélio (retina, órgão de Corti etc.) e fazem parte dos chamados órgãos especiais do sentido: visão, audição e equilíbrio, gustação e olfação, todos localizados na cabeça. RECEPTORES GERAIS: ocorrem em todo o corpo, fazem parte do sistema sensorial somático, que responde a diferentes estímulos, tais como tato, temperatura, dor e postura corporal ou propriocepção. CLASSIFICAÇÃO FISIOLÓGICA DOS RECEPTORES ESPECIFICIDADE DOS RECEPTORES: Usando-se como critério os estímulos mais adequados para ativar os vários receptores, estes podem ser classificados como: →Quimiorreceptores: são receptores sensíveis a estímulos químicos, como os da olfação e gustação e os receptores do corpo carotídeo capazes de detectar variações no teor do oxigénio circulante; →Osmorreceptores: receptores capazes de detectar variação de pressão osmótica; →Fotorreceptores: receptores sensíveis à luz, como os cones e bastonetes da retina; → Termorreceptores: receptores capazes de detectar frio e calor. São terminações nervosas livres. Alguns se localizam no hipotálamo e detectam variações na temperatura do sangue, desencadeando respostas para conservar ou dissipar calor; →Nociceptores (do latim nocere = prejudicar): são receptores ativados por diversos estímulos mecânicos, térmicos ou químicos, mas em intensidade suficiente para causar lesões de tecidos e dor. São terminações nervosas livres; →Mecanorreceptores: São receptores sensíveis a estímulos mecânicos e constituem o grupo mais diversificado. Aqui situam-se os receptores de audição e de equilíbrio do ouvido interno; os receptores do seio carotídeo, sensíveis a mudanças na pressão arterial (barorreceptores); os fusos neuromusculares e órgãos neurotendinosos, sensíveis ao estiramento de músculos e tendões; receptores das vísceras, assim como os vários receptores cutâneos responsáveis pela sensibilidade de tato, pressão e vibração. CLASSIFICAÇÃO PELA LOCALIZAÇÃO: →Exteroceptores: localizam-se na superfície externa do corpo, onde são ativados por agentes externos como calor, frio, tato, pressão, luz e som. Proprioceptores: localizam-se mais profundamente, situando-se nos músculos, tendões, ligamentos e cápsulas articulares. Os impulsos nervosos originados nesses receptores, impulsos nervosos proprioceptivos, podem ser conscientes e inconscientes. Estes últimos não despertam nenhuma sensação, sendo utilizados pelo sistema nervoso central para regular a atividade muscular por meio do reflexo miotático ou dos vários centros envolvidos na atividade motora. Os impulsos proprioceptivos conscientes atingem o córtex cerebral e permitem a um indivíduo, mesmo de olhos fechados, ter percepção de seu corpo e de suas partes, bem como da atividade muscular e do movimento das articulações. São, pois, responsáveis pelos sentidos de posição e de movimento. José Eduardo Palacio Soares – Bloco Inconsciência – GT2 Interoceptores (ou visceroceptores): localizam-se nas vísceras e nos vasos e dão origem às diversas formas de sensações viscerais, geralmente pouco localizadas, como a fome, a sede e a dor visceral. Grande parte dos impulsos aferentes originados em interoceptores é inconsciente, transmitindo ao sistema nervoso central informações necessárias à coordenação da atividade visceral, tais como o teor de 02, a pressão osmótica do sangue e a pressão arterial. Tanto os exteroceptores como os proprioceptores transmitem impulsos relacionados ao ‘soma’, ou parede corporal, sendo, pois, considerados receptores somáticos. Os interoceptores transmitem impulsos relacionados às vísceras e são, por conseguinte, viscerais. Pode-se, ainda, dividir a sensibilidade em superficial e profunda, a primeira originando-se em exteroceptores e a segunda em proprioceptores e interoceptores. OS RECEPTORES SOMÁTICOS DA PELE A maioria deles é mecanorreceptor ou quimiorreceptor. Um