Summary

This document appears to be about media writing, focusing on the concepts of media ecosystems, narratives, and audio-visual elements, as well as the crucial aspects of writing for the media. It is structured in a way that looks like a textbook excerpt or a study guide for a course on media communications.

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Escrita para os media ECOSSISTEMAS MEDIATICOS - Ligado ao aparecimento da Internet, é com a emergência dos chamados selfmedia e das plataformas móveis que o conceito ganha novos significados passando a designar todo o complexo sistema de relações entre os velhos e os novos meios. -...

Escrita para os media ECOSSISTEMAS MEDIATICOS - Ligado ao aparecimento da Internet, é com a emergência dos chamados selfmedia e das plataformas móveis que o conceito ganha novos significados passando a designar todo o complexo sistema de relações entre os velhos e os novos meios. - Tal como a Ecologia é a ciência que estuda os ecossistemas, a Ecologia dos Media é a escola teórica da comunicação que se dedica aos ecossistemas mediáticos. Ao estudarem a forma como os media afetam a perceção, compreensão, sentimentos e valores humanos, os investigadores da Ecologia dos Media abordam os meios enquanto ambientes, procurando estudar a sua estrutura, conteúdo e impacto nas pessoas. - Os ecossistemas mediáticos estão em permanente mudança, tal como as estruturas tecnológicas, económicas, políticas e culturais que lhes servem de base. Seja de forma evolutiva ou disruptiva, esta mudança permanente impacta e define as esferas de produção, distribuição e receção de conteúdos. - A digitalização, como processo central da globalização, tem um peso fundamental nesta mudança, na integração e na mudança tecnológica moldando e afetando os canais comunicacionais através dos quais nos relacionamos e criamos ligações com novos significados e simbolismos. A NARRATIVA - "representação de um acontecimento ou de uma série de acontecimentos, reais ou fictícios, por meio da linguagem e, mais particularmente, da linguagem escrita" - "texto referencial com temporalidade representada" - Elucidam aspetos cruciais para a conceção de qualquer narrativa, incluindo as jornalísticas. - Se os aplicarmos ao género reportagem, por exemplo, encontraremos inúmeras semelhanças. - A própria etimologia da palavra -- reportare, quer dizer: transportar -- indica movimento de transporte de uma determinada realidade para o público, o que faz da reportagem um género flagrantemente referencial. - Organiza ações em sucessão insere-as numa linha temporal específica. - O tempo e o espaço também participam da abordagem narrativa. T - Transforma o conhecimento objetivo e subjetivo do mundo (o conhecimento sobre a natureza física, as relações humanas, as identidades, as crenças, valores e mitos, etc.) em descrições. - A partir dos enunciados narrativos somos capazes de colocar os acontecimentos em relação uns com os outros numa ordem e perspetiva, num desenrolar lógico e cronológico. É assim que compreendemos a maioria das coisas do mundo. - Narrativas são dispositivos argumentativos que utilizamos nos nossos jogos de linguagem. NARRATIVAS AUDIOVISUAIS - Imagem, som e discurso são componentes das narrativas audiovisuais, é a junção destas componentes que produz um determinado sentido. - A definição deste sentido, em qualquer dos tipos de narrativa audiovisual, cabe aos vários profissionais da área, que pretendem transmitir eficazmente uma determinada mensagem ao leitor-espectador-utilizador. - O audiovisual conquistou a vida quotidiana em sociedade. A origem desta linguagem advém do cinema que moldou e difundiu uma enorme quantidade de imagens e pensamentos sobre o mundo. - A comunicação publicitária tem também adquirido um papel relevante como modeladora de ideias, estereótipos e/ou de estilos de vida. Tem adaptado a sua estética, tornando as suas narrativas e respetivas produções em verdadeiros espetáculos de curta duração. - Para escrever é preciso ler; - O ato de ler é também um exercício mental, que ativa mecanismos cerebrais complexos, como o têm revelado vários trabalhos na área das neurociências. - Do ponto de vista da aquisição de uma maior aptidão de leitura, ler textos literários potência abordagens mais produtivas de textos técnicos. - Capacidade de simplificar informações - estratégia, boas habilidades de contar histórias e a capacidade de se concentrar nas informações essenciais. O público responde melhor às informações apresentadas por uma ordem lógica que apoia a narrativa geral. - Precisão e detalhes É necessária uma atenção excecional aos detalhes para detetar erros de conteúdo, gramática e pontuação. Reservar tempo para rever a mensagem principal e as secundárias - Objetividade A redação para os media (escrita jornalística) deve fornecer análises e histórias completas que incluam todas as principais perspetivas. Se se apresenta o ponto