Imperialismo e Neocolonialismo Europeu

Imperialismo e Neocolonialismo Europeu

• O aumento da produção industrial na segunda metade do século XIX causou um desequilíbrio entre a oferta de produtos e o mercado consumidor.
• A partir de 1873, os países industrializados da Europa enfrentaram crises de superprodução, levando à falência de indústrias e ao aumento do desemprego.
• Empresários buscaram novos mercados consumidores na África e Ásia para reverter os efeitos das crises.
• O imperialismo europeu visava principalmente matéria-prima, mercados e áreas para investimentos que garantissem maior lucratividade.
• Com o apoio dos Estados europeus houve dominação econômica, cultural e política, levando ao controle de povos e organizações tradicionais, evento conhecido como neocolonialismo.
• A população europeia cresceu de 70 milhões para 180 milhões entre 1500 e 1800, e atingiu 420 milhões no século XIX.
• Os países industrializados incentivaram o deslocamento do excedente populacional para as colônias para diminuir tensões sociais.
• A Segunda Revolução Industrial trouxe avanços tecnológicos como o petróleo e a eletricidade.
• A produção de aço em larga escala, após a descoberta do processo de Henry Bessemer (1813-1898), impulsionou a produção industrial e a busca por matéria-prima e energia.
• A mão de obra barata nas colônias atraiu as nações imperialistas.
• Trabalhadores na Europa organizaram-se para melhores condições, apoiados por sindicatos e partidos políticos.
• Os países europeus justificavam a dominação afirmando-se superiores e com a missão de levar a "civilização" para povos inferiores, resultando no "processo civilizatório".
• No século XX, a ideia de "processo civilizatório" substituiu a justificativa da fé cristã na expansão colonial.
• O escritor britânico Rudyard Kipling (1895-1936) escreveu "O fardo do homem branco" sobre o imperialismo.
• As empresas das grandes potências monopolizaram o comércio nas colônias com a conquista de territórios.
• A Inglaterra se tornou preponderante na corrida imperialista, com áreas estratégicas na África e Ásia.
• A disputa por colônias intensificou conflitos comerciais e diplomáticos, resultando em uma corrida armamentista e tensão internacional.
• Neocolonialismo significa novo colonialismo e se refere à expansão capitalista do século XIX, em relação ao colonialismo dos séculos XV, XVI e XVII.
• O objetivo do colonialismo nas Grandes Navegações era extrair metais preciosos, principalmente na América.
• O neocolonialismo ocorreu no capitalismo industrial, marcado pelo liberalismo econômico e atuação de empresas privadas.

Darwinismo Social

• No início do século XIX houve mudança na ciência, influenciada pelo Iluminismo, com novos campos científicos e objetos de pesquisa.
• Charles Darwin (1809-1882) desenvolveu a teoria do evolucionismo, com o conceito de seleção natural.
• Herbert Spencer (1820-1903) se apropriou de conceitos do evolucionismo para desenvolver uma teoria pseudocientífica chamada darwinismo social.
• Segundo Spencer, a teoria evolucionista se aplicaria aos seres humanos, originando a ideia de que os brancos europeus eram mais evoluídos.
• A superioridade do homem branco defendida pelo darwinismo social justificou a visão europeia e a conquista de outros povos como missão civilizatória.
• As raízes dos preconceitos contra africanos, orientais e nativos da América estão no discurso imperialista do século XIX.

