Aula #13 - Ação dos Públicos e User-Generated Content PDF

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Universidade do Minho

Sara Pereira

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media accountability user-generated content communication theory media studies

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This document presents a lecture on the role of audiences as a form of accountability for media in the context of user-generated content. It discusses the concept of "produsage" and examines how interactions occur in digital environments. Key questions from the lecture notes are highlighted.

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A ação dos públicos como forma de ‘accountability’ dos media O fenómeno do ‘user-generated content’: natureza e significado Públicos e Práticas Mediáticas | 2024-2025| Sara Pereira| Licenciatura em Ciências da Comunicação |Universidade do Minho A participação como forma de accountability Públi...

A ação dos públicos como forma de ‘accountability’ dos media O fenómeno do ‘user-generated content’: natureza e significado Públicos e Práticas Mediáticas | 2024-2025| Sara Pereira| Licenciatura em Ciências da Comunicação |Universidade do Minho A participação como forma de accountability Públicos e Práticas Mediáticas | Sara Pereira| Licenciatura em Ciências da Comunicação |Universidade do Minho Accountability decorre da teoria da responsabilidade social dos media; os media são responsáveis por mas também para com ou perante os públicos e a sociedade; processo pelo qual as organizações prestam contas das suas atividades; processo através do qual são chamados a responder ou a explicar alguma ação; A participação dos públicos pode ser uma forma de accountability. Processo através do qual as organizações mediáticas são estimuladas ou obrigadas a prestar contas daquilo que fazem. D. Pritchard, 2000 Públicos e Práticas Mediáticas | Sara Pereira| Licenciatura em Ciências da Comunicação |Universidade do Minho Accountability Ética do receptor Investimento na literacia para os media que crie a vontade e desenvolva a capacidade de participação dos cidadãos “Públicos participativos, exigentes e críticos podem ser importantíssimos aliados dos jornalistas para fazerem um contrapeso às lógicas predominantes do mercado e do lucro e, com isso, permitirem que os profissionais (re)conquistem e preservem alguma da sua margem própria de funcionamento autónomo – embora ‘accountable’ face às responsabilidades sociais, profissionais e morais assumidas” (Fidalgo, 2006). Públicos e Práticas Mediáticas | Sara Pereira| Licenciatura em Ciências da Comunicação |Universidade do Minho Accountability » A inclusão do público no processo de comunicação é um fator de legitimação da sua própria atividade; » A accountability dos media e a participação dos públicos dos media fazem parte de um processo democrático; » Há um interesse público legitimado no consumo público (produtos, serviços…). Públicos e Práticas Mediáticas | Sara Pereira| Licenciatura em Ciências da Comunicação |Universidade do Minho Dificuldade em conviver com a accountability externa (McQuail, 2004): Receio de que interfira com a liberdade de expressão; Receio de que interfira com a liberdade económica e com as decisões comerciais. Públicos e Práticas Mediáticas | Sara Pereira| Licenciatura em Ciências da Comunicação |Universidade do Minho O fenómeno do ‘user-generated content’: natureza e significado Públicos e Práticas Mediáticas | Sara Pereira| Licenciatura em Ciências da Comunicação |Universidade do Minho O conceito de prosumer (prosumidor) Foi Alvin Toffler (ensaísta norte- americano) quem, pela primeira vez, introduziu o termo prosumer no início dos anos 80, caracterizando-o como "um esbatimento progressivo da linha que separa o produtor do consumidor" (Toffler, 1980, p. 267). Públicos e Práticas Mediáticas | Sara Pereira| Licenciatura em Ciências da Comunicação |Universidade do Minho O conceito de prosumer (prosumidor) Toffler aplica o conceito a três vagas: - à Primeira Vaga (sociedade agrícola), quando a maior parte das pessoas consumia o que produzia – a "produção para uso“; - à Segunda Vaga (revolução industrial), quando a sociedade separou estas duas funções, criando a distinção entre consumidor e produtor, o que conduziu a uma "produção para troca", alavancando o mercado; - à Terceira Vaga (era da informação e da comunicação), em que se tornam “práticos os novos estilos de vida baseados metade na produção para troca, metade