Oocitação e Implantação PDF

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Thais Alves Fagundes

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reproductive biology female reproductive system ovarian cycle biology

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Este documento descreve o ciclo ovariano, a oocitação e o processo de implantação de um óvulo fertilizado. Detalhes sobre o papel do FSH, LH e progesterona no ciclo reprodutivo e a preparação do útero para a fertilização são incluídos.

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Thais Alves Fagundes OOCITAÇÃO CICLO OVARIANO Na puberdade, a mulher começa a ter ciclos mensais regulares. Esses ciclos sexuais são controlados pelo hipotálamo. O hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH)...

Thais Alves Fagundes OOCITAÇÃO CICLO OVARIANO Na puberdade, a mulher começa a ter ciclos mensais regulares. Esses ciclos sexuais são controlados pelo hipotálamo. O hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH), produzido pelo hipotálamo, age nas células do lobo anterior da adeno-hipófise, que, por sua vez, secreta gonadotrofinas. Esses hormônios, o hormônio foliculoestimulante (FSH) e o hormônio luteinizante (LH), estimulam as alterações cíclicas dos ovários. No início de cada ciclo ovariano, de 15 a 20 folículos no estágio primário (pré-antral) são estimulados a crescer sob a influência do FSH (esse hormônio não é necessário para promover o desenvolvimento dos folículos primordiais até o estágio de folículo primário, mas sem ele os folículos primários morrem e se tornam atrésicos). Sob condições normais, apenas um desses folículos alcança a maturidade plena e apenas um oócito é liberado; os outros degeneram e entram em atresia. No próximo ciclo, outro grupo de folículos primários é recrutado e, novamente, apenas um alcança a maturidade. Consequentemente, a maior parte dos folículos degenera sem jamais alcançar a maturidade completa. Quando um folículo se torna atrésico, o oócito e as células foliculares circunjacentes degeneram e são substituídos por tecido conjuntivo, formando um corpo atrésico. O FSH também estimula a maturação das células foliculares (granulosas) ao redor do oócito. Em cooperação, a teca interna e as células da camada granulosa produzem estrógenos: as células da teca interna produzem androstenediona e testosterona, e as células granulosas convertem esses hormônios em estrona e em 17 β- estradiol. Como resultado dessa produção de estrógenos:  Endométrio uterino entra na fase folicular ou proliferativa.  Muco cervical torna-se menos espesso para viabilizar a passagem dos espermatozoides.  Aadeno-hipófise é estimulada a secretar LH. Na metade do ciclo, ocorre um pulso de LH, que:  Eleva as concentrações do fator promotor da maturação, fazendo com que os oócitos completem a meiose I e iniciem a meiose II.  Estimula a produção de progesterona pelas células foliculares estromais (luteinização).  Causa a ruptura folicular e a oocitação. Thais Alves Fagundes OOCITAÇÃO Nos dias que precedem imediatamente a oocitação (ovocitação ou, de modo errôneo, ovulação), sob a influência do FSH e do LH, o folículo antral cresce rapidamente, para se tornar um folículo maduro (folículo de De Graaf). Concomitantemente com o desenvolvimento final do folículo antral, ocorre elevação abrupta do LH, que faz com que o oócito primário complete a meiose I e o folículo entre no estágio maduro pré-ovulatório. Aproximadamente 3 horas antes da oocitação, a meiose II se inicia, mas o oócito fica parado na metáfase. Nesse período, a superfície do ovário começa a apresentar uma protusão localizada no ápice, aparece um ponto avascularizado, o estigma. A alta concentração de LH aumenta a atividade da colagenase no ovário, resultando na digestão das fibras colágenas que cercam o folículo. Os níveis de prostaglandina também aumentam em resposta à onda de LH e causam contrações musculares locais na parede ovariana. Essas concentrações extruem o oócito, que, junto com suas células granulosas circunjacentes da região do cúmulo oóforo, se solta (oocitação) e flutua para fora do ovário. Algumas das células do cúmulo oóforo se rearranjam ao redor da zona pelúcida para formar a coroa radiada. CORPO LÚTEO Após a oocitação, as células granulosas que permanecem na parede do folículo roto junto com as células da teca interna são vascularizadas pelos vasos circunjacentes. Sob a influência do LH, essas células desenvolvem um pigmento amarelado e se tornam as células luteínicas, que formam o corpo lúteo e secretam estrógenos e progesterona. A progesterona, junto com alguns estrógenos, faz com que a mucosa uterina entre no estágio progestacional ou secretor, preparando-se para a implantação do embrião. TRANSPORTE DO OÓCITO  Após a oocitação.  