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Questions and Answers
Quais são os principais componentes das pistas multimodais nas interações iniciais com bebês, conforme mencionado no texto?
Quais são os principais componentes das pistas multimodais nas interações iniciais com bebês, conforme mencionado no texto?
Expressões faciais, movimentos manuais e corporais, voz diferenciada e entonação.
De que forma a hipótese motherese (ou manhês) influencia o desenvolvimento linguístico das crianças, segundo o texto?
De que forma a hipótese motherese (ou manhês) influencia o desenvolvimento linguístico das crianças, segundo o texto?
A hipótese sugere que adultos, especialmente as mães, fornecem às crianças 'lições de linguagem' através de ajustes na fala, impactando positivamente o desenvolvimento das estruturas linguísticas.
Quais são os aspectos que ganham destaque na fala dirigida aos bebês, considerando a cultura e a língua?
Quais são os aspectos que ganham destaque na fala dirigida aos bebês, considerando a cultura e a língua?
A depender da cultura e da língua, determinados aspectos ganham destaque. De um modo geral, em culturas ocidentais, em línguas de origem europeia, temos aspectos prosódicos, lexicais e sintáticos.
Como a interação com bebês em comunidades tradicionais, como Samoa Ocidental e entre os Kaluli, difere das abordagens ocidentais?
Como a interação com bebês em comunidades tradicionais, como Samoa Ocidental e entre os Kaluli, difere das abordagens ocidentais?
De que forma a perspectiva de Lindblom, mencionada por Scarpa (1995), desafia a ideia tradicional de percepção na aquisição da linguagem?
De que forma a perspectiva de Lindblom, mencionada por Scarpa (1995), desafia a ideia tradicional de percepção na aquisição da linguagem?
Qual a importância do 'engajamento conjunto' nas primeiras interações entre adultos e bebês?
Qual a importância do 'engajamento conjunto' nas primeiras interações entre adultos e bebês?
Na Cena 1 apresentada, como a mãe utiliza a fala em manhês para interagir com o bebê durante o banho?
Na Cena 1 apresentada, como a mãe utiliza a fala em manhês para interagir com o bebê durante o banho?
Como a mãe atribui um lugar discursivo ao bebê na Cena 1, mesmo diante da expressão de desconforto do bebê?
Como a mãe atribui um lugar discursivo ao bebê na Cena 1, mesmo diante da expressão de desconforto do bebê?
De que maneira a perspectiva multimodal contribui para a compreensão da aquisição da linguagem?
De que maneira a perspectiva multimodal contribui para a compreensão da aquisição da linguagem?
Quais são os três tipos de gestos predominantes nas interações, de acordo com o texto?
Quais são os três tipos de gestos predominantes nas interações, de acordo com o texto?
Além do choro, que outros sons característicos bebês emitem nas primeiras semanas de vida, conforme o texto?
Além do choro, que outros sons característicos bebês emitem nas primeiras semanas de vida, conforme o texto?
Como as realizações vocais e/ou comportamentais do bebê são concebidas dentro de um processo de constituição subjetiva?
Como as realizações vocais e/ou comportamentais do bebê são concebidas dentro de um processo de constituição subjetiva?
Quais são os estágios de produção vocal que o texto descreve?
Quais são os estágios de produção vocal que o texto descreve?
Na Cena 2, de que forma a mãe utiliza a linguagem e o gesto para envolver o bebê na interação com a casinha?
Na Cena 2, de que forma a mãe utiliza a linguagem e o gesto para envolver o bebê na interação com a casinha?
Na Cena 3, como a mãe e o bebê constroem um diálogo utilizando pantomima e produção verbal?
Na Cena 3, como a mãe e o bebê constroem um diálogo utilizando pantomima e produção verbal?
Flashcards
Pistas Multimodais
Pistas Multimodais
Expressões faciais, movimentos manuais e corporais, voz diferenciada, entonação que ocorrem na comunicação inicial com o bebê.
Hipótese Manthes
Hipótese Manthes
Supõe que adultos suprem crianças com 'lições de linguagem', impactando no desenvolvimento linguístico.
Fala Dirigida à Criança (FDC)
Fala Dirigida à Criança (FDC)
Linguagem simplificada e exagerada que adultos usam ao falar com bebês.
Ajustes de Fala Endereçada
Ajustes de Fala Endereçada
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Aspectos Prosódicos
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Aspectos Lexicais
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Aspectos Sintáticos
Aspectos Sintáticos
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Engajamento Conjunto
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"Face a Face"
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"Manhês"
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Protoconversas
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Fala Atribuída
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Multimodalidade
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Gesticulação
Gesticulação
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Pantomima
Pantomima
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Study Notes
Pistas Multimodais nas Interações com Bebês
- Este capítulo visa demonstrar como as interações iniciais com bebês se estruturam nos primeiros dois anos de vida.
- Explora expressões faciais, movimentos manuais e corporais, voz diferenciada e entonação como pistas multimodais.
- A análise é feita sob uma perspectiva interacional e dialógica.
- O objetivo é também trazer contribuições para a família, escola e clínica da linguagem com bebês.