único receptor pode codificar várias características do estímulo, como intensidade, duração e posição. Mas geralmente um estímulo ativa vários receptores. Cabe ao sistema nervoso central a geração das percepções. Os mecanorreceptores sensíveis a vibração, pressão e toque, os pelos puxados ou curvados e estas modalidades de energia são percebidos pela maioria dos receptores, que variam sua preferência quanto à frequência de estímulo, pressão e tamanho do campo receptivo. Mecanorreceptores estão presentes também em vasos e vísceras, e percebem pressão, estiramento de órgãos digestivos, bexiga, força de contato dos dentes etc. Em sua maioria, apresentam uma estrutura mais simples que a dos receptores especiais, podendo, do ponto de vista morfológico, ser classificados em dois tipos: livres e encapsulados, conforme tenham ou não uma cápsula conjuntiva. Receptores gerais livres: são as terminações das fibras nervosas sensoriais que perdem a bainha de mielina, preservando o envoltório de células de Schwann até as proximidades da ponta de cada fibra. São, sem dúvida, os mais frequentes. Ocorrem, por exemplo, em toda a pele, emergindo de redes nervosas subepiteliais e ramificando-se entre as células da epiderme. São de adaptação lenta e veiculam informações de tato grosseiro, dor, temperatura e propriocepção. Na categoria de terminações livres estão também os discos de Merkel e os nociceptores. Discos de Merkel: são pequenas arborizações das extremidades das fibras mielínicas que terminam em contato com células epiteliais especiais. Estão envolvidos em tato e pressão contínuos; Nociceptores: são terminações nervosas livres, não mielinizadas, que sinalizam que o tecido corporal está sendo lesado ou em risco de lesão. Sua via para o encéfalo é distinta da via dos mecanorreceptores, e sua ativação seletiva leva à experiência consciente de dor. Podem ativados por estimulação mecânica intensa, temperaturas extremas, falta de oxigénio e exposição a produtos químicos. O lactato liberado no metabolismo anaeróbico pode levar à dor muscular; picadas de insetos estimulam mastócitos que liberam histamina que ativa os nociceptores. Termorreceptores: sensações não dolorosas de calor ou frio. RECEPTORES ENCAPSULADOS Estão compreendidos aqui os corpúsculos sensitivos da pele, descritos na histologia clássica, além dos fusos neuromusculares e neurotendíneos. Corpúsculos de Meissner: Ocorrem nas papilas dérmicas, sobretudo nas da pele espessa das mãos e dos pés. São receptores de tato, pressão e estímulos vibratórios mais lentos que os percebidos pelos corpúsculos de Paccini. José Eduardo Palacio Soares – Bloco Inconsciência – GT2 Corpúsculos de Vater-Paccini: são os maiores receptores, têm distribuição muito ampla, ocorrendo sobretudo no tecido conjuntivo subcutâneo das mãos e dos pés ou mesmo em territórios mais profundos, como nos septos intermusculares e no periósteo. São responsáveis pela sensibilidade vibratória, ou seja, a capacidade de perceber estímulos mecânicos rápidos e repetitivos. Os corpúsculos de Paccini são mais sensíveis a vibrações em torno de 200 Hz ou 300 Hz, ao passo que os de Meissner respondem melhor a 50 Hz. Ambos são importantes para a percepção de texturas. Corpúsculos de Ruffini: ocorrem nas papilas dérmicas, tanto da pele espessa das mãos e dos pés (pele glabra), como na pele pilosa do restante do corpo. São receptores de tato e pressão; Fusos neuromusculares: são pequenas estruturas em forma de fuso, situadas nos ventres dos músculos estriados esqueléticos, dispondo-se paralelamente com as fibras destes músculos (fibras extrafusais). Órgãos neurotendinosos: são receptores encontrados na junção dos músculos estriados com seu tendão. Os órgãos neurotendinosos informam o sistema nervoso central da tensão exercida pelos músculos em suas inserções