Fímbrias da tuba uterina varrem a superfície do ovário e a própria tuba começa a contrair-se ritmicamente.  Na tuba uterina, o oócito é propelido por contrações musculares peristálticas da tuba e por cílios na mucosa tubária; a taxa de transporte é regulada pelo perfil endócrino durante e após a oocitação.  Oócito será carregado para a tuba por esses movimentos de varredura das fímbrias e pelo movimento dos cílios na superfície epitelial.  Na tuba, as células do cúmulo retiram seus processos citoplasmáticos da zona pelúcida e perdem o contato com o oócito.  Oócito fertilizado (óvulo) alcança o lúmen uterino em aproximadamente 3 a 4 dias. Thais Alves Fagundes CORPO ALBICANS Se a fertilização não ocorrer, o corpo lúteo alcança o máximo de desenvolvimento aproximadamente 9 dias após a oocitação. Ele pode ser facilmente reconhecido como uma projeção amarelada na superfície do ovário. Subsequentemente, o corpo lúteo encolhe por causa da degeneração das células lúteas (luteólise) e forma uma massa de tecido cicatricial fibrótico, o corpo albicans.  Simultaneamente, a produção de progesterona diminui, causando o sangramento menstrual. Se o oócito for fertilizado, a degeneração do corpo lúteo é evitada pela gonadotrofina coriônica humana, um hormônio secretado pelo sinciciotrofoblasto do embrião em desenvolvimento. O corpo lúteo continua a crescer e forma o corpo lúteo gravídico. No final do terceiro mês, o corpo lúteo pode ter um terço ou metade do tamanho total do ovário. As células lúteas amareladas continuam a secretar progesterona até o final do quarto mês; desse ponto em diante, elas regridem lentamente, conforme a secreção de progesterona pelo componente trofoblástico da placenta se torna adequada para a manutenção da gravidez. A remoção do corpo lúteo gravídico antes do quarto mês em geral leva ao aborto. FERTILIZAÇÃO  Gametas masculino e feminino se fundem.  Ocorre na região ampular da tuba uterina – porção mais larga da tuba e próxima ao ovário. ESPERMATOZOIDE Apenas 1% do esperma depositado na vagina penetra o colo do útero, onde os espermatozoides podem sobreviver por muitas horas. O movimento deles do colo do útero para a tuba uterina ocorre pelas contrações musculares do útero e da tuba uterina, e muito pouco por sua própria propulsão. A viagem desde o colo do útero até o oviduto pode ocorrer rapidamente, em 30 min ou até 6 dias. Após alcançarem o istmo, os espermatozoides se tornam menos móveis e param sua migração. Na oocitação, eles se tornam móveis novamente.  Por causa dos quimiotáticos produzidos pelas células do cúmulo que cercam o oócito e nadam pela ampola, onde a fertilização normalmente ocorre. Os espermatozoides não são capazes de fertilizar o oócito imediatamente após a chegada ao sistema genital feminino; em vez disso, eles devem sofrer capacitação e reação acrossômica para adquirirem essa capacidade. Thais Alves Fagundes CAPACITAÇÃO  Período de condicionamento no sistema genital feminino que dura aproximadamente 7 horas.  Chegar logo à ampola não é uma vantagem, uma vez que a capacitação ainda não ocorreu (espermatozoides não conseguem fertilizar o oócito).  Acontece na tuba uterina e envolve as interações epiteliais entre os espermatozoides e a superfície mucosa da tuba.  Camada de glicoproteínas e proteínas plasmáticas seminais são removidas da membrana plasmática que recobre a região acrossômica do espermatozoide.  Apenas os espermatozoides capacitados podem passar pelas células da coroa radiada e sofrer a reação acrossômica. REAÇÃO ACROSSÔMICA  Ocorre após a ligação à zona pelúcida, e é induzida por proteínas da mesma.  Essa reação culmina na liberação das enzimas necessárias para a penetração da zona pelúcida, incluindo substâncias semelhantes à acrosina e à tripsina. FASES DA FERTILIZAÇÃO  Fase 1: penetração da coroa radiada.  Fase 2: penetração da zona pelúcida.  Fase 3: fusão entra as membranas do oócito e do espermatozoide. FASE 1: PENETRAÇÃO DA COROA RADIADA  Dos 200 a 300 milhões de espermatozoides normalmente depositados no sistema genital feminino, apenas 300 a 500 alcançam o local de fertilização, e somente um deles fertiliza o oócito.  Outros espermatozoides ajudam o fertilizador a penetrar as barreiras que protegem o gameta feminino.  