Ciência, Método Científico e Pressupostos Básicos (PDF)

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Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas

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metodologia científica ciência filosofia da ciência métodos de pesquisa

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Este documento discute os fundamentos da ciência, incluindo a classificação das ciências, a epistemologia e diferentes métodos científicos. Examina conceitos como paradigmas positivistas e interpretativos, e fala sobre como a ciência se diferencia do senso comum. Aborda métodos de pesquisa científica e ética na investigação.

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01 e 02 - Ciência, método científico e pressupostos básicos da ciência O QUE É A CIÊNCIA? - É um conjunto de conhecimentos racionais, certos ou prováveis, obtidos metodicamente, sistematizados e verificáveis, que fazem referência a objetos de uma mesma natureza. CLASSIFICAÇÃO E DIVISÃO DAS CIÊNCIA...

01 e 02 - Ciência, método científico e pressupostos básicos da ciência O QUE É A CIÊNCIA? - É um conjunto de conhecimentos racionais, certos ou prováveis, obtidos metodicamente, sistematizados e verificáveis, que fazem referência a objetos de uma mesma natureza. CLASSIFICAÇÃO E DIVISÃO DAS CIÊNCIAS Existem as ciências - formais - preocupam-se com a estrutura e as relações entre símbolos. Utilizam a lógica para demonstrar teoremas e não dependem de experimentação; suas demonstrações são completas e finais. - Lógica - Matemática - factuais - focam-se mais nos fenómenos e processos empíricos. Dependem de observação e experimentação para verificar hipóteses. - Naturais (Física; Química; Biologia) - Sociais (Antropologia; Psicologia social; Sociologia; Direitos; Economia; Política) EPISTEMOLOGIA - É o esforço de apreensão do real pressupõe um processo epistemológico complexo, implicando, fundamentalmente, os três componentes seguintes: o sujeito; o objeto; a disciplina. NOÇÕES RELACIONADAS COM A EPISTEMOLOGIA GERAL - Disciplina - Organização do conhecimento em um domínio específico (ex.: sociologia, história). - Epistemologia - Estudo dos processos de aquisição de conhecimento - Metodologia - Análise dos métodos e técnicas de investigação. - Objetivação - Separação entre sujeito e objeto no processo de conhecimento. - Objetividade - Busca pela imparcialidade e verificação no conhecimento. - Objeto - Domínio de investigação. - Pressuposto - Noções aceitáveis para emitir juízos. - Saber - Conhecimento adquirido. - Subjetividade - Contribuição pessoal no conhecimento. Qualquer que seja a perspectiva adoptada, a pesquisa e análise dos fenómenos inerentes à temática escolhida implica o recurso a métodos e técnicas de investigação comuns às várias ciências. Os paradigmas guiaram a forma como os cientistas veem o mundo, incluindo: Paradigmas Positivistas: Foco em objetividade, previsibilidade e causalidade, com métodos quantitativos. Paradigmas Interpretativos: Foco em significados subjetivos, realidade construída socialmente e métodos qualitativos. Filosofia da Ciência A filosofia da ciência reflete sobre o que é considerado ciência e como deve ser conduzido. Autores como Karl Popper destacaram a falsificabilidade como designadas para teorias científicas – ou seja, elas devem ser passíveis de refutação. Ciência vs. Senso Comum O conhecimento científico distingue-se do senso comum por ser sistemático, metódico e verificável. Enquanto o senso comum é subjetivo e dogmático, a ciência busca superar preconceitos e alcançar especificações específicas. 03 - Processo científico: método dedutivo e indutivo - Os métodos de investigação incluem o indutivo, que parte de observações particulares para formular generalizações, sendo úteis para criar teorias quando há pouca pesquisa prévia. Por exemplo, ao observar corvos pretos, pode-se concluir que todos os corvos têm essa cor. O método dedutivo faz o oposto, aplicando teorias gerais a casos específicos. Por exemplo, sabendo que todos os mamíferos têm coração, conclui-se que os cães, por serem mamíferos, também têm. Já o método hipotético-dedutivo, defendido por Karl Popper, combina hipóteses testáveis ​com observação e experimentação, buscando refutar ideias para fortalecer teorias. Este método é central na ciência moderna e segue etapas como a formulação de hipóteses, dedução de consequências e teste empírico. 