PDF Azia Tratamento: Sintomas e Causas - Cuidados Farmacêuticos
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Universidade Federal do Ceará
2018
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Este documento, datado de 2018, aborda a azia e a semiologia farmacêutica, explorando as perturbações digestivas, o manejo de problemas de saúde autolimitados e informações sobre o trato gastrointestinal. Destaca-se a importância da identificação de sintomas, causas, fatores agravantes e tratamentos farmacológicos e não farmacológicos para a azia.
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AZIA SEMIOLOGIA FARMACÊUTICA 2018.1 Perturbações Digestivas São várias as perturbações digestivas que obriga o paciente a recorrer com frequência à farmácia. Entre elas destacam-se a dispepsia, azia, flatulência, diarréia, constipação, náuseas e vômitos. Estas pert...
AZIA SEMIOLOGIA FARMACÊUTICA 2018.1 Perturbações Digestivas São várias as perturbações digestivas que obriga o paciente a recorrer com frequência à farmácia. Entre elas destacam-se a dispepsia, azia, flatulência, diarréia, constipação, náuseas e vômitos. Estas perturbações podem ser aliviadas pelos MIPs, no entanto é importante ter em conta que podem indiciar lesões graves que necessitem de consulta médica. O farmacêutico saberá avaliar se é necessário dirigir o paciente para o médico ou para a urgência hospitalar. Nas situações em que os sintomas possam ser aliviados com MIPs, e de acordo com as queixas, idade, doenças e terapêutica concomitante, o farmacêutico selecionará qual os medicamentos indicados para cada doente. Posteriormente, o farmacêutico indicará a posologia adequada, bem como as medidas não farmacológicas que também aliviam os sintomas, ou seja, prestará todos os conselhos indispensáveis ao sucesso do tratamento aconselhado. MANEJO DE PROBLEMAS DE SAÚDE AUTOLIMITADO Identificação da(s) necessidade(s) e problema(s) de saúde ⚫ A identificação da(s) necessidade(s) e do(s) problema(s) de saúde do paciente ocorre pela análise dos sinais e/ou sintomas, o que inclui informações sobre início, duração, frequência, localização precisa, características e gravidade, em qual momento do dia ou em que circunstâncias surgem ou desaparecem, fatores que agravam ou aliviam. Principais pontos a serem obtidos em uma história sobre o TGI Fonte: Greene, Russell. Patologia e Terapêuticas para Farmacêuticos: Bases para a prática da Farmácia Clínica, 2012 HISTORIA DOS SINTOMAS Duração Intermitente, continua, progressiva, recorrente (se sim, os sintomas são os mesmos ou diferentes do último episódio) Local e propagação Inicial, subsequente, presente Relacionados a Hora do dia Ingestão de alimentos Movimento intestinal Ciclo menstrual eventos da vida, p. ex. luto, divórcio, etc Fatores que aliviam Uso de substancias alcalinas (antiácidos) Ingestão de alimentos e líquidos Postura Aquecimento local, resfriamento, etc Fatores que agravam Atividade, trabalho, estresse, alem do exposto em “fatores que aliviam” Mudanças recentes Peso (mudança considerável sem acusa aparente) Salivação Rotina intestinal (frequência, consistência, cor, odor) Dor/desconforto, quaisquer alterações Local, propagação (inicial, subsequente, presente Gravidade Qualidade: aguda, fraca, penetrante, cólica Disfagia (possivelmente grave, dispepsia, azia ou flatulência) Historia familiar Náusea e vômitos OUTRAS INFORMAÇÕES Viagem recente (se sim, para onde?) Erupções cutâneas , alergias, doenças intercorrentes e medicamentos Tratamentos prévios (especialmente abdominais e cirúrgicos) Azia ⚫ A azia ou pirose é geralmente descrita como uma sensação de ardência ou queimadura localizada no peito que irradia para o pescoço. Pode ser acompanhada de regurgitação, com uma sensação de sabor ácido e amargo na parte de trás da garganta. ⚫ A azia surge sobretudo após as refeições principais e pode durar algumas horas e pode ocorrer durante a noite, e geralmente piora quando a pessoa se deita ou se curva. A etiologia da azia está relacionada com o contacto do suco gástrico com as paredes do esôfago. No estômago, o suco gástrico é constituído majoritariamente por ácido e enzimas digestivas. Normalmente, após a ingestão de alimentos, existe uma válvula muscular à entrada do estômago - esfíncter esofágico inferior (EEI) -, que se fecha, impedindo a saída do suco gástrico para o esôfago. Quando há uma deficiente contração deste esfíncter, ocorre relaxamento e refluxo esofágico, ou seja, o suco gástrico sobe para o esôfago. O contacto prolongado da acidez do suco gástrico com a parede do esôfago, danifica-a e provoca os sintomas característicos da azia. Mecanismos patofisiológicos da azia A azia ocorre quando o ácido do estômago reflui para o esôfago. Fisiologicamente, após a deglutição, o músculo inferior do esôfago (esfíncter esofágico inferior), que contacta o estômago, relaxa permitindo a entrada dos alimentos no estômago e contrai de seguida. Se o esfíncter enfraquece, o ácido gástrico pode subir para o esôfago, irritando o revestimento do mesmo e provocando dor. O ácido estomacal quando reflui para o esôfago pode provocar, além da azia, garganta inflamada persistente, rouquidão, tosse crônica, asma, dor no peito. Quando o refluxo do ácido é recorrente pode levar ao desenvolvimento da doença do refluxo gastresofágico e, até, câncer esofágico. A azia ocasional não é alarmante, no entanto pode reduzir a qualidade de vida influenciando o dia-a-dia, o sono e as refeições. ⚫ O refluxo de material ácido para o esôfago é comum e ocorre diversas vezes ao dia em todas as pessoas, por curtos períodos de tempo, e é eliminado do esôfago rapidamente. A mucosa do esôfago é pouco resistente ao ácido, mas tem a capacidade de suportar esse refluxo normal, e, por isso, o refluxo não significa necessariamente doença. ⚫ Em alguns casos, a mucosa do esôfago pode ter sua resistência diminuída ou o ácido refluir mais vezes ou por mais tempo do que a mucosa esofágica possa resistir. O ácido pode ainda refluir até a garganta, ou causar sintomas pela simples irritação do esôfago. Nessas situações, o refluxo deixa de ser considerado normal e trata-se de doença do refluxo gastroesofágico (DRGE). Causas da azia Determinados alimentos e bebidas podem provocar o refluxo ácido, nomeadamente os alimentos fritos ou gordurosos, uma vez que são de digestão lenta, tendem a ficar mais tempo no estomago; alimentos picantes, produtos com tomate, cebolas, mostarda e ketchup, vinagre e cítricos; chocolate e hortelã-pimenta podem relaxar o