Topografia: Perguntas e Respostas (Teóricas) PDF
Document Details

Uploaded by filipemateus2006
Instituto Superior Técnico
Tags
Summary
This document provides examples of theoretical questions and answers related to topography. It covers topics like the definition of a geodetic datum, the importance of projection in mapmaking, and the use of GNSS in surveying. The document includes questions related to Portugal's cartographic system and coordinate systems.
Full Transcript
Exemplos de Perguntas e Respostas (Teóricas) de Topografia Nota: As respostas foram parcialmente copiadas das propostas de resolução de alguns exames e/ou dos slides das aulas teóricas. Apesar disso, podem haver pequenos erros nas respostas. 1. Indique para que serve a definição de um datum geo...
Exemplos de Perguntas e Respostas (Teóricas) de Topografia Nota: As respostas foram parcialmente copiadas das propostas de resolução de alguns exames e/ou dos slides das aulas teóricas. Apesar disso, podem haver pequenos erros nas respostas. 1. Indique para que serve a definição de um datum geodésico. (E1 2011/2012 1ºS) R.: A definição de um datum geodésico é o que nos permite aproximar a Terra por um objeto de forma elipsoidal. Para fazer esta aproximação, são definidos parâmetros que nos ajudam a posicionar e orientar o elipsoide escolhido em relação ao geoide. 2. Qual a importância da escolha de um datum geodésico na construção de uma rede geodésica convencional? (E1 2011/2012 1ºS) R.: É com base no datum que é definido o referencial, no qual são determinadas as coordenadas dos vértices geodésicos. 3. Na definição de um datum topocêntrico como são definidas as coordenadas? (E1 2011/2012 1ºS) R.: Num datum topocêntrico (ou local) as coordenadas são elipsoidais (ϕ, λ) e arbitra-se que estas são coincidendes com as coordenadas naturais (ou astronómicas). 4. Indique um datum geodésico topocêntrico utilizado na produção da cartografia nacional. (E1 2011/2012 1ºS) R.: Por exemplo Datum Lx ou Datum 73 (usados em Portugal Continental). 5. O que é uma projeção cartográfica? (E1 2011/2012 1ºS) R.: Uma projeção cartográfica é uma função bijetiva que transforma coordenadas de pontos da vizinhança do ponto central, definidos sobre o elipsoide, num conjunto de pontos sobre o plano cartográfico. Permite-nos passar de uma forma tridimensional para o plano. A imagem do ponto central é a origem do referencial. 6. Supondo que dispõe de um conjunto de dados geográficos representativos das vias de comunicação de Portugal Continental no sistema de coordenadas PTTM06/ETRS89 e das vias de comunicação de Espanha no sistema UTM. Indique todas as alternativas para a compatibilização dos dados geográficos descrevendo os procedimentos necessários e teça considerações sobre a qualidade do produto final. (E1 2011/2012 1ºS) R.: O sistema UTM tem por base o elipsoide de Hayford, enquanto que o sistema PTTM06/ETRS89 tem por base o elipsoide GRS80. Podemos, por isso, perceber que os dois conjuntos de dados geográficos não são comparáveis/compatíveis sem qualquer transformação. Podíamos, por isso, abordar o problema de três maneiras distintas: Converter as coordenadas cartográficas do sistema UTM em elipsoidais, através das fórmulas indiretas da projeção (f-1(M,P) = (ϕ, λ)). Posteriormente, converter as coordenadas elipsoidais em geodésicas retangulares (pelas fórmulas matemáticas – slide 51 do capítulo 1) e converter a informação através do modelo de Bursa-Wolfe. As coordenadas retangulares serão então convertidas em elipsoidais, que serão convertidas em cartográficas no sistema PTTM06/ETRS89. Note-se que este é o modelo mais preciso, bem como o mais utilizado. Outra alternativa seria converter as coordenadas do sistema UTM em coordenadas geodésicas elipsoidais, pelas fórmulas indiretas da projeção, e comparar os dois data através do modelo de Molodensky. Por fim, as coordenadas do sistema convertido teriam de passar a cartográficas, recorrendo às fórmulas diretas da projeção. Este modelo é o mais simplificado. Por fim (e menos aconselhável), seria a comparação direta das coordenadas cartográficas através do modelo polinomial. 