Transição Medieval-Moderna

Elementos Associados à Idade Média e Moderna

• Perguntas sobre os elementos da Idade Média em comparação com a Idade Moderna.
• Explicação da existência de feiras medievais no início da Modernidade.
• Diferenças e semelhanças entre cidades medievais e cidades atuais.

Objetivos do Capítulo

• Entender o conceito de Modernidade e sua relação com o contexto europeu na Idade Moderna.
• Determinar as causas do Renascimento Urbano e Comercial na transição da Idade Média para a Moderna.
• Identificar rupturas e permanências na sociedade europeia durante essa transição.
• Compreender o surgimento da burguesia no início da Modernidade.

Transição do Período Medieval para a Modernidade

• O termo "Idade Média" foi criado por escritores do século XVI para descrever o período entre o fim da Antiguidade e o início da Modernidade.
• A Europa experimentou crises significativas entre os séculos XIV e XV, incluindo crises de produção de alimentos, a peste bubônica, a Guerra dos Cem Anos e o Cisma do Ocidente.
• O mundo moderno surgiu como resultado da atenuação dessas crises e transformações na sociedade europeia.
• Nos séculos XV e XVI, houve uma crescente consciência das diferenças em relação ao passado.

Valorização da Tradição Cultural da Antiguidade

• A tradição cultural da Grécia e Roma foi resgatada e valorizada por artistas, filósofos, arquitetos e matemáticos.
• O período após o Império Romano passou a ser visto como uma "idade das trevas", marcada por atraso e obscurantismo.

Controvérsias sobre a Idade das Trevas

• Pintores e escritores retrataram o período medieval de forma mítica, com cavaleiros, castelos, príncipes e princesas.
• Estudiosos medievais revelaram que foi um período de conhecimento sistematizado, com o surgimento de universidades onde se aprendia aritmética, gramática, retórica e lógica.
• Escolas comerciais foram criadas, especialmente na Itália, para mercadores aprenderem gramática, contabilidade e línguas estrangeiras.
• O termo "idade das trevas" é questionado, já que camponeses, trabalhadores urbanos, reis, nobres e membros do clero percebiam viver o melhor de suas vidas.
• Avanços na Modernidade ocorreram após séculos de desenvolvimento gradual de técnicas e conhecimentos, não de forma repentina.

A Ideia da Modernidade

• Jacques Le Goff sugere que a ideia de modernidade surge com um sentimento de ruptura com o passado.
• Charles Baudelaire, escritor francês do século XIX, descreveu a modernidade como as mudanças em seu presente, observando costumes, arte e moda.
• Etimologicamente, Andrew Edgar associa a modernidade ao latim modernus (recente), que desde o século V tinha diversos significados.
• No século XVI, eruditos revalorizaram a cultura pagã, opondo o moderno ao medieval, buscando libertação do "obscurantismo" medieval.
• O termo propriamente dito (modernitas) já surge no século XII, referindo-se aos últimos cem anos.
• A modernidade é definida como um conjunto amplo de modificações nas estruturas sociais do Ocidente, a partir de um longo processo de racionalização da vida.

O Renascimento Urbano

• Durante a Alta Idade Média, a Europa teve sociedades rurais, com camponeses trabalhando para senhores feudais em troca de proteção e tributos.
• As cidades, embora existentes, ganharam importância na Baixa Idade Média devido ao aumento populacional e ao desenvolvimento de técnicas agrícolas no século X, gerando excedentes para troca e venda.

As Cidades Medievais

• A urbanização na Idade Média variava em cada localidade, mas incluía lugares de comércio, fortificações e defesa.
• Muralhas foram construídas para aumentar a segurança e controlar o acesso de pessoas e mercadorias.
• A revitalização das cidades levou à disseminação de ofícios urbanos, como tecelagem, fiação, tinturaria, trabalhos em curtumes, construção e marcenaria.
• Espaços e equipamentos, como moinhos e fornos, eram compartilhados, exigindo o pagamento de taxas.
• O trabalho urbano foi valorizado por produzir artefatos úteis, de qualidade e, por vezes, belos, como os objetos de arte criados por artesãos.