esfíncter, permitindo a subida do ácido; álcool, café e bebidas com cafeína, tendem a aumentar a acidez do estomago. É importante que referir a aspirina, anti-inflamatórios e analgésicos, exceto o paracetamol, podem também provocar sintomas de azia, bem como a gravidez, a presença de certas bactérias, úlcera, hérnia de hiato ou refluxo gastroesofágico. Vários fatores podem ser a causa da azia, como tal a alteração de hábitos de vida e evitar a automedicação pode ser suficiente para controlar os sintomas. ⚫ Pacientes frequentemente descrevem o sintoma de azia; tipicamente queimação desconforto/dor sentido no estomago para cima (será superior?) para trás esterno (retroesternal). Pirose Azia ou Funcional (AF) ⚫ Mais conhecida como azia é uma dentre as varias doenças esofágicas que se encontram classificadas no critério de Roma IV. Esse critério é utilizado para uniformizar os conhecimentos e classificar os distúrbios funcionais do aparelho digestivo em uma linguagem única e globalizada. ⚫ Os mecanismos responsáveis pelos sintomas da azia são, ainda, mal compreendidos. Contudo uma combinação de fatores fisiológicos e psicossociais provavelmente é responsável pelo aumento dos sintomas para um nível que exige atenção médica. Pirose Azia ou Funcional (AF) ⚫ Queimação, desconforto ou dor retroesternal; ⚫ Ausência de provas de que a DRGE é a causa dos sintomas; ⚫ Ausência de motilidade de base histopatológica da doença esofágica. DRGE A DRGE constituí uma das doenças crônicas mais comuns nos países ocidentais, sendo a azia um dos principais sintomas desta doença. No entanto, a relação direta entre azia e o diagnóstico de DRGE varia entre 70% a 75%, já que existem pessoas com a doença e cujos sintomas não incluem a azia e existem pessoas com azia frequente e que não têm DRGE. Atualmente o diagnóstico da DRGE baseia-se na existência de sintomas típicos isoladamente, na presença de refluxo do conteúdo gástrico e na presença de efeitos do refluxo. A DRGE pode apresentar-se como síndromes esofágicas ou síndromes extra-esofágicas. Nas síndromes esofágicas, os doentes apresentam sintomas típicos de refluxo e, após estudo complementar, é determinado se existe lesão da mucosa esofágica. Relativamente às síndromes extra-esofágicas, os doentes podem apresentar os seguintes sintomas: tosse crônica, laringite de refluxo, faringite, entre outros Indigestão: Sintomas e Etiologia A indigestão ou dispepsia traduz-se num desconforto recorrente não doloroso na parte superior no abdômen associada a uma variedade de sintomas tais como: saciedade precoce durante a refeição, sensação de enfartamento, náuseas e azia. Quando a indigestão é ocasional, esta pode ser originada por vários fatores: álcool e bebidas com cafeína em demasia, comer demasiado rápido e em elevadas quantidades numa refeição, situações de stress ou determinados medicamentos como antibióticos e anti-inflamatórios. ⚫ A freqüência e severidade dos episódios de azia ou pirose não predizem a existência ou gravidade da lesão esofágica. ⚫ Vários fatores podem estar na origem de um episódio de azia: a ingestão de alimentos condimentados, cítricos, chocolate, café e álcool; refeições constituídas sempre pelos mesmos alimentos e certas posturas como a flexão do tronco ou contração da parede abdominal Prevalência ⚫ Mais de um terço da população dos países ocidentais sofre de pirose, e aproximadamente um décimo a sofre diariamente. ⚫ Nos Estados Unidos, calcula-se que 60 milhões de adultos têm pirose ou recebem medicação por sintomas de azia uma vez por mês. Estima-se que 15 milhões de adultos têm azia diariamente. ⚫ DRGE é geralmente percebida como sendo menos comum na Ásia em comparação com o mundo ocidental. No entanto, vários estudos populacionais têm mostrado uma prevalência de mais de 10%. Em estudos comparativos, os sintomas e a prevalência de esofagite erosiva são mais altas no Ocidente. Existe confusão na interpretação dos distúrbios do trato gastrointestinal superior. O termo “azia” não tem seu equivalente em muitos idiomas da Ásia – os pacientes asiáticos podem perceber e descrever a pirose como dor torácica. Prevalência ⚫ Eructações ou distensão gasosa assim como o desejo de eructar são motivo de consulta predominante de muitos pacientes com DRGE, e outras "doenças" do trato gastrointestinal superior. ⚫ O diagnóstico baseado exclusivamente nos sintomas relacionados ao refluxo pode ser enganoso. Em populações com alta prevalência de infecção por H. pylori, um número significativo dos pacientes com DRGE sofrem de doença ulcerosa péptica concomitantemente. ⚫ O tratamento empírico baseado somente nos sintomas “típicos” de DRGE pode resultar não apropriado. ⚫ A prevalência da dispepsia nas populações asiáticas não é muito diferente daquela de ocidente. Quanto à gastroscopia, muitos pacientes asiáticos se sentem mais seguros (“mais satisfeitos”) com uma endoscopia negativa em comparação com uma estratégia de “examinar e tratar” a infecção pelo H. pylori. No entanto, outro estudo informou satisfação com o uso de inibidores da bomba de prótons (IBP). ⚫ O padrão da doença gastrointestinal superior também tem mudado na Ásia, com menos úlcera péptica e mais esofagite por refluxo (porém, menos que na Europa ou América do Norte), além de queda nas taxas de câncer gástrico HISTÓRIA ⚫ Como de costume, é importante obter uma boa história, escutar o paciente e observar sua aparência e seu comportamento cuidadosamente. A alimentação e o TGI estão fortemente associados a atitudes sociais e emocionais, sendo que concepções populares errôneas são comuns a atenção para esse aspecto pode fornecer pistas importantes para entender os comportamentos sociais e o estado emocional do paciente, que podem ser relevantes na interpretação da informação obtida. ⚫ Já se demonstrou que são necessários somente 5 minutos para se obter uma boa historia sobre o TGI. Através de questionamentos cuidadosos, o farmacêutico pode distinguir condições que podem ser potencialmente sérias O que você precisa saber: ⚫ Idade: adulto, criança ⚫ Sintomas/fatores associados: azia, dificuldade de engolir, flatulência ⚫ Gravidez ⚫ Fatores precipitantes ⚫ Fatores que aliviam ⚫ Peso ⚫ Hábito de fumar ⚫ Alimentação ⚫ Medicamentos: já tentados (utilizados) e outros sendo usados Significados de perguntas e respostas ⚫ Idade Os sintomas de refluxo e esofagite ocorrem mais comumente em paciente com idade acima de 55 anos. Azia não é uma condição normal experenciada na infância, embora os sintomas possam ocorrer em adultos jovens, particularmente