Meio Ambiente e o Processo Saúde-Doença

Inter-relação entre Meio Ambiente e Processo Saúde-Doença

• A saúde e a doença são conceitos interligados e complexos.
• Fatores biológicos, sociais, econômicos e culturais influenciam a saúde e a doença.

Conceitos de Saúde e Doença

• Saúde, conforme a OMS, é um estado completo de bem-estar físico, mental e social, não apenas ausência de doença.
• A saúde envolve a interação de fatores biológicos, psicológicos, sociais e ambientais.
• Doença refere-se a qualquer alteração no estado de saúde que afeta o bem-estar individual.
• A doença pode ser influenciada por agentes etiológicos como vírus e bactérias, além de fatores sociais e econômicos.

História Natural da Doença

• Descreve a progressão de uma doença desde a exposição ao agente causal até a recuperação ou morte.
• Inclui o período epidemiológico (pré-patogênese), que envolve fatores sociais, econômicos e ambientais que aumentam o risco de doença.
• Também inclui o período patológico, que se inicia com a ação do agente patogênico, levando a alterações bioquímicas, fisiológicas e histológicas.

Padrões de Progressão das Doenças

• As doenças podem seguir diferentes padrões de progressão
• Evolução Aguda: Doenças que se desenvolvem rapidamente, como infecções virais.
• Evolução Crônica: Doenças que se desenvolvem ao longo do tempo, como doenças cardiovasculares.
• Infecções Subclínicas: Doenças que não apresentam sintomas clínicos evidentes.

Medidas Inespecíficas e Específicas

• Medidas Inespecíficas promovem a saúde em geral, como melhorias na nutrição e no estilo de vida.
• Exemplos de medidas inespecíficas incluem campanhas de educação em saúde e melhorias ambientais.
• Medidas Específicas são direcionadas a prevenir doenças específicas.
• Vacinação e quimioprofilaxia são exemplos de medidas específicas.

Prevenção Primária, Secundária e Terciária

• Prevenção Primária visa evitar a ocorrência das doenças antes que elas se desenvolvam.
• A prevenção primária inclui a promoção da saúde e proteção específica, como vacinação e eliminação de vetores.
• Prevenção Secundária consiste em ações realizadas quando a doença já está presente para detectar e tratar precocemente, evitando complicações.
• Exemplos de prevenção secundária incluem exames periódicos e rastreamentos.
• Prevenção Terciária foca em minimizar sequelas e melhorar a qualidade de vida quando a doença já está estabelecida.

Cinco Níveis de Prevenção

• 1: Promoção da Saúde: Ações gerais para melhorar o bem-estar.
• 2: Proteção Específica: Medidas direcionadas a prevenir doenças específicas.
• 3: Diagnóstico e Tratamento Precoce: Ações para detectar doenças precocemente.
• 4: Limitação do Dano: Medidas para minimizar as consequências de uma doença.
• 5: Reabilitação: Ações para restaurar a capacidade funcional após uma doença.

Conceitos Utilizados em Epidemiologia

• Epidemiologia é a ciência que estuda o processo saúde-doença em coletividades humanas.
• A epidemiologia analisa a distribuição e os fatores determinantes das enfermidades, danos à saúde e eventos associados à saúde coletiva.
• Ela propõe medidas específicas de prevenção, controle ou erradicação de doenças.
• A epidemiologia congrega métodos e técnicas de estatística, ciências da saúde e ciências sociais para ensino, pesquisa, avaliação de saúde, etc.
• Grupos populacionais apresentam diferentes casos de agravos e mortes por doenças.
• Fatores que influenciam a saúde distribuem-se desigualmente na população, afetando alguns grupos mais do que outros.

Pontos Principais da Epidemiologia

• Prevenção de doenças e busca por novos tratamentos e vacinas.
• Análise de dados de saúde pública.
• Mapeamento e acompanhamento de novas doenças.

Princípios Básicos em Epidemiologia

• A ocorrência de doenças não é aleatória, associada a fatores ambientais e sociais.
• Doenças não têm causa única, múltiplos fatores intervêm na etiologia.
• A identificação e estimativa dos fatores determinantes são importantes.