Mercados e Mercadores

• A troca intensa de produtos (escambo) e o comércio atraíam pessoas às cidades.
• O fluxo contínuo de pessoas exigiu a criação de tavernas e hospedarias.
• Mercados eram lugares de encontro, com festas, apresentações artísticas e proclamação de sentenças judiciais.
• Bispos exerciam funções administrativas, regulando a vida urbana junto com prefeitos, conselheiros e magistrados.
• O intenso fluxo de pessoas exigiu novos espaços e um sistema financeiro eficiente.

Sistema Financeiro

• A cunhagem de moedas de ouro foi retomada na Itália, depois na França e, posteriormente, em toda a Europa.
• Foram desenvolvidos contratos comerciais entre mercadores, novos métodos de contabilidade e a emissão de cartas de crédito.
• Os "banqueiros" exerciam atividades financeiras, como câmbio, inicialmente em bancas ao ar livre e, depois, em edifícios mais seguros.

Renascimento Comercial

• O declínio do feudalismo, marcado pelo fluxo migratório do campo para as cidades, revoltas camponesas e a peste bubônica, impulsionou o renascimento urbano e comercial.
• Cidades na França e no norte da Itália cresceram como centros de cultura, poder, trocas mercantis e informações.
• Cidades italianas como Veneza, Génova e Pisa criaram uma rede de rotas comerciais no Mediterrâneo.
• Cidades germânicas formaram a Liga Hanseática para dominar o comércio no norte da Europa e no mar Báltico.
• As Cruzadas abriram caminho para o comércio com o Oriente.

Economia Europeia em Mudança

• As feiras nas cidades desenvolvidas, as trocas comerciais com o Oriente e o surgimento da burguesia indicavam a necessidade de mudança na economia europeia.
• A expansão do comércio a partir do século XII promoveu transformações na sociedade europeia.
• As mercadorias passaram a ser produzidas para trocas comerciais, dando origem à economia mercantil.
• Entre os séculos XII e XV, surgiram características do sistema capitalista.
• Trabalhadores começaram a produzir para obter rendimentos, embora o trabalho assalariado fosse raro.

A Burguesia

• Os artesãos eram donos de suas ferramentas e locais de trabalho, produzindo e vendendo seus produtos sem contratar outros.
• A figura do burguês ganhou destaque ao simplificar e facilitar operações comerciais, converter dinheiro e concretizar a ideia de lucro.
• A aproximação da burguesia com os reis modernos resultou na ascensão desse grupo social em detrimento da nobreza.
• O desenvolvimento comercial impulsionou a utilização de moedas a partir de Gênova em 1252, disseminando-se pela Europa.
• A grande quantidade de moedas existentes dificultou a circulação de dinheiro.
• O termo "burguesia" deriva de burgo, que significa "vilarejo" e era um espaço na periferia das cidades, onde surgiram os principais ofícios e as corporações de ofício.
• O burgo era local de feiras para trocas comerciais e encontro entre camponeses e mercadores.

Ascensão e Poder da Burguesia

• No século XII, mercadores foram os principais responsáveis pela organização de feiras.
• O desenvolvimento econômico promoveu o crescimento dos burgos e o surgimento da própria burguesia, enriquecidos com a renovação comercial.
• Os burgueses defendiam valores como liberdade de mercado, trabalho livre, livre iniciativa, direito de propriedade e liberdades políticas e individuais.
• Eles se enquadravam socialmente na camada popular, mas apresentavam potencial de ascensão social dependente do capital e lucro.
• A condição de burguês pode ser concedida por título, baseado na posse de grande patrimônio, dando acesso à justiça privada, cargos públicos e participação em irmandades e corporações.
• Com o tempo, a burguesia passou a gerir seus próprios interesses e participar das funções públicas da cidade, tornando-se os novos governantes do período moderno.
• Os filhos da burguesia ascendiam socialmente pelo poder do dinheiro ou pelo saber, principalmente das leis.
• Surgiram burgueses nas universidades e escolas urbanas, compartilhando esses espaços com o clero.
• Eles introduziram na Europa a ideia de família nuclear, diferente da família ampliada da Idade Média.
• A ascensão das principais famílias originou um subgrupo social mais elitizado, a alta burguesia, que ocupava cargos administrativos, legislativos e judiciais, dominando os meios produtivos e as casas bancárias.
• A alta burguesia aliou-se às nobrezas locais e, em muitas cidades, sua fortuna e poder superaram os da nobreza de nascença.
• O enriquecimento da burguesia atraiu a atenção dos monarcas, que viram neles potenciais financiadores das viagens comerciais ao Oriente, garantindo melhores negócios e lucros.
• As atividades comerciais dos burgueses financiaram viagens marítimas e fortaleceram a figura dos monarcas.