Espermatozoides capacitados atravessam livremente as células da coroa. FASE 2: PENETRAÇÃO DA ZONA PELÚCIDA  Zona pelúcida: camada de glicoproteínas que: o Cerca o oócito. o Facilita e mantém a ligação do espermatozoide. o Induz a reação acrossômica.  Tanto a ligação quanto a reação acrossômica são mediadas pelo ligante ZP3, uma proteína da zona.  Liberação das enzimas acrossômicas (acrosina) possibilita que os espermatozoides penetrem a zona, entrando em contato com a membrana plasmática do oócito. REAÇÃO DA ZONA  Permeabilidade da zona pelúcida se altera quando a cabeça do espermatozoide contata a superfície do oócito.  Contato resulta na liberação das enzimas lisossomais dos grânulos corticais que estão alinhados na membrana plasmática do oócito.  Enzimas alteram as propriedades da zona pelúcida (reação da zona).  Evita a penetração do espermatozoide e inativa os locais de receptores específicos de espécies para o espermatozoide na superfície da zona.  Outros espermatozoides são encontrados imersos na zona pelúcida, mas parece que apenas um é capaz de penetrar o oócito. Thais Alves Fagundes FASE 3: FUSÃO ENTRE AS MEMBRANAS DO OÓCITO E DO ESPERMATOZOIDE  Adesão inicial do espermatozoide ao oócito é mediada pela interação entre integrinas do oócito e seus ligantes, desintegrinas, no espermatozoide.  Após a adesão, as membranas plasmáticas do espermatozoide e do oócito se fundem.  Mmembrana plasmática que cobre a cabeça acrossômica desaparece durante a reação acrossômica.  Fusão é alcançada entre a membrana do oócito e a membrana que recobre a região posterior da cabeça do espermatozoide.  Tanto a cabeça quanto a cauda do espermatozoide entram no citoplasma do oócito, mas a membrana plasmática é deixada para trás, na superfície do oócito. ESPERMATOZOIDE ENTRA NO OÓCITO 1. Reações cortical e de zona.  Como resultado da liberação dos grânulos corticais dos oócitos, que contêm enzimas lisossomais, a membrana do oócito se torna impenetrável a outros espermatozoides.  Zona pelúcida altera sua estrutura e sua composição para evitar a ligação e a penetração do espermatozoide.  Essas reações evitam a poliespermia (penetração de um ou mais espermatozoides no oócito). 2. Continuação da segunda divisão meiótica.  Oócito termina sua segunda divisão meiótica imediatamente após a entrada do espermatozoide.  Uma das células-filhas, que recebe pouco ou nenhum citoplasma, é conhecida como segundo corpúsculo polar; a outra é o oócito definitivo ou óvulo. Seus cromossomos (22 mais X) se dispõem em um núcleo vesicular conhecido como prónúcleo feminino. 3. Ativação metabólica do óvulo.  Fator de ativação provavelmente é carregado pelo espermatozoide.  A ativação inclui eventos moleculares e celulares associados ao início da embriogênese. Enquanto isso, o espermatozoide se move para frente até que fique próximo do pró-núcleo feminino. Seu núcleo se torna aumentado e forma o pró-núcleo masculino. A cauda se desprende e degenera. Morfologicamente, os pró-núcleos masculino e feminino não são distinguíveis e, por fim, ficam em contato íntimo e perdem seus envelopes nucleares. Durante o crescimento dos pró-núcleos masculino e feminino (ambos haploides), cada pró-núcleo replica seu DNA. Se não ocorrer, cada célula do zigoto no estágio de duas células terá apenas metade da quantidade normal de DNA. Thais Alves Fagundes Imediatamente após a síntese de DNA, os cromossomos se organizam no fuso em preparo para a divisão mitótica normal. Os 23 cromossomos maternos e os 23 paternos (duplicados) separam-se longitudinalmente no centrômero, e as cromátides-irmãs se movem para polos opostos, fornecendo às duas primeiras células do zigoto a quantidade diploide de cromossomos e de DNA. Conforme as cromátides-irmãs se movem para polos opostos, aparece um sulco profundo na superfície da célula, dividindo o citoplasma gradualmente em duas partes. RESULTADOS DA FERTILIZAÇÃO 1. Restauração da quantidade diploide de cromossomos, metade do pai e metade da mãe.  Assim, o zigoto contém uma nova combinação cromossômica diferente de ambos os pais. 2. Determinação do sexo do novo indivíduo.  Espermatozoide carregando um X produz um embrião feminino (XX).  Espermatozoide carregando um Y produz um embrião masculino (XY).  Sexo cromossômico do embrião é determinado na fertilização. 3. Início da clivagem.  Sem a fertilização, geralmente o oócito degenera 24 h após a oocitação. ÚTERO NO MOMENTO DA IMPLANTAÇÃO CAMADAS DA PAREDE UTERINA 1. Endométrio ou mucosa que reveste a parede interna. 