em mulheres grávidas. Criança com sintoma de azia deve, portanto, ser encaminhado ao médico. Significados de perguntas e respostas ⚫ Sintomas/fatores associados (dor, disfagia, regurgitação) ⚫ Azia: Um desconforto como uma queimação sentida na parte alta do estomago na linha media (epigástrio) e a sensação de queimação tende a mover-se para cima do esterno (retroesternal). ⚫ A dor pode ser sentida somente na área retroesternal mais baixa ou ocasionalmente até a direita da garganta, causando gosto ácido na boca. Dores severas ⚫ Algumas vezes a dor pode chegar subitamente e severamente e mesmo irradiando de volta para os braços. Nessa situação a diferenciação dos sintomas é dificultada desde que a dor pode imitar um ataque cardíaco e um encaminhamento urgente ao médico é essencial. Alguns pacientes admitidos em hospital aparentemente sofrendo ataque cardíaco, em vez disso tinha esofagite. ⚫ Falha na resposta a antiácidos e dor irradiando para os braços pode significar que a dor pode não ser causado por refluxo. Embora ainda exista a possibilidade, de outra causas como doença cardíaca isquêmica (IHD) e doença da vesícula biliar pode ser considerada. Dificuldade em Deglutir (Disfagia) ⚫ Dificuldade em deglutir pode ser muitas vezes considerada um sintoma grave. ⚫ A dificuldade pode ser o desconforto quando a comida ou bebida é deglutido ou a sensação de comida ou líquidos aderidos no esôfago (garganta). Ambos devem ser encaminhados. É possível que o desconforto possa ser secundário a Doença do refluxo gastroesofágico – DRGE, especialmente quando ocorre enquanto ingestão de bebidas quentes ou fluidos irritantes (e.g. álcool ou suco de frutas). ⚫ A história de sensação de que a comida adere como ele está sendo engolido ou não parece passar diretamente para o estomago (disfagia) é indicativo de imediato encaminhamento. Pode ser uma obstrução no esôfago por um tumor. Regurgitação ⚫ Regurgitação pode ser associada a dificuldade de deglutição. Ocorre quando recentemente a alimentação adere no esôfago e é regurgitada sem passar para o estômago. ⚫ Isso ocorre devido a um bloqueio mecânico no esôfago. ⚫ Pode ser causado por um câncer ou, felizmente, a condições menos sérias como a Estenose péptica. A Estenose péptica é causada por refluxo ácido com esofagite por muito tempo. ⚫ A inflamação continua no esôfago causa cicatrizes, que pode levar a um estreitamento do esôfago. Que pode ser tratado com dilatação usando um endoscópio com fibra ótica. Entretanto, exame médico e posteriores investigações são necessárias para determinar a causa da regurgitação. Gravidez ⚫ Estima-se que metade das mulheres grávidas apresentaram azia. ⚫ Mulheres grávidas com mais de 30 anos são mais propensas a sofrer esse problema. ⚫ Os sintomas são causados por um aumento na pressão intra-abdominal e inabilidade do esfíncter esofágico menor. Acredita-se que influências hormonais, particularmente progesterona, são importantes na diminuição do esfíncter esofágico. A azia frequentemente começa do meio para o fim da gravidez, mas pode ocorrer em qualquer estágio. O problema pode algumas vezes estar associado a estresse. Gravidez ⚫ Bhavadharini (2011) relata que as alterações na fisiologia e anatomia da gestante estão relacionados com esses sintomas, a diminuição da pressão do esfíncter inferior do esôfago, o aumento secundário da pressão intra-abdominal, alargamento do útero e alterações no trânsito gastrointestinal foram ligados a patogênese do refluxo gastresofágico durante a gravidez. ⚫ A prevalência dos sintomas pode chegar a 50% das gestantes, sendo que 25% relataram sentir pirose durante toda a gravidez (RODRIGUEZ; BOHLIN; LINDMARK2001). Em sua maioria os sintomas tendem a se resolver após o parto (RICHTER, 2003). ⚫ Marrero e colaboradores (1992) realizaram um estudo em que 52% dos sintomas começaram no primeiro trimestre e continuaram no segundo trimestre, com apenas 8% de sintomas com início no terceiro trimestre. ⚫ Em contra partida foram desenvolvidas pesquisas que relacionaram o aumento da idade gestacional com a severidade e frequência. Um estudo realizado com 400 mulheres obteve como resultado a ocorrência dos incidentes em todos os períodos gestacionais. Porém a incidência no segundo e terceiro trimestre foram maiores (BHAVADHARINI, 2011). ⚫ Independentemente do tempo de latência, a evidência clínica sugere que a presença de condições gastrointestinais pré-existentes, agravam os sintomas de pirose e do refluxo ácido durante a gravidez e esses fatores também contribuem para a ocorrência de náuseas e vômitos nesse período (LACASSE et al., 2008). Gravidez Durante a gravidez, as alterações de hábitos de vida e alimentares podem ser cruciais para evitar ou aliviar este tipo de sintomas: ⚫ É essencial que deixe de fumar uma vez que o tabaco não só relaxa o músculo do esfíncter esofágico, permitindo o refluxo ácido, bem como aumenta o risco de nascimento prematuro, nascimento com baixo peso à nascença, aborto ou síndrome da morte súbita infantil. ⚫ É importante praticar uma alimentação saudável, equilibrada e variada de forma a obter os nutrientes necessários, e também para evitar a indigestão. Deve ter em consideração os alimentos que poderão contribuir para estes sintomas, como tal, deve evitá-los, nomeadamente os alimentos condimentados e gordurosos, bem como bebidas que contenham cafeína. ⚫ Tal como se recomenda para todas as pessoas que sofrem destas perturbações: as refeições devem ser em pouca quantidade e mais frequentes, deve-se comer lentamente e deve evitar deitar-se durante as duas horas seguintes à refeição. Nas situações em que a prática destas medidas não farmacológicas não são suficientes para aliviar os sintomas, o farmacêutico deve encaminhar a paciente para o médico, por forma a prescrever qual dos medicamentos que neutralizam ou reduzem a secreção ácida são mais adequados. Fatores precipitantes Decidir se alguém está ou não sofrendo de azia pode ser grandemente ajudado perguntando sobre fatores precipitantes ou agravantes. ⚫ A azia aparece muitas vezes trazido curvando-se ou deitando-se. ⚫ É mais provável ocorrer em quem está com sobrepeso e pode ser agravado por um recente aumento no peso. ⚫ É mais provável ocorrer após uma grande refeição. Medicamentos ⚫ O farmacêutico deve identificar qualquer medicamento que foi usado para tratar o sintoma. ⚫ Qualquer outro medicamento tomado pelo paciente deve ser identificado; alguns fármacos pode causar o sintoma da azia, e.g. agentes anticolinérgicos como hioscina e fármacos com