de vista de uma organização, também se deve citar um dos seus concorrentes ou discutir a perspetiva contrária para obter equilíbrio. Com exceção de formatos de opinião, os escritores não devem expressar as suas opiniões pessoais sobre uma história ou evento. Apresentar os factos deixando que o público decida como se sentir sobre a informação. Alguns profissionais acreditam que o jornalismo objetivo não existe porque os humanos são criaturas naturalmente tendenciosas. Os enviesamentos de um escritor podem tornar-se aparentes na sua escrita. No entanto, os jornalistas devem aspirar à máxima objetividade. Para conseguir isso, ajuda ter outras pessoas a ler os artigos ou mensagens para minimizar a escrita tendenciosa. - Clareza Os jornalistas ou outros profissionais de media geralmente escrevem para um grande público mainstream. A escrita clara e concisa torna mais fácil, para uma ampla variedade de grupos, entender a mensagem principal. Estruturas de frases complexas e jargões técnicos que se encontram na escrita académica tradicional não são apropriados. Usar frases simples (não significa simplicistas) para transmitir mensagens que um elevado número de pessoas possa entender. INFORMAÇÃO E ENTRETENIMENTO - A apresentação da informação com mais dinamismo cresceu mais depois do aparecimento da internet, que com as possibilidades multimédia e hipertextuais criou um público mais complexo. - Neste contexto de transformação de conteúdos mediáticos em formas interessantes de apresentar a notícia surge uma das formas mais evidentes deste aumento de atratividade: a articulação entre informação e entretenimento. - Derivado do termo em inglês (década de 90), o infotainment é uma fusão dos termos information e entertainment utilizado para designar a hibridização do que seria o ideal moderno do jornalismo -- informar aos cidadãos -- com uma das principais características da cultura de massa -- a competência para entreter, distrair, divertir. - Jornais televisivos são pensados para fazer com que tanto as notícias mais "graves" (como corrupção, violência, crimes) ou "leves" (como reportagens sobre cultura e desporto) sejam vistas de forma leve, quase para entreter - A televisão "confunde a própria realidade com a ficção ao transformar a vida em espetáculo" - O jornalismo de infoentretenimento baseia-se em todo o ´espetáculo´ que envolve a produção e apresentação de notícias. - Música, cores utilizadas no design gráfico, ecrãs gigantes nos estúdios, notícias apresentadas com o pivot em pé, infografias que facilitam a compreensão e captam a atenção. - Estas dinâmicas estão relacionadas com a mercantilização das notícias -- cidadãos -- consumidores - processo de comercialização da comunicação. GÉNEROS JORNALÍSTICOS TELEVISÃO - Reportagem: remete para as peças noticiosas mais comuns nos espaços informativos, caracterizadas pela transmissão de uma reportagem previamente elaborada por um jornalista. - Reportagem de investigação: género jornalístico com um cariz de investigação mais acentuado, o que tem inerente um trabalho pautado pela profundidade e um ritmo menos marcado pela instantaneidade. - A reportagem (peça) divide-se em três tipos, com diferentes tempos (estes tempos não devem ser rígidos) e diferentes especificidades. - Peça/Notícia (1´30) ✓ Pequena Reportagem (2' - 3´00) são trabalhos mais extensos porque o assunto está na ordem do dia - Grande Reportagem (mais extensa assuntos abordados com maior profundidade - Exclusivo: tipo de peça que abarca as notícias que são etiquetadas pelo operador televisivo que as transmite como exclusivas e que, por esse motivo, não são abordadas pelos operadores concorrentes. - Direto: remete-nos para as notícias que tenham inerente uma ligação em direto ao local dos acontecimentos e que não sejam acompanhadas por uma reportagem alusiva ao mesmo assunto, antes ou após a emissão em direto. - Relato misto: similar ao tipo de peça anterior, mas contempla uma reportagem relativa ao assunto noticiado, antes ou após a emissão em direto. - Teaser: tipo de peça breve apresentado ao longo do noticiário televisivo, com ou sem o acompanhamento de imagens, cujo objetivo central passa por fidelizar o público, mantendo-o atento a esse noticiário pelo menos até que o assunto visado no teaser seja apresentado. - Flash: engloba as notícias apresentadas unicamente pelo pivô, em direto, com ou sem imagens, que não implicam a transmissão de uma reportagem previamente elaborada. Exemplo: Abertura do Jornal da Noite SIC por Rodrigo Guedes de Carvalho - Comentário: corresponde a todas as peças noticiosas em que um ou mais intervenientes comentam um determinado assunto ou prestam uma declaração, sem que exista uma reportagem a contextualizar essa mesma peça. A única contextualização existente tem como protagonista o pivô, que lança a notícia. Exemplo: Quadratura do círculo, Sic Notícias - Entrevista em estúdio: implica a presença de um ou mais