Novos Tempos, Novos Valores: Transição para a Idade Moderna

• A força do rei se tornou evidente, especialmente na Inglaterra, França e nos reinos cristãos da Península Ibérica.
• Esse período anunciava a formação das monarquias nacionais, marcando uma importante mudança política na Europa.
• As bases para um pensamento mais racional e menos religioso foram lançadas.
• A autoridade da Igreja foi questionada e pensadores defenderam que o poder monárquico não deveria sofrer interferência do papado.
• Pensadores e cientistas buscavam explicar os fenômenos da natureza por meio de modelos racionais e demonstráveis, substituindo as explicações míticas.
• Na Itália, famílias burguesas como os Médici, Gonzaga e Sforza financiaram a produção de obras de literatura, ciência e artes.
• Essa aproximação proporcionou o desenvolvimento do Renascimento cultural, influenciando a forma de pensar da Europa moderna.

Mercados e Feiras: Ontem e Hoje

• Os mercados na Idade Média movimentavam diariamente as cidades e eram lugares de bons negócios.
• Eles estavam instalados próximo a locais de abastecimento de alimentos e outras mercadorias.
• O comércio era o ofício de pessoas importantes que sabiam medir, contar e classificar os produtos.
• A feira e o mercado medieval ofereciam oportunidades de compras, vendas e de trocas culturais, sendo lugares dinâmicos de troca de conhecimentos.
• Atualmente, feiras e mercados ainda têm as mesmas funções e significados.

Consequências do Desenvolvimento Demográfico e Econômico

• O desenvolvimento demográfico e econômico impulsionou a urbanização, criando uma rede de cidades que eram núcleos econômicos, políticos e culturais, ao contrário dos centros militares e administrativos da Antiguidade e da Alta Idade Média.
• A cidade é um lugar de trocas que atrai feiras e mercados.

Transição Medieval para a Modernidade

• Durante a transição do período medieval para a Modernidade, as feiras caracterizavam-se por ser locais de comércio de produtos de diferentes regiões que dinamizavam a economia.

A Palavra "Burguês"

• A mudança no sentido da palavra “burguês" está relacionada com o enriquecimento promovido pelo comércio praticado nas cidades.

A Construção do Mundo Moderno

• Os modernos são os primeiros a demonstrar que o conhecimento verdadeiro só pode nascer do trabalho interior realizado pela razão, graças a seu próprio esforço, sem aceitar dogmas religiosos, preconceitos sociais, censuras políticas e os dados imediatos fornecidos pelos sentidos.
• A formação do mundo moderno caracteriza uma nova postura com relação ao conhecimento, a qual transforma o modo de entendimento do mundo e do próprio homem.

A cultura renascentista

• A cultura renascentista reflete a intensificação do comércio e da urbanização, propiciando a valorização dos ideais burgueses.

Renascimento

• A prática do mecenato foi muito importante para o desenvolvimento das artes durante o Renascimento.

Resumo para a compreensão

• O termo "renascimento" tem o sentido de que algo renasceu.
• Renascimento: movimento cultural e social na Europa ocidental entre os séculos XV e XVI, modificando a interpretação europeia do mundo.
• Surgimento: final do período medieval, combatendo a interpretação medieval de obscurantismo e ignorância. Valores: renovação dos valores e ideais da Antiguidade Clássica (culturas grega e romana). Características: desenvolvimento das ciências e artes para explicar e dominar a natureza.
• Período: século XIV d.C., ganhando força nos séculos XV e XVI.

