RTP e o 25 de Abril: Programação e Impacto

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Questions and Answers

Qual era o objetivo estratégico da RTP definido pelo Movimento das Forças Armadas (MFA) após o 25 de Abril?

  • Garantir que a RTP se tornasse uma plataforma exclusivamente de propaganda do governo.
  • Expandir a programação de entretenimento para distrair a população dos problemas políticos.
  • Privatizar a RTP para evitar a influência de grupos políticos.
  • Assegurar que a RTP, juntamente com outras entidades, fosse um instrumento crucial para informar o país sobre os desenvolvimentos políticos. (correct)

Como a ocupação da RTP pela coluna da Escola Prática de Administração Militar (EPAM) demonstrava a visão sobre o potencial da televisão?

  • Priorizando a transmissão de programas educativos para aumentar o conhecimento da população.
  • Focando na criação de debates abertos sobre as políticas do governo.
  • Limitando o acesso e controlando rigorosamente a produção de conteúdo para evitar 'fugas de informação'. (correct)
  • Incentivando a participação de diversos setores da sociedade na programação.

Qual foi o impacto da ação de Ramiro Valadão, presidente da RTP nomeado por Marcelo Caetano, durante a tomada da RTP pelos militares revoltosos?

  • Ele colaborou ativamente com os militares para garantir uma transição suave.
  • Ele negociou com os militares para permitir a transmissão de programas de entretenimento.
  • Ele ordenou a sabotagem do equipamento de transmissão, atrasando a entrada da RTP no ar. (correct)
  • Ele fugiu do país para evitar ser associado ao regime deposto.

Como a emissão especial do Telejornal em 25 de Abril, controlada pelos militares, contrastava com as práticas anteriores da televisão?

<p>Rompeu com o formalismo e a seriedade impostos anteriormente, adotando um tom festivo e explicativo. (B)</p>
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De que forma a criação da 5ª Divisão refletiu uma mudança na relação entre a RTP e o poder político?

<p>Sinalizou uma tentativa de alinhar a televisão com os objetivos do MFA, visando explicar a revolução à população. (D)</p>
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Como a programação da RTP durante o PREC buscou diferenciar-se da televisão do Estado Novo em termos de conteúdo e formato?

<p>Adotou uma abordagem mais crítica e analítica, dando visibilidade a problemas sociais e vozes antes silenciadas. (B)</p>
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Qual foi o papel dos jornalistas da RTP durante o PREC em relação à objetividade e engajamento político?

<p>Buscar uma posição engajada e mediadora, tornando-se atores políticos na cobertura dos eventos. (D)</p>
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Qual era o objetivo principal do programa "A Política é de Todos" e como ele buscava atingir esse objetivo?

<p>Educar a população sobre o processo democrático e dar voz aos que antes eram marginalizados. (C)</p>
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De que forma o programa 'A Política é de Todos' demonstrava a dicotomia entre a televisão do Estado Novo e a televisão revolucionária?

<p>Focando-se nos problemas sociais e dando voz aos marginalizados, em contraste com a televisão de 'boas notícias' do Estado Novo. (D)</p>
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Quais temas eram frequentemente censurados na RTP durante o período revolucionário, evidenciando os limites da liberdade jornalística?

<p>Temas políticos, morais, religiosos e até memórias recentes e sensíveis como as relacionadas com as práticas da PIDE. (D)</p>
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Quais foram os principais valores orientadores anunciados pela Comissão Administrativa Militar ao assumir o controle da RTP?

<p>Objetividade, independência e honestidade da informação. (B)</p>
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Qual foi o impacto da substituição de quadros na RTP, incluindo o afastamento de H. Mendes e a contratação de novos redatores e repórteres?

<p>Demonstrou o caráter frenético do movimento de recomposição e renovação do pessoal da RTP. (A)</p>
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Quais eram as características dos programas informativos não diários que surgiram no DPPS (Departamento de Programas Político-Sociais) durante o PREC?

<p>Colocavam os repórteres à descoberta do país real e do povo imaginado, buscando a emancipação e o esclarecimento cívico. (A)</p>
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De que forma o ambiente sincrético entre a sociedade e a política se refletiu no DPPS (Departamento de Programas Político-Sociais)?

<p>No DPPS, todo o trabalho social era considerado político, refletindo a lógica revolucionária. (A)</p>
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Como a programação da RTP durante o PREC refletiu a tentativa de superar a televisão como um mero instrumento de propaganda?

<p>Incentivando a participação de diversos setores da sociedade, incluindo intelectuais e artistas que antes eram marginalizados. (A)</p>
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Flashcards

O que é o PREC?

Período revolucionário em Portugal após o 25 de Abril, de 1974 a 1975.

Qual era o objetivo da RTP durante o PREC?

O foco principal foi atender às necessidades informativas e formativas do povo português.

Qual foi o papel inicial da RTP após o 25 de Abril?

A RTP foi usada como meio de propagação de comunicados e veículo pelos militares revoltosos.

Por que a RTP demorou a entrar no ar no 25 de Abril?

A emissão só entrou no ar às 18h40 devido a sabotagem no equipamento em Monsanto.

