Aula 01.1 Teoria Estruturalista PDF

Summary

This document provides an overview of the structuralist theory, focusing on its analysis of organizations as a whole, contrasting it with classical and human relations approaches. It highlights the concept of structuralist theory as an interdisciplinary approach which considers both formal and informal organizations. The document also discusses the principles of neoclassical theory, which emphasizes practicality and results in organizational management.

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5 - Teoria Estruturalista A Teoria Estruturalista tem por objetivo analisar a organização como um todo. Enquanto a Teoria Clássica se preocupava apenas com a organização formal, e a Teoria das Relações Humanas se concentrava na organização informal, os teóricos da Teoria Estruturalista abordam amba...

5 - Teoria Estruturalista A Teoria Estruturalista tem por objetivo analisar a organização como um todo. Enquanto a Teoria Clássica se preocupava apenas com a organização formal, e a Teoria das Relações Humanas se concentrava na organização informal, os teóricos da Teoria Estruturalista abordam ambas as organizações (formal e informal). De um lado, a Administração Científica dava ênfase apenas nas tarefas; de outro, a Teoria das Relações Humanas focava nas pessoas. Para os estruturalistas o estudo da administração deveria ser muito mais amplo, abrangente e complexo do que isso. O foco é na estrutura organizacional e no ambiente. Pode-se dizer que a Teoria Estruturalista tem por objetivo promover a interdisciplinaridade entre a Teoria Clássica e a Teoria das Relações Humanas, inspirando-se ainda na abordagem burocrática de Max Weber. Essa Teoria busca considerar e compreender os aspectos que foram omitidos pelas teorias anteriores. Surge como uma necessidade de eliminar as limitações e distorções do modelo burocrático. Em outras palavras, os estruturalistas buscam sintetizar as teorias anteriores sob um novo modelo. Essa foi a primeira teoria a abordar o conceito de sistema aberto de organização. Enquanto os modelos anteriores tinham uma abordagem fechada (racional), voltada para dentro e baseada na previsibilidade, a Teoria Estruturalista passa a considerar uma abordagem de sistema aberto (natural), onde também existe a preocupação com o ambiente externo (a organização encontra-se aberta às influências e imprevisibilidades do meio externo). O conceito de homo economicus (Teoria Clássica) e homo social (Teoria das Relações Humanas), são deixados para traz e surge a ideia de um homem organizacional, ou seja, para os estruturalistas o homem moderno participa simultaneamente de várias organizações, e dentro delas executa diversos papéis, portanto, deve ser flexível e ter uma personalidade cooperativa e coletivista. Além disso, o homem organizacional tem a capacidade de adiar recompensas, com o objetivo ser bem-sucedido nas organizações. Os principais teóricos da Teoria Estruturalista são James Thompson e Amitai Etzioni. Em resumo, a Teoria Estruturalista busca visualizar e entender a organização como um todo e, para isso, utiliza-se de diversos ângulos e pontos de vista. Chiavenato sintetiza muito bem ao dizer que essa abordagem múltipla utilizada pela Teoria Estruturalista envolve9: -Tanto a organização formal como a informal. -Incentivos mistos: tanto as recompensas salariais e materiais como as sociais e simbólicas. -Todos os diferentes níveis hierárquicos de uma organização. -Todos os diferentes tipos de organizações. -A análise intraorganizacional e a interorganizacional (meio externo). 5.1 - Teoria Clássica x Teoria das Relações Humanas x Teoria Estruturalista Teoria Clássica Teoria das Relações Humanas Teoria Estruturalista Ênfase na estrutura organizacional Ênfase nas pessoas Estudo mais abrangente e complexo Foco na organização formal Foco nos grupos informais Considera ambos os grupos (formal e informal) Centralização da autoridade Delegação de autoridade Delegação de autoridade Homo economicus Homo social Homem organizacional Recompensas salariais e materiais Recompensas sociais e simbólicas Recompensas Mistas (salariais, materiais, sociais e simbólicas) Abordagem de sistema Fechado Abordagem de sistema Fechado Abordagem de sistema Aberto Campo de análise: fábricas Campo de análise: fábricas Diferentes tipos de organização (ampliou o campo de análise) 9 CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração, 9ª edição. Barueri, Manole: 2014, p. 292. 