04 e 05 - Ética e investigação em Serviço Social - A ética é fundamental em toda investigação científica e garante respeito pelos participantes e integridade nos resultados. Em métodos qualitativos e quantitativos, destacam-se princípios como: Consentimento informado: Os participantes devem compreender os objetivos, riscos e benefícios do estudo, podendo recusar ou desistir a qualquer momento. Anonimato e confidencialidade: Dados pessoais devem ser protegidos para garantir a privacidade. Transparência: Métodos e resultados devem ser relatados de forma honesta, evitando manipulação ou fraudes. No Serviço Social, a ética está diretamente ligada ao impacto das pesquisas nas políticas públicas, exigindo sensibilidade ao contexto social e cultural dos participantes. É essencial garantir que os resultados contribuam para o bem-estar das comunidades envolvidas. 06 - Tipos de estudo e técnicas de investigação - Os tipos de estudos variam conforme o objetivo da investigação. Estudos exploratórios são usados ​para investigar fenômenos pouco compreendidos, úteis como base para estudos mais aprofundados. Estudos descritivos que caracterizam fenómenos sem investigar as suas causas. Os estudos de avaliação analisam os resultados das disciplinas, como políticas públicas, enquanto os estudos experimentais manipulam variáveis ​em condições controladas para testar hipóteses. A observação é uma técnica qualitativa que permite ao investigador captar práticas sociais no contexto natural. Pode ser participante, quando o investigador se insere no ambiente treinado, ou não participa, mantendo-se como mero observador. Essa técnica é útil para descrever comportamentos e interações, mas exige uma sistematização rigorosa, como o uso de diários de campo para registrar informações. A observação enfrenta desafios como subjetividade e a possibilidade de interferência no comportamento dos participantes, mas oferece insights profundos ao associar discursos às práticas observadas. 07 - Métodos de investigação qualitativos: entrevista como técnica de recolha de dados -A entrevista é uma técnica de coleta de dados qualitativos que explora as percepções, experiências e significados atribuídos pelos participantes. É uma interação social realizada pelo investigador, com o objetivo de obter informações fornecidas sobre especificidades sociais. Há três tipos principais: as entrevistas não-diretivas, em que o entrevistador interfere minimamente e apenas orienta o tema; as semi-diretivas, que seguem um guia com temas principais mas permitem flexibilidade; e como as narrativas, que focam em trajetórias de vida ou histórias de grupos. Os grupos focais, por sua vez, são discussões coletivas moderadas pelo investigador, sendo úteis para analisar dinâmicas sociais. Embora as entrevistas sejam valiosas para compreender significados subjetivos, enfrentam desafios como a visão do investigador e a dificuldade de generalização. A análise dos dados encontrados é frequentemente feita por meio de análise de conteúdo, categorizando informações para identificar padrões e regularidades. No fundo estes métodos buscam interpretar significados e compreender fenômenos em profundidade, utilizando dados narrativos. Exemplo: entrevistas para explorar percepções sobre políticas públicas. 08 - Métodos de investigação quantitativos: inquéritos por questionário - Os métodos quantitativos buscam analisar fenômenos sociais de forma objetiva, utilizando ferramentas como questionários para obter dados estruturados. Essas abordagens são fortes em validade externa (generalização dos resultados), mas podem ter limitações na validade interna (garantia de que o estudo mede o que pretende). Os questionários são frequentemente usados por sua capacidade de trabalhar com grandes amostras e oferecer resultados generalizáveis. No entanto, é crucial garantir clareza e evitar ambiguidades nas perguntas. O processo envolve etapas como planejamento, coleta e análise de dados, culminando em relatórios claros e objetivos. No fundo este método de investigação objetivam medir fenômenos de forma numérica, testando hipóteses com dados estruturados. Exemplo: uso de questionários para medir satisfação em uma escala de 1 a 5. 09 - Métodos de investigação mistos - Os métodos mistos integram abordagens qualitativas e quantitativas, oferecendo uma visão mais completa dos fenômenos investigados. Essa metodologia combina dados numéricos e narrativos, permitindo análises complementares. Podem ser desenhados de forma paralela (dados QUALI e QUANTI coletados simultaneamente) ou sequencial (os dados de uma fase informam a próxima). Esses métodos são úteis em estudos de investigação-ação, que visam compreender e transformar práticas sociais, ou em avaliações, que analisam a efetividade de programas ou políticas. A integração metodológica é essencial para extrair insights ricos e contextualizados. 