intervenientes em estúdio que respondem às questões colocadas pelo pivô ou por um profissional do canal: Exemplo: Grande Entrevista, RTP - Debate: Interação verbal em que os interlocutores expõem seus pontos de vista utilizando-se de estratégias argumentativas, habitualmente é moderado pelo pivô ou por um profissional do canal. Exemplos: Prós e Contras RTP ; Debates - Legislativas 2022 FORMATOS JORNALÍSTICOS AUDIOVISUAIS HÍBRIDOS - Peças media online que recorrem a vídeos disponibilizados por cidadãos nas redes sociais para ilustrar um acontecimento. PROCEDIMENTOS -- PEÇAS TELEVISIVAS - Na construção de uma peça jornalística para televisão é necessário atribuir especial atenção ao poder da imagem. Por isso, o jornalista deve ser capaz de compreender a necessidade de recolher uma boa imagem e qual o significado de cada imagem. - No trabalho final, a imagem e o texto em voz off devem ser apenas um elemento com o mesmo significado semântico. - Este trabalho jornalístico é realizado em equipa. Recolher imagens (repórter de imagem); Recolher informações e depoimentos (jornalista); editar a peça (editores). - Uma imagem deve ser lida. Para que tal suceda, o telespectador deve ter tempo para a ler, logo isso implica que as imagens tenham tempo suficiente para serem assimiladas. - Em situações em que as imagens mostrem, por exemplo, cartazes escritos ou documentos, o plano dessa mesma imagem deve ser suficientemente longo para ser entendido. - Em situações em que se recorra aos grafismos, o jornalista deve dizer em off as informações que constam nos gráficos. Esta situação é recorrente em notícias do âmbito económico. - O interesse do telespectador sobe em função da localização do centro da imagem. - Se a imagem tiver um único centro de interesse, toda a ação se centra nele. - A imagem poderá ter dois centros de interesse e nesse caso a nossa atenção divide se por ambos. - Se uma imagem tiver vários centros de interesse, a atenção varia, centrando-se alternadamente num ou outro ponto, conforme a sua posição relativa. - O enquadramento é o campo visual capturado pela objetiva da câmara. A esse elemento capturado chamamos plano, o qual mediante a disposição dos elementos adquire diferentes valores significativos e diferentes tempos de leitura. - São vários os tipos de enquadramento que se podem usar no momento de filmar. Neste tipo de plano as costas e o ombro do jornalista podem aparecer em algumas respostas do entrevistado, embora vá criar algum ruido na imagem. O entrevistado deve surgir sempre em primeiro plano, olhando na direção do jornalista. ![](media/image2.png) O jornalista pode surgir em primeiro plano nas perguntas, com um enquadramento similar ao do entrevistado. Este plano normalmente é gravado posteriormente ao fim da entrevista. Nesta fase o jornalista pode também "perguntar" usando como imagem um plano medio, dando assim mais recurso de imagem para o trabalho de edição. PLANOS DE CORTE - Este tipo de plano é essencial na construção de uma peça de televisiva já que permite a mudança de planos, locais e momentos. - O plano inteiro facilita o trabalho de edição. Nas entrevistas em salas ou gabinetes, o plano geral deve ser feito para que apareça o jornalista e o respetivo entrevistado na imagem. Este plano pode ser feito mais cedo, enquanto o jornalista prepara a entrevista na conversa prévia com o entrevistado, ou pode ser feito no fim, quando a entrevista terminou. Considerando uma pessoa como exemplo, podemos dividir o seu espaço em três grandes áreas demonstrativas: 1\. A que nos mostra o ambiente que a envolve 2\. A que nos permite observar a ação que executa 3\. A que nos possibilita analisar a sua expressão AMBIENTE PMG -- Plano Muito Geral PG -- Plano Geral AÇÃO PGM-- Plano Geral Médio PA -- Plano Americano PM-- Plano Médio EXPRESSÃO PP -- Plano Próximo GP -- Grande Plano MGP -- Muito Grande Plano PD -- Plano de Detalhe **PLANO MUITO GERAL(PMG)-** É o plano que não tem qualquer limite, e bastante geral. Contém, essencialmente, o ambiente. O elemento humano quase que não é visível na imagem **PLANO GERAL (PG)**- Este plano também se centra no ambiente. Apesar disso já se vê o elemento humano na imagem. Este plano já contém alguma ação apesar di ambiente ainda prevalecer. **PLANO GERAL MÉDIO (PGM)-**A figura humana já se nota e é um ponto central da imagem, dando para perceber as ações que executa. Existe um claro equilíbrio entre a ação e o ambiente envolvente. Neste plano a figura humana surge sempre completa, isto é, surge desde os pés à cabeça. **PLANO AMERICANO (PA)-**Neste plano, apesar do ambiente estar presente, o conteúdo principal é a ação das personagens. O limite inferior da imagem corta o ser humano pelo meio da coxa. **PLANO MEDIO (PM)-** O ambiente não surge neste plano.Este plano caracteriza-se fundamentalmente pela ação da parte superior do corpo humano. O plano é cortado pela cintura. Este plano é considerado intermédio