6 - Teoria Neoclássica A Teoria Neoclássica surgiu retomando vários dos princípios da Teoria Clássica, com uma visão mais moderna e flexível, buscando atender às necessidades das organizações, que cresciam e tornavam-se mais complexas. Seu principal teórico é Peter Drucker, considerado o pai da administração moderna. Para Chiavenato, as principais características da Teoria Neoclássica são as seguintes: Ênfase na prática da administração: É uma teoria pragmática, ou seja, voltada para objetivos práticos e realistas. Dá ênfase a aspectos instrumentais e práticos. Busca resultados concretos, realistas e palpáveis. Reafirmação relativa dos pressupostos clássicos: Diversos postulados clássicos são retomados, reestruturados, e “realinhados” (de acordo com as circunstâncias da época), tais como: a departamentalização, a estrutura organizacional linear, o problema da autoridade e da responsabilidade, entre outros. Ênfase nos princípios gerais de administração: Os princípios clássicos são retomados de forma mais “flexível”, para a busca de soluções administrativas práticas. Os neoclássicos se preocupam em estabelecer os princípios gerais da administração, capazes de guiar e orientar o administrador no desempenho de suas funções. Ênfase nos objetivos e nos resultados: A organização deve ser estruturada, dimensionada e orientada para alcançar objetivos e produzir resultados. A organização não deve “voltar-se para si mesma”, para seus processos internos; mas sim deve orientar-se em função de seus objetivos e resultados. São os objetivos que justificam a existência da organização. Conceitos ecléticos: Os neoclássicos são ecléicos. Embora a “base principal” seja a Teoria Clássica, a Teoria Neoclássica absorve os conceitos e ideias de outras teorias administrativas mais recentes (Relações Humanas, Burocrática, Estruturalista, entre outras). Os Neoclássicos entendem que organização deve ser considerada, simultaneamente, tanto sob o ponto de vista da eficácia como da eficiência. Eficiência – Significa fazer bem alguma coisa. Fazer uma atividade de forma correta. Utilizar os recursos disponíveis da melhor maneira possível. Está associado à produtividade e ao desempenho; ao modo de se fazer algo. O foco é INTERNO e relaciona-se aos MEIOS e aos CUSTOS envolvidos. É a medida de avaliação da utilização dos recursos. Eficácia – Significa fazer a coisa certa. Fazer aquilo que deve ser feito para que os objetivos sejam alcançados. É atingir os objetivos ou as metas traçadas, independente dos custos envolvidos. O foco é EXTERNO e relaciona-se aos FINS. É a medida de avaliação do alcance dos resultados. Na Teoria Neoclássica também são discutidos conceitos como administração por objetivos, vantagens e desvantagens da centralização e da descentralização, planejamentos tático, estratégico e operacional, entre outros. A Teoria Neoclássica destaca, ainda, alguns princípios fundamentais da organização formal, quais sejam: Divisão do trabalho: A divisão do trabalho aumenta a produtividade do funcionário e a eficiência da organização. Além disso, possibilita a redução dos custos de produção. Especialização: Nada mais é do que uma consequência da divisão do trabalho. Cada funcionário (ou órgão) tem tarefas específicas e especializadas. Hierarquia: A divisão do trabalho gera uma diversidade de cargos e funções dentro da organização. À vista disso, surge a necessidade de uma estrutura organizacional hierarquizada. A estrutura hierárquica é verticalizada (as ordens vêm de cima para baixo). Além disso, a autoridade é alocada em cargos (e não em pessoas), e os subordinados “aceitam” essa autoridade. Amplitude administrativa: Também chamada de “amplitude de controle” ou “amplitude de comando”, trata-se do número de subordinados que podem