tendinosas no osso, e permitem, assim, avaliação da força muscular que está sendo exercida. ÁREAS SENSITIVAS As áreas sensitivas do córtex estão distribuídas nos lobos parietal, temporal e occipital. No homem, as áreas visuais são as mais importantes e ocupam a maior parte do lobo occipital. As áreas sensitivas são divididas em áreas primárias (de projeção) e secundárias (de associação), relacionadas, respectivamente, à sensação do estímulo recebido e à percepção de características específicas desse estímulo. No caso das áreas visuais, por exemplo, as áreas secundárias são múltiplas, cada uma responsável pelo processamento de aspectos específicos da visão, como forma, cor, movimento etc. ÁREAS CORTICAIS RELACIONADAS COM A SENSIBILIDADE SOMÁTICA ÁREA SOMESTÉSICA PRIMÁRIA (S1): A área somestésica primária (S1) e a área da sensibilidade somática geral estão localizadas no giro pós-central. Na área somestésica chegam radiações talâmicas que se originam nos núcleos ventral posterolateral e ventral posteromedial do tálamo e trazem, por conseguinte, impulsos nervosos relacionados a temperatura, dor, pressão, tato e propriocepção consciente da metade oposta do corpo. Pode-se concluir, assim, que existe correspondência entre partes do corpo e partes da área somestésica (somatotopia). Para representar essa somatotopia, Penfield e Rasmussen imaginaram um ‘homúnculo sensitivo’ (Figura 26.3) de cabeça para baixo no giro pós-central. Na porção superior desse giro, na parte medial do hemisfério, localiza-se a área dos órgãos genitais e do pé, seguida, jána parte superolateral do hemisfério, das áreas da perna, do tronco e do braço, todas pequenas. Mais abaixo vem a área da mão, que é muito extensa, seguida da área da cabeça, onde a face e a boca têm representação também bastante extensa. Segue-se, já próxima ao sulco lateral, a área da língua e da faringe. José Eduardo Palacio Soares – Bloco Inconsciência – GT2 Lesões da área somestésica podem ocorrer, por exemplo, como consequência de acidentes vasculares cerebrais que comprometem as artérias cerebral média ou cerebral anterior. Há, então, perda da sensibilidade discriminativa do lado oposto à lesão. O doente perde a capacidade de discriminar dois pontos, perceber movimentos de partes do corpo ou reconhecer diferentes intensidades de estímulo. Apesar de distinguir as diferentes modalidades de estímulo, ele é incapaz de localizar a parte do corpo tocada ou de distinguir graus de temperatura, peso e textura dos objetos tocados. Em decorrência disso, o doente perde a estereognosia, ou seja, a capacidade de reconhecer os objetos colocados em sua mão. É interessante lembrar que as modalidades mais grosseiras de sensibilidade (sensibilidade protopática), tais como o tato não discriminativo e a sensibilidade térmica e dolorosa, permanecem praticamente inalteradas, pois elas se tomam conscientes em nível talâmico. ÁREA SOMESTÉSICA SECUNDÁRIA (S2): Esta área situa-se no lobo parietal superior, logo atrás da área somestésica primária. Sua lesão causa agnosia tátil, ou seja, incapacidade de reconhecer objetos pelo tato. ÁREA VISUAL PRIMÁRIA (V1): Localiza-se nos lábios do sulco calcarino no lobo occipital. ÁREA AUDITIVA PRIMÁRIA: Está situada no giro TEMPORAL transverso anterior (giro de Heschl). ÁREA VESTIBULAR: localiza-se no lobo parietal, em uma pequena região próxima ao território da área somestésica correspondente à face. Assim, a área vestibular está mais relacionada com a área de projeção da sensibilidade proprioceptiva do que com a auditiva. ÁREA OLFATÓRIA: situada na parte anterior do úncus e do giro para-hipocampal, conhecida também como córtex piriforme; localizados no lobo temporal. ÁREA GUSTATIVA: se localiza na parte posterior da ínsula. ÁREA MOTORA PRIMÁRIA (M1): Ocupa a parte posterior do giro pré-central.