Boletim Epidemiológicos

• Documento que apresenta dados sobre doenças ativas.
• Utilizado para informar e monitorar casos vigentes.

Termos Importantes em Epidemiologia

• Epidemia: elevação brusca, inesperada e temporária da incidência de uma doença, ultrapassando os valores esperados.
• Pandemia: ocorrência epidêmica caracterizada por uma larga distribuição espacial, atingindo várias nações.
• Endemia: doença habitualmente presente entre membros de um grupo em área geográfica delimitada por tempo ilimitado.
• Morbidade: conjunto dos indivíduos que adquirem doenças num dado intervalo de tempo em uma população.
• Prevalência: número de pessoas doentes em um período de tempo, indicando a qualidade do que prevalece.
• Incidência: número de pessoas doentes que se iniciam em um determinado período de tempo, indicando o nível de risco coletivo de adoecer.
• Taxa de Ataque: taxa de incidência em um grupo de pessoas expostas ao mesmo risco em área definida, útil para analisar surtos.
• Comunicante: pessoa ou animal em contato com um reservatório ou ambiente contaminado, com oportunidade de adquirir o agente etiológico.
• Caso: pessoa ou animal infectado ou doente que apresenta características clínicas, laboratoriais e epidemiológicas de uma doença.
• Caso Suspeito: pessoa com histórico clínico, sintomas e possível exposição que sugerem uma doença infecciosa.
• Risco: probabilidade de ocorrência de uma doença, agravo, óbito ou condição de saúde numa população.
• Mortalidade: conjunto de indivíduos que morreram num dado intervalo de tempo, representando o risco de morrer em decorrência de uma doença.
• Letalidade: indicativo da gravidade do agravo, mostrando o percentual de mortos pela doença e a qualidade da assistência médica.
• Surto: ocorrência de dois ou mais casos epidemiologicamente relacionados em espaço delimitado.
• Doença: situação clínica anormal específica que afeta negativamente o organismo.
• Forma Manifesta: doença que apresenta sinais e/ou sintomas clássicos.
• Forma Inaparente ou Sub-Clínica: indivíduo sem sinais ou sintomas, mas com a doença presente, detectada por exames laboratoriais.
• Forma Abortiva ou Frustra: doença que desaparece rapidamente após poucos sinais ou sintomas.
• Forma Fulminante: doença que leva rapidamente a óbito.
• Período de Incubação: tempo entre a penetração do agente etiológico e o aparecimento dos sintomas.
• Período de Transmissibilidade: período em que o indivíduo pode transmitir a doença, com ou sem sintomas.
• Multicausalidade: processo pelo qual múltiplos fatores interagem para provocar agravos.
• Relação Causal: associação estatística significativa entre uma ocorrência e um fator. Ex: fumar e câncer de pulmão.
• Relação Não Causal: ocorrência que não pode ser atribuída a um fator apesar de associação estatística.

Vigilância das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT)

• Patologias caracterizadas pela ausência de processos infecciosos.
• As doenças crônicas possuem longo curso clínico e tendência à irreversibilidade.
• Crônico-degenerativas decorrem da evolução de processos orgânicos, como envelhecimento, genética e estilo de vida.
• Causas externas decorrem da violência e de acidentes, associados a más condições de vida, urbanização desorganizada e problemas socioeconômicos.
• Doenças crônicas são permanentes, deixam deficiências, têm etiologia multifatorial, longo período de latência e início indefinido.
• A influência de um fator determinado em sua incidência e prognóstico é variável.

Classificação das Doenças Crônicas

• Diabetes e doenças cardiovasculares (arteriosclerose, hipertensão arterial).
• Tumores malignos.
• Doenças psicossociais (alcoolismo, toxicomanias e doenças mentais).
• Doenças respiratórias.
• Doenças carênciais (escorbuto, pelagra e raquitismo).
• Doenças ocupacionais (silicose e saturnismo).
• Doenças genéticas e metabólicas.
• Doenças físicas decorrentes de traumas.