ficar sob supervisão de um administrador. Quanto maior o número de funcionários sob comando de algum supervisor, maior é a amplitude de comando. Quanto menor a amplitude de controle (menos subordinados sob supervisão), maior serão os níveis hierárquicos (logo, a estrutura organizacional será mais “alta”, mais “verticalizada”). Por fim, e talvez o ponto mais importante a se destacar, são as funções administrativas (processo administrativo) sob o ponto de vista Neoclássico. Você deve lembrar-se que, de acordo com a Teoria Clássica (Fayol), o processo administrativo é composto pelas seguintes funções administrativas (funções do administrador): Prever, Organizar, Comandar, Coordenar e Controlar (mnemônico: POC3 – “póqui3”). Contudo, os Neoclássicos deram uma “repaginada” nessas funções. Para a Teoria Neoclássica, o processo administrativo é composto pelas seguintes funções administrativas (funções do administrador): Planejamento, Organização, Direção e Controle (mnemônico: PODC – “pódicê”). Vale dizer que esta é a visão mais aceita, e considerada a “mais correta” nos dias de hoje. • Estabelecer os objetivos e definir os meios (traçar as estratégias) para alcançá- Planejamento los. • O planejamento que define "aonder quer se chegar" e traça os planos de "como chegar" lá. • Dividir o trabalho e atribuir as responsabilidades para a realização do trabalho. • Estabelecer os meios e os recursos necessários para se alcançar o objetivo Organização proposto pelo planejamento. • Está relacionada à alocação de recursos para as equipes e departamentos e à atribuição de tarefas. • É conduzir os trabalhos e designar as pessoas para que seja colocado em prática Direção tudo aquilo que foi organizado e planejado. • Usar a influência para orientar e motivar as pessoas • Está relacionada à liderança, coordenação, comunicação, motivação, relacionamento e interação, para que as pessoas desempenhem as atividades necessárias à concretização dos objetivos propostos. • Monitorar as atividades e fazer as correções necessárias, a fim de manter a Controle organização no caminho adequado para o alcance dos objetivos. • Envolve o acompanhamento, a monitoração e a avaliação do desempenho organizacional para verificar se as coisas estão acontecendo de acordo com o que foi planejado, organizado e dirigido. As funções administrativas propostas pela Teoria Neoclássica são universalmente aceitas. O processo administrativo neoclássico é o fundamento da administração moderna. Contudo, a Teoria Neoclássica sofre críticas por se mostrar bastante conservadora, face ao mundo organizacional complexo e em constante mudança, em especial por propor a existência de princípios da administração “universais” (como fez Fayol), que tornam as funções administrativas rígidas e invariáveis. 7 - Teoria Comportamental A Teoria Comportamental, também chamada de Teoria Behaviorista, teve seu início com Hebert Alexander Simon. A Teoria Comportamental deixa de lado aquelas abordagens normativas e prescritivas (das Teorias Clássica, das Relações Humanas e da Burocracia). A ênfase está nas ciências do comportamento e as posições adotadas são explicativas e descritivas. Abordagem PRESCRITIVA E NORMATIVA As normas são prescritas para indicar como lidar com os problemas. A preocupação é em ditar princípios e normas que indicam o que deve ser feito em cada situação. Abordagem EXPLICATIVA E DESCRITIVA Busca-se compreender as situações; interpretar o processo administrativo e a organização como um todo; e, depois, explicar o que foi interpretado. O objetivo é explicar, e não ditar regras e princípios. Apesar da Teoria Comportamental ser um desdobramento da Teoria das Relações Humanas, e compartilhar alguns de seus princípios, ela rejeita fortemente as concepções ingênuas e românticas de sua antecessora. Além disso, a Teoria Comportamental é totalmente contrária à Teoria Clássica. Ela rejeita veementemente os princípios gerais da administração e os conceitos de autoridade formal e rígida, por exemplo. Da mesma forma, a Teoria Comportamental se opõe à Teoria Burocrática, especialmente em relação ao “modelo de máquina” utilizado