entre ação e a expressão. **PLANO PROXIMO (PP)-**Este plano é cortado abaixo das axilas. Permite por exemplo imagens de alguém a fumar, cortando totalmente o ambiente em redor. Este tipo de planos privilegia o que é transmitido pela expressão facial. **GRANDE PLANO (GP)**-Este plano é a expressão na sua máxima importância. É um plano que é cortado pela parte superior dos ombros. Este plano retira a ação e o ambiente da imagem **MUITO GRANDE PLANO (MGP)-**Plano de expressão exagerado. É um plano que ao ser cortado pelo queixo e pela testa permite que seja aumentada a carga emotiva da imagem para o telespectador **PLANO DE DETALHE (PD)**-Este plano foca apenas parte de um corpo, desmontando assim o corpo humano. Este plano permite também que seja aumentada a carga emotiva da imagem, ao focar, por exemplo, uns olhos a chorar - FOCA-DESFOCA -- Plano em que ao focar-se o primeiro elemento mais próximo desfoca-se o segundo elemento. - ZOOM -- Aproximação, ou afastamento, a determinado objeto. Este tipo de plano deve ser equilibrado, não deve ser muito rápido nem exageradamente lento. - PANORÂMICAS -- Normalmente é um movimento efetuado de acordo com a nossa leitura, ou seja, da esquerda para a direita apesar de se poder efetuar no sentido contrário. Também é um plano que requer equilíbrio, não devendo ser nem muito rápido nem muito lento. Neste plano, o movimento da câmara é apoiado no eixo do tripé. - TILTS -- Movimento parecido com a panorâmica. O movimento é também efetuado normalmente de acordo com a nossa leitura, de cima para baixo, apesar de se poder efetuar no sentido oposto. É também um plano que requer equilíbrio, não deve ser nem muito rápido nem muito lento. - TRAVELLING -- Movimento bastante utilizado no cinema. A câmara efetua um determinado percurso. Este tipo de plano é normalmente utilizado em situações de explicação de determinada situação/movimento. - TRACKING -- Movimento que segue uma personagem ou um objeto que se movimenta, como se fosse uma perseguição. - Apesar da descrição sucinta de cada plano, os limites referidos nunca são rígidos. Cada caso é um caso, e se determinado plano (feito de acordo com as regras apontadas) é indicado para determinada peça isso não significa que esse mesmo plano resulte na peça seguinte. - O repórter de imagem, em consonância com o jornalista, seu colega de equipa, deve optar sempre pelos planos que vão encaixar na história. Para isso é fundamental o trabalho de equipa e um perfeito conhecimento das razões pela qual estão a fazer aquele trabalho. Uma boa preparação do trabalho é fundamental para que exista um bom trabalho de equipa. - Filmar é contar uma história, não é apontar a câmara e carregar no botão. ILUMINAÇÃO - Uma boa iluminação é fundamental em televisão. Ter o rosto de um convidado bem iluminado deve ser por isso um objetivo do jornalista e do repórter de imagem. - Uma entrevista feita com o convidado de costas para o sol (contraluz) perde muito valor, mesmo que seja uma entrevista com respostas fundamentais, já que a cara do entrevistado (expressões) está escura e tudo o resto em sua volta se encontra perfeitamente iluminado. Situações destas são de evitar. - Para que isto suceda é essencial que a equipa procure no terreno as melhores condições de trabalho possíveis e tenha a noção das diferenças que existem entre filmar em ambientes fechados (estúdio ou outros) ou em ambiente aberto (exteriores). IMAGEM E TEXTO - Os smartphones são algo que levamos connosco para todo o lado, portanto estão sempre a "roubar" a nossa atenção. - Redes sociais mantêm-nos a ler a toda a hora, mas encorajam-nos a passar de uma coisa para a outra constantemente. Estão sempre a dar-nos notificações e alertas. - Tornamo-nos pessoas cada vez mais distraídas, habituadas a conteúdos breves e com dificuldade em mergulharmos num livro. - O ambiente criado pelos ecrãs é contrário ao ambiente calmo de que precisamos para ler atentamente. - No jornalismo televisivo é a imagem que permite captar mais a atenção e que possibilita a diferenciação relativamente à imprensa e à rádio. - É essencial conciliar uma boa imagem com um bom texto, nos tempos adequados. - Ao surgirem situações em que as palavras dizem uma coisa e as imagens mostram outra, acaba por perder-se a informação auditiva, embora a mensagem audiovisual acabe por chegar ao seu destino. Uma imagem com texto, captura de ecrã, Tipo de letra, design - A relação entre imagem e texto, nos meios de comunicação que os utilizam, ganha novos contornos nos dias que correm, de constantes inovações, tanto na materialidade dos meios quanto na hibridação dos géneros -- "Poética da relação imagem-texto" (Campos, 2010). - O telejornal é um território privilegiado da relação entre imagem e texto, não só porque se faz basicamente destes dois meios. - A sua linguagem verbal é um misto de oral e escrita, duas modalidades distintas que se misturam e se unem na narração do