Etiologia das DCNT

• Evolução das sociedades altera os problemas de saúde pública.
• Primeira etapa: predomínio de doenças infecciosas e parasitárias.
• Segunda etapa: predomínio de doenças crônico-degenerativas.
• Terceira etapa: predomínio de doenças ocupacionais.
• As mudanças no padrão de ocorrência das doenças resultam na transição epidemiológica.
• Essa transição é influenciada por alterações biológicas, ambientais (físicas e sociais) e comportamentais.
• A transição epidemiológica também se conecta com a transição demográfica e nutricional.
• Diminuição da taxa de mortalidade infantil resulta no aumento do número de idosos.
• Desaparecimento da desnutrição aguda e grave com alto índice de mortalidade.
• Transição configurada na correção do déficit estatural.
• Aparecimento do binômio sobrepeso/obesidade em escala populacional.
• Doenças Infecciosas e Parasitárias (DIP) tiveram redução na mortalidade, enquanto as cardiovasculares aumentaram.
• Doenças cardiovasculares são o principal problema de saúde pública.
• Ações incluem monitoramento da morbi-mortalidade com séries temporais e análise local, fortalecimento da capacidade de análise local.
• Além disso, é importante o monitoramento de fatores de risco com inquéritos sistemáticos e apoio a inquéritos locais.
• Avaliação das ações, programas e políticas com definição de indicadores e análise de resultados.

Mortalidade por Causas (CID-10, Brasil, 2014)

• As maiores causas de morte do aparelho circulatório são:
  • Infarto agudo do miocárdio (25.64%).
  • Acidente vascular cerebral não especificado (11.88%).
  • Insuficiência cardíaca (7.87%).
  • Hipertensão essencial (6.75%).
  • Doença isquêmica crônica do coração (4.99%).
• As maiores causas de morte por neoplasias são:
  • Neoplasia maligna dos brônquios e dos pulmões (12.64%).
  • Neoplasia maligna de mama (7.38%).
  • Neoplasia maligna da próstata (7.06%).
  • Neoplasia maligna do estômago (7.00%).
  • Neoplasia maligna do cólon (5.14%).
• As maiores causas de morte por causas externas são:
  • Agressão por disparo de arma de fogo (24.95%).
  • Agressão por objeto cortante ou penetrante (5.81%).
  • Acidente com veículo motorizado e não motorizado (5.64%).
  • Lesão autoprovocada intencionalmente por enforcamento, estrangulamento ou sufocação (4.52%).
  • Quedas no mesmo nível (3.23%).
• As maiores causas de morte do aparelho respiratório são:
  • Pneumonia (45,81%)
  • Doenças pulmonares obstrutivas crônicas (25%)

Epidemiologia das Doenças Transmissíveis

• Doenças infecciosas são facilmente prevenidas e tratadas comparadas a outros agravos.
• A mortalidade por doenças infecciosas é crescente, mesmo em países desenvolvidos.
• Houve mudança de padrão de infecção, diminuindo doenças preveníveis por vacinas e aumentando novas infecções, multirresistência.
• Doença transmissível é causada pela transmissão de um agente patogênico específico.
• Agentes infecciosos são transmitidos diretamente ou indiretamente por vetores, partículas aéreas ou outros veículos.
• Veículos são objetos contaminados como roupas e alimentos.

Doenças de Notificação Compulsória

• Notificação Compulsória é um registro que obriga e universaliza as notificações, visando o rápido controle de eventos que requerem pronta intervenção.
• Para construir o Sistema de Doenças de Notificação Compulsória (SDNC), cria-se uma Lista de Doenças de Notificação Compulsória (LDNC).
• Inclui doenças selecionadas por magnitude, potencial de disseminação, transcendência e vulnerabilidade entre outros critérios.
• Devido a alterações no perfil epidemiológico, a LDNC passa por revisões periódicas.
• Atualizações incluem portarias para adequar a lista nacional, como a inclusão da doença de Chagas crônica e outras doenças específicas.