pela burocracia para representar a organização. Ela surge como uma nova tentativa de sintetizar a teoria da organização formal, com ênfase nas relações humanas. O homo economicus (Teoria Clássica), homo social (Teoria das Relações Humanas), e o homem organizacional (Teoria Estruturalista), é visto como homem administrativo pelo Behaviorismo. O homem administrativo é racional, reage a incentivos mistos (recompensas salariais, materiais, sociais e simbólicas) e toma decisões sem procurar todas as alternativas possíveis. Ele busca fazer algo de uma maneira satisfatória (e não da “melhor maneira” possível). Na Teoria Comportamental cada indivíduo participa racionalmente das decisões. As pessoas tomam decisões individuais em todos os níveis da organização. A organização funciona como um “sistema de tomada de decisões”. O foco está nas pessoas. Em síntese, a Teoria Comportamental defende que quanto mais o administrador conhecer o homem e seus aspectos comportamentais, e compreender os mecanismos que o motivam, mais acertada e adequada será a sua gestão (melhores resultados serão obtidos). Foi um movimento que desenvolveu a psicologia organizacional e foi direcionado à qualidade de vida no trabalho. Dentre os estudos formulados na abordagem comportamental, destacam-se: Teoria X e Y, de Douglas McGregor. Teorias motivacionais, de Frederick Herzberg. Hierarquia das Necessidades, de Abraham Maslow. Esses temas são estudados, oportunamente, em aulas específicas. Aqui, basta que você saiba que esses autores estão relacionados à Teoria Comportamental. 8 - Teoria do Desenvolvimento Organizacional (DO) Alguns autores entendem que não se trata de uma “teoria” propriamente dita, mas sim de um “desdobramento” da Teoria Comportamental, orientada para uma abordagem da organização como um todo (uma abordagem sistêmica). Djalma Oliveira10 explica que Desenvolvimento Organizacional é “o processo estudado para consolidar a mudança planejada dos aspectos estruturais e comportamentais nas organizações, com a finalidade de otimizar o processo de resolução de problemas e os resultados anteriormente estabelecidos nos interpessoal”. planejamentos elaborados, sempre com adequado relacionamento Segundo ele, a Teoria do Desenvolvimento Organizacional surgiu em virtude de quatro atividades realizadas pelas organizações, quais sejam: -Formação e atuação de equipes multidisciplinares. -Pesquisa de ações direcionadas à eficácia organizacional. -Desenvolvimento de pesquisas com entrevistas e feedback. -Produtividade e qualidade de vida no trabalho. Os modelos de Desenvolvimento Organizacional se fundamentam em quatro variáveis básicas: ambiente, organização, grupo e indivíduo. O principal objetivo do Desenvolvimento Organizacional é mudar as pessoas, bem como alterar a qualidade das relações pessoais no trabalho. A ênfase do DO está na mudança da cultura organizacional. A priori, o DO é uma mudança organizacional planejada.11 A Teoria do Desenvolvimento Organizacional busca entender os aspectos da mudança organizacional e de como a organização se adapta as mudanças ocorridas no ambiente. Surge, então, um novo conceito de organização e de cultura organizacional. Os teóricos da Teoria do Desenvolvimento Organizacional criticam a abordagem de sistema fechado de organização (sistema mecânico) e defendem o conceito de sistema aberto (sistema orgânico). Os principais objetivos do DO são: - Desenvolver o “espírito” de equipe. - Melhorar a percepção do grupo sobre o ambiente externo, com o intuito de facilitar a adaptação da organização a este ambiente. - Criar um senso de “identidade” entre os indivíduos e a organização (inclusive no que se refere a “integração” entre objetivos individuais e os objetivos da organização), através da motivação e do comprometimento. Os principais expoentes dessa Teoria foram: Kurt Lewin: Criador da Teoria de Campo, da pesquisa de ação, e considerado o fundador da dinâmica de grupo. Edgar Schein: estudos relacionados à psicologia, liderança e cultura organizacional. Warren Bennis: estudos relacionados às mudanças organizacionais rápidas e inesperadas; analisou as administrações das “organizações do futuro”. 