Partilha da África

• Desde a Expansão Marítima, o continente africano foi alvo de interferências, sobretudo nas áreas litorâneas.
• As incursões portuguesas nos séculos XV e XVI permitiram acesso às rotas do ouro na região da Guiné e à formação de um mercado de escravizados.
• Formou-se uma visão generalista sobre a África, desconsiderando diversos povos e culturas, corroborada pelo darwinismo social no século XIX.
• A partir de 1830, os franceses conquistaram o norte da África, transformando territórios em protetorados franceses.
• A conquista da Argélia (1830-57) teve forte resistência da população local e resultou em cerca de meio milhão de mortos.
• A Bélgica conquistou o direito de explorar a região do Congo, tornando-a propriedade pessoal do rei Leopoldo II (1835-1909).
• Leopoldo II alegava interesse em pesquisas científicas, mas praticou dominação violenta, proibindo a exploração das riquezas da região, resultando em pobreza e miséria.
• Os ingleses dominavam vasta extensão de terras, desde o mar Mediterrâneo até o extremo sul, com a supremacia no norte favorecendo a navegação pelo rio Nilo.
• As obras do canal de Suez, que liga o mar Mediterrâneo ao mar Vermelho, iniciadas em 1859 sob parceria egípcio-francesa, passaram ao controle inglês e francês em 1875.
• A França saiu do acordo do canal em 1904 para focar na dominação do Marrocos.
• A colonização inglesa no sul da África foi liderada por Cecil Rhodes (1853-1902), que dominou a exploração de ouro e diamante.
• Itália e Alemanha tardaram a ocupar territórios devido aos seus processos de unificação.
• Os alemães dominaram Togo, Camarões, parte da África Oriental e parte do Sudeste em 1884.
• Os italianos conquistaram os territórios da Líbia e da Somália em 1888.
• Portugal manteve o controle sobre Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.
• A Espanha ainda controlava a atual Guiné Equatorial e as ilhas Canárias.
• A Conferência de Berlim, liderada por Otto von Bismarck entre 1884 e 1885, tinha o objetivo de definir regras e delimitações territoriais na África, contando com 14 Estados europeus e os Estados Unidos.
• Nenhuma autoridade africana foi convidada à Conferência de Berlim.
• Somente a Abissínia (atual Etiópia) e a Libéria permaneceram independentes após a Conferência de Berlim.
• Os italianos tentaram ocupar a Etiópia, mas foram rechaçados pelos etíopes.
• A Libéria foi criada pelos Estados Unidos para enviar ex-escravizados que desejassem retornar à África.
• As definições da Conferência de Berlim geraram divisões que nem sempre correspondiam à realidade das populações nativas, embora dirigentes locais participassem.
• Jovens da elite foram estudar no exterior, muitas vezes nas metrópoles, beneficiando-se das novas formas de produção econômica introduzidas pelos europeus.
• As fronteiras artificiais estabelecidas se tornaram a base da divisão política atual do continente africano e fonte de conflitos locais.
• Houve corrosão da economia dos povos africanos, como a produção artesanal e a produção de alimentos.
• A importação de produtos europeus dificultou a competição com a produção local.
• A produção agrícola com base na monocultura em larga escala foi destinada ao mercado consumidor europeu.
• As áreas dominadas passaram a depender do mercado externo, dificultando o desenvolvimento econômico.
• A dominação europeia provocou guerras de resistência, como a Guerra dos Bôeres (1899-1902).
• Os bôeres eram populações de origem holandesa que haviam chegado à região no século XVII e fundado as repúblicas de Orange e Transvaal.
• A partir de 1806, os ingleses dominaram a Cidade do Cabo, entrando em choque com os bôeres.
• A descoberta de diamantes em Transvaal intensificou os conflitos, resultando em vitória inglesa.
• A vitória dos ingleses levou à anexação dos territórios holandeses pela Inglaterra e à formação da União Sul-Africana em 1910.
• A Guerra dos Bôeres está na origem do regime segregacionista na África do Sul, com legislação especial para os bôeres.
• A política segregacionista foi oficializada como apartheid a partir de 1948, vigorando até a década de 1990.

A Partilha da Ásia

• As potências imperialistas também se voltaram para o continente asiático, buscando acesso ao mercado consumidor e matéria-prima.
• Além da Inglaterra e França, Japão e Estados Unidos também participaram das investidas.
• Os principais alvos foram a Índia, Indochina e China.
• Diferentes mecanismos de dominação foram adotados, incluindo ações diplomáticas e acordos desequilibrados a favor das potências.
• As negociações garantiram condições alfandegárias favoráveis, liberdade comercial, instalação de empresas estrangeiras e obras de infraestrutura com capital estrangeiro e juros elevados, com destaque para ferrovias.
• A rejeição às imposições imperialistas resultou em investidas militares com milhares de mortos.