2. Miométrio, camada espessa de músculo liso. 3. Perimétrio, o peritônio que reveste a parede externa (Figura 3.11). Da puberdade (11 a 13 anos de idade) até a menopausa (45 a 50 anos de idade), o endométrio sofre variações em um ciclo de aproximadamente 28 dias sob o controle hormonal dos ovários. Thais Alves Fagundes ESTÁGIOS DO ENDOMÉTRIO NO CICLO MENSTRUAL 1. Fase folicular ou proliferativa. 2. Fase secretória ou progestacional. 3. Fase menstrual. Fase proliferativa:  Começa no final da fase menstrual.  Sob a influência do estrogênio.  Acompanha o crescimento dos folículos ovarianos. Fase secretória:  Começa aproximadamente 2 ou 3 dias após a oocitação.  Sob a influência da progesterona produzida pelo corpo lúteo. Fase menstrual:  Se a fertilização não ocorrer, o sangramento do endométrio (camadas esponjosa e compacta) marca o início da fase menstrual.  Se a fertilização ocorrer, o endométrio ajuda na implantação e contribui para a formação da placenta. Mais tarde, na gestação, a placenta assume o papel de produção hormonal, e o corpo lúteo degenera. Thais Alves Fagundes IMPLANTAÇÃO  Mucosa uterina está na fase secretória, período no qual as glândulas e artérias uterinas se tornam espiraladas e o tecido fica espessado.  Como resultado, podem ser reconhecidas no endométrio três camadas distintas: uma camada compacta superficial, uma camada esponjosa intermediária e uma camada basal fina. Se o oócito não for fertilizado, as vênulas e os espaços sinusoides gradualmente se tornam repletos de células sanguíneas, e é observada significativa diapedese de leucócitos do sangue para o tecido uterino. TRANSPORTE DO ÓVULO FERTILIZADO NA TUBA UTERINA  Depois da fertilização, são necessários outros 3 a 5 dias para o transporte do ovo fertilizado pelo restante da trompa de falópio até a cavidade uterina.  Esse transporte é feito pela fraca corrente de líquido na trompa, decorrente da secreção epitelial mais a ação do epitélio ciliado que reveste a trompa; os cílios sempre batem na direção do útero. Contrações fracas da trompa de falópio também podem ajudar a passagem do ovo.  Transporte lento do ovo fertilizado pela trompa de falópio (devido seu revestimento rugoso) permite a ocorrência de diversos estágios de divisão celular antes que ele – agora denominado blastocisto – entre no útero.  Durante esse tempo, as células secretoras da trompa de falópio produzem grande quantidade de secreções usadas para nutrir o blastocisto em desenvolvimento. Thais Alves Fagundes IMPLANTAÇÃO DO BLASTOCISTO NO ÚTERO  No útero blastocisto em desenvolvimento permanece na cavidade uterina por mais 1 a 3 dias antes de se implantar no endométrio.  Implantação ocorre em torno do quinto ao sétimo dia depois da ovulação. NUTRIÇÃO  Antes da implantação: blastocisto obtém sua nutrição das secreções endometriais uterinas, denominadas “leite uterino”. IMPLANTAÇÃO  Resulta da ação de células trofoblásticas que se desenvolvem na superfície do blastocisto.  Células trofoblásticas secretam enzimas proteolíticas que digerem e liquefazem as células adjacentes do endométrio uterino.  Parte do líquido e dos nutrientes liberados é transportada ativamente pelas mesmas células trofoblásticas no blastocisto, dando mais sustento ao crescimento. Após a implantação, as células trofoblásticas e outras células adjacentes (do blastocisto e do endométrio uterino) proliferam rapidamente, formando a placenta e as diversas membranas da gravidez. NUTRIÇÃO INICIAL DO EMBRIÃO PRIMEIRA SEMANA APÓS A IMPLANTAÇÃO: CÉLULAS DECÍDUAS  Progesterona secretada pelo corpo lúteo ovariano durante a última metade de cada ciclo sexual mensal tem efeito no endométrio uterino.  Progesterona converte as células do estroma endometrial em grandes células inchadas contendo quantidades extras de nutrientes (glicogênio, proteínas, lipídios e alguns minerais) necessários ao desenvolvimento do concepto (o embrião e suas partes adjacentes ou membranas associadas).  Essas células são agora chamadas células decíduas, e a massa total de células é denominada decídua.  À medida que as células trofoblásticas invadem a decídua, digerindo-a e embebendo-a, os nutrientes armazenados na decídua são usados pelo embrião para crescimento e desenvolvimento.  Na primeira semana após a implantação, esse é o único meio pelo qual o embrião consegue obter nutrientes; ele continua a obter pelo menos parte da sua nutrição, dessa forma, por até oito semanas. APÓS UMA SEMANA DA IMPLANTAÇÃO: PLACENTA  Placenta também provê nutrição.  Depois de pouco mais de uma semana depois da implantação (16º dia após a fertilização). FECUNDAÇÃO E IMPLANTAÇÃO FECUNDAÇÃO DO OVÓCITO E CLIVAGEM DO ZIGOTO FECUNDAÇÃO  Ocorre dentro da tuba.  