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Qual foi a mudança na programação da RTP após o 25 de Abril?

A programação da RTP passou a dar espaço para jornalistas como parceiros da revolução.

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O que era a 5ª Divisão?

A 5ª Divisão era o órgão do MFA que coordenava o programa político na RTP.

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Quais tipos de programas foram introduzidos na RTP durante o PREC?

Programas de debate e mesa redonda com intelectuais de esquerda e trabalhadores.

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Quais temas começaram a ser abordados na RTP?

Abertura para temas antes proibidos como pobreza, desigualdade e analfabetismo.

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Qual foi a principal mudança na abordagem da RTP?

Passou de uma televisão de boas notícias para uma engajada com os objetivos da revolução.

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Qual era o objetivo em relação às mudanças na RTP?

Comissão Administrativa Militar com o objetivo de objetividade, independência e formativo.

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Qual era o trabalho emancipador da RTP?

Visava ensinar as pessoas a viver em democracia e contribuir para o esclarecimento cívico.

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Como era a representação da política na televisão no início?

Visuais do passado, como lugares protocolares do poder e formalismo dos gabinetes.

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Como passou a ser a representação da política na televisão?

Políticos na rua conversando com as pessoas, reuniões de trabalho informais.

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Quais eram os temas noticiosos que passaram a ser abordados?

Problemas sociais, pobreza, desigualdade econômica e analfabetismo.

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Qual foi o desafio enfrentado pelo jornalismo?

Houve uma forte pressão para controle partidário e militar sobre o conteúdo jornalístico.

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Study Notes

  • O artigo analisa o impacto do 25 de Abril de 1974 na programação da RTP, focando-se nos programas informativos não diários do DPPS.
  • Estes programas revelam as visões da época sobre a televisão popular e caracterizam a "invenção da televisão revolucionária" para o PREC (1974-1975).
  • O processo, influenciado pelas relações de força nas administrações da RTP, estendeu-se além da política, abrangendo discussões sobre o papel do jornalismo televisivo na democracia portuguesa.
  • O foco do artigo reside na discussão refletida na natureza dos programas criados para atender às necessidades de informação e formação do povo.
  • As palavras-chave incluem RTP, 25 de abril, PREC, televisão revolucionária e povo.

A RTP no 25 de Abril

  • Após o 25 de Abril de 1974, a RTP serviu como um espaço de experimentação da democracia nascente, mostrando mudanças políticas, sociais e culturais.
  • No dia 25 de Abril, a RTP era um dos objetivos estratégicos do Movimento das Forças Armadas (MFA).
  • O MFA reconheceu a RTP e as rádios como instrumentos cruciais para informar a evolução dos acontecimentos.
  • Inicialmente refém dos militares, a televisão foi usada para transmitir comunicados e propaganda.
  • A ocupação da RTP pela coluna do capitão Teófilo Bento ilustra a visão limitada do potencial da televisão, visando impedir fugas de informação.
  • Teófilo Bento admitiu um erro de avaliação ao priorizar a segurança da Televisão em vez de permitir que operadores filmassem as tropas nas ruas.
  • A tomada do emissor da RTP, nome de código Mónaco, quase fracassou devido ao desconhecimento da atividade televisiva pelos militares.
  • Soares Louro alertou para a importância do Centro Emissor de Monsanto, que inicialmente não estava incluído no plano de operações.
  • Ramiro Valadão, presidente da RTP nomeado por Marcelo Caetano em 1969, ordenou o corte da antena para impedir o uso da televisão pelos militares.
  • Uma válvula do emissor de imagem foi removida e escondida, atrasando a entrada da RTP no ar até as 18h40 do dia 25 de Abril.
  • A emissão histórica foi apresentada por Fialho Gouveia e Fernando Balsinha, locutores do Telejornal, apresentando comunicados transmitidos pelo Rádio Clube Português.
  • A equipa da RTP, liderada por João Rocha, registrou imagens da revolução no Largo do Carmo, contrariando as ordens do capitão Teófilo Bento.
  • José Manuel Tudela também registrou imagens da ocupação da RTP e da chegada de jornalistas para a conferência de imprensa dos capitães.
  • Fialho Gouveia deu sentido às imagens fragmentadas no Telejornal, enfatizando a "total sintonia" entre jornalistas e militares.
  • A forma de fazer televisão mudou drasticamente, prenunciando uma transformação da RTP num laboratório de experiências comunicativas entre jornalismo e propaganda.