9 - Teoria dos Sistemas A Teoria dos Sistemas nasceu a partir da Teoria Geral dos Sistemas (TGS), e seu precursor foi o biólogo Ludwig Von Bertalanffy. Para Bertalanffy as divisões que se faz do mundo em diferentes áreas (Física, Quimica, Biologia, etc) é muito arbitrária. Para ele, todos os sistemas devem ser estudados globalmente, de forma integrada, envolvendo todas as áreas, bem como a correlação entre suas partes. A Teoria de Sistemas (TS) é contra aquele pensamento analítico, que “decompõe” as áreas. Em outras palavras, é contra o conceito de “cada um no seu quadrado”. A partir da TS surgem novas ideias, conceitos mais integrados, mais sintéticos, que levam em consideração o “todo”. Por exemplo: os planetas isolados passam a ser o “sistema solar”; os órgãos digestivos passam a ser o “sistema digestivo”, etc. As Teorias de Administração anteriores tinham um problema em comum: a microabordagem. Esse fato, aliado à necessidade de uma real “integração” entre todas as teorias anteriores (de fato, as teorias Estruturalista e Comportamental até tentaram isso; mas não obtiveram sucesso), e ao fato de que a Teoria dos Sistemas já tinha obtido resultados positivos em outras áreas, abriu espaço para que a Teoria de Sistemas fosse introduzida na administração. Para Bertalanffy12 sistema é um conjunto de unidades reciprocamente relacionadas, do qual decorrem dois conceitos: o de propósito (ou objetivo) e o de globalismo (ou totalidade). Esses conceitos são as características básicas do sistema. Djalma Oliveira13, em outras palavras, explica que sistema “é um conjunto de partes interagentes e interdependentes que, conjuntamente, formam um todo unitário com determinado objetivo e efetuam determinada função”. O foco agora estava na relação entre a organização e o ambiente externo, bem como na interação entre órgãos internos da própria organização. A ideia central é de que as organizações são sistemas abertos. É como se a organização fosse um sistema “vivo”. O administrador deve conhecer o mercado externo, a concorrência, os clientes, etc. A Teoria dos Sistemas ressalta homem funcional. As organizações são “sistemas de papéis”. Nesse contexto, o homem funcional é um “papel” dentro da organização. Ele realiza um papel, interrelacionando-se com as outras pessoas. Além disso, o homem mantém expectativas dos “papéis” realizados por essas outras pessoas. Pode-se dizer que: - As organizações são afetadas por variáveis externas (imprevisíveis) e mudanças no ambiente. - A organização é parte de um “sistema maior”. - As organizações são resilientes, ou seja, tem a capacidade de se adaptar a modificações externas. - As partes (ou órgãos internos) da organização são interdependentes, ou seja, embora sejam independentes, estão inter-relacionadas, de forma que ações em um órgão geram reações em outras órgãos (em outras partes da organização). - O todo é maior do que a soma das partes (holismo ou sinergia). - Qualquer alteração em uma das partes, repercute no todo (globalismo). A Teoria Geral dos Sistemas se fundamenta em três premissas: 1 - Os sistemas fazem parte de sistemas maiores. 2 – Os sistemas são abertos e estão em constante interação com o ambiente. 3 – As funções do sistema dependem de sua estrutura. A organização é vista como um sistema aberto e é composta por um conjunto de “subsistemas”, que estão em constante interação. A organização está inserida em um meio dinâmico, aonde existem outros sistemas, que também devem ser levados em consideração. Como sistema aberto, a organização está em constante interação com o meio (ambiente externo), recebendo dele matéria-prima, pessoas, informações, etc., os quais são transformados em produtos e serviços que, posteriormente, são colocados novamente no ambiente. Os sistemas apresentam os seguintes componentes: Objetivos: são a razão de ser do sistema. Entradas (inputs): são as forças que fornecem material, energia e informação para o sistema. Processamento: é o processo de transformação dos insumos (entrada) em produtos e resultados (saída) Saídas (outputs): é o resultado do