Deve ocorrer no período de poucas horas e não mais que um dia após a ovulação. Thais Alves Fagundes Em razão desta janela de oportunidade tão estreita, os espermatozoides devem estar presentes na tuba uterina no momento da chegada do ovócito. Quase todas as gravidezes ocorrem quando a relação sexual se dá nos 2 dias que precedem a ovulação ou no dia dela. Assim, o período de desenvolvimento pós-ovulatório praticamente coincide com o de pós-fecundação. Fator inicial de gravidez: proteína imunossupressora secretada pelo ovário; surge no soro materno 24-48 h após a fecundação. Forma a base para o teste de gravidez nos primeiros 10 dias de desenvolvimento. Após a implantação, passa a ser produzido pelo embrião (trofoblasto). Se associa ao crescimento e proliferação celular. DATAÇÃO DA GESTAÇÃO Calculada a partir do início do último período menstrual. A duração da fase folicular do ciclo está sujeita a maior variabilidade do que a fase lútea. Assim, 1 semana após a fecundação corresponde aproximadamente a 3 semanas desde o início do último período menstrual nas mulheres com ciclos regulares de 28 dias. CLIVAGEM DO ZIGOTO  Após a fecundação na tuba uterina, o ovo maduro se torna um zigoto (uma célula diploide com 46 cromossomos) que sofre clivagem para formar blastômeros.  Zigoto em estágio de duas células passa por uma série de divisões mitóticas, aumentando o número de células.  Essas células se tornam menores a cada divisão de clivagem. BLASTÔMEROS  Essas células são conhecidas como blastômeros.  Até o estágio de oito células, elas formam um grupo sem associações entre si.  Após a terceira clivagem, os blastômeros maximizam seus contatos uns com os outros, formando uma bola compacta de células mantidas unidas por junções de oclusão.  Compactação, segrega as células internas, que se comunicam intensamente por junções comunicantes, das células externas. MÓRULA  Aproximadamente 3 dias após a fertilização, as células do embrião compactado se dividem novamente, formando uma mórula de 16 células (que lembra uma amora).  Células internas da mórula constituem a massa celular interna, e as células circunjacentes compõem a massa celular externa.  Massa celular interna: origina os tecidos do embrião em si (forma o embrioblasto)  Massa celular externa: contribui para a formação da placenta (forma o trofoblasto). Thais Alves Fagundes FORMAÇÃO DO BLASTOCISTO BLASTOCELE E BLASTOCISTO  Por volta do período em que a mórula entra na cavidade uterina, um fluido começa a penetrar os espaços intercelulares da massa celular interna através da zona pelúcida.  Espaços intercelulares se tornam gradualmente confluentes e é formada uma única cavidade, a blastocele.  Nesse período, o embrião é denominado blastocisto. EMBRIOBLASTO E TROFOBLASTO Embrioblasto: células da massa celular interna. Dará origem ao embrião tecidos extraembrionários. Trofoblasto: células da massa celular externa, que se achatam e formam a parede epitelial do blastocisto. Formará a parte embrionária da placenta  Zona pelúcida desaparece, possibilitando que a implantação comece.  Células trofoblásticas sobre o polo do embrioblasto começam a penetrar entre as células epiteliais da mucosa uterina.  Selectina L nas células trofoblásticas e seus receptores de carboidratos no epitélio uterino medeiem a ligação inicial do blastocisto ao útero. Selectinas são proteínas que se ligam a carboidratos, envolvidas nas interações entre leucócitos e células endoteliais, e que viabilizam a “captura” dos leucócitos do sangue circulante. Mecanismo semelhante é proposto, então, para a “captura” do blastocisto da cavidade uterina pelo epitélio uterino. Após a captura do blastocisto pelas selectinas, a ligação adicional e a invasão pelo trofoblasto envolvem as integrinas expressas pelo trofoblasto e as moléculas de matriz extracelular laminina e fibronectina. Os receptores de integrina para a laminina promovem a ligação, enquanto os para a fibronectina estimulam a migração. Essas moléculas também interagem com vias de transdução de sinal para regular a diferenciação do trofoblasto, de modo que a implantação é o resultado da ação mútua entre o trofoblasto e o endométrio. Assim, até o final da primeira semana do desenvolvimento, o zigoto humano já passou pelos estágios de mórula e de blastocisto, e teve início a implantação na mucosa uterina. Thais Alves Fagundes BLASTOCISTO  Estágios iniciais do blastocisto: parede da vesícula blastodérmica primitiva é formada por uma camada única de ectoderma. Blastocisto de 58 células: As 58 células do blastocisto se diferenciam em:  5 células produtoras de embrião (a massa celular interna).  