ação anticolinérgicas como os antidepressivos tricíclicos e fenotiazínicos. ⚫ Bloqueadores do canal de cálcio, nitratos (especialmente nifedipina), teofilina e aminofilina podem agravar a azia, assim como a cafeína em compostos analgésicos ou quando tomado como estimulante. Medicamentos ⚫ Irritante per si; ⚫ Relaxamento do esfincter. Verificar se o paciente está usando algum medicamento que possa estar piorando ou provocando a pirose: ⚫ Bisfosfonatos, aspirina / anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), ferro, potássio, quinidina, tetraciclina ⚫ Zidovudina, agentes anticolinérgicos, agonistas alfa-adrenérgicos, barbitúricos ⚫ Agonistas β2-adrenérgicos, bloqueadores dos canais de cálcio, benzodiazepínicos, dopamina ⚫ Estrógenos, analgésicos narcóticos, nitratos, progesterona, prostaglandinas, teofilina ⚫ Antidepressivos tricíclicos (ATC), quimioterapia Se o paciente estiver recebendo algum dos medicamentos supracitados, sugira encaminhamento para médico generalista ou médico de família ⚫ É importante reconhecer que a azia, caso seja freqüente, pode constituir um sintoma de outras doenças como esofagite, esôfago de Barrett, câncer de estômago e Doença do Refluxo Esofágico (DRGE). ⚫ Em muitos indivíduos a azia é branda, pouco freqüente e previsível. ⚫ Para outros, azia é freqüente (ocorre duas ou mais vezes por semana), persistente e mais severa. ⚫ DRGE desenvolve-se quando o conteúdo gástrico no esôfago causa sintomas mais sérios (ex. azia dois ou mais dias por semana, distúrbios de sono) ou complicações (ex, esofagite, estenose esofágica), que afetam adversamente o bem-estar do paciente. ⚫ Azia pós-prandial, algumas vezes acompanhada de gosto amargo na boca (regurgitação), usualmente ocorre dentro de varias horas da ingestão de alimentos e é sempre precipitada por deitar-se ou encurvar-ser. ⚫ Azia limita a escolha de comidas e bebidas alcoólicas e perturba o trabalho e o sono. ⚫ Freqüentemente, azia noturna é associada com injuria esofágica mais severa. ⚫ Manifestações extra-esofágicas da DRGE incluem asma, tosse crônica laringite e dor torácica não cardíaca. MANEJO DE PROBLEMAS DE SAÚDE AUTOLIMITADO Manejo - Sinais de alerta Exclusões do autotratamento : ⚫ Sintomas da azia: Durante > 3 meses, azia severa ou noturna Continua após 2 semanas de tratamento com H2RA ou IBP; Aparece enquanto está recebendo H2RA ou IBP prescrita; ⚫ Azia de instalação recente a uma idade > 50–55 anos ⚫ Disfagia ou odinofagia (dor durante a deglutição de alimentos) ⚫ Sinais de sangramento GI: vômitos, sangue ou fezes escuras/alcatroadas, anemia, déficit de ferro ⚫ Sintomas ou sinais de laringite: ronqueira, sibilos, tosse ou afogos ⚫ Emagrecimento inexplicável ⚫ Persistência de náuseas, vômitos, diarreia ⚫ Sintomas que sugerem dor torácico do tipo cardíaco: com irradiação para ombros, braços, pescoço, mandíbula, e falta de ar, sudoração ⚫ Gestantes ou mulheres amamentando ⚫ Crianças < 12 anos de idade para antiácidos/H2RA, < 18 anos para IBP O farmacêutico tem um importante papel em determinar se o auto-tratamento (medidas farmacológicas – MIP’s e não-farmacológicas) da azia é apropriada, ou se o paciente deverá ser encaminhado ao médico. Caso não identifique nenhuma situação de alerta para encaminhamento, o farmacêutico deverá elaborar, de forma compartilhada com o paciente, o seu plano de cuidado, que poderá conter terapias não farmacológica, farmacológica e/ou outras intervenções relativas ao cuidado em saúde. Plano de Cuidado Manejo (medidas não-farmacológicas) ⚫ Desencadeadores — identificar substâncias e comportamentos mais frequentes; evitar esses desencadeadores para reduzir o risco de sintomas de refluxo ácido. ⚫ Mudanças no estilo de vida: ❖ Em caso de sobrepeso, perder peso é a mudança mais importante no estilo de vida ❖ Evitar nicotina, café, álcool, bebidas carbonatadas, chocolate, menta, alimentos gordurosos ou frituras, frutas cítricas ou seus sucos, molhos de tomate, alho o cebola, comidas picantes ❖ Pequenas refeições mais frequentes ❖ Elevar a cabeceira da cama 20–25 cm ❖ Evitar líquidos e alimentos 3 horas antes de dormir ❖ Usar roupas leves, especialmente na cintura Manejo (medidas não-farmacológicas) Postura ⚫ Dobrando, curvando-se e nunca caindo uma poltrona pode provocar sintomas e deve ser evitado sempre que possível. É melhor agachar um pouco do que curvar-se. desde que os sintomas ficam piores quando o paciente deita-se, existe evidencia de que levantando a cabeça da cama pode reduzir os episódios de refluxo. ⚫ Usar travesseiros extras é sempre recomendado, mas não é mais efetivo do que elevar a cabeça da cama. A razão para o uso de travesseiros extra é a elevação somente da parte superior do corpo, com a dobração da cintura, a qual pode resultar no aumento da pressão do conteúdo estomacal. Manejo (medidas não-farmacológicas) ⚫ Café, chá e outras bebidas que contêm cafeína A cafeína pode relaxar o esfíncter inferior do esôfago permitindo que o conteúdo do estômago retorne para o esôfago. ⚫ Chocolate O chocolate contém concentrações de teobromina (um composto que ocorre naturalmente em muitas plantas) que relaxa o músculo esfíncter do esôfago, permitindo que o ácido do estômago retorne para o esôfago. ⚫ Fritos e alimentos gordurosos Estes alimentos podem atrasar a digestão, mantendo o alimento no estômago mais tempo. Isso pode causar aumento da pressão no estômago. O resultado é mais pressão sobre um esfíncter enfraquecido, causando o refluxo de conteúdo do estômago. ⚫ Tomates e produtos à base de tomate Estes alimentos relaxem o esfíncter esofágico inferior. ⚫ Álcool O álcool relaxa o esfíncter esofágico inferior e aumenta a produção de ácido gástrico. ⚫ Tabaco Os produtos químicos no cigarro passam dos pulmões para o sangue e enfraquecem o esfíncter esofágico inferior (EEI). ⚫ Sucos e frutas cítricas Estes alimentos relaxem o esfíncter esofágico inferior. Manejo (medidas não-farmacológicas) ⚫ Comer antes de 2 ou 3 horas antes de dormir: Ficar deitado com o estômago cheio pode causar uma pressão maior do conteúdo do estômago contra o EEI (Esfíncter Esofágico inferior) , aumentando a probabilidade de refluxo. As bananas têm efeito antiácido. ⚫ Grandes refeições: O estômago cheio pode colocar pressão adicional sobre o esfíncter esofágico inferior, que aumentará a possibilidade de que alguns destes alimentos voltam para o esôfago. ⚫ Usar roupas justas: O vestuário que adere e aperta o abdômen, pressiona o estômago. Assim a comida empurra contra o EEI e provoca o refluxo gastroesofágico. As