Desejo de Visibilidade dos Jornalistas

  • A mudança na programação da televisão desde o 25 de Abril de 1974 refletiu o desejo de dar visibilidade aos jornalistas como parceiros da revolução.
  • A RTP precisava de uma teoria que sustentasse a sua prática, enfatizada por Bargão dos Santos, diretor de informação da RTP, em Abril de 1975: "Uma televisão ao serviço do MFA, o que quer dizer uma televisão ao serviço do povo."
  • A 5ª Divisão, criada em Junho de 1974 pela Comissão Coordenadora do Programa do MFA, herdou o SIPFA e tinha uma estrutura com quatro comissões.
  • Durante o PREC, a história da 5ª Divisão cruzou-se com a da RTP, que emitia o Programa do MFA, com o objetivo de explicar a revolução ao povo.
  • A ação da 5ª divisão foi além de uma mera agência de propaganda do MFA, abrangendo a discussão sobre o projeto de sociedade e o papel dos media associados.
  • Apesar das "estratégias dirigistas" para controlar a informação, a diversidade de meios e forças políticas frustrou a imposição de quadros ideológicos monolíticos.
  • Vasco Ribeiro conclui que a 5ª Divisão desenvolveu "um sofisticado trabalho de comunicação política governamental", mas nunca foi uma estrutura una e indivisível.
  • Ivo Veiga notou que os recursos da 5ª Divisão "traduziam a reconfiguração da própria esfera militar", reclamando um papel interventivo mesmo nas esferas política e civil.
  • As mudanças na programação durante o PREC refletiram a tomada de consciência do papel dos media numa disputa material e simbólica, disseminando o sentido coletivo de conceitos-chave.
  • A redefinição do campo jornalístico foi desordenada, impulsionada pela evolução política e pelas novas oportunidades.
  • Mesmo com tentativas formais de censura, os administradores militares não eram os censores da ditadura.
  • O padrão do jornalismo "militante e não explicativo" coexistiu com formas de afirmação do campo jornalístico, trilhando o caminho de invenção de um repórter televisivo pleno e inovando em conteúdos e formatos.
  • Em 25 de Maio de 1974, a Comissão Administrativa Militar anunciou o propósito de lançar a semente da “objetividade, independência e honestidade da informação” e transformar a RTP num órgão “informativo formativo e isento”.
  • A suspensão do Conselho de Programa e de 16 quadros da empresa refletiu a "operação de limpeza" na RTP, afetando 4% do quadro de pessoal.
  • Um ritmo frenético de contratações acompanhou os saneamentos, demonstrando a recomposição do pessoal da RTP.
  • José Carlos Megre e Sidónio Pais foram nomeados para coordenar a reorganização da direção geral de programas.
  • Carlos Cruz e Joaquim Letria foram contratados para orientar a reestruturação dos serviços informativos dos canais 1 e 2, respetivamente.
  • Vasco Pulido Valente foi contratado para "iniciar o estudo da programação...do Departamento de Programas Políticos e Socioeconómicos" (DPPS).
  • Os programas informativos não diários do DPPS colocaram os repórteres da RTP à descoberta do país real e do povo imaginado, visando a emancipação do povo e o esclarecimento cívico.

O DPPS e o Programa A Política é de Todos

  • A sigla DPPS condensa a dinâmica da grelha informativa pós-25 de Abril, traduzindo a indistinção entre sociedade e política.
  • A representação televisiva da política evoluiu, passando dos códigos visuais do passado para políticos que arregaçavam as mangas e estavam na rua com as pessoas.
  • Ao adotar este espírito, o DPPS mergulhou a RTP no centro das convulsões sociais e assumiu a natureza política da informação.
  • Os novos formatos colocaram a reportagem no centro do dispositivo informativo, dando voz ao povo que não falava na televisão e alterando o repertório de temas noticiosos.
  • Passou-se de uma televisão de boas notícias para uma televisão centrada na sinalização de problemas e engajada com os objetivos da revolução.
  • O MFA tentou inventar uma nova televisão e subtrai-la aos partidos, cedendo à tentação de tomá-la para si à medida que se institucionalizava.
  • Este caminho foi marcado por tensões, lutas e novas censuras, evidenciando os limites da liberdade jornalística e originando intromissões censórias.
  • O campo dos jornalistas profissionais de televisão autonomizou-se, com estes a tornarem-se mediadores engajados e atores políticos, reduzindo a distância entre jornalismo e política.
  • A televisão revolucionária acompanhou a explosão das parcialidades políticas, permitindo a diversificação dos conteúdos e a profundidade das abordagens.
  • ÁLvaro Guerra, encarregue da Informação e das Atualidades, apelou ao sentido de responsabilidade dos jornalistas do Telejornal para resistirem às constantes manipulações de informação.
  • Os títulos dos programas do DPPS traduziram a vontade de descobrir o povo, fornecendo educação histórica básica e estimulando a aprendizagem política.

"A Política é de Todos"

  • Merece menção especial o programa “A Política é de Todos”.
  • É um programa que condensa o espírito da televisão revolucionária.
  • Em 1974, recebeu o prémio "Melhor Programa do Ano” atribuído pela Casa da Imprensa.
  • Transmitido entre maio de 1974 até 1975, com um total de 7 programas.
  • De natureza didática, revelando processos democráticos e oferecendo um fresco do país e dos seus enormes atrasos.
  • Os temas em 1975 abordaram os efeitos do fascismo no esmagamento das pessoas, na proibição de ler, no medo de falar em público e na descrença na liberdade.
  • Existiram programas dedicados à literatura proibida e um centrado sobre as desigualdades no mundo do trabalho.
  • A mensagem é "O voto é a arma do povo", demonstrando que o regime deposto trouxe a ignorância política, o medo e a resignação à miséria.

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