repórter. - A veiculação das imagens ganha força com a participação do elemento verbal escrito -- Por exemplo: legenda. - O jornalista é, antes de mais, o rosto da reportagem e possui a tarefa de relacionar os factos ocorridos com o telespectador. - O repórter de imagem possui a seu cargo a tarefa de captar a imagem e o som, sempre em estreita ligação com o jornalista. - A nível profissional existe ainda o editor de imagem que tem a tarefa de editar as imagens e sons em articulação com o jornalista. - Transmitir a emoção contida nas imagens é essencial. Devido a isso, a imagem possui, por si só, um estilo de narração muito próprio. Uma imagem com um ruído, ou um silêncio, pode ser o suficiente para causar a emoção que se pretende. - O repórter de imagem não é um simples "aponta e filma". É, isso sim, um elemento da equipa que deve conhecer o tema de forma a poder sentir os vários elementos visuais e emocionais que estão envolvidos na história. - É, por isso, fundamental que exista a coordenação na equipa. O jornalista deve explicar ao repórter de imagem, na redação, ou no caminho para o local, as razões para se efetuar aquele trabalho (Quem?, O quê?, Quando?, Onde?, Como? Porquê?) para que este último saba qual o objetivo do trabalho que vão fazer. - Os dois em conjunto devem traçar um plano de trabalho, mas devem estar conscientes que o local ou as circunstâncias podem alterar as condições do plano de trabalho previamente delineado. Esta situação de mudança de planos é habitual. - Os dois elementos da equipa devem, por isso mesmo, ser capazes de se adaptarem às novas circunstâncias que rodeiam um trabalho, pois só assim este trabalho será valorizado. NARRATIVA NOTICIOSA ![Uma imagem com texto, captura de ecrã, Tipo de letra Descrição gerada automaticamente](media/image4.png) - Aplicar a pirâmide invertida de forma literal numa peça televisiva pode tornar a mesma peça em algo melancólico e aborrecido. - Além dos pormenores, as peças, da mesma forma que os alinhamentos, devem ser construídas de forma a ter "picos", ou seja, de forma a cativar. - Nunca nos devemos esquecer que uma peça deve ser apresentada como uma história com pormenores, com a imagem mais forte em primeiro lugar e que permite agarrar, surpreender NARRATIVA NOTICIOSA - TV - O trabalho de campo deve ser feito como se fôssemos utilizar a Pirâmide Invertida, apesar de, no final, construirmos a nossa peça com "picos" de interesse. - Primeiro, o lead da notícia. Depois, tendência para uma "estória" circular, que no final regressa ao ponto de partida. NARRATIVA HIPERMÉDIA - A proliferação de publicações online conduziu à emergência do chamado jornalismo digital ou ciberjornalismo. - Os ciberjornalistas usam as características particulares da Internet no seu trabalho diário: multimédia, interactividade e hipertexto. - Tomar decisões sobre qual o formato ou formatos de media que melhor se adaptam a uma determinada história (multimédia), considerar opções que permitam ao público responder, interagir ou mesmo personalizar certas histórias (interactividade), e pensar nas maneiras de relacionar a história com outras histórias, arquivos, e outros recursos através de hiperligações (hipertexto). - A hipertextualidade, a não linearidade, o multimédia, a convergência e a personalização são características típicas do jornalismo digital, cuja definição é um "alvo em movimento". À medida que a tecnologia e o conceito de jornalismo forem mudando, também a definição de jornalismo digital irá mudar. - O ciberjornalista é, antes de mais, um jornalista, "o que significa que qualquer definição deste comunicador deve seguir as guidelines escolhidas para a profissão como um todo". - A produção de notícias no contexto dos novos media pode recorrer à totalidade das modalidades comunicacionais (texto, áudio, vídeo, gráficos, animação), incluindo modalidades emergentes, como o vídeo a 360 graus. - Estas possibilidades multimédia permitem ao jornalista adequar as diversas modalidades a cada estória em particular. Narrativa linear - A história é contada de forma lógica com início meio e fim (Imprensa escrita, rádio e TV -- Media tradicionais). Narrativa não linear - A não-linearidade é uma das principais características da linguagem hipertextual da web. Em ambientes hipertextuais, as narrativas constituídas pelas deslocações/movimentos dos utilizadores são criadas a partir de encadeamentos descontínuos e entrelaçados de informações, que combinam escolhas e decisões subjetivas dos utilizadores aos modelos estruturais dos sites ou páginas percorridas. - Em ciberjornalismo, escrever não se resume a redigir texto, mas antes a explorar todos os formatos possíveis a ser utilizados numa história de modo a permitir a exploração da característica-chave do novo medium: a convergência. - As possibilidades narrativas permitidas pela convergência multimédia requerem o planeamento das histórias através da elaboração de um