processo de transformação (por exemplo: produtos) Controles: monitorar se as saídas estão de acordo com os objetivos estabelecidos. Retroalimentação: é a realimentação do sistema. Ou seja, é a reintrodução no sistema de uma saída, sob a forma de informação. (*Alguns autores entendem que o componente “controle” está “dentro” da retroalimentação. Nesse caso, a retroalimentação funcionaria como uma espécie de “monitor”, que avalia se as saídas estão de acordo com o planejado) Ambiente: é o meio externo que envolve o sistema. O sistema recebe entradas do ambiente, processa e fornece saídas ao ambiente. Os componentes do sistema podem ser esquematizados da seguinte forma14: Objetivos Entradas (inputs) Processamento (processo de transformação) Saídas (outputs) Controle Retroalimentação Destaque-se que a o componente processamento (o “interior do sistema”), funciona como um tipo de caixa preta (black box), ou seja, ele não é facilmente acessível (não dá para saber exatamente o que ocorre lá dentro). Por fim, é importante dizer que as organizações, enquanto sistemas abertos, apresentam as seguintes características: Importação (entradas): a organização depende de energia (informações, material, insumos, etc.) que vem do ambiente. Transformação (processamento): as organizações, enquanto sistemas abertos, transformam a energia (insumos) que entrou no sistema. Exportação (saídas): os produtos ou serviços transformados são colocados (exportados) novamente para o ambiente. Ciclos repetitivos: a atividade de importar-transformar-exportar é repetitiva e cíclica. Entropia negativa: entropia é um processo de desgaste natural, que leva à morte. Portanto, “entropia negativa” é a força que o sistema faz para se manter vivo. Isso é feito através do reabastecimento de energia. Ou seja, as organizações devem importar mais energia (do ambiente) do que exportar. Retroação negativa ou Codificação de informação (feedback negativo): além dos insumos, os sistemas abertos recebem informações, que possibilitam verificar como está o ambiente, e também como está o funcionamento da organização em relação ao ambiente. Estado firme e homeostase dinâmica: a tendência é que o processo de entradas e saídas se mantenha constante. O sistema aberto regula-se e desenvolve mecanismos para ajustar-se às mudanças do ambiente externo. O sistema busca o seu equilíbrio (homeostase). Isso evita o processo entrópico (a morte do sistema). Diferenciação: a organização enquanto sistema aberto tende a se diferenciar, através da especialização das funções (diferenciação interna) e hierarquização. Equifinalidade: isso significa que não existe apenas um caminho para que o resultado final seja atingido. A organização, enquanto sistema aberto, possui diversos caminhos diferentes que são aptos a alcançar o mesmo resultado. Limites ou fronteiras do sistema: são as barreiras existentes entre o meio externo e a organização. Essas barreiras delimitam até onde o sistema pode agir. 10 - Teoria da Contingência Ufa, até que enfim chegamos ao estudo da última Teoria. ☺ Primeiramente, vamos entender o significado da palavra contingência. De acordo com o dicionário Michaelis, contingência é um fato cuja ocorrência é possível, porém incerta. É a dúvida quanto à possibilidade de uma coisa acontecer ou não. As questões da contingência surgiram, de forma estruturada, em 1972, e seu principal idealizador foi Joan Woodward (ela realizou o primeiro estudo abordando a administração das contingências das organizações). Para a Teoria Contingencial, a estrutura e o funcionamento da organização dependem da interação com ambiente externo. Ou seja, não há um único (e melhor) jeito de se organizar e de administrar. Tudo depende do ambiente no qual a organização está inserida. É a “teoria do depende”. (risos) Em outras palavras, pode-se dizer que “nada é absoluto, tudo é relativo”. Portanto, não existe uma “fórmula mágica” e universal para ser aplicada em todas as situações. Cada situação é diferente. Cada situação exige uma ação e uma solução diferente. Assim, são as contingências que indicam o caminho a ser seguido, e indicam de que forma