Índia

• Desde a Expansão Marítima, a Índia atraiu europeus devido às especiarias e tecidos de algodão.
• A presença inglesa começou no século XVII pela Companhia das Índias Orientais.
• A dominação efetiva ocorreu no início do século XIX.
• A principal ação do imperialismo inglês foi a destruição do artesanato têxtil local, transformando a Índia em consumidora de tecidos ingleses.
• A exploração e o controle inglês provocaram a Revolta dos Cipaios (ou Sipaios) entre 1857 e 1859.
• Os ingleses convocaram indianos para lutar contra seu próprio povo, facilitando a dominação imperialista.
• Em 1876, a rainha Vitória foi coroada imperatriz da Índia.
• Os ingleses tinham privilégios e se consideravam superiores na Índia.
• O inglês tornou-se a língua oficial e obrigatória nas escolas.
• Membros da elite indiana podiam usufruir da cidadania inglesa e estudar na Inglaterra.
• Após 1947 começaram as mobilizações pela independência, lideradas por Mohandas Karamchand Gandhi (1869-1948).
• Gandhi liderou com não violência e desobediência civil.
• Após a Segunda Guerra Mundial, em 1947, os ingleses reconheceram a independência da Índia.
• Gandhi foi assassinado por um hindu em 1948.

Indochina

• A expansão imperialista francesa tentou fazer frente à hegemonia inglesa na Índia, dominando a Indochina (Vietnã, Laos e Camboja).
• O foco principal foi a obtenção de matéria-prima barata, sobretudo borracha.
• A Indochina permitia o acesso à China e a França reprimiu a resistência local com violência.

China

• O Império Chinês era desejado pelas potências industrializadas europeias devido ao vasto território e população.
• Durante séculos, os chineses tiveram relações comerciais amigáveis com os europeus, exportando chá, seda e porcelana.
• No século XIX, a Companhia das Índias Orientais pressionou para a abertura dos portos chineses.
• A dinastia Ising resistiu, restringindo o acesso em Cantão, mas comerciantes ingleses investiram no comércio do ópio.
• O imperador chinês proibiu o comércio em 1839, mas os ingleses continuaram a contrabandear o ópio.
• A Guerra do Ópio (1839-1842) foi vencida pelos ingleses, com o apoio de outras nações.
• O Tratado de Nanquim definiu que a China abriria cinco portos ao comércio estrangeiro, entregaria Hong Kong ao domínio inglês e cidadãos ingleses seriam julgados por leis inglesas.
• No final do século XIX, Inglaterra, Alemanha, Japão, Estados Unidos, Itália, França e Rússia exploravam o comércio nos portos chineses.
• A população chinesa reagiu à presença estrangeira, resultando na Guerra dos Boxers (1899-1900).
• A Sociedade dos Punhos Fechados rebelou-se, assassinando representantes de governos e empresas estrangeiras.
• Uma força expedicionária internacional combateu os revoltosos, levando o governo chinês a reconhecer as concessões.
• No início do século XX, a Monarquia foi derrubada e instaurou-se a República na China.
• A dominação estrangeira prossigui até 1949, com a vitória da revolução comunista liderada por Mao Tsé-tung (1893-1976).
• Após 150 anos de domínio inglês sobre Hong Kong, a China retomou a soberania em 1997.
• Os chineses controlam a defesa e a política externa, restringindo o poder de Hong Kong ao âmbito local.
• Há tensões na região devido ao autoritarismo e restrições à liberdade.
• Em 2019, protestos reuniram milhares de pessoas contrárias à dominação chinesa.