na produção para uso“. Públicos e Práticas Mediáticas | Sara Pereira| Licenciatura em Ciências da Comunicação |Universidade do Minho O conceito de produser Axel Bruns (académico australiano) adapta o conceito de prosumer de Toffler e fala de produsers, considerando que: "a produção de ideias ocorre num ambiente participativo e colaborativo que rompe as fronteiras entre produtores e consumidores, permitindo que todos os participantes sejam utilizadores e produtores de informações e conhecimentos" (Bruns, 2006, p. 276). Públicos e Práticas Mediáticas | Sara Pereira| Licenciatura em Ciências da Comunicação |Universidade do Minho O conceito de produser Segundo Bruns "os produsers não se envolvem na forma tradicional de produção de conteúdo, estão antes envolvidos na produsage – a construção colaborativa e contínua e a extensão do conteúdo existente na procura de melhorias" (Bruns, 2006, p. 2). O autor descreve a produsage como "a produção de conteúdo colaborativa e iterativa pelos participantes num papel hibrido de utilizador – produtor ou produser". (p. 1). Públicos e Práticas Mediáticas | Sara Pereira| Licenciatura em Ciências da Comunicação |Universidade do Minho produtor conteúdo produser conteúdo consumidor Produsage (Bruns, 2006) Públicos e Práticas Mediáticas | Sara Pereira| Licenciatura em Ciências da Comunicação |Universidade do Minho The user-generated content (UGC) José van Dijck no seu artigo Users like you? (2013) relativiza várias das premissas da noção de cultura participativa, começando por considerar que "a oposição implícita entre sujeitos passivos definidos pelos media tradicionais (por exemplo, a televisão) e os participantes ativos que habitam os ambientes digitais, particularmente os sites de user-generated content, é uma falácia histórica" (van Dijck, 2013, p. 43). Públicos e Práticas Mediáticas | Sara Pereira| Licenciatura em Ciências da Comunicação |Universidade do Minho The user-generated content (UGC) van Dijck (académica dos Países Baixos) pergunta quem é afinal esse participante, quem é o 'You' do YouTube, "que tipo de agency podemos atribuir a essa nova classe de utilizadores dos media“: Na cultura digital é venerado o participante ativo, mas… “Mas quem é este participante? Quem é o 'você' no YouTube E que tipo de ‘ação’ podemos atribuir a esta nova classe de utilizadores dos media? Serão os utilizadores de facto, como a revista Time quer que acreditemos, os 'muitos a arrancar o poder a poucos' - um poder coletivo que 'mudará a forma como o mundo muda'?"? Personalidade do ano 2006 van Dijck, 2009 Públicos e Práticas Mediáticas | Sara Pereira| Licenciatura em Ciências da Comunicação |Universidade do Minho The user-generated content (UGC) Para van Dijck (2009), a ação dos utilizadores compreende diferentes níveis de participação, variando de "criadores" a "espectadores" e "inativos" Essa ação envolve a produção de conteúdos, comportamentos de consumo e produção de dados, afirmando van Dijck que "qualquer teoria que destaque apenas a primeira dessas funções minimiza efetivamente a tremenda influência das novas empresas mediáticas na ação dos utilizadores" (van Dijck, 2009, p. 49) até porque, refere, "o papel do utilizador como fornecedor de dados é infinitamente mais importante do que o seu papel como fornecedor de conteúdos" (p. 49). Públicos e Práticas Mediáticas | Sara Pereira| Licenciatura em Ciências da Comunicação |Universidade do Minho The user-generated content (UGC) Elizabeth Bird (Universidade do Sul da Florida) no seu artigo Are we all produsers now? (2011) afirma que "ao abraçar o produtor não devemos perder de vista a relação mais mundana, internalizada e até passiva com os media que caracteriza uma grande parte do consumo mediático" (Bird, 2011: 504). Públicos e Práticas Mediáticas | Sara Pereira| Licenciatura em Ciências da Comunicação |Universidade do Minho Pequenos atos de envolvimento Kleut et al. (Sérvia) (2018) & Ike Picone et al. (Bélgica) (2019)  Necessidade de um conceito que ajude a delinear as práticas produtivas quotidianas e que seja útil para analisar o envolvimento do público com os media;  Práticas produtivas das audiências que requerem menos investimento, sendo produsage casual;  Contrastam com as práticas produtivas mais laboriosas, estruturadas e estratégicas em duas dimensões principais: esforço e intencionalidade; Públicos e Práticas Mediáticas | Sara Pereira| Licenciatura em Ciências da Comunicação |Universidade do Minho Pequenos atos de envolvimento  Três formas de