guião (storyboard), encarado como essencial no processo de escrita não linear. - A aplicação do storyboarding no planeamento de uma história online poderá, dependendo das práticas e exigências de cada média online, caber ao próprio jornalista. - Contar histórias com determinadas estruturas narrativas não se aplica apenas ao jornalismo, filmes, livros ou podcasts -- as histórias estão entrelaçadas em tudo o que encontramos diariamente. E isso inclui narrativas curtas nas redes sociais online. - Uma boa narrativa, seja para um livro, artigo, site ou rede social, deve começar com um momento de mudança inesperada. - Com o elevado número de utilizadores, o espaço nas redes sociais online também fica muito preenchido -- o que torna ainda mais importante a criação de conteúdo que estabeleça um envolvimento com as pessoas. - O conteúdo é um fator determinante para alguém gostar ou não de uma página/perfil. Se alguém visitar uma página e perceber o conteúdo como aborrecido, apenas comercial ou pouco adequado, não vai seguir a página. - O conteúdo é um elemento chave para criar uma relação próxima com determinada comunidade online e para a manter interessada. - Conteúdo de qualidade vai gerar maior interação por parte dos seguidores e, por consequência, alcançará mais pessoas organicamente, isto é, de forma não paga. Esta é uma forma de conquistar visibilidade. - Conteúdo que foi pensado de forma estratégica auxilia no alcance dos objetivos de comunicação. - Em muitas páginas os conteúdos são criados e partilhados sem que tenha existido uma reflexão prévia do que faz ou não sentido publicar, ou seja, sem qualquer orientação estratégica. - Por outro lado, esta gestão por intuição irá dificultar a análise sobre o que funcionou melhor, uma vez que não serão testados vários tipos de conteúdos. - Virgínia Coutinho propôs um conjunto de passos que ajudam a definir os temas e o tipo de conteúdo adequado a cada página. Uma imagem com texto, captura de ecrã, Tipo de letra, file Descrição gerada automaticamente - Não há um tipo ideal de conteúdo. No entanto, vários testes e estudos demonstram que existem determinadas características que provocam uma maior interação com as publicações. São elas: 1. Imagens. Habitualmente conteúdos com imagem (em tempo real) geram maior interação. 2\. Publicações curtas. Vários estudos indicam que publicações curtas 100 a 150 caracteres têm mais interação. 3\. Call to actions e recurso a hashtags. Publicações que incluam pedidos de ação concretos ("diga-nos o que acha?") e que estimulem a criação de comunidades. 4\. Perguntas. Interagir com os seguidores colocando perguntas concretas. - Distinguir conteúdos de qualidade profissional de conteúdos sem qualidade online é uma questão cada vez mais importante, especialmente num ambiente saturado de informações. Diversos estudos científicos sugerem critérios para essa distinção: 1\. Credibilidade da Fonte - Autores identificados e especialistas: Conteúdos de qualidade frequentemente são escritos por autores identificados com expertise no assunto. A presença de credenciais profissionais e académicas aumenta a credibilidade. 2\. Propósito e Transparência - Intenção clara do conteúdo: Pesquisas mostram que conteúdos de qualidade geralmente têm um propósito explícito e não têm intenção de enganar ou manipular. Transparência editorial, como a clareza sobre patrocínios ou conflitos de interesse, é um indicador relevante de credibilidade. 3\. Estilo e Estrutura - Estilo profissional e ausência de erros: Conteúdos bem escritos, com estrutura clara e sem erros gramaticais ou ortográficos, tendem a ser mais confiáveis. - Consistência e profundidade da informação: Informações ricas em detalhes, com fontes verificáveis, citações corretas e argumentos bem desenvolvidos, são sinal de profissionalismo. 4\. Verificação de Fatos e Fontes Confiáveis - Referências verificáveis: Conteúdos de qualidade citam fontes confiáveis e verificáveis, como artigos científicos, relatórios oficiais e notícias de veículos reconhecidos. - Sites de verificação de fatos: Usar plataformas de verificação de fatos como o Snopes e FactCheck.org ajuda a avaliar a veracidade de informações e evitar a disseminação de fake news. 5\. Interatividade e Feedback - Sinais de envolvimento qualificado: Artigos que permitem comentários e têm feedback construtivo de outros profissionais ou especialistas no assunto geralmente possuem maior qualidade, pois promovem uma interação crítica com o conteúdo. 6\. Atualizações Frequentes - Sites ou artigos que são constantemente atualizados para refletir novas informações são mais confiáveis. 7\. Independência Editorial - Sites com independência editorial e ausência de enviesamento extremo: Uma pesquisa da Harvard Kennedy School sugere que conteúdos sem forte inclinação ideológica e que procuram reportar os factos de forma equilibrada, são mais dignos de confiança.