Falamos de um jeito diferente com os bebês
- Todas as culturas desenvolvem estratégias para se comunicar com crianças.
- Esse modo de falar é estudado desde os anos 70.
- Culturas ocidentais contemporâneas estabelecem uma relação conversacional precoce entre pais e bebês.
- A hipótese Motherese sugere que adultos, especialmente mães, fornecem "lições de linguagem" para as crianças.
- Estudos visam avaliar o impacto da adaptação da fala no desenvolvimento linguístico infantil.
- Esse tipo de fala foi exaustivamente estudado, gerando diversos conceitos em estudos linguísticos.
- Desde abordagens formalistas inatistas, até estudos sobre o input (demonstrando modificações no discurso adulto para o bebê) contribuem para o entendimento da aquisição da língua materna.
- Abordagens interacionistas focam no papel da criança no processo de aquisição da linguagem.
- Estudos sobre a Fala Dirigida à Criança (FDC) e o baby talk investigam como os ajustes na fala variam com a idade e o estágio de desenvolvimento.
- A percepção do estágio do bebê pelo adulto guia o tipo de input linguístico utilizado.
- Diversas perspectivas reconhecem a importância da forma como falamos com os bebês.
- As características desse modo de falar destacam-se de acordo com a cultura e a língua.
- Em culturas ocidentais e línguas de origem europeia, existem padrões específicos como em:
Aspectos da fala dirigida a bebês em culturas ocidentais
- Aspectos prosódicos: curvas de altura elevadas, padrões de entonação exagerados e variação na frequência fundamental com uso de falsete.
- Aspectos lexicais: uso de itens lexicalmente infantilizados e diminutivos (ex: gatinha), onomatopeias (ex: au-au).
- Aspectos sintáticos: estruturas simplificadas e bem formadas, uso de perguntas polares (sim/não), foco no aqui e agora e repetições/paráfrases.
- Há diferenças em outras culturas na forma de falar com bebês.
- Nas comunidades tradicionais de Samoa Ocidental e entre os Kaluli de Papua-Nova Guiné, bebês não são o foco da interação.
- Bebês participam das interações como ouvintes casuais de conversas complexas, tornando-se falantes competentes em um ambiente rico em linguagem.
- Enquanto comunidades americanas e europeias simplificam a fala com mudanças fonológicas e de discurso, culturas como a samoana e kaluli restringem a simplificação ao discurso, como na repetição de enunciados.
- Um exemplo é o uso da partícula imperativa "elema" na fala kaluli para encorajar a repetição pela criança.
- Todas as comunidades modificam a fala para bebês e crianças pequenas, demonstrando que essa adaptação é crucial para o desenvolvimento da linguagem inicial.
Os bebês respondem quando falamos com eles
- Estudos apontam para a percepção precoce dos bebês.
- Experimentos demonstram a capacidade de recém-nascidos em discriminar padrões prosódicos e a face humana.
- A percepção não reside apenas no receptor ou nas pistas acústicas, mas é mediada pelo interlocutor adulto.
Engajamento Conjunto
- Estruturas primordiais são necessárias para o desenvolvimento infantil.
- Uma delas é o processo de engajamento conjunto.
- Ele é organizado a partir das primeiras interações entre adulto e bebê.
- Essas trocas constroem o que se denomina "face a face", onde mãe e bebê interagem olhando um para o outro.
- Essa dinâmica pode incluir troca de sorrisos, vocalizações, movimentos faciais e corporais.
- Essas trocas, inicialmente breves, tornam-se mais intensas e prolongadas.
- A sucessão de esquemas/rotinas, da troca de olhares à conversacional, contribui para as interações sociais.
- As interações iniciais adulto-bebê ocorrem principalmente no colo ou durante a amamentação.
- O motherese sustenta essas situações.
Exemplo prático em uma cena específica (banho)
- Cena: Mãe colocando um bebê de 1 mês e 5 dias na banheira, gerando tensão e choro.
- Mãe usa "manhês" ao falar: "É nenê, hum/olha. Olha a aguinha! Aguinha!"
- Bebê é colocado na água, tensiona o corpo e brevemente olha para a mãe.
- A mãe continua falando suavemente: "Aguinha. Aguinha, olha! Devagarzinho, olha!"
- A mãe utiliza falsete, voz aguda e volume baixo: "Eita aguinha gostosa, mãe!"
- O bebê permanece tenso, com o olhar disperso, e começa a urinar.
- A mãe convida o bebê à interação.
- Interpretando que a água está agradável, embora as reações do bebê indiquem o contrário.
- A atribuição de satisfação é afetuosa, funcionando como uma forma de comunicação da mãe.
- A mãe elege o bebê como interlocutor, caracterizando o momento como único e dialógico.
- A cena ilustra momentos "face a face", com trocas de olhares e protoconversas, onde a mãe assume a fala do bebê, construindo uma cena dialógica.
- A interação entre bebês e adultos é construída através do diálogo, interpretação do adulto e pistas de diversas semioses, como expressões faciais, corporais, sons vocais melódicos e movimentos manuais.
A conversa com os bebês é sempre multimodal
- A língua é vista como um funcionamento, uma prática discursiva onde os sujeitos se constituem e garantem seu lugar de falantes.