Trofectoderma: 53 células destinadas a formar trofoblastos. Blastocisto de 107 células:  Não é maior daquele nos estágios iniciais da clivagem, apesar do líquido acumulado. Nesse estágio, as 8 células formadoras do embrião ficam circundadas por 99 células trofoblásticas, sendo em tal estágio que o blastocisto é liberado da camada pelúcida como resultado da secreção de proteases específicas das glândulas endometriais da fase secretória. A liberação da camada pelúcida permite que as citocinas e os hormônios produzidos pelo blastocisto atuem diretamente para influenciar a receptividade endometrial. Há evidências de que aIL-1α e IL-1β são secretadas pelo blastocisto e que estas citocinas são capazes de influenciar diretamente o endométrio. Também foi demonstrado que os embriões secretam gonadotropina coriônica humana (hCG), o que também pode influenciar a receptividade endometrial. Acredita-se que o endométrio receptivo responda produzindo:  Fator inibidor de leucemia (LIF).  Fator 1 estimulador da colônia (CSF-1). Estes fatores serviriam para aumentar a produção de proteases pelos trofoblastos, as quais degradariam proteínas da matriz extracelular do endométrio, permitindo a invasão dos trofoblastos. Assim, a liberação do embrião seria uma etapa fundamental para o sucesso da gravidez, uma vez que permite a associação dos trofoblastos com as células epiteliais endometriais e a liberação de hormônios produzidos pelos trofoblastos dentro da cavidade uterina. IMPLANTAÇÃO DO BLASTOCISTO  Ocorre 6 a 7 dias após a fecundação. Este processo pode ser dividido em três fases: 1. APOSIÇÃO: Adesão inicial do blastocisto à parede uterina (na parede posterior e superior do útero). 2. ADESÃO: Aumento do contato físico entre o blastocisto e o epitélio uterino. 3. PENETRAÇÃO E INVASÃO: Do sinciciotrofoblasto bem como do citotrofoblasto no endométrio, terço interno do miométrio e vasculatura uterina. Thais Alves Fagundes FATORES NECESSÁRIOS PARA A IMPLANTAÇÃO 1. Blastocisto invasor e capaz de nidar 2. Endométrio receptivo, sincrônico, glandular (função crucial da produção de progesterona pelo corpo lúteo), além da presença de fibroblastos, miócitos, macrófagos e monócitos do endotélio vascular. 3. Prostaglandinas E2 → ↑ permeabilidade vascular no sítio de implantação. 4. Fator de crescimento epidermal (FCE) → proliferação e diferenciação celular endometrial (potente ação mitogênica). 5. Fatores de crescimento insulina-like I e II → mitose e diferenciação celular JANELA DE IMPLANTAÇÃO  Período em que o endométrio está apto a receber o embrião.  Inicia-se 6 a 10 dias após a ovulação e dura cerca de 48h.  Fora dessa janela, a implantação não tem sucesso. Para que a implantação seja bem-sucedida, é necessário que o endométrio esteja receptivo, apropriadamente preparado pelo estrogênio e pela progesterona. A receptividade uterina é restrita aos dias 20 a 24 do ciclo. A aderência ao epitélio é mediada por receptores na superfície celular, no local da implantação, que interagem com receptores sobre o blastocisto. O epitélio se torna receptivo sob a influência do estrogênio e da progesterona produzidos após a ovulação pelo corpo lúteo. Se o blastocisto se aproximar do endométrio após o 24º dia do ciclo, a possibilidade de haver adesão ficará reduzida, uma vez que a síntese das glicoproteínas antiadesivas impedirá as interações com o receptor. BIOLOGIA DO TROFOBLASTO A formação da placenta humana se inicia como trofectoderma, o primeiro a se diferenciar no estágio de mórula. Ele dá origem à camada de células trofoblásticas que circunda o blastocisto; e, até o final da gravidez, o trofoblasto assume papéis importantes na interface feto-materna. Dos componentes da placenta, o trofoblasto é o que apresenta estrutura, função e padrão de desenvolvimento mais variáveis. Sua invasividade permite que haja implantação, seu papel na nutrição do concepto é indicado pelo nome que recebeu, e sua função como órgão endócrino é essencial às adaptações fisiológicas maternas bem como à manutenção da gravidez. DIFERENCIAÇÃO DO TROFOBLASTO Por volta do oitavo dia após a fecundação, depois da implantação inicial, o trofoblasto já terá se diferenciado em: SINCICIOTROFOBLASTO PRIMITIVO  Sincício multinucleado externo.  Não possui células individualizadas, sem limites citoplasmáticos.  Invade o endométrio por meio da liberação de enzimas, possibilitando a implantação do blastocisto.  Invade os vasos sanguíneos maternos (invasão trofoblástica), estabelecendo a circulação uteroplacentária. CITOTROFOBLASTO  Camada interna de células mononucleares primitivas.  