7. Numa perspetiva custo-benefício, indique justificando qual o método de aquisição de informação mais adequado às seguintes situações: a) Representação plani-altimétrica de uma parcela florestal na escala 1/500; b) Representação cartográfica do exterior e interior de um edifício classificado com alto valor patrimonial, na escala 1/200; c) Representação plani-altimétrica do centro histórico de uma cidade na escala 1/250; (E1 2011/2012 1ºS) R.: a) Métodos clássicos da topografia, com recurso a nivelamento trigonométrico, uma vez que a aquisição de informação recorrendo a satélites não é eficaz, devido a perturbações na receção de informação (existência de folhagem). b) Laser-scanning, pois recolhe a informação rapidamente, é o método mais eficaz para recolher informação de um objeto limitado por barreiras (paredes) e não consome muito tempo. O interior do edifício não poderia, por exemplo, ser representado através de imagens aéreas ou de imagens recolhidas por satélite. c) GNSS, pois a área a cobrir poderá não ser pequena e o GNSS fornece as altitudes elipsoidais de todos os pontos necessários. 8. Na definição de um datum geodésico topocêntrico como são escolhidas as coordenadas geodésicas? (E2 2009/2010 2ºS) R.: (Datum geodésico é o mesmo que um datum astronómico topocêntrico.) As coordenadas geodésicas são latitude e longitude astronómicas (Λ, Φ). 9. Na representação cartográfica, como se define a direção do norte cartográfico? (E2 2009/2010 2ºS) R.: A direção do norte cartográfico define-se pela direção da projeção do meridiano que passa no ponto central (meridiana). 10. Descreva sucintamente as principais características na utilização dos seguintes métodos de recolha de informação: i)Método clássico da topografia; ii) GNSS; iii) Método fotogramétrico; iv) Deteção remota. (E2 2009/2010 2ºS) R.: i) São utilizados para obter elevada qualidade posicional e cobrir pequenas áreas, mas com grande pormenor. ii) A informação é dispersa, a qualidade posicional depende do tipo de recetor (que só lê código, que lê código e é de monofrequência ou que lê código e é de dupla frequência) e do tempo de estacionamento. iii) Elevada qualidade posicional, as áreas captadas são médias e apresentam muito pormenor. Este método depende das condições atmosféricas. iv) As áreas cobertas são grandes e a qualidade posicional depende das características da imagem. 11. Por que motivo o método da interseção inversa foi gradualmente substituído pelo posicionamento com GNSS? (E2 2009/2010 2ºS) R.: O método da intersecção inversa foi gradualmente substituído pelo posicionamento com GNSS, pois em meio urbano, uma vez que há muitos edifícios que podem dificultar ou impossibilitar as leituras, é necessário recorrer a processos que não sejam afetados por certos obstáculos. A interseção inversa, geralmente, tem maiores custos. 12. Indique quais os elementos que compõem a infraestrutura geodésica e teça algumas considerações acerca da sua importância no contexto das atividades de posicionamento. (E2 2009/2010 2ºS) R.: Os elementos que compõem a infraestrutura geodésica são a rede geodésica (vértices geodésicos de 1ª, 2ª e 3ª ordem) – esta é muito utilizada nos métodos clássicos da topografia; a rede de estações permanentes – utilizadas por quem trabalha com GNSS; a rede de nivelamento de alta precisão (também útil nos métodos clássicos de topografia) e a rede gravimétrica – útil na correção e propagação das altitudes ortométricas. 13. Indique qual a importância da escolha de projeções conformes em representações cartográficas de grande escala. (E2 2011/2012 2ºS) R.: As projeções conformes preservam as formas dos objetos. São usadas em cartografia de grande escala, dado que são projeções ortomórficas e o módulo da deformação linear é independente do azimute em todos os pontos. (Este tipo de projeção é muito usado na navegação.) 14. No contexto do posicionamento por satélite (p. ex. GPS, Glonass), descreva sucintamente em que consiste a correção diferencial. (E2 2011/2012 2ºS) R.: Quando um sistema de posicionamento por satélite está a determinar coordenadas do local, há sempre imprecisões associadas, por exemplo, ao efeito das camadas da atmosfera (ionosfera e troposfera). Assim, para corrigir essas imprecisões, as estações permanentes (elementos da rede geodésica que emitem sinais constantemente para os aparelhos de posicionamento) enviam um sinal para o sistema e registam as incertezas posicionais. Assim, sabendo que as coordenadas da estação total estão bem definidas, é possível ter uma maior precisão posicional. Note-se que a correção diferencial também poderia ser efetuada recorrendo a vértices geodésicos. (Na correção diferencial os cálculos são efetuados no momento, enquanto que no posicionamento relativo o procedimento é o mesmo, mas os cálculos para corrigir as coordenadas poderão ser efetuados mais tarde.) 