roupas que podem causar problemas incluem cintos, camisetas e roupas íntimas. Azia noturna Este sintoma é geralmente devido a refluxo gastro-esofágico que aumenta à noite na posição horizontal. Para resolver esse problema, você deve ir para a cama longe de refeições e manter a parte da cama em que se inclina a cabeça pelo menos 20/30 cm mais alto os dedos. Quando encaminhar para o médico ⚫ Falha na resposta a antiácidos ⚫ Dor irradiando para os braços ⚫ Dificuldade de engolir ⚫ Regurgitação ⚫ Duração longa ⚫ Aumento da severidade ⚫ Crianças ⚫ Azia de instalação recente a uma idade > 50–55 anos ⚫ Gestantes ou mamães amamentando ⚫ Prazo para o tratamento Se os sintomas não tiverem respondido ao tratamento após uma semana o paciente devera ser encaminhado ao medico Manejo ⚫ O farmacêutico precisa utilizar o seu julgamento profissional para decidir se oferece agentes antiácidos, alginatos, antagonistas H2 ou inibidores de bomba de próton como tratamento de primeira linha. A decisão deverá também levar em conta a preferência do paciente. Manejo (medidas farmacológicas) ⚫ Opções de automedicação — a disponibilidade de produtos varia de um país para o outro: ⚫ Antiácidos— são recomendados para alívio a curto prazo ou intermitente Antiácidos simples neutralizam o ácido gástrico — a saber, sais de sódio, cálcio, magnésio, e alumínio Agentes contendo alginato, ácido algínico com pequenas doses de antiácidos: efeitos tampão mínimos ⚫ Redução da secreção de ácido gástrico ⚫ Antagonistas H2 (H2RA) – efeitos persistem por 10 horas ⚫ Inibidores da Bomba de Próton (IBP) — efeitos persistem por 24 horas ⚫ Lavagem gástrica — os agentes procinéticos reduzem o refluxo gastroesofágico, mas existem poucos medicamentos disponíveis para uso clínico e a sua eficácia nos ensaios clínicos foi modesta. A metoclopramida deve ser evitada. Manejo (medidas farmacológicas) Quando a azia é uma situação ocasional, os MIP’s que procuram neutralizar/reduzir a secreção ácida são uma boa opção para aliviar nos sintomas. No entanto, apesar de não necessitarem de prescrição médica, as pessoas devem ter em consideração que, como qualquer medicamento, comporta riscos e devem ser usados de forma correta e racional, sob vigilância de um profissional de saúde. No entanto, quando o uso destes fármacos se torna frequente ou prolongado, ou quando os sintomas não melhoram com a alteração da alimentação e dos hábitos de vida, acima referidos, torna-se necessário um diagnóstico médico. Manejo (medidas farmacológicas) No entanto, o passo mais importante é a sua prevenção através do consumo de forma moderada de chocolate, café, bebidas alcoólicas, entre outros; evitar fumar; evitar comer 2-3 horas antes de se deitar; elevar a cabeceira da cama antes de se deitar e reduzir os níveis de stress e ansiedade Manejo (medidas farmacológicas) Antiácidos Os antiácidos removem ou neutralizam ácido do conteúdo gástrico e assim aliviam a dor. Quando administrados em quantidade suficiente para elevar marcadamente o pH gástrico, inibem a atividade péptica, dado que a pepsina é inativada entre pH 7 e 8. Existem diferentes antiácidos disponíveis no mercado, que se distinguem pela capacidade neutralizadora, teor de sódio, capacidade de absorção e efeitos colaterais. Idealmente deve ser um potente neutralizador, barato, não ser absorvido, baixo teor de sódio, bem tolerado e paladar agradável. Antiácidos Recomenda-se o seu uso 1 a 3 horas após as refeições e ao deitar, ou para controle das manifestações sintomáticas. As preparações líquidas ou em pó são mais eficazes do que os comprimidos. Os antiácidos podem ser absorvidos, sendo por isso classificados em sistêmicos e não sistêmicos. Estão incluídas as formulações contendo bicarbonato de sódio (sistêmico), alginato de sódio, carbonato de magnésio, carbonato de cálcio, carbonato de diidróxido de alumínio e sódio, hidróxido de alumínio e hidróxido de magnésio. Existem formulações de antiácidos que contém simeticona ou dimeticona, ajudando no alívio de desconforto associado a excesso de gases. Antiácidos ⚫ As suspensões são mais eficazes que as pastilhas, mas por conveniência e fácil disponibilidade, as ultimas devem ser transportadas e chupadas ou mastigadas ao primeiro sinal dos sintomas, de modo a minimizar o dano à mucosa. Elas também podem ser chupadas frequentemente, entre as refeições, se os sintomas persistirem. Antiácidos ⚫ A maioria dos antiácidos comercializados são produtos com combinação de dois, três, ou mais constituintes. ⚫ A razão para o uso de combinação de diferentes sais juntos parece ser duplicado. ⚫ Primeiro, garantir que o produto tenha um efeito rápido (contendo sódio ou cálcio) e ação mais duradoura (contendo magnésio, alumínio ou cálcio). ⚫ Segundo, minimizar os efeitos adversos que o podem ser apresentados pelo produto. ⚫ Por exemplo, sais de magnésio tendem a causar diarréia e sais de alumínio constipação, entretanto se os dois são combinados no mesmo produto nenhum dos efeitos adversos são apresentados. Preparações antiácidas que contem alginato ⚫ Produtos contendo alginatos são combinações com antiácidos. Eles são melhor oferecidos após as refeições principais e antes de dormir, embora eles possam ser tomados “quando necessário”. Pode ser tomando durante a gravidez e amamentação e para a maioria dos grupos; ⚫ Pacientes com dieta em restrição de sal devem evitar preparações de alginatos contendo sódio. ⚫ É reportado que não possuem nenhum efeito colateral e nem interações com outros fármacos. ⚫ Apesar da preferência de alguns pacientes por esses fármacos, há poucas evidencias de que isso resulte em benefícios clínicos significativos em comparação com preparações simples de antiácidos. Preparações antiácidas que contem alginato ⚫ A maioria das preparações nessa classe contém quantidade relativamente grande de sódio, e, portanto, não são adequadas para pacientes com doença cardiovascular. ⚫ Em algumas preparações que começaram a ser comercializadas recentemente, o sódio foi substituído pelo potássio, mas essa substituição pode ser problemática em caso de uso de diurético poupador de potássio. Preparações antiácidas que contem alginato ⚫ Alginatos: Gaviscon® não é absorvido pela circulação sistêmica. Seu mecanismo de ação é físico. Após a ingestão do medicamento, os componentes ativos de sua formulação reagem rapidamente com o ácido gástrico para formar um aglomerado de gel de ácido algínico, com pH praticamente neutro, que flutua no conteúdo estomacal efetivamente por até 4 horas, formando uma barreira física