10 - Desenho do estudo e formulação da pergunta de partida - O desenho do estudo organiza todas as etapas da pesquisa, garantindo coerência entre objetivos, métodos e validade. Ele é composto por: 1. Objetivos: Justificam o propósito e a relevância do estudo. 2. Enquadramento teórico: Baseia-se em teorias e estudos prévios que sustentam a investigação. 3. Métodos: Determinam como os dados serão coletados e analisados. 4. Validade: Assegura que os resultados refletem a realidade e não são influenciados por vieses. A pergunta de partida é o fio condutor da pesquisa. Deve ser clara, exequível e pertinente. Exemplos: Boa: "Como o uso de tecnologias digitais impacta o desempenho acadêmico de estudantes do ensino médio?" Má: "Por que a educação está em crise?" 11. Revisão da Literatura - Uma revisão da literatura situa o estudo no contexto do conhecimento existente, conectando teorias e identificando lacunas a serem preenchidas. Ela é essencial para refinar o problema de investigação, escolher métodos adequados e construir o marco teórico. A revisão deve focar em fontes primárias, obtidas em bases de dados como Google Scholar e Scopus, e organizar as informações de forma sistemática. Isso inclui identificar o problema de investigação, variáveis ​em estudo, métodos usados ​e resultados principais, garantindo que o estudo traga uma contribuição inovadora. 12. Problema de pesquisa e hipóteses de investigação - O problema de pesquisa é o ponto de partida de qualquer investigação científica, pois organiza e direciona o estudo, estabelecendo os limites e a relevância. Ele deve ser claro, exequível e relevante para o avanço do conhecimento. Em investigações quantitativas, o problema é mais definido previamente, enquanto nas qualitativas ele pode emergir durante a pesquisa. As hipóteses, geralmente associadas a pesquisas quantitativas, são previsões baseadas em teorias que estabelecem relações entre variáveis. Podem ser nulas (afirmam a inexistência de relação) ou alternativas (indicam a presença de relação). Em qualitativas, hipóteses podem surgir indutivamente durante a análise dos dados. Problema de Pesquisa O problema de pesquisa é o alicerce de um estudo, centralizando a investigação em um domínio específico, organizando o projeto e delimitando seu escopo. Ele orienta a revisão da literatura, define os dados necessários e estabelece o foco para a redação e análise. Em pesquisas quantitativas, o problema geralmente é formulado previamente, enquanto em qualitativas ele pode emergir no decorrer da investigação, especialmente em estudos exploratórios. A especificidade do problema é essencial para garantir clareza e viabilidade. Problemas gerais, como “investigar o insucesso escolar”, tendem a ser vagos e pouco úteis. Por outro lado, um problema específico, como “analisar se o aproveitamento em Matemática no ensino secundário varia em função da eficácia dos professores”, fornece um escopo delimitado e objetivos claros. A definição do problema pode ser baseada em experiências do investigador, resultados contraditórios em estudos prévios ou na replicação de investigações anteriores em novos contextos. Para ser considerado válido, um problema deve ser exequível, relevante, claro e indicar explicitamente as variáveis e a população-alvo. Hipóteses de Investigação A hipótese é uma previsão ou resposta provisória ao problema de pesquisa, frequentemente usada em investigações quantitativas. Ela estabelece relações entre variáveis, que podem ser testadas empiricamente, e baseia-se em raciocínios dedutivos. Em estudos qualitativos, as hipóteses formais são menos comuns, mas podem emergir indutivamente a partir das observações do investigador. Existem diferentes tipos de hipóteses: Hipótese Nula (H0): Afirma que não há relação significativa entre variáveis. Por exemplo, “não há diferença no desempenho entre dois métodos de ensino”. Hipótese Alternativa (H1): Sugere a existência de uma relação entre variáveis. Por exemplo, “o método A resulta em melhor desempenho que o método B”. As hipóteses também podem ser: Direcionais: Baseadas em estudos anteriores, indicam o tipo de relação esperada (ex.: “o grupo A terá maior pontuação que o grupo B”). Não direcionais: Apenas indicam que há uma diferença, sem especificar sua direção (ex.: “existem diferenças entre os grupos A e B”). Testar hipóteses envolve aplicar testes estatísticos, como análise de variância ou testes de médias, que permitem avaliar se os resultados observados na amostra podem ser generalizados para a população. Conexão entre Problemas e Hipóteses O problema de pesquisa orienta o desenvolvimento das hipóteses, enquanto estas fornecem um caminho para testar o problema de forma empírica. Um problema bem formulado facilita a criação de hipóteses claras e viáveis, que por sua vez orientam a escolha de métodos e técnicas de análise. 