a organização deve se estruturar. O objetivo é “responder” aos estímulos do ambiente. Essas contingências externas podem ser positivas (oportunidades) ou negativas (ameaças). Para Woorward a tecnologia adotada pela organização tem grande influência nesse processo, pois é ela que determina a estrutura e o comportamento organizacional. Outro assunto bastante importante quando estudamos sobre a Teoria da Contingência, se refere aos estudos realizados por Tom Burns e G. M. Stalker. Esses dois sociólogos classificaram as organizações em dois tipos: “mecanísticas” e “orgânicas”. Vejamos, a seguir, quais as características dessas organizações para eles15: 15 Burns T, Stalker GM. The management of innovation. Londres, Tavistock, 1961. pp. 5-6. apud CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração, 9ª edição. Barueri, Manole: 2014, pp. 504-505. Organização mecanística Organização orgânica Estrutura burocrática baseada em uma minuciosa divisão do trabalho Estruturas organizacionais flexíveis com pouca divisão de trabalho Cargos ocupados por especialistas com atribuiições claramente definidas. Cargos continuamente modificados e redefinidos por meio da interação com outras pessoas que participam da tarefa Decisões centralizadas e concentradas na cúpula da empresa Hierarquia rígida de autoridade baseada no comando único Sistema rígido de controle Predomínio da interação vertical entre superior e subordinado. Amplitude de controle administrativo mais estreita (mais níveis hierárquicos) Ênfase nas regras e procedimentos formais Ênfase nos princípios universais da Teoria Decisões descentralizadas e delegadas aos níveis inferiores Tarefas executadas por meio do conhecimento que as pessoas têm da empresa como um todo Hierarquia flexível, com predomínio da interação lateral sobre a vertical (horizontalização) Maior amplitude de controle administrativo (menos níveis hierarquicos) Maior confiabilidade nas comunicações informais Ênfase nos princípios de relacionamento humano da Teoria das Relações Humanas Clássica Ambiente Estável (previsível) Burocracia Ambiente mutável (imprevisível) Adhocracia As organizações mecanicistas se adaptam melhor a ambientes estáveis e previsíveis. As organizações orgânicas, por sua vez, se adaptam melhor a ambientes dinâmicos e imprevisíveis. Perceba que esse é um exemplo de como o ambiente externo (as contingências externas) influenciam a forma de estruturação das organizações. Foi através dos estudos realizados por Paul R. Lawrence e Jay W. Loesch, entretanto, que nasceu a Teoria da Contingência. Esses teóricos estudaram quais as características que as organizações deveriam possuir para poderem enfrentar com maior eficiência as variáveis do ambiente externo (condições tecnológicas, condições de mercado, etc.). Para eles, todas as organizações apresentam características de diferenciação e integração. Diferenciação: A organização enquanto sistema aberto tende a se diferenciar, através da especialização das funções (diferenciação interna) e hierarquização. Para tanto, a organização divide-se em subsistemas (ou departamentos), cada um sendo responsável por desempenhar tarefas específicas. Esses subsistemas reagem apenas àqueles aspectos do ambiente que dizem respeito a sua própria área específica de atuação. Integração: É o movimento oposto. Ou seja, as demandas do ambiente fazem com que seja necessário que a organização “some esforços” de todos os subsistemas (departamentos), e coordene-os no sentido de responder (conjuntamente) às pressões do ambiente. Nesse sentido, para Lawrence e Loesch, é o ambiente que indica o quanto de diferenciação e integração é exigido da organização. De fato, as organizações têm a necessidade de se diferenciar em departamentos; contudo, precisam estar integradas para responderem com eficiência às demandas do ambiente externo. Portanto, as organizações que obtêm mais sucesso são aquelas que mais se aproximam das características requeridas pelo ambiente, ou seja, aquelas que sabem “dosar” e ajustar corretamente a quantidade de diferenciação e de integração requeridas. Lawrence e Loesch16 explicam que “à