\ PODCASTING - Surgiu no ano 2000 e estabeleceu-se no ecossistema mediático em 2005 e tem estado em constante evolução. - Independentemente da especificação tecnológica que determina a maior ou menor ligação do podcasting com as estruturas radiofónicas convencionais, estas duas formas de mediação relacionam-se com (e partilham) uma forma expressiva e comunicacional assente na oralidade. - Essa é uma das razões que justifica a sua centralidade e crescente importância no ecossistema mediático contemporâneo, a par das suas características tecnológicas, culturais, económicas e sociais. - O consumo de podcasts herda hábitos de consumo radiofónico e acrescenta hábitos de consumo mais personalizados e partilháveis em rede. - A cultura e a tecnologia radiofónica têm com este formato uma relação de quase descendência, desta forma, ainda que o podcasting se diferencie da transmissão radiofónica tradicional e da sua linearidade analógica, retém alguns dos seus traços simbólicos, independentemente das suas especificações tecnológicas. - O podcasting tende a ser visto como um modelo alternativo de broadcasting. Este caráter alternativo teve, e está a ter, impactos significativos em outras esferas sociais tais como a da informação/jornalismo, educação e até nas ciências médicas. - Os podcasters apresentam-se habitualmente como jornalistas, cientistas, especialistas, profissionais do entretenimento, etc. e não como podcasters ou profissionais do áudio. - Essa diversidade de intervenientes e agentes ativos fez com que o podcasting e os podcasts se tornassem num espaço único, com valor específico, no âmbito de um espaço público e discursivo concreto na designada fase pré-comercial do podcasting - Pouco depois do podcasting atingir a sua maioridade em 2005, o formato transitou para dispositivos pessoais altamente e permanentemente conectados, tais como o smartphone. - Esta elevada capacidade de sobrevivência deve-se quer à relativa simplicidade tecnológica do podcasting e dos podcasts, quer ao seu consolidado significado cultural como artefactos que convergem áudio, estruturas web e hardware portátil, três elementos centrais para as estruturas comunicacionais contemporâneas no século XXI. - Influência da dimensão cultural do formato na edificação de uma "indústria" do podcasting, independentemente da importância da sua configuração tecnológica. ✓ A sua massificação deve-se também aos fatores narrativos que tornam o podcasting capaz de transformar questões complexas em informações mais digeríveis e, também, a capacidade de transformar essas questões, em toda a sua complexidade, em histórias com que os consumidores/utilizadores se identificam. - Embora o guião de cada podcast seja diferente, dependendo do tipo de programa, tema, convidado, género (informação, opinião, entretenimento) deve elaborar-se um planeamento estruturado em antecipação. - Estrutura base de um guião de podcast: 1. Introdução - Os ouvintes devem conseguir perceber porque razão devem escutar aquela pessoa - Esta informação deve estar escrita, para não esquecer detalhes importantes. - Percurso profissional ou forma como se relacionam com o tema do episódio, para atestar a sua credibilidade e legitimidade para falar sobre o tema. Mensagem promocional - Se o podcast (ou o episódio específico) tem patrocinador a referência deve ser feita logo a seguir às boas vindas. - Alguns sponsors facultam a mensagem exatamente como a querem transmitir, mas caso não o façam, é aconselhável ter algo preparado. 2. Desenvolvimento - Entrada do conteúdo mais importante do episódio. Definição de uma lista de tópicos e subtópicos a abordar por uma ordem que faça sentido. - Se o podcast incluir vários segmentos, é aconselhável a criação de um separador que permita fazer a transição entre os segmentos (diferentes momentos). - Os separadores de transição podem incluir uma música, um jingle, uma frase ou um efeito sonoro. 3. Conclusão - Agradecer a presença do convidados (s) e a todos os que ajudaram na produção; - Elaborar um breve sumário do que foi falado; - Fazer um teaser para o próximo episódio; - Apelar à ação dos ouvintes e promover o podcast, por exemplo, para que visitem as páginas nas redes sociais e deixarem comentários. - Este é o formato de uma conversa e deve assumir a naturalidade deste tipo de interação; - Naturalidade não implica falta de preparação. É necessário treinar em voz alta para ir introduzindo melhorias (adequadas às características pessoais); - Falar daquilo que se conhece denota sempre maior naturalidade. Se não se tem muita informação (de qualidade) sobre o tema, investigar mais, para que a conversa possa ser fluída. - Não recorrer a termos desconhecidos da maioria das pessoas sem as devidas explicações. O objetivo é criar envolvimento com o público. - Recolher o máximo de informação possível em antecipação sobre o perfil dos ouvintes (seja através de analíticas de episódios anteriores, seja através da pesquisa de formatos