Situações de Traumas

Queimaduras

• São lesões que atingem a pele e podem evoluir de simples lesões cutâneas a comprometimentos de órgãos, sistemas e até levar a morte.
• A pele desempenha importantes funções em nosso corpo, como barreira física do ambiente, termorregulação, sensações e adaptações metabólicas.

Conceito de Queimadura

• É a desnaturação proteica do tecido em decorrência de absorção de energia térmica, resfriamento, radiação ou agente químico.
• Desnaturação proteica é a alteração das ligações moleculares que causam distorção estrutural e, por consequência, perda da função biomolecular.

Fases da Lesão

• As lesões podem ocorrer em duas fases: imediata e tardia.
• O dano ocasionado no momento da exposição ao agente é a lesão imediata, e o papel da equipe de respondedores pré-hospitalar é evitar os agravos decorrentes do dano, minimizando os problemas relacionados à lesão tardia.

Regra dos 9

• A "regra dos 9" é uma ferramenta utilizada para estimar a superfície corporal queimada.
• É amplamente utilizada para auxiliar na abordagem ao doente queimado.

Classificação das Queimaduras

• Tipos de queimaduras: térmica, elétrica, radioativa, química.
• Variação da gravidade da queimadura:
  • Extensão (SCQ)
  • Idade (pensar nos extremos: crianças e idosos)
  • Profundidade (1º, 2º, 3º, 4º)
  • Condições clínicas (cardiopatias, diabetes, doenças pulmonares)
  • Lesões traumáticas associadas e indicativos de inalação de fumaça ou vapor quente.

Tratamento e Considerações

• Dificilmente a queimadura cutânea causa problema sério durante o pré-hospitalar.
• Problemas no pré-hospitalar incluem lesões por inalação, como queimadura de vias aéreas, intoxicação por CO ou CN e choque circulatório.
• Priorizar os cuidados com condições vitais, como controle de hemorragias, ventilação adequada e proteção contra hipotermia.
• Calcular a necessidade de hidratação pela fórmula de Parkland (2ml x peso em kg x % área corporal queimada).
• Cuidados locais incluem:
  • Retirar anéis e pulseiras das áreas queimadas e cobrir-as com gaze estéril seca.
  • Proteger o grande queimado (>20% de área corporal comprometida) da hipotermia.
  • Oferecer O2, conforme apropriado, e manter as vias aéreas abertas.
  • Solicitar Suporte médico, se possível suporte avançado, devido possibilidade de respiração comprometida, quadro de choque hipovolêmico e outros agravos.

Síndrome de Esmagamento

• É uma situação de emergência relacionada a vítimas de trauma que ocorre em eventos que promovam aprisionamento e esmagamento de partes do corpo de uma pessoa, como desabamentos, desmoronamentos, acidentes veiculares, tombamentos de carga, entre outros.
• É a segunda maior causa de morte em eventos de estruturas colapsadas, perdendo apenas para lesões ocasionadas pelo trauma direto primário.
• A síndrome de esmagamento pode ser chamada de Síndrome Compartimental, Síndrome de Compressão Muscular, Rabdomiólise Traumática, entre outras denominações.
• Foi inicialmente descrita em 1909, após a ocorrência de um terremoto que atingiu a cidade de Messina na Itália e durante a Primeira Guerra Mundial.
• É considerada um evento traumático grave com potencial de risco de morte ainda na cena do evento.

Tratamento Pré-Hospitalar da Síndrome de Esmagamento

• O tratamento de primeira linha é a expansão volêmica.
• Quando ocorre associada à hemorragia não controlada, deve-se respeitar o princípio da hipotensão permissiva.
• A expansão volêmica deve ser conduzida por oficial médico, seguindo as orientações abaixo:
• Iniciar infusão de cristalóide (preferencialmente Ringer Lactato) via intravenosa ou intraóssea, antes da extricação, em caso de atmosfera desprovida de risco.
• Bolus inicial de 2 litros, seguido de taxa inicial de 1L/h, ajustada conforme o débito urinário (DU) alvo de 100-200ml/h.

Objetos Empalados

• É uma situação que ocorre quando um objeto (madeira, vergalhão, canos, lâminas e similares) penetra parcialmente no corpo de uma pessoa.
• A abordagem de vítimas de trauma segue a sistematização em ordem de prioridades (ABC).
• Cuidados com objeto empalado:
• Nunca retirar o objeto do corpo da vítima no ambiente pré-hospitalar.
• Tratar as feridas abertas com curativos esterilizados.
• Fixar bem o objeto para evitar movimentação e promover lesões ou sangramentos.
• Posicionar a vítima de maneira confortável, de forma que não tenha riscos de movimentação do objeto durante o transporte.

Traumatismo Abdominal

• Traumatismos abdominais são comuns e podem ser potencialmente graves.
• A região abdominal tem uma quantidade de órgãos e estruturas que, uma vez lesionados, podem provocar grandes hemorragias.

Avaliação do Abdome

• O exame do abdome consiste em inspeção visual buscando hematomas, penetrações, queimaduras, distensão entre outras alterações visíveis.
• Dor a palpação ou rigidez abdominal são sinais que sugerem presença de sangue na cavidade.

Evisceração

• Evisceração ocorre quando um objeto contundente perfura e rompe o tecido abdominal, permitindo que as vísceras intestinais sejam exteriorizadas.
• O socorrista deve conduzir seu atendimento seguindo a abordagem sistematizada de atendimento ao trauma, priorizando sempre o ABC da vida.

Cuidados com Eviscerações

• Verificar presença de sangramentos externos importantes e contê-los.
• Avaliar nível de consciência.
• Manter permeabilidade das vias aéreas.
• Oferecer oxigênio e ou ventilação assistida.
• Identificar a evisceração retirando as vestimentas de modo a permitir a exposição da lesão.
• Cobrir o ferimento com curativo estéril embebido de solução salina.
• Cobrir o curativo úmido com um curativo estéril seco afim de evitar que o curativo úmido seque.

Considerações

• A evisceração é uma lesão isolada e focal, portanto, os cuidados com restrição de movimento de coluna podem ser minimalistas.
• Dependendo dos órgãos abdominais afetados, esse pode ser um quadro grave e a vítima pode se tornar crítica.
• Medidas e avaliação, intervenção e transporte rápido para um hospital provido de centro cirúrgico será importante para um prognóstico favorável.