13. Validade e Fiabilidade - No paradigma quantitativo, a ênfase está na objetividade, generalização e previsibilidade. O rigor é garantido pela aplicação de métodos padronizados e pela replicabilidade dos estudos. Em contraste, no paradigma qualitativo, os pesquisadores valorizam a compreensão e o significado, considerando múltiplas realidades construídas socialmente. Aqui, a validade e a fiabilidade são reinterpretadas como credibilidade, transferibilidade e consistência, alinhadas à subjetividade do fenômeno estudado. Podendo assegurar a qualidade da pesquisa: Validade: Mede se o instrumento realmente avalia o que se propõe. Exemplo: um questionário sobre satisfação é válido se as perguntas forem relevantes ao tema. Fiabilidade: Refere-se à consistência dos resultados ao longo do tempo. Exemplo: aplicar um questionário em diferentes grupos e obter resultados semelhantes. Perspectivas sobre a Qualidade na Investigação Qualitativa Existem diferentes posições sobre como assegurar qualidade em estudos qualitativos: 1. Purista: Argumenta que critérios como validade e fiabilidade são inadequados para estudos qualitativos, já que significados humanos não são mensuráveis de maneira objetiva. 2. Intermédia: Reconhece a necessidade de critérios específicos para o rigor, como credibilidade (os participantes confirmam os dados), transferibilidade (resultados aplicáveis a outros contextos) e consistência (outros pesquisadores podem reproduzir os métodos). 3. Unificadora: Propõe um padrão mínimo de rigor aplicável tanto a estudos qualitativos quanto quantitativos, focando na coerência metodológica, saturação e postura analítica do pesquisador. Estratégias para Garantir Validade e Fiabilidade Triangulação: combinação de múltiplos métodos ou fontes de dados para validar os resultados. Revisão por pares: Avaliação do estudo por outros especialistas. Envolvimento prolongado e observação persistente: Imersão no contexto estudado para compreender melhor o fenômeno. Verificação contínua: Ajustes iterativos no processo de pesquisa para assegurar congruência entre métodos e resultados. grupos e obter resultados semelhantes. Nos métodos qualitativos, a qualidade é avaliada por: Credibilidade: Os dados refletem a perspectiva dos participantes. Transferibilidade: Os resultados podem ser aplicados a outros contextos. Consistência: Outros investigadores poderiam replicar o método com resultados semelhantes. 14. Conceitos e Operacionalização - A construção de conceitos é essencial para a investigação científica. Conceitos são representações abstratas que precisam ser traduzidas em dimensões e indicadores mensuráveis. Por exemplo, o conceito de qualidade de vida pode incluir dimensões como saúde e bem-estar económico, cada uma com indicadores específicos. Conceitos podem ser criados de forma indutiva, baseando-se em observações empíricas, ou dedutivas, com base em teorias prévias. A operacionalização permite medir fenômenos complexos usando índices ou escalas, como a escala de Likert, que avalia a intensidade de uma atitude ou percepção. Como se pode relacionar/Para que serve esta UC na área de Serviço Social? A disciplina de Métodos e Técnicas de Investigação nas Ciências Sociais e no Serviço Social tem como objetivo fornecer ferramentas e conhecimentos para que os futuros profissionais possam investigar, compreender e atuar em contextos sociais diversos. No Serviço Social, é essencial realizar diagnósticos e análises baseadas em dados específicos para identificar problemas sociais, avaliar políticas públicas e fornecer instruções específicas. Essa disciplina permite que o assistente social exija competências: identificar problemas sociais com base em métodos científicos, sejam qualitativos (como entrevistas) ou quantitativos (como questionários). Operacionalizar conceitos, traduzir questões sociais complexas em dimensões e indicadores que possam ser analisados. Analisar dados e construir conhecimentos relevantes para melhorar práticas e políticas sociais. Contribuir para a criação de soluções baseadas em evidências, promovendo mudanças sociais e bem-estar coletivo. Em suma, essa disciplina é uma base para transformar a prática do Serviço Social em uma atuação fundamentada cientificamente, fortalecendo a capacidade de gerar impacto positivo nas comunidades.

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