- Isso se manifesta através de planos semióticos, incluindo produção vocal, entonação, voz, face, olhar, gestos manuais e corporais.
- Dinâmicas interativas, produções gestuais (plano cinético) e vocais compõem a linguagem.
Planos da Linguagem
- O engajamento conjunto se alicerça no "face a face" e protoconversas, manifestando semioses cinéticas e audíveis.
- Todo enunciado linguístico integra vocalização, entonação, pausas e ritmicidade, visíveis através de movimentos faciais, oculares e ações da cabeça, mãos.
- No início da aquisição da linguagem infantil, esses elementos funcionam de forma sincrônica.
- Os planos cinético e audível se constituem em sincronia, ambos presentes desde as primeiras interações.
- Gestos se classificam em três tipos: gesticulação (ato espontâneo), pantomima (representação de ações) e emblemas (gestos culturais como "ok" ou "tchau").
Produções Infantis Iniciais
- Há diversidade nas produções infantis iniciais no plano audível.
- A falta de clareza na vocalização do bebê leva a pistas vocais que podem ser ambíguas.
- Adultos também podem ter dificuldade para compreender a fala infantil.
- Rotinas dialógicas ajudam a reconhecer situações de desconforto, como o choro.
- Além do choro, bebês emitem sons segmentais, como sons ligados a funções neurovegetativas (sucção, respiração), sons laríngeos (golpes de glote) e sons labiais.
- As manifestações vocais e comportamentais do bebê são interpretadas pelo adulto num processo de constituição subjetiva.
- O adulto eleva qualquer comportamento do bebê à linguagem, conferindo sentido às suas ações.
- A interpretação materna insere o bebê na língua, marcando um lugar de fala para ele e destacando a interação como um local de estudo para o início da linguagem.
Contínuo Prosódico Inicial
- A diversidade nas produções infantis se manifesta no contínuo prosódico inicial, que inclui:
- Balbucio: sons canônicos, variados ou tardios, com formato consoante-vogal e padrões sonoros da língua.
- Jargão: contorno entonacional estendido a uma cadeia de sílabas ou um longo fragmento inteligível.
- Primeiras palavras reconhecíveis: enunciados infantis de uma palavra.
- Blocos de enunciado: alternância entre holófrases e enunciados completos.
- A produção vocal infantil mistura balbucio, jargões, primeiras palavras, holófrases e blocos de enunciado.
- Nos primeiros anos, as produções são recursos linguísticos privilegiados.
- A prosódia estabelece uma ponte entre a organização formal da fala e o potencial discursivo da língua.
Cenas Diversas de Multimodalidade
- A matriz gestual-vocal surge nas interações adulto-bebê.
- Os planos semióticos se organizam para construir significado.
- Uma cena é descrita:
Cena 2: Mãe e bebê brincando com casinha
- Mãe e bebê (11 meses e 23 dias) brincam sentados no quarto.
- (1) Mãe: De quem é essa casinha aqui? (alterna o olhar entre a casinha e o bebê)
- (2) Bebê: (olha para a mãe)
- (3) Mãe: Óh! De quem é? (aponta para a casinha de isopor que está sobre a mesa, ao seu lado)
- (4) Bebê: (segue o apontar da mãe e olha para a casinha de isopor)
- A mãe atrai a atenção da criança através da pergunta e do olhar entre a casinha e o bebê.
- O bebê olha para a mãe, e a mãe insiste com a interjeição e aponta para a casinha.
- O bebê responde, olhando para o objeto, construindo a cena com engajamento e atenção.
- Gesto e produção verbal constituem os turnos dialógicos.
Cena 3: Mãe e bebê simulando telefonema
- Mãe e bebê (13 meses) sentados em frente um ao outro.
- A mãe usa um brinquedo para simular falar com o pai do bebê ao telefone.
- (1) Mãe: (com brinquedo simulando telefone na orelha, enquanto olha para o bebê) Alô! Papai?! Tudo bem?
- (2) Bebê: (bebê coloca a mão aberta na orelha imitando o gesto materno) 'AAAh'! (seguindo a entonação do alô produzido pela mamãe)
- Mãe fala ao telefone como se fosse o bebê, e a criança assume o lugar de falante, entrando no jogo da pantomima.
- Há funcionamento multimodal com gesto-pantomima e produção verbal jargonizada, construindo os turnos dialógicos.
Considerações finais
- Compreender as primeiras interações numa perspectiva multimodal permite entender o processo de aquisição da linguagem.
- Em todas as matizes da linguística, nos planos gestual e vocal, e o papel do interlocutor do parceiro da interação.
- Com essa nova visão, pode-se contestar alguns pressupostos dados pela literatura em aquisição da linguagem.
- Como: minimizar a distinção entre o período pré-verbal e verbal, além da dificuldade de perceber o estatuto linguístico do(s) gesto(s).
- É imprescindível que pesquisadores, professores e familiares acompanhem o processo fundante ativamente.
- Isso consiste em auxiliar aos bebês como falantes, garantindo espaço subjetivo estruturado na matriz gestuo-vocal.
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