Desenvolvimento Italiano

• Enriquecimento de cidades e famílias italianas através do dinamismo das companhias comerciais.
• Florença como poderosa cidade-Estado no século XIV, abrigando escritores importantes como Dante Alighieri, Giovanni Boccaccio e Francesco Petrarca.
• Giotto di Bondone como pintor inovador, mostrando os primeiros traços das mudanças artísticas.
• Famílias ricas buscando mudar a maneira de comerciar e consumir produtos, estimulando a fabricação de produtos de luxo e financiando artistas.

Ascensão do Humanismo

• Patrocínio dos chefes de famílias aos artistas, filósofos e cientistas, permitindo criação de técnicas, descobertas de materiais, estudos e experiências.
• Produção de obras em prédios públicos, praças e igrejas para a população. Novos Tempos: intercâmbio cultural, importância das cidades, investimento de famílias poderosas influenciando uma nova mentalidade.
• Homens como criadores/artistas assinando suas obras (séculos XIV e XVI).
• Humanismo: movimento colocando o homem como ponto central das criações, ações e pensamentos.
• Antropocentrismo: forma de entendimento com o homem como criação mais perfeita de Deus.
• Valorização: formas do ser humano/mundo ao seu redor, beleza de suas expressões, escrita sobre política e ciência pensando o mundo diferente.
• Representações realistas: o ser humano era uma obra de arte, digno de estudo filosófico, científico e literário.

As Explicações Científicas

• Os cientistas passaram a buscar explicações demonstráveis, calculáveis e passíveis de reprodução.
• Deus: acreditavam em Deus, mas também nas leis e ciclos da natureza. Inteligência: utilizar a inteligência (dom divino) para estudar a natureza e poder explicá-la.
• Academias e escolas: modificaram a maneira de ensinar, inspirando-se na vontade de valorizar diferentes formas de pensar e diferentes pessoas e locais.
• Sistemas políticos equilibrados: imaginaram sistemas políticos equilibrados, criticando a Igreja e os dogmas religiosos da Idade Média, mas sem combater a religião, garantindo a ordem política e social.
• A Utopia: Thomas More (chanceler de Henrique VIII) escreveu o livro Utopia em 1516, texto sobre uma ilha onde prevalece a racionalidade, tolerância cristã e igualdade entre os homens.

Uma Nova Forma de Pensar as Ciências

• Reflexões Humanistas: necessidade de um mundo novo, diferente daquele conhecido com reis opressores, guerras, violências e autoridades eclesiásticas questionadas.
• Descobertas e Conhecimentos: reforçada pelas descobertas de novos lugares e conhecimento da existência de novas terras.
• Âmbito Ampliado: vontade de explicar o mundo compreendendo, calculando, medindo e experimentando suas regras.
• Novos Apoios: total apoio a novas experiências, mas outras não, por apresentarem ideias muito diferentes com a verdade.

O Caso de Nicolau Copérnico

• Proibição Da Igreja: obras de Nicolau Copérnico (astrônomo, matemático, médico, economista, embaixador e cônego) também proibidas.
• Teorias inovadoras: por meio de observações e cálculos, Copérnico chegou a conclusão de que a Terra girava em torno do Sol (heliocentrismo).
• Rejeição e Aceitação Das Ideias: autoridades da Igreja não aceitaram a nova ideia e persistiram em teoria científica sobre o mundo baseada nas ideias do filósofo grego Aristóteles e do astrônomo Ptolomeu (geocentrismo).

O Caso de Giordano Bruno

• Visão De Bruno: teoria heliocêntrica defendida pelo italiano (monge dominicano) que imaginava um Universo infinito, com uma infinidade de sóis e planetas girando ao redor deles.
• Defessa De Bruno: combinando teologia e temas matemáticos, Bruno defendeu suas ideias com fervor e não aceitou as advertências da Igreja.

A Arte e os Artistas da Renascença

• Valores: centralidade do homem, racionalidade, harmonia e referências à Antiguidade.
• Objetivos e Divisão: embelezamento das cidades, subdividida em Trecento (1300), Quattrocento (1400) e Cinquecento (1500).
• Giotto di Bondone: primeiro pintor a humanizar as figuras religiosas e deixar de representá-las de forma hierárquica.
• Cosme de Médici: encomendou a escultura de bronze de David a Donatello