Citotrofoblasto é formado por células germinativas para o sincício.  Representa o principal componente secretório da placenta.  Células com grandes núcleos que migram para a massa sincicial mantendo-a em crescimento constante. Thais Alves Fagundes Embora cada citotrofoblasto seja caracterizado pela capacidade de sintetizar DNA e sofrer mitose, por um limite celular bem demarcado e por um núcleo único, tais características não estão presentes no sinciciotrofoblasto, que recebe este nome exatamente porque não possui células individualizadas. Completada a implantação, o trofoblasto se diferencia em duas linhas principais, dando origem aos trofoblasto viloso e extraviloso. Ambas as linhagens dão origem a populações de células trofoblásticas com funções distintas quando em contato com os tecidos maternos. TROFOBLASTO VILOSO  Dá origem às vilosidades coriônicas, as principais responsáveis pelo transporte de oxigênio e nutrientes entre feto e mãe. TROFOBLASTO EXTRAVILOSO Migra para dentro da decídua e do miométrio, bem como penetra a vasculatura materna, entrando em contato com uma variedade de tipos celulares maternos. O trofoblasto extraviloso é subdividido em:  Trofoblasto intersticial: invade a decídua e eventualmente penetra o miométrio para formar o leito placentário de células gigantes. Este trofoblasto também circunda as artérias espiraladas.  Trofoblasto endovascular: penetra a luz das artérias espiraladas. IMUNOREGULAÇÃO MATERNA DA INVASÃO TROFOBLÁSTICA A penetração e sobrevivência embrionária dependem do desenvolvimento da imunotolerância para não ser rejeitado pelo sistema imune materno. Durante a primeira metade da gestação, encontram-se células destruidoras naturais (natural killer) da decídua (dNK) em contato direto com trofoblastos. Estas células não possuem funções citotóxicas nem outras propriedades particulares (que as distinguem das células NK circulantes e das encontradas no endométrio antes da gravidez). Este fato é importante por impedir que as células fetais sejam reconhecidas como "estranhas" sejam destruídas. As células dNK tem a capacidade de atrair e promover a invasão do trofoblasto na decídua bem como estimular o crescimento vascular. As células dNK expressam a interleucina 8 e a proteína 10 induzível por interferona, que se ligam aos receptores localizados sobre as células do trofoblasto para promover sua invasão na decídua na direção das artérias espitaladas. Thais Alves Fagundes Além disso, os trofoblastos secretam quimioquinas específicas que atraem as células dNK à interface materno-fetal. Assim, ambos os tipos celulares se atraem mútua e simultaneamente para promover a população decidual. 1. Devido à sua posição na interface materno-fetal, o trofoblasto parece proteger o embrião, servindo como barreira ao efeito das células maternas (linfócitos T, células NK). O citotrofoblasto placentário é a única camada de células fetais que se expõe à decídua materna. 2. As células do sinciciotrofoblasto, apesar de expostas a células imunes maternas dentro dos sinusóides sanguíneos, não possuem MHC-I, portanto não provocam reação de rejeição. INVASÃO DO ENDOMÉTRIO PELO TROFOBLASTO  Trofoblastos extravilosos da placenta do primeiro trimestre são altamente invasivos; formam colunas de células que se estendem desde o endométrio até o terço interno do miométrio.  A interação entre trofoblasto e endométrio depende de citocinas que são mediadas por receptores locais e específicos - ligação que regula a expressão e atividade das moléculas de adesão: integrinas, selectinas, mucina transmembrana (MUC-1).  A invasão do trofoblasto é limitada pela formação de camada de células deciduais do útero pela ação de inibidores de proteinases e metaloproteinases. A capacidade invasiva dos trofoblastos se dá pela secreção de enzimas proteolíticas capazes de digerir a matriz extracelular assim como de ativar proteinases já presentes no endométrio. Consequentemente, ocorrem a degradação das proteínas da matriz e a ativação das metaloproteinases da matriz (MMP), sendo a MMP-9 essencial à invasão do trofoblasto. O citotrofoblasto inicialmente elabora proteinases específicas que degradam a matriz extracelular da decídua. Daí em diante, a expressão de um grupo específico de integrinas permite a ligação destas células. Particularmente, a interação da L-seletina com seus carboidratos ligantes no citotrofoblasto é importante para a formação e manutenção das colunas celulares. Os trofoblastos ainda são fixados por fibronectinas fetais, também chamadas de colatrofoblastica para indicar seu papel fundamental na migração e fixação dos trofoblastos à decídua materna.  