que impede o contato do conteúdo estomacal com o esôfago, aliviando, desta forma, os sintomas de indigestão. O tempo médio estimado para o início da ação do medicamento (formação da rede de gel de ácido algínico) é de 15 segundos, sendo que o tempo para sensação de alívio é de 3 minutos. ⚫ QUANDO NÃO DEVE USAR ESTE MEDICAMENTO? ⚫ Se tiver hipersensibilidade (alergia) ao alginato de sódio ou a qualquer componente da fórmula, ⚫ Este medicamento é contraindicado para menores de 12 anos. O uso de Gaviscon® em crianças menores de 12 anos só pode ser feito com orientação médica. ⚫ Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica ou do cirurgião-dentista. Preparações antiácidas que contem alginato ⚫ A potência do gel de alginato é reduzida por íons de alumínio e de magnésio, portanto antiácidos que contêm esses íons não devem ser usados de forma concomitante. É provável que a adição de íons de cálcio, por sua vez seja benéfica, uma vez que estes reagem para produzir um gel à base de alginato de cálcio mais potente, o qual fica retido no estomago em uma quantidade duas vezes maior após duas horas. ⚫ Qualquer substância que diminui a tensão superficial, por exemplo, parafina liquida e simeticona, rompendo a espuma, é incompatível com preparações antiácidas que contém alginato. Relação de dicas úteis e sugestões relacionados a antiácidos: Tipo de formulação O ideal é que os antiácidos sejam oferecidos na forma liquida porque sua capacidade de neutralização do ácidos e a velocidade de inicio é maior que ao formulações em comprimidos Sobredose ; uso excessivo Mau uso ou uso crônico de antiácidos resulta em absorção sistêmica significativa levando a varias condições de saúde indesejáveis. Síndrome Álcali-leite tem sido reportado com o uso crônico abusivo de antiácidos contendo cálcio. Como tem a osteomalacia com produtos contendo alumínio. Tratamento com antiácidos não deve ultrapassar duas semanas. Se os sintomas não forem resolvidos nesse período, recomenda-se a avaliação por um médico Qual a melhor hora para tomar um Antiácidos devem ser tomados após as refeições porque o esvaziamento gástrico é antiácido? retardado na presença de comida. Isso permite que o antiácido exerça seu efeito por até três horas. Conteúdo de sal (sódio) Está claro que alguns antiácidos contem quantidades significativas de sódio – por ex. Gaviscon Advance contem 4.6 mmol de sódio por 10 mL Idosos Evitar produtos constipantes, pois os idosos são mais propensos a terem constipação Possíveis soluções para minimizar Sugestões simples como comer menos e em uma freqüência maior pode ajudar a os sintomas controlar os sintomas. Evitar comer tarde da noite e ao deitar a noite usar travesseiros para apoiar a pessoa Antiácidos O Bicarbonato de Sódio é um potente antiácido, barato, de rápida, mas curta ação. O Carbonato de cálcio é um neutralizador rápido, prolongado e potente. Quando as doses de bicarbonato de cálcio e carbonato de cálcio, nos antiácidos, eram elevadas e se ingeria simultaneamente com leite, ocorria frequentemente a síndrome lactoalcalina (alcalose, hipercalcemia e insuficiência renal) manifestada por cefaleias, anorexia, náuseas e vômitos, astenia, dores abdominais, constipação, sede, poliúria. Atualmente poderá acontecer quando há ingestão de grandes quantidades de cálcio com leite. Os sais de magnésio podem causar diarreia enquanto que os de alumínio podem causar constipação. ⚫ Síndrome Álcali-leite. Esta doença está associada à ingestão de carbonato de sódio (forma de antiácido) mais leite. A fisiopatologia deste distúrbio envolve a hiperabsorção intestinal de cálcio e álcali, como também a excreção urinária inadequada de cálcio, diminuição da função renal e alcalose metabólica. Hoje em dia esta síndrome é menos comum, restringindo-se aos casos de uso de cálcio no tratamento da osteoporose. ⚫ A osteomalacia antiácido induzida, particularmente pelo uso prolongado de hidróxido de alumínio, resulta da formação de complexos com o P da dieta na luz intestinal, comprometendo a absorção de P (1-3). O alumínio, em si, não se deposita na frente de mineralização em quantidade significante, desde que a função renal esteja normal. promove um estímulo ao nosso organismo que leva a secreção de substância que irão promover a secreção de ácido no nosso estômago na tentativa de reverter a ação dos medicamentos. Essa maior quantidade de ácido leva as sensações de queimação. Efeitos colaterais Exemplo Constipação Alumínio (obstrução com altas doses), cálcio Rebote ácido Cálcio, bicarbonato de sódio Diarréia Cálcio, magnésio Gases Carbonato, bicarbonatos Náuseas e vômitos Alumínio Distúrbios eletrolíticos Hipercalcemiab Cálcio, especialmente com leite Hipermagnesemia Magnésio Hiperfosfatemiac Alumínio magnésio, cálcio Diminuição da absorção de ferro todos Retenção de fluido Agravamento da hipertensão Bicarbonato de sódiob Alcalose metabólica a As referências a cátions estendem-se a todos os seus compostos, exceto quando indicado; b Os efeitos ocorrem somente com ingestão excessiva ou em casos de insuficiência renal; c A osteomalacia foi relatada em casos extremos de uso freqüente e/ou crônico. Efeitos colaterais Exemplo Calculo renal Cálcio Encefalopatia Quelato de bismutob, salicilato ou subnitrato Interferência no controle da diabetes Antiácidos que contem açúcar (alguns comprimidos)b Carie dental Antimuscarínicos Agravamento de doença celíaca Comprimidos que contêm glúten INTERAÇÕES Efeito Fármaco afetado Absorção reduzida Muitos fármacos, p. ex. antimicrobianos: ciprofloxacino, pivampicilina; rifampicina; tetraciclinas; itraconazol; cetoconazol Cloroquina, hidroxicloroquina Ferro Penicilamina Fenotiazinas Excreção renal Reduzida Flecainida, mexiletina, quinidina Aumentada Aspirina, lítio Efeito reduzido Quelato de bismuto, sucralfato Incompatibilidade físico-química Simeticona com alginatos Inibidores da bomba de próton ⚫ Incluindo omeprazol, são geralmente aceito como sendo os mais efetivos medicamentos para o alivio da azia. Ele pode, entretanto levar um dia ou mais par se tornar efetivo. Durante esse período o paciente com os sintomas em curso necessitam tomar um antiácido concomitantemente. ⚫ Omeprazol suprime a secreção gástrico no estomago. Inibe o estagio final da produção gástrica do ácido hidoclorico por bloquear a enzima hidrogenio-potassio ATPase nas células parietais da parede do estômago (também chamada de bomba de próton). ⚫ Dois comprimidos de 10 mg diariamente é a dose de inicio. Subsequentemente, ao conseguir o alivio dos sintomas da azia pode tomar uma dose diária de 10 mg, aumentando para 20 mg se os sintomas retornarem. ⚫ A dose efetiva mais baixa deve sempre ser usada a dose máxima diária é dois comprimidos. Pacientes tomando omeprazol devem ser avisados que não devem tomar antagonista H2 ao mesmo tempo. ⚫ Os comprimidos deverão ser engolidos inteiros com muito liquido e antes da refeição. É importante que eles não sejam esmagados ou mastigados. ⚫ Álcool e comida não afetam a absorção do omeprazol. Se não for obtido alivio dentro de duas semanas o paciente deverá ser encaminhado ao médico. ⚫ Omeprazol não deve ser tomado durante a gravidez ou durante a amamentação. ⚫ Sonolência é raramente reportada. Tratamento com OTC omeprazol pode causar uma falsa resultado no ‘teste de respiração para Helicobacter. Antagonistas H2 Os antagonistas dos receptores H2 são aconselhados na sintomatologia leve a moderada e não frequente. São responsáveis por bloquear os receptores H2, inibindo a secreção ácida do estômago. Atuam 30-45 minutos após a toma e o seu efeito dura até 10 horas. Assim, recomenda-se o seu uso 30 a 60 minutos antes das refeições, antecipadamente ao surgimento dos sintomas. Estes fármacos podem ser tomados diariamente, no entanto, é aconselhado a sua toma apenas quando necessário para evitar que ocorra tolerância ao medicamento. Antagonistas H2 (cimetidina, famotidina, ranitidina) ⚫ Cimetidina afeta o sistema citocromo 450 no fígado e assim produz uma gama de interações. O fármaco liga-se ao Citocromo P450 no fígado e inibe a ação normal do sistema enzimático, aumentando os níveis de outras drogas. Como resultado a cimetidina possui um numero significativo de interações com outros fármacos, incluindo teofilina, resultando em um níveis tóxicos da teofilina. Outra importante fármaco concorrente para evitar são warfarina e fenitoína. ⚫ Famotidina e ranitidina não afetam o sistema Citocromo P450. Tratamento com esses fármacos são limitados a um máximo de duas semanas. ⚫ Discutindo o uso de antagonistas H2 com o médico da família é de grande importância. Talvez estabelecendo um acordo de uso de orientação geral ou protocolo para seu uso pode ser a característica da discussão. Antagonistas H2 (cimetidina, famotidina, ranitidina) ⚫ O limite de duas semanas é na tentativa de garantir que os pacientes não se automediquem por longos períodos. O farmacêutico pode perguntar se o uso é continuo ou intermitente quando a repetição da compra é realizada. Os antagonisats H2 possuem uma ação longa (mais de 8–9 h) e um inicio mais longo de ação que os antiácidos. ⚫ Quando sabe-se que a alimentação precipita os sintomas, os antagonistas H2 devem ser tomados 1 hora antes da refeição. Antagonistas H2 também são efetivos na profilaxia de azia noturna. Dor de cabeça, tontura, diarreia e erupções cutâneas têm sido reportados como efeitos adversos, mas não sao comuns. Protetores de mucosa ⚫ Sucralfato é utilizado com mais frequência: os comprimidos são prontamente dispersos em água e, para o tratamento do refluxo esofágico, esse modo de administração parece ser preferível à deglutição de comprimido inteiro. ⚫ O sucralfato liga-se às proteínas de cargas positivas através da formação de um gel que adere à mucosa gástrica e duodenal, proporcionando uma proteção uniforme contra o ataque ácido, a pepsina e os sais biliares. ⚫ Estes medicamentos revestem, suavizam e protegem o revestimento esofágico irritado; o sucralfato é um exemplo. Estimulantes da motilidade ⚫ A metoclopramida e a domperidona, já referidas, também ajudam por meio da aceleração do esvaziamento gástrico, reduzindo, portanto, a quantidade de conteúdo de ácido gástrico e, assim, a possibilidade e os efeitos adversos do refluxo. Magaldrato O Magaldrato (aluminato de magnésio hidratado), princípio ativo do Riopan, não é uma simples mistura física dos dois componentes magnésio e alumínio, mas sim uma monossubstância em que estes elementos são ligados de maneira a formar uma entidade química. Conforme comprovado experimentalmente, a atividade adsorvente e neutralizante deste composto é bastante elevada, superando consideravelmente a proporcionada por uma simples mistura. Simeticona ⚫ Algumas combinações de antiácidos também contêm simeticona, que pode aliviar os sintomas de excesso de gases. Antiácidos sozinhos ou em combinação com simeticona podem também ser utilizados para tratar os sintomas de úlcera do estômago ou duodeno. ⚫ O hidróxido de alumínio e o hidróxido de magnésio neutralizam a acidez gástrica e a simeticona, um polímero de sílica, é importante no tratamento da aerofagia, promovendo a eliminação dos gases excessivos acumulados no trato gastrintestinal que contribuem para o aumento da acidez local. Ex.: MAALOX Bicarbonato de sódio Produtos: Alka-seltzer Original, extra Strenght, Lemon Lime (contém aspirina; Alka-seltzer Heratburn (não contem aspirina); ENO; Estomazil, Sonrisal. Mecanismo de ação: Neutraliza a acidez gástrica; Diminui os danos causados pelo refluxo ácido; Reduz o número de episódios; Reduz a quantidade de refluxo; Pode aumentar o tônus do esfíncter sofágico anterior (EEI); Agente de atuação rápida, mas o efeito desaparece rapidamente; Inadequado para uso prolongado. Interações: Aumenta o pH urinário e, portanto diminui o efeito da metenemina (Urex, Hiprex, Mandelamine); O sódio aumenta a excreção renal do lítio, conseqüentemente diminui seu efeito; A aspirina presente em algumas preparações aumenta o risco de sangramento em pacientes em uso de varfarina; Evitar o uso em pacientes com historia de alergia ou sensibilidade à aspirina Bicarbonato de sódio Precauções : Não usar em pacientes com menos de dois anos de idade; Não usar em pacientes com disfunção renal; Não tomar com leite (pode causar cálculo renal); Estar atento para a sobrecarga de sódio; Contra-indicado em casos de hipertensão, edema, insuficiência cardíaca congestiva, falência renal, cirrose, gestantes e em pacientes com dieta com restrição de sal; Em combinação com quantidade excessiva de alimento, pode causar dor intensa e perfuração da parede estomacal. Comentários: Agente neutralizador potente e de ação rápida; É completamente absorvido e pode causar alcalose sistêmica; Pode causar rebote ácido (aumento da produção de suco gástrico); Pode causar flatulência; Considerado obsoleto por muitos médicos; A aspirina presente em muitas formulações pode irritar o estomago e aumentar o risco de sangramento. Outros produtos Carbonato de cálcio Produtos: Alka-seltzer Original, extra Strenght, Lemon Lime (contém aspirina; Alka-seltzer Heratburn (não contem aspirina); ENO; Estomazil, Sonrisal. Mecanismo de ação: Neutraliza a acidez gástrica; Diminui os danos causados pelo refluxo ácido; Reduz o número de episódios de refluxo; Reduz a quantidade de refluxo; Pode aumetar o tônus do esfíncter sofagico anterior (EEI); Interações: Aumenta o pH urinário e, portanto diminui o efeito da metenemina (urex, Hiprex, Mandelamine); Forma quelato com tetraciclina, quinolonaas, cimetidina (Tagamet) e Fenitoína Carbonato de cálcio Preauções: Não usar em pacientes com menos de dois anos de idade; Não usar em pacientes com disfunção renal; Não recomendado a pacientes do ultimo trimestre de gestação; Pode provocar hipercalcemia e cálculo renal; Pode causar constipação; Pode causar inchaço e gases intestinais; Pode causar síndrome alcalina (alcalose sistêmica, hipercalcemia e falência renal) Comentários: Agente neutralizador potente e de ação prolongada; Dissolve-se lentamente; Dez por cento podem ser absorvidos sistemicamente; Pode causar rebote ácido (aumento da produção de suco gástrico, devido à estimulação da gastrina); Os comprimidos devem ser bem mastigados Hidróxido de magnésio Produtos: Leite de magnésio (comprimido e suspensão) Mecanismo de ação: Neutraliza a acidez gástrica; Diminui os danos causados pelo refluxo ácido; Reduz o número de episódios; Reduz a quantidade de refluxo; Pode aumentar o tônus do esfíncter esofágico anterior (EEI); Interações: Forma quelato com tetraciclina, quinolonas, cimetidina (Tagamet), digoxina (Lanoxin) e Fenitoína (Dilantin); Aumenta o pH urinário e, portanto diminui o efeito da metenemina (Urex, Hiprex, Mandelamine). Hidróxido de magnésio Precauções: Não usar em pacientes com menos de dois anos de idade; Não usar em pacientes com disfunção renal; Pode causar diarréia osmótica dose-relacionada. Comentários: Agente neutralizador potente e de curta ação; Minimizar a diarréia por meio de produtos contendo associação de alumínio e magnésio Dez por cento podem ser absorvidos sistemicamente; Hidróxido de alumínio Produtos: AlternaGEL Mecanismo de ação: Neutraliza a acidez gástrica; Diminui os danos causados pelo refluxo (forma um gel protetor); Reduz o número de episódios de refluxo; Reduz a quantidade de refluxo; Pode aumentar o tônus do esfíncter esofágico anterior (EEI); Interações: Forma quelato com tetraciclina, quinolonaas, cimetidina (Tagamet), digoxina (Lanoxin), isoniazida, Fenitoína (Dilantin) e alopurinol; Aumenta o pH urinário e, portanto diminui o efeito da metenemina (urex, Hiprex, Mandelamine). Hidróxido de alumínio Precauções: Não usar em pacientes com menos de dois anos de idade; Pode causar constipação; Constipação levando a obstrução intestinal pode ocorrer em pacientes idosos; Pode levar ao acúmulo de alumínio em pacientes com insuficiência renal crônica; Reduz a absorção de fosfato. Pode causar osteomalacia em pacientes normais. Comentários: Capacidade neutralizante relativamente baixa; Dissolve-se lentamente Dezessete a 30 % absorvidos sistemicamente; Usados para diminuir os níveis de fosfato em pacientes com hiperfosfatemia secundaria à falência renal. Produtos contendo associação de alumínio e magnésio Produtos: Mylanta; Maalox; Riopan Mecanismo de ação: Neutraliza a acidez gástrica; Diminuem os danos causados pelo refluxo (forma um gel protetor); Reduzem o número de episódios de refluxo; Reduzem a quantidade de refluxo; Podem aumentar o tônus do esfíncter esofágico anterior (EEI); Interações: Formam quelatos com tetraciclina, quinolonaas, cimetidina (Tagamet), digoxina (Lanoxin), isoniazida, Fenitoína (Dilantin) e alopurinol; Aumenta o pH urinário e, portanto diminui o efeito da metenemina (urex, Hiprex, Mandelamine) Produtos contendo associação de alumínio e magnésio Precauções: Não usar em pacientes com menos de dois anos de idade; Não usar em pacientes com disfunção renal; Pode causar diarréia ou constipação; Podem reduzira absorção oral de fosfato, causando osteomalacia. Comentários: Capacidade neutralizante relativamente baixa; Dissolve-se lentamente; Dezessete a 30 % absorvidos sistemicamente; Usados para diminuir os níveis de fosfato em pacientes com hiperfosfatemia secundaria à falência renal; Alginato de sódio, bicarbonato de sódio, hidróxido de alumínio, carbonato de magnésio Produtos: Gaviscon Regular Strength (comprimidos e líquidos); Gaviscon Extra Strength (comprimidos e líquidos). Mecanismo de ação: O alginato de sódio pode agir por meio de reação com a saliva, formando uma camada viscosa de material não-irritante, que flutua sobre o conteúdo gástrico para formar uma barreira contra o refluxo (A FDA não aprova tal alegação) A FDA reconhece outros componente antiácidos como substancias ativas. Interações: Formam quelatos com tetraciclina, quinolonaas, cimetidina (Tagamet), digoxina (Lanoxin), isoniazida, Fenitoína (Dilantin) e alopurinol; O sódio diminui o efeito do lítio. Alginato de sódio, bicarbonato de sódio, hidróxido de alumínio, carbonato de magnésio Precauções: Não usar em pacientes com disfunção renal; Podem reduzira absorção de fosfato, causando osteomalacia Não usar em pacientes com restrição de sódio ou durante a gestação a não ser que isso tenha sido orientado por um médico. Comentários: Pode causar diarréia ou constipação Medidas não-farmacológicas É importante transmitir aos pacientes quais as medidas não farmacológicas que podem pôr em prática, no sentido de melhorar o desconforto, nomeadamente: Parar de fumar, pois o tabaco estimula a produção de ácido e provoca o relaxamento do esfíncter; Evitar o stress, uma vez que uma vida agitada pode desencadear azia (o receio de ter azia também pode provocar a própria azia); Manter o peso adequado, pois o excesso de gordura pode exercer pressão no estomago, causando azia; Diminuir a quantidade de alimentos por refeição, uma vez que grandes refeições pressionam o estomago e estimulam a libertação de ácido; Deitar-se duas ou três horas depois da última refeição; dormir com a cabeça mais elevada em relação ao corpo; Evitar situações que possam aumentar a pressão sobre o abdômen; Evitar roupas apertadas. World Gastroenterology Organisation Practice Guidelines Manejo dos sintomas comuns de doenças gastrointestinais na comunidade Perspectiva mundial sobre azia, constipação, distensão e dor/desconforto abdominal desconforto abdominal Algoritmo de autocuidado na azia (reproduzido com autorização de Berardi 2009 ). N.B.: algumas das opções de medicação de venda livre não estão disponíveis em todos os países.