semelhantes). - Discursos são sistemas de significado que são proferidos sempre que fazemos enunciados compreensíveis em voz alta com os outros (ou nas nossas cabeças quando mantemos conversas internas). - No seu sentido mais amplo, um discurso é um sistema cultural de significado que circula entre os membros de um grupo e que torna as interações humanas compreensíveis. - Os discursos estão interligados com quase todos os aspetos da vida humana. - A Análise de discurso é a análise das conversas entre pessoas ou grupos e do impacto que estas conversas têm na organização social. - A análise de discurso dos media implica a observação das formas como os meios de comunicação social representam/tratam diversas realidades e assuntos - Na análise do discurso a linguagem adquire "uma propriedade mágica". Porque as pessoas escrevem e falam para se adequar ao ambiente ou ao significado de tudo aquilo com que interagem, das suas experiências. - Na Análise Crítica do Discurso (Critical Discourse Analysis (CDA)), a linguagem é vista como uma prática social e a CDA propõe um caminho interdisciplinar para o estudo do discurso. - Mais do que preocupações com o aspeto linguístico de um texto ou afirmação oral, Fairclough aponta que a CDA analisa as relações e tensões dialéticas entre discurso e outros elementos da prática social. - Ele não exclui outras formas de semiose (processo de produção e representação de significados) como linguagem corporal ou imagens visuais. - O movimento "Moms Demand Action" é uma ONG norte americana com quase 6 milhões de apoiantes que defende leis e políticas mais fortes para a redução do uso de armas e da violência. - A imagem revela tensões dialéticas/contradições. Por um lado, o livro em cuja capa está retratado "O Chapeuzinho Vermelho\" é um livro que foi proibido nas escolas pelos conservadores porque tem uma garrafa de vinho na capa. - Por outro lado, outra rapariga segura uma arma maior do que o seu tamanho e é legal possuí-la e a sua legalidade é protegida pelos conservadores. - Estas duas situações contraditórias resumem bem a gravidade da situação e a sua dimensão contraditória. Pode não ser considerado correto em termos pedagógicos ter uma garrafa de vinho na capa de um livro, mas é discutível a venda legal de armas a crianças. - A imagem do Moms Demand Action tem um grande impacto nos leitores. A contradição está nas mãos das duas meninas, uma tem pele escura e a outra pele branca, têm dois materiais contrastantes nas mãos e estão numa biblioteca repleta de livros com a bandeira dos EUA no fundo como símbolo de "suposta" segurança e proteção. - Esta imagem tem a capacidade de nos por a pensar e fornecer todas essas contradições no mesmo enquadramento. - **Dimensão 1 :Discurso ao nível da palavra**. O discurso é encarado como uma coleção de palavras que selecionamos quando escrevemos ou falamos. As palavras explicitamente selecionadas demonstram a nossa abordagem ao assunto. As palavras "proibir, criança, proteger, assalto, armas e ação" refletem o núcleo da mensagem pretendida do remetente que deseja transmitir um significado ao destinatário. - Com a palavra "guess/adivinhe", o escritor quer enfatizar algo com o objetivo de criar um efeito especial na mente do destinatário. O propósito de usar perguntas retóricas em vez de usar a forma declarativa habitual pretende fazer o público refletir sobre as suas próprias ações e pensar nas respostas das perguntas na imagem. - **✓ Dimensão 2: Discurso ao nível do texto/imagem**. Através da análise crítica do discurso (CDA) percebemos que a linguagem tem potencial de mudança. As frases que construímos e as palavras que escolhemos pronunciar são importantes. A nossa visão do assunto afetará a maneira como falamos sobre esse assunto porque a linguagem não é neutra. Muitas vezes contém valores, atitudes e avaliações que interferem, explícita ou implicitamente, nas relações de poder. - A imagem denota ironia, uma vez que os pensamentos (livros) são apresentados como sendo mais devastadores do que possuir uma arma e espelha também os debates sobre questões raciais existentes nos EUA. - **Dimensão 3: Discurso no nível normativo** - uma organização como a "Moms Demand Action" tem as suas próprias normas, valores e tradições. É expectável que trabalhe os símbolos da imagem para que transmitam uma mensagem de crítica social, cultural e política. - Fairclough discute a relação entre linguagem e poder e explica que o poder deve ser entendido de três formas: "poder para", "poder sobre" e "poder por detrás". Esta imagem representa o poder por detrás da posse de armas nos EUA. - O que torna um discurso "crítico" é o significado da história, do poder e da ideologia. Fazer as pessoas pensarem de maneira diferente, indireta e incomum com recurso à linguagem visual cria uma influência inegável na forma como os assuntos possam ser percecionados.

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