Brasil: Industrialização Tardiva e Desenvolvimentismo

Brasil: Industrialização Tardiva e Desenvolvimentismo

• O Brasil nas décadas de 1940 e 1950 se encontrava em um processo de industrialização "tardio", característico de países periféricos.
• "Tardio" porque o Brasil era estratégico no cenário global, mas não tinha poder de decisão, sendo dependente de bancos e grandes corporações internacionais.
• O Brasil exportava principalmente commodities, importando bens duráveis e de capital.
• A industrialização brasileira era incipiente e lenta, iniciada a partir do século XIX, cerca de 120 a 150 anos após o período clássico de industrialização ocidental.
• O processo de industrialização, especialmente em suas fases iniciais, foi marcado por grande violência, resultando em:
  • Migrações em massa.
  • Urbanização desordenada.
  • Surgimento de pobreza e miséria.
  • Degradação ambiental.
  • Destruição de sistemas culturais ancestrais.
• Entre 1945 e 1964, o Brasil vivenciou uma dinâmica econômica semelhante à dos países centrais, com:
  • Instalação de setores tecnologicamente avançados.
  • Investimentos em indústrias de transformação e metalurgia.
  • Alta mobilidade humana, com intensa migração do campo para as cidades.
• Apesar da industrialização, o Brasil permanecia marcado pela desigualdade social, pobreza e violência.

Desenvolvimentismo: Uma Política de Defesa da Industrialização

• O Desenvolvimentismo surge como uma política de defesa da industrialização, caracterizada por:
  • Acreditar que a industrialização é a chave para superar a pobreza e o subdesenvolvimento.
  • Reconhecer a necessidade da intervenção do Estado para impulsionar a industrialização, pois o mercado sozinho não seria suficiente.
  • Enfatizar o planejamento estatal para definir a expansão dos setores econômicos e os instrumentos necessários.
  • Defender a participação do Estado na economia, captando recursos e investindo onde o capital privado fosse insuficiente.

Cepal: Instrumentalização Teórica do Desenvolvimentismo

• Criada em 1948 pela ONU, a Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe) se tornou um importante centro de pensamento econômico latino-americano.
• Surgindo em um contexto de insatisfação dos países latino-americanos por terem sido excluídos do Plano Marshall e por dificuldades em importar devido à falta de dólares, a Cepal criticava o liberalismo e influenciou uma geração de economistas.

Principais Teses da Cepal

• A Cepal elaborou teses para explicar o atraso das economias latino-americanas em relação ao centro:
  • Centro versus Periferia: O progresso tecnológico se expandia de forma desigual, com o centro acelerando o progresso e a periferia limitada à produção de alimentos e matérias-primas.
  • Deterioração dos Termos de Troca: A troca de bens entre centro e periferia era desfavorável, pois os países centrais agregavam maior valor aos bens industriais, enquanto os países periféricos sofriam desvalorização de seus produtos primários.
  • Inflação como Problema Estrutural: A inflação não era causada apenas pelo desequilíbrio entre demanda e oferta, mas também pela produção excessiva de moeda em resposta à elevação de preços.
  • Planejamento e Protecionismo: O planejamento estatal era crucial para controlar e conduzir as forças de mercado. Tarifas e subsídios eram ferramentas para compensar a diferença de produtividade entre os produtos locais e importados.
  • Tendência ao Desemprego: A periferia sofria com o excesso de mão de obra, enquanto a tecnologia do centro permitia a produção de bens sem necessidade de grande empregabilidade nos países periféricos.
  • Tendência ao Desequilíbrio Externo: Havia desequilíbrio entre as necessidades de importação de bens de capital e a inelasticidade dos produtos de consumo.
  • Substituição das Importações: A industrialização era o pilar teórico para o desenvolvimento, e a estratégia era substituir o padrão de crescimento voltado para o mercado externo por um modelo voltado para o mercado interno.

Celso Furtado: Formação Econômica do Brasil

• A obra de Celso Furtado, "Formação Econômica do Brasil", apresentava três linhas de argumentação:
  • Analisar as diferenças entre a colonização norte-americana e a brasileira, buscando as razões para o desenvolvimento da primeira e o atraso da segunda.
  • Propor a "tese da ciclagem" para explicar a história econômica da colonização e ocupação do Brasil:
    • Economia escravista de agricultura tropical (séculos XVI e XVII).
    • Economia escravista mineira (século XVIII).
    • Economia de transição para o trabalho assalariado (século XIX).
  • Apresentar uma análise keynesiano-estruturalista da história econômica brasileira, buscando entender os movimentos que levaram à acumulação capitalista, à eliminação do trabalho escravo e ao surgimento do trabalho assalariado.

Correntes Teóricas do Desenvolvimentismo no Brasil

• O desenvolvimentismo no Brasil se desenvolveu em torno de quatro correntes teóricas:
  • Teoria dos Choques Adversos: O desenvolvimento exigia choques (crises internas, externas, guerras) para impulsionar a demanda interna por produtos nacionais.
  • Industrialização Liderada pela Expansão das Importações: A expansão das exportações de produtos primários poderia impulsionar a industrialização em algumas conjunturas históricas.