A neoangiogênese também tem papel importante na implantação.  O sinciciotrofoblasto produz enzimas proteolíticas, hormônios (progesterona, estrogênios, lactogênio placentário, glicocorticoides) e o hCG (gonadotrofina coriônica humana), cuja função é manter o corpo lúteo em atividade durante a gravidez. O hCG no final da segunda semana dobra de quantidade, sendo suficiente para dar um teste teste positivo para gravidez (teste β-hCG). VIABILIDADE DOS GAMETAS OVÓCITO SECUNDÁRO: Degenera24 horasapós a ovulaçãose não forfertilizado Espermatozoide: 48 horas. RESUMO 1 A cada ciclo ovariano, alguns folículos primários começam a crescer, mas, em geral, somente um alcança a maturidade plena e apenas um oócito é liberado na oocitação. Na oocitação, o oócito está em metáfase na segunda divisão meiótica e está cercado pela zona pelúcida e por algumas células granulosas. O movimento das fímbrias tubais carrega o oócito para a tuba uterina. Antes que os espermatozoides possam fertilizar o oócito, têm de passar por: Thais Alves Fagundes  Capacitação, período no qual uma capa de glicoproteínas e de proteínas plasmáticas seminais é removida da cabeça do espermatozoide.  Reação acromossômica, durante a qual são liberadas substâncias semelhantes à acrosina e à tripsina, para penetrar a zona pelúcida. Durante a fertilização, o espermatozoide precisa penetrar na:  Coroa radiada.  Zona pelúcida.  Membrana celular do oócito. Tão logo o espermatozoide penetre no oócito:  O oócito termina sua segunda divisão meiótica e forma o pró-núcleo feminino.  A zona pelúcida se torna impenetrável a outros espermatozoides.  A cabeça do espermatozoide se separa da cauda, incha e forma o pró-núcleo masculino. Após os pró-núcleos replicarem seus DNAs, os cromossomos paterno e materno se misturam, dividem-se longitudinalmente e passam por uma divisão mitótica, dando origem ao estágio de duas células. Os resultados da fertilização são:  Restauração do número diploide de cromossomos.  Determinação do sexo cromossômico.  Início da clivagem. A clivagem é uma série de divisões mitóticas que resultam no aumento da quantidade de células, os blastômeros, os quais se tornam menores a cada divisão. Após três divisões, eles sofrem compactação, para se tornarem uma bola celular altamente agrupada com camadas interna e externa. Os blastômeros compactados se dividem para formar uma mórula de 16 células. Conforme a mórula entra no útero no terceiro ou no quarto dia após a fertilização, começa a aparecer uma cavidade, e se forma o blastocisto. A massa celular interna, que se forma por volta do período da compactação e que se desenvolverá no embrião em si, aloja-se em um dos polos do blastocisto. A massa celular externa, que envolve as células internas e a cavidade blastocística, formará o trofoblasto. O útero está na fase secretória no período da implantação, e o blastocisto se implanta no endométrio ao longo da parede anterior ou posterior. Se a fertilização não ocorrer, então começa a fase menstrual, e as camadas endometriais esponjosa e compacta são liberadas. A camada basal permanece para regenerar as outras durante o ciclo seguinte. RESUMO 2 Fases: 1. Sinais químicos secretados pelos ovócitos e células foliculares guiam os espermatozoides capacitados para o ovócito. 2. Passagem do espermatozoide através da corona radiata. Ação da enzima hialuronidase liberada pelo acrossoma. 3. Penetração na zona pelúcida: Ação de enzimas (acrosina - proteolítica) liberadas pelo acrossoma, que causam a lise da zona pelúcida, formando um caminho para o espermatozoide chegar ao ovócito. Reação de zona: mudança nas propriedades da zona pelúcida, tornando-a impermeável a outros espermatozoides. Thais Alves Fagundes 4. Fusão das membranas plasmáticas do ovócito e do espermatozoide. Elas se rompem na área da fusão. A cabeça e a cauda do espermatozoide entram no ovócito, mas a membrana plasmática fica para trás. 5. Termino da segunda divisão meiótica do ovócito (estimulada pela penetração do espermatozoide). 6. Formação do pró-núcleo feminino (oriundo do núcleo do ovócito maduro). 7. Formação do pró-núcleo masculino (oriundo do núcleo do espermatozoide). Obs.: a cauda do espermatozoide se degenera. Nota: o ovócito contendo dois pró-núcleos haploides é chamado oótide. 8. Fusão dos pró-núcleos, formando o zigoto (18-22 h após a fecundação). Os cromossomos do zigoto se arranjam em um fuso, preparando para clivagem.

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