Imperialismo Japonês

• Apesar do contato com países ocidentais nas Grandes Navegações, o Japão manteve-se isolado entre os séculos XVII e XIX.
• O regime de xogunato caracterizou-se pelo poder e influência militar exercida pelo xogum.
• Uma aristocracia - daimios - apoiada por samurais dominava o país, enquanto o imperador detinha o poder apenas formal.
• Em 1853, os Estados Unidos forçaram a abertura dos portos japoneses.
• Para reduzir tensões, o Japão assinou tratados concedendo acesso aos portos.
• Pressões contrárias à presença estrangeira levaram à extinção do xogunato em 1868.
• O poder centralizou-se nas mãos do imperador Mutsuhito (1852-1912).
• Apoiado por grupos rivais, o imperador iniciou a Era Meiji (1868-1912), com desenvolvimento e industrialização.
• Não houve abandono das tradições, conciliando tradição e modernidade.
• O governo e membros da elite econômica japonesa lideraram a Missão Iwakura (1871-1873) para estreitar relações e observar as realidades políticas e econômicas nos países europeus, nos Estados Unidos e em outras regiões da Ásia.
• Com poucos recursos e investimentos estrangeiros, a Era Meiji transformou o Japão em um país com características ocidentais.
• No final do século XIX, o Japão ampliou sua área de influência no Oriente, começando pela China e Coreia.
• A Rússia opôs-se à dominação japonesa, iniciando a Guerra Russo-Japonesa (1904), vencida pelos japoneses e fortalecendo sua política expansionista.
• As pretensões imperialistas japonesas geraram ações agressivas e rivalidades com outros países.

Os Estados Unidos no Século XIX

• Na época de sua independência (1776), o território dos Estados Unidos estava limitado às Treze Colônias.
• No início do século XIX, motivado por interesses econômicos e pela instabilidade na Europa, o país deu início a uma política de expansão territorial.
• O governo estadunidense negociou territórios, como a Flórida, e estimulou a ocupação de terras a oeste, reconhecendo a posse das terras a quem as tornasse produtivas (Homestead Act, 1862).
• O movimento ficou conhecido como "marcha para o Oeste".
• O expansionismo foi justificado pelo "Destino Manifesto", acreditando ser o povo americano destinado por Deus a construir uma grande nação.
• Para garantir o povoamento, o governo estadunidense desenvolveu infraestrutura.
• Esse processo custou milhões de vidas aos indígenas e gerou devastação ambiental.
• O presidente Andrew Jackson (1767-1845) adotou uma politica que ignorava os direitos da população indígena.
• Ele promulgou a Lei de Remoção dos Índios, deslocando as comunidades indígenas para Oklahoma.
• Alguns territórios foram comprados, como Louisiana (1803), Flórida (1819) e Alasca (1867).
• A vitória na Guerra Estados Unidos-México (1846-1848) possibilitou a conquista de um grande território que incluía os atuais estados do Texas, Novo México, Arizona, Colorado, Utah, Nevada e Califórnia.
• A descoberta do ouro no Texas, na Califórnia e no Alasca desencadeou a corrida do ouro.
• Por meio de um tratado com a Grã-Bretanha em 1846, o atual estado do Oregon foi cedido.
• A grande extensão territorial sustentada pelo crescimento demográfico formou um vigoroso mercado interno.
• A saída para o oceano Pacífico facilitou o acesso aos mercados consumidores do Oriente e a anexação da Flórida aumentou a influência na América Central.

O Imperialismo Estadunidense

• O avanço das forças conservadoras na Europa alertou os Estados Unidos pelo interesse da Santa Aliança em promover a recolonização da América.
• Em 1823, foi anunciada a Doutrina Monroe, que buscou estreitar as relações diplomáticas no continente americano, condenando qualquer tentativa de recolonização.
• Os Estados Unidos se viam como protetores do continente, guiados por interesses econômicos.
• A justificativa ideológica era o Destino Manifesto.
• Inspirado na Doutrina Monroe e no Destino Manifesto, Theodore Roosevelt determinou o direito do país de intervir militarmente, sobretudo no mar do Caribe (Corolário Rousvelt).
• O documento deu origem à política do Big Stick.
• A Guerra Hispano-Americana (1898) exemplifica a política externa estadunidense. Os Estados Unidos passaram a controlar o Porto Rico, Cuba e as Filipinas
• Os cubanos continuaram o seu processo de independência, mas sofreram a intervenção dos Estados Unidos durante a elaboração da sua primeira Constituição sendo obrigados a inserir a Emenda Platt (1901).
• O Panamá originariamente fazia parte da Colômbia, com um canal que ligava os oceanos Atlântico e Pacífico , estratégico para a expansão econômica dos Estados Unidos.
• Interessados na obra e querendo exercer o controle comercial sobre a regiãn, os Estados Unidos apoiaram um movimento separatista local e garantiram a independência do Panamá, em 1903.