distintas de articulação dos 'pequenos atos de envolvimento': (1) clicar; (2) comentar e debater; (3) criar pequenas histórias;  Risco de cooptação pelas lógicas mediáticas direcionadas para o negócio, transformando a atividade das audiências em dados com valor comercial;  Tensão entre a lógica criativa e a lógica económica quando as produções criativas das audiências entram nas relações económicas e agregam valor comercial, sobrepondo-se à intenção criativa (Hartley et al., 2018). Públicos e Práticas Mediáticas | Sara Pereira| Licenciatura em Ciências da Comunicação |Universidade do Minho Pequenos atos de envolvimento e cultura participativa  Contributo da proposta dos “Pequenos atos de envolvimento” para uma (re)concetualização da cultura participativa e para o seu alargamento no seio dos estudos das audiências;  Relevante para compreender as práticas produtivas dos públicos no contexto da vida quotidiana;  Motivação que esses atos podem criar para outro tipo de práticas de produção e de participação; Públicos e Práticas Mediáticas | Sara Pereira| Licenciatura em Ciências da Comunicação |Universidade do Minho Pequenos atos de envolvimento e cultura participativa  Foco no acesso e na interação pode ser limitado, se não promovermos a capacidade e o conhecimento cultural necessários para utilizar, questionar e compreender essas ferramentas e esses ambientes e agir nos e sobre os mesmos;  Cultura participativa: potencial cívico e de mudança social, ao possibilitar o desenvolvimento de capacidades crítico-reflexivas necessárias para viver em sociedades cada vez mais mediatizadas (Couldry e Hepp, 2017) e 'dataficadas' (van Dijck, 2014). Públicos e Práticas Mediáticas | Sara Pereira| Licenciatura em Ciências da Comunicação |Universidade do Minho Os públicos e as audiências do ponto de vista da atitude e performance de consumidores (dos media) vs os públicos vistos pelos media Questões: Os cidadãos são uma parte importante no processo mediático? Como é que os media percepcionam os seus destinatários; Que características lhes atribuem? Que espaços os meios de comunicação oferecem aos cidadãos para poderem expressar as suas opiniões, fazerem ouvir as suas vozes, darem os seus contributos? Darão os media mais destaque aos pontos de vista das elites do poder? Públicos e Práticas Mediáticas | Sara Pereira| Licenciatura em Ciências da Comunicação |Universidade do Minho Que direitos e deveres assistem ao público face aos media? Em que circunstâncias podem/devem os cidadãos tomar a iniciativa face aos conteúdos, nomeadamente os de informação? A que formas recorrer para intervir/reagir face aos conteúdos dos media? Como promover a qualidade dos media, de modo a que prestem um serviço efetivo aos cidadãos e à cidadania, salvaguardando a liberdade de informação? Que espaços e oportunidades tem os cidadãos para participar nos/através dos media? Que exemplos de boas práticas de participação encontram? Públicos e Práticas Mediáticas | Sara Pereira| Licenciatura em Ciências da Comunicação |Universidade do Minho Comentar: - Os novos media não produzem novos cidadãos, proporcionam/permitem novas formas de cidadania; - Participação acidental / participação estruturada; - O quadro empírico da participação é condicionado pelo contexto cultural de uma sociedade (as raízes históricas da presença/ausência de participação). Públicos e Práticas Mediáticas | Sara Pereira| Licenciatura em Ciências da Comunicação |Universidade do Minho Bibliografia  Bird, E. (2011). Are we all produsers now? Cultural Studies, 25 (4-5), 502-516, DOI: 10.1080/09502386.2011.600532  McQuail, D. (2005). Publication in a free society: the problem of accountability. Comunicação e Sociedade, vol. 7, 2005, pp. 235-255.  Padilla, M., Cabero, N., Parejo, S. & González, M. (2007). Approaches to participation: some neglected issues. Fifth Critical Management Studies Conference, Manchester, UK.  Pereira, S., Moura, P., Masanet, M-J., Taddeo, G., Tirocchi, S. (2018). Media uses and production practices: case study with teens from Portugal, Spain and Italy. Comunicación y Sociedad, 33, pp. 89-114.  Splichal, S. (2002), ‘Rethinking publicness: the precedente of the right to comunicate’, The Public, Vol. 9-3, 83-106  van Dijck, M. J. (2009). Users like you? Theorizing agency in user-generated content. Media, Culture & Society 31(1): 41-58. Públicos e Práticas Mediáticas | Sara Pereira| Licenciatura em Ciências da Comunicação |Universidade do Minho

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