medida que os sistemas crescem de tamanho, diferenciam-se em partes e o funcionamento dessas partes separadas tem de ser integrado para que o sistema inteiro seja viável”. Surge ai também a ideia da Adhocracia, um termo criado por Toffler. Para facilitar, pense como um modelo com características diametralmente opostas às características da Burocracia. As principais características da adhocracia são: -Equipes temporárias de trabalho, autônomas, autossuficientes e multidisciplinares. -Descentralização da autoridade (as próprias equipes de trabalho são autogerenciáveis) -Mutabilidade e variação das responsabilidades (as responsabilidade não são fixas, isto é, podem ser alteradas) -Bastante liberdade para executar o trabalho (há pouquíssimas regras e procedimentos) (Lawrence & Lorsch, 1973) apud CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração, 9ª edição. Barueri, Manole: 2014 pp. 504-505. 16 Para a Teoria da Contingência o homem (aquele mesmo homo economicus, homo social, homem organizacional, etc.) é visto como homem complexo. Para a Teoria Contingencial as teorias anteriores pecam por não levarem em conta toda a complexidade do homem. Os teóricos contingenciais defendem que o homem é um sistema complexo, composto por percepções, valores, necessidades e características pessoais, e funciona como um sistema capaz de manter seu equilíbrio interno e solucionar conflitos diante de demandas externas dos mais variados ambientes que está inserido (ambiente de trabalho, ambiente social, etc.). Em suma, a Teoria da Contingência apresenta as seguintes características básicas: -A organização é um sistema aberto (organização sistêmica). -O ambiente organizacional interno interage entre si, e também interage com o ambiente externo. As demandas externas (incertezas do ambiente) e as características internas da organização (diferenciação e integração) estão intimamente relacionadas. -Os aspectos organizacionais internos são variáveis dependentes (ou seja, ocorrem dentro da organização e “dependem” das características e demandas do ambiente). Por sua vez, as características do ambiente são variáveis independentes (ocorrem fora da organização). Variáveis DEPENDENTES Ocorrem dentro da organização e "dependem" das características e demandas do ambiente Variáveis INDEPENDENTES Ocorrem fora da organização A Teoria Contingencial leva em consideração as contribuições de todas as teorias administrativas anteriores. Por isso, é a mais eclética de todas. Chiavenato17 resume muito bem ao dizer que, “a Teoria da Contingência explica que não há nada de absoluto nos princípios gerais de administração. Os aspectos universais e normativos devem ser substituídos pelo critério de ajuste constante entre cada organização e o seu ambiente e tecnologia”. 17 CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração, 9ª edição. Barueri, Manole: 2014, p. 507. 10.1 – Críticas à Teoria da Contingência De fato, foi uma teoria que propiciou diversos aspectos positivos ao “mundo moderno”, tais como: visualização da complexidade do ambiente no qual a organização está inserida; maior flexibilidade às organizações; interligação entre organizações (as chamadas organizações “em rede”); etc. Contudo, essa teoria sofreu algumas críticas, especialmente pelo fato do seu “relativismo exagerado” (a ideia exagerada de que “tudo depende”). Outras críticas que podem ser citadas são: - As contingências são muitas, o que leva a uma dificuldade em identificar todas as contingências, bem como a inter-relação entre elas. Consequentemente, isso dificulta a tomada de decisão. - Ênfase demasiada no ambiente: a visualização da organização “de fora pra dentro” (do ambiente para a organização), e a ideia de que é o ambiente que determina as características da organização, pode soar um pouco exagerado. - Ênfase na tecnologia: de fato, a tecnologia influencia fortemente a organização. Contudo, a ideia de que a tecnologia é a variável independente (externa), que condiciona como será a estrutura organizacional (variável dependente), também é um pouco exagerada.

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