15. De acordo com as indicações dos fabricantes, na operação da correção diferencial a base não deve exceder os 20 km. Indique os principais motivos que justificam esta recomendação. (E2 2011/2012 2ºS) R.: Esta recomendação deve-se ao facto de a curvatura da Terra deixar de ser desprezável para distâncias superiores a 20 km, por exemplo. 16. Justifique se a substituição do método de interseção direta pelo posicionamento com recurso a GNSS é válida na aquisição de informação altimétrica. (E2 2011/2012 2ºS) R.: Esta substituição é válida, desde que se tenha em conta que os GNSS determinam altitudes elipsoidais, sendo, por isso, necessário conhecer a ondulação do geoide em cada ponto para determinar a altitude ortométrica e assim, recolher informação altimétrica. 17. Por que motivo a operação topográfica conhecida como interseção direta tem gradualmente vindo a ser substituída pela utilização do posicionamento com sistemas GNSS. (E2 2011/2012 2ºS) R.: Este é um método aplicado a curtas distâncias. Já a grandes distâncias, haverá um erro associado às leituras e imprecisão do material. O transporte de coordenadas é muito facilitado pelos sistemas GNSS que são mais precisos neste contexto. 18. Comente a seguinte afirmação: “A maioria dos países europeus definiu no final do século XIX o referencial altimétrico com base em registos do nível do mar, originando inconsistências altimétricas entre países vizinhos.” (E2 2011/2012 2ºS) R.: Os países definiram o referencial altimétrico com base nos registos do nível médio das águas do mar. Ora, este valor é afetado por aspetos, tais como a temperatura da água, salinidade, pressão, ventos, correntes, etc. Deste modo, em diferentes regiões, a combinação destes fatores leva a diferenças nos valores medidos para determinar o nível médio das águas do mar, originando, assim, diferenças nos referenciais altimétricos de cada país. Note-se que países que não têm costa também terão maior dificuldade em determinar o respetivo referencial, originando também algumas inconsistências. 19. Relativamente à deformação introduzida pelas projeções cartográficas, teça considerações sobre a importância da sua escolha na representação cartográfica. (E2 2011/2012 1ºS) R.: Na escolha da projeção cartográfica é necessário ter em conta se a deformação é mínima na área de estudo. Para além disso, é necessário considerar o tipo de deformação introduzida pela projeção, consoante as suas propriedades: conforme (preserva a forma), equivalente (preserva a área), afilática (minimiza as diferenças) e loxodrómica (preserva o rumo). 21. Qual o significado da sigla HGDT73? (E2 2011/2012 1ºS) R.: Hayford-Gauss, Datum 73. Significa que o elipsoide considerado é o de Hayford e a projeção é a de Gauss-Kruger (ou transversa de Mercator). O datum utilizado é o Datum 73. 22. Indique qual o referencial considerado na representação altimétrica da cartografia nacional. (E2 2011/2012 1ºS) R.: O referencial altimétrico é o nível médio das águas do mar, determinado com base nas leituras do marégrafo de Cascais. 23. No contexto da utilização dos sistemas de posicionamento por satélite, indique qual a importância de dispor de um modelo de ondulação do geoide. (E2 2011/2012 1ºS) R.: Convém dispor da ondulação do geoide, para determinar a altitude ortométrica, através da altitude elipsoidal, uma vez que o GNSS só determina a altitude elipsoidal. (h = H + N) 24. Tendo em conta a diversidade de métodos e técnicas de recolha de informação espacial atualmente existentes, indique e justifique, para cada um dos que são seguidamente listados, uma situação real de aplicação onde, numa perspetiva custo-benefício, esta se revelasse adequada: i. Métodos clássicos da topografia; ii. Sistemas de posicionamento GNSS; iii. Laser scanning; iv. Sistemas fotogramétricos. (E1 2012/2013 1ºS) R.: i) Por exemplo, para fazer o levantamento topográfico de uma porção de um jardim com diversas árvores, uma vez que era impossível recolher informação por satélite. Este levantamento seria pouco dispendioso e rápido. ii) Para marcar o percurso de um corta-mato. É necessária alguma precisão posicional, este método é rápido e de baixo custo. iii) Por exemplo, para um levantamento arquitetónico – obter o modelo interior e/ou exterior de um edifício. Note-se que os outros métodos seriam muito mais dispendiosos e menos eficazes. iv) Para ter uma imagem de uma cidade de área média. Este método é útil para recolher informação de áreas não muito grandes e é bastante relevante para a topografia. 25. Defina os conceitos de altitude elipsoidal e altitude ortométrica. Indique de que forma estes dois tipos de altitude podem ser compatibilizados. (E1 2012/2013 1ºS) R.: Altitude elipsoidal é a distância entre um ponto da superfície terrestre e a sua projeção sobre o elipsoide considerado. Já a altitude ortométrica é a distância entre um ponto da superfície terreste e o geoide, medida sobre a linha de fio de prumo. Os dois tipos de altitude podem ser compatibilizados da seguinte maneira: h(p) = H(P) + N, onde h é a altitude elipsoidal, H é a altitude ortométrica e N é a ondulação do geoide. 26. Exponha sinteticamente o processo segundo o qual foi estabelecido o referencial altimétrico em uso em Portugal Continental. (E1 2012/2013 1ºS) R.: O referencial altimétrico em uso em Portugal Continental foi determinado com base nas medições e determinação de valores médios diários do nível médio das águas do mar pelo marégrafo de Cascais, ao longo de vários anos. Após compilar um inúmero conjunto de dados, chegou-se a uma média global, sendo que esta passou a ser o referencial altimétrico em uso em Portugal Continental. 27. Identifique algumas fragilidades de natureza prática decorrentes da definição da alínea anterior. (E1 2012/2013 1ºS) R.: Esta prática é um pouco inconsistente, uma vez que as leituras dos valores para determinar o nível médio das águas do mar são influenciadas pela salinidade da água, pela pressão, temperatura, correntes, vento, etc. Ora, cada país terá, naturalmente, leituras diferentes e, consequentemente, referenciais altimétricos diferentes. Isto gera algumas inconsistências, pois não é possível comparar altitudes ortométricas de pontos pertencentes a diversos países, se os referenciais forem diferentes. 28. A apresentação de cartografia em formato digital veio eliminar, alterar e complementar alguns conceitos que estão na base da produção de cartografia em suporte analógico. Justifique a frase anterior, tecendo algumas considerações sobre esta mudança de paradigma na produção da cartografia. (E1 2012/2013 1ºS) R.: A cartografia em suporte analógico por vezes pode ser difícil de compatibilizar, uma vez que as projeções foram feitas de modo a minimizar o erro desta operação a nível local. Deste modo, por vezes torna-se difícil compatibilizar alguma informação que esteja dispersa. A cartografia digital, por oposição, veio a compatibilizar a informação de data diferentes, recorrendo a fórmulas e modelos de conversão de informação que simplificam o uso e a leitura da cartografia. Esta modalidade também veio a ser inovadora, uma vez que organiza a informação por layers, tornando-se prática, apesar de não ser tão útil em campo e de não ter tanta informação marginal como as cartas convencionais. 29. Tendo em conta a diversidade de métodos da topografia clássica, indique e justifique, para cada um dos que são seguidamente listados, uma situação real de aplicação onde, numa perspetiva custo-benefício, esta se revelasse adequada: i. Irradiação; ii. Poligonação; iii. Intersecção direta; iv. Nivelamento geométrico; v. Nivelamento trigonométrico. (E2 2012/2013 1ºS) R.: i) Para fazer o levantamento topográfico de um jardim. É o método mais adequado, visto que só é necessário estacionar a estação uma vez e os valores necessários à concretização do levantamento são recolhidos rapidamente e com muito pormenor. Note-se que na presença de árvores as fotografias aéreas ou o GNSS não seriam eficazes. ii) Se necessitarmos de determinar as coordenadas de alguns pontos, sem que haja intervisibilidade entre a estação e os diversos pontos visados, a poligonação é o método mais eficaz. Ter-se-ia em conta que, fazendo o transporte de coordenadas, de modo a garantir sempre a intervisibilidade entre a estação e o prisma refletor, objetivo seria cumprido rapidamente, com muita precisão e com poucos cálculos matemáticos. Poderia ser o caso da determinação de coordenadas num jardim com várias árvores. iii) Seria útil para determinar as coordenadas de um ponto de difícil acesso, por exemplo, o topo de um edifício. iv) É o método que oferece mais precisão no cálculo de altitudes ortométricas. Poderia ser usado para determinar a altitude de um ponto que estivesse a 500m da referência (o nivelamento trigonométrico não a conseguiria determinar com tanta precisão). v) Na determinação de altitudes de pontos dispersos numa pequena área e de difícil estacionamento (teríamos de garantir que, no mínimo, se estacionava a estação total uma vez sobre uma referência) seria bastante útil o nivelamento trigonométrico. Por exemplo, na determinação de altitudes ortométricas de um relevo irregular, onde o posicionamento do prisma é rápido e os dados recolhidos têm alguma precisão. 30. Exponha sinteticamente o processo segundo o qual foi estabelecido o referencial planimétrico PTTM06/ETRS89. (E2 2012/2013 1ºS) R.: O sistema está fixado na parte mais estável da placa Euro-Asiática (perto de Edimburgo), o datum (regional) utilizado é o ETRS89. Este sistema é bastante adequado para compatibilizar informação entre vários países e a projeção utilizada é a Transversa de Mercator. A origem das coordenadas encontra-se no centro geodésico de Portugal (Melriça). 31. Identifique algumas fragilidades de natureza prática decorrentes da materialização deste sistema através da rede geodésica convencional. (E2 2012/2013 1ºS) R.: A rede geodésica convencional, composta por estações permanentes, vértices geodésicos, rede gravimétrica e rede de nivelamento de alta precisão, por vezes, não permite que os pontos de referência sejam utilizados no nivelamento geométrico que é o método mais eficaz para determinar altitudes ortométricas. Algumas impossibilidades do uso da rede geodésica poderiam ser a falta de intervisibilidade entre a estação e a referência, ou o desaparecimento de uma marca de referência. 32. A monitorização do comportamento geométrico das grandes obras da engenharia civil, tradicionalmente realizada com métodos topográficos de alta precisão, tem sido campo de experimentação de outras técnicas e métodos de recolha de informação espacial. Teça algumas considerações sobre estas novas possibilidades, considerando as vantagens e desvantagens inerentes à sua aplicação. (E2 2012/2013 1ºS) R.: Por vezes, os métodos topográficos de alta precisão revelam-se uma grande vantagem, pois oferecem grande precisão. Apesar disso, devido à grande complexidade e tempo ocupado em certas aplicações, tais como obras de grande dimensão, outros métodos inovadores surgiram e revelaram- -se mais eficazes, consumindo muito pouco tempo às equipas de topografia. Por exemplo, o laser scanning faz levantamentos arquitetónicos ou do relevo da área envolvente da construção em poucos minutos, os GNSS determinam as coordenadas de pontos alvo com alguma precisão e os satélites podem fornecer imagens da obra com grande precisão. Apesar da utilidade e grande eficácia que estes métodos têm, estes são dispendiosos e estão sujeitos a condições atmosféricas ou outras que dificultam, ou impossibilitam a recolha de informação. Por vezes, devido à pequena área em estudo, o custo destes novos métodos não compensa o benefício, pelo que se optaria pelos métodos clássicos. (Note-se que se uma obra se mover, os métodos topográficos podem falhar. Isto pode originar um deslocamento dos dispositivos de recolha de dados.) 33. Muito recentemente foi escolhido o sistema cartográfico PTTM06/ETSR89 como referencial de apresentação da cartografia nacional. Apresente as principais características deste sistema. (E1 2013/2014 1ºS) R.: A projeção é a Transversa de Mercator (ou projeção de Gauss-Kruger), o ponto central é o centro geodésico de Portugal, localizado na Melriça. O datum é o ETRS89 (datum regional) e o elipsoide é o GRS80. O sistema de coordenadas está associado à placa Euro-Asiática. 34. Explicite os referenciais identificados pelas coordenadas topográficas representadas pelas letras (M, P, H). (E1 2013/2014 1ºS) R.: M significa distância à Meridiana, P distância à Perpendicular e H altitude ortométrica. Note-se que as coordenadas cartográficas são determinadas através das fórmulas diretas da projeção f(ϕ, λ)=(M,P), pelo que a origem do referencial é a projeção do ponto central. A partir da origem e com base na meridiana e na perpendicular (que formam um sistema de eixos coordenados) contabilizam-se as coordenadas M e P. O norte cartográfico terá a direção da meridiana. O referencial, a partir do qual é contabilizada a altitude ortométrica é, geralmente, o nível médio das águas do mar, obtido através de várias leituras de um marégrafo local. 35. Qual a razão para a diferença verificada na medição de um desnível com GPS e com nivelamento geométrico (independentemente da precisão medida de ambos os métodos)? (E1 2013/2014 1ºS) R.: O GPS (exemplo de GNSS) determina apenas altitudes elipsoidais, ao passo que os métodos clássicos da topografia calculam altitudes ortométricas. Ora, as altitudes podem relacionar-se segundo a seguinte fórmula: h(p)=H(p)+N, todavia a ondulação do geoide (N) não é constante, pelo que a variação entre as altitudes ortométricas entre dois pontos pode ser diferente da variação das altitudes elipsoidais. Assim, haverá diferenças no cálculo dos respetivos desníveis pelos dois métodos. Portanto, o GPS calcula desníveis elipsoidais e o nivelamento geométrico calcula desníveis ortométricos. 36. A cartografia no sistema UTM do território moçambicano está representada em dois fusos distintos (fuso 36 e fuso 37). Admitindo que se pretendem realizar as medições de distâncias euclidianas entre pares de pontos nos limites de duas representações cartográficas, indique quais os procedimentos necessários para permitir à medição das referidas distâncias em cartografia. (E1 2013/2014 1ºS) R.: Note-se que o datum é o mesmo nos dois fusos, pelo que não é necessário usar modelos de comparação entre data. O que seria necessário fazer era usar as fórmulas inversas da projeção (f-1(M,P) = (ϕ, λ)) para determinar as coordenadas geodésicas elipsoidais da região que abrange os pares de pontos. Posteriormente, reprojetavam-se as coordenadas geodésicas na carta para calcular a distâncias no plano cartográfico. 37. Identifique as principais características de uma projeção conforme e justifique a escolha da projeção de Gauss-Kruger na produção cartográfica nacional. (E1 2017/2018 2ºS) R.: Uma projeção conforme é aquela que preserva a forma dos objetos projetados. Uma possível justificação para a projeção de Gauss-Kruger é o facto de esta ser uma projeção conforme, assim minimiza as deformações do objeto a representar, o que é da maior importância na produção de cartografia. Por outras palavras, o interesse maior da cartografia é que os países e continentes estejam representados de acordo com a sua forma real, sendo esta a maneira mais simples para compatibilizar outros tipos de informação com a cartografia. 38. Identifique uma metodologia de construção da carta de visibilidades. (E1 2017/2018 1ºS) – adaptado. R.: Uma metodologia de construção de uma carta de visibilidades seria a seguinte: traçar no mínimo 8 perfis diferentes do terreno (= 360º/ 45º) que passem sobre o ponto de observação. Em cada perfil desenhar as retas tangentes aos pontos mais altos, que poderão ser potenciais obstáculos. O conjunto de pontos que está abaixo desta linha tangente é classificado como “não visível”. O conjunto de pontos que está acima desta linha será classificado como “visível”. Após estes passos, projetavam-se os perfis desenhados e determinava-se, com duas cores diferentes, a área visível e a área classificada como não visível. 39. Identifique as principais diferenças entre os data ED50 e ETRS89. (E1 2017/2018 1ºS) R.: O datum ED50 tem por base do sistema de coordenadas um ponto, próximo de Potsdam, na Alemanha. O datum ETRS89 tem por base do sistema de coordenadas o ponto mais estável da placa Euro-Asiática, localizado próximo de Edimburgo. Ambos os data são regionais, mas o ED50 tem por base o elipsoide de Hayford e o ETRS89 o elipsoide GRS80. 40. Na produção/ compra da cartografia em formato digital, o preenchimento dos respetivos metadados é um requisito obrigatório e a sua inexistência inviabiliza o seu uso. Justifique a afirmação anterior e liste alguns dos elementos que devem constar nesta informação. (E1 2017/2018 1ºS) R.: A afirmação é verdadeira. Os metadados são a informação geral da cartografia e indicam o local representado, a data de produção da cartografia, o material utilizado, o sistema de coordenadas utilizado e a equipa que fez a recolha de dados. Assim, estamos a fornecer aos utilizadores informação acerca da fiabilidade e do grau de precisão da cartografia. De modo análogo, se uma cartografia não contiver os metadados